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Princípios limitadores do poder punitivo estatal

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Princípios limitadores 
 
C 
do poder punitivo estatal 
 Conceito 
O Iluminismo – movimento que possuía, dentre 
suas muitas pautas, a reivindicação ao Estado 
Absolutista, foi precursor dos princípios 
limitadores que hoje constam nos Códigos Penais 
dos países democráticos e possuem embasamento 
constitucional, já que integram os direitos 
fundamentais do cidadão. Todos esses princípios 
são a garantia dos cidadãos perante o poder 
punitivo estatal. 
Princípio da legalidade e princípio da 
reserva legal 
Legalidade consiste em que antes de um fato ser 
considerado crime e a punição seja aplicada é 
indispensável que anteriormente a ocorrência do 
fato já se tenha uma lei que o defina como crime, 
bem como a devida sanção. “Não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal. ”, art. 5 da Constituição Federal 
de 88. Sobre a reserva legal: fica reservado a União 
legislar sobre Direito Penal, art. 22, I, da CF. 
Princípio da legalidade e as leis vagas, 
indeterminadas ou imprecisas 
Esse princípio versa sobre a necessidade do 
legislador em não utilizar em excesso expressões 
vagas, equívocas ou ambíguas que façam com que a 
lei penal se torne imprecisa, pois dessa forma abre 
espaço para arbitrariedade do ius puniendi estatal e 
permite ao judiciário realizar a interpretação que 
quiser, prejudicando a atuação do legislador e 
consequentemente a divisão de poderes. 
Princípio da intervenção mínima 
Indica que o Direito Penal deve ser a última 
medida adotada – ultima ratio, só deve atuar 
quando os outros ramos do Direito não derem conta 
de instaurar a devida tutela a bens relevantes na 
vida do indivíduo e da própria sociedade. Se para o 
restabelecimento da ordem jurídica violada forem o 
bastante medidas civis ou administrativas, elas é 
que devem ser aplicadas e não o Direito Penal. 
Princípio da fragmentariedade 
Nem todas as ações que lesionam os bens jurídicos 
são proibidas pelo Direito Penal, assim como nem 
todos os bens jurídicos são protegidos por ele. Esse 
ramo do Direito limita-se a incriminar as ações 
mais graves que prejudicam os bens jurídicos mais 
importantes, por isso o caráter fragmentário pois 
trata apenas de uma parte dos bens jurídicos 
protegidos pela ordem jurídica. 
 
Princípio da irretroatividade da lei penal 
Uma lei só possui eficácia entre o momento que entra em 
vigor, até o momento que cesse sua vigência, ou seja, ela 
não retroage e nem tem ultra-atividade (principio tempus 
regit actum). Entretanto, isso só é válido com a lei mais 
severa. Quando a lei penal é mais benigna, a lei nova pode 
sim retroagir em benefício do réu. As leis temporárias ou 
excepcionais são exceções por serem ultra-ativas, pois 
mesmo quando seu período de vigência acaba, os fatos 
ocorridos durante o período serão sim julgados com base 
nela. 
Adequação social 
Orienta para que o indivíduo não seja penalizado caso a 
conduta praticada esteja socialmente inserida no 
momento em que foi praticada. Quando o contexto de 
tempo, momento e local forem adequados a conduta 
praticada, esta não deve ser incriminada, pois não 
prejudicou a vida social e com isso não justifica resposta 
penal descrita como criminosa no texto da lei. 
Princípio da insignificância 
Não basta a tipicidade formal para que um fato seja 
considerado típico, é preciso também a tipicidade 
material – juízo de valoração da lesão ou perigo de lesão 
do bem jurídico tutelado. Quando um agente subtrai uma 
bicicleta de uma rede mundial de bicicletas a ação é 
considerada insignificante. Quando o agente subtrai uma 
bicicleta de alguém economicamente desfavorecido, o 
princípio da insignificância não se aplica, pois, o ato 
causou um significativo impacto no patrimônio da 
vítima. 
Princípio da ofensividade/lesividade 
Só deve ser tipificado como crime os atos capazes de lesar 
ou ao menos colocar em perigo concreto – não abstrato, o 
bem jurídico protegido pela norma penal. Quando o bem 
jurídico nem ao menos entra em risco efetivo, a infração 
penal torna-se inexistente. 
Princípio da culpabilidade 
Trata-se do juízo de valor que recai sobre o indivíduo que 
praticou a conduta, a reprovação da atitude do autor. 
“Não há crime sem culpa”. 
Princípio da proporcionalidade 
Deve haver proporcionalidade entre a gravidade do crime 
praticado e a sanção a ser aplicada. O princípio da 
razoabilidade exerce função de controlar a aplicação do 
princípio da proporcionalidade. Razoável – aquilo que 
tem aptidão para atingir os objetivos a que se impõem, 
entretanto, sem cometer excessos. Lei de talião = 
proporcionalidade sem razoabilidade. 
 
 
 
 
 
Princípio da humanidade 
Nenhuma pena privativa de liberdade pode ter 
uma finalidade que atente contra a salubridade da 
pessoa como ser social. Garante a preservação da 
integridade física e psíquica do indivíduo, 
independente do crime cometido. Garante que não 
seja justificável a aplicação de penas cruéis e 
excessivas. 
Princípio da presunção de inocência 
Dita que não se pode aplicar uma sentença sem 
antes provar a culpa do indivíduo. Basicamente, 
odos são inocentes até que se prove o contrário. 
Entretanto, o STF negou tal princípio ao decidir 
autorizar a execução antecipada, mesmo quando 
ainda cabem recursos aos Tribunais Superiores. 
Princípio da proibição do retrocesso 
Versa sobre a impossibilidade de redução da 
concretização dos direitos sociais já 
implementados pelo estado. Dessa maneira, o 
legislador não possui direito de suprimir/reduzir 
tais direitos.

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