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CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI – UNIASSELVI PAPER PARA OBTENÇÃO DE UMA NOTA DA DISCIPLINA METODOLOGIA Carla Regina Santos Pereira 1 Celia Regina da Silva Diniz 2 Sidylene Sousa Madeira 3 Dayse Yasmin Santana Lopes 4 TUTOR EXTERNO: Daniele Costa de Oliveira Lopes 5 O MULTICULTURALISMO NO AMBIENTE ESCOLAR RESUMO Este trabalho propõe esclarecer o sentido do termo multiculturalismo e abordar a questão do respeito, da valorização e da diversidade cultural existentes no ambiente escolar, procurando buscar meios de esclarecer os métodos já existentes para a construção do conhecimento. Tem- se como tema O MULTICULTURALISMO NO AMBIENTE ESCOLAR. O objetivo do trabalho é fomentar e trazer a questão do conhecer, do interagir, do descobrir, do crescer, bem como o estudo da diversidade existente e suas particularidades, tendo como justificativa a potencialização do trabalho com a realidade do aluno para que assim o mesmo venha a se inserir dentro da sociedade como um cidadão de bem. O tema aborda assuntos que levam a problemáticas teóricas complexas e contraditórias, que estão relacionadas ao papel da linguagem, á construção do sujeito, a teoria da identidade e a concepção da realidade do conhecimento. A problematização será norteada pelas seguintes perguntas: O que é Multiculturalismo? Qual a origem do Multiculturalismo? Quais as problemáticas trazidas pelo Multiculturalismo no ambiente escolar? O que a criança pode aprender com esse tema? Palavras-chave: Escola. Diversidade Cultural. Multiculturalismo. 1 Carla Regina Santos Pereira – Aluna do Curso de Bacharelado em Serviço Social do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 2 Celia Regina da Silva Diniz – Aluna do Curso de Bacharelado em Serviço Social do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 3 Sidylene Sousa Madeira – Aluna do Curso de Bacharelado em Serviço Social do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 4 Dayse Yasmin Santana Lopes – Aluna do Curso de Bacharelado em Serviço Social do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 5 Daniele Costa de Oliveira Lopes – Professora Tutora Externa Curso de Bacharelado em Serviço Social do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 2 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem por base a questão do multiculturalismo, a diversidade cultural, a diversidade que existe no ambiente escolar e também no ambiente social. Tem como objetivo descrever e esclarecer os principais aspectos do Multiculturalismo no ambiente escolar, o aspecto social, econômico e político em que se desenvolveu e suas raízes. Busca-se, com base nas realidades que se encontram no ambiente escolar onde o respeito, a valorização e o preconceito estão presentes, a inserção do ser diferente, onde a interação com a origem do outro, do conhecimento a outras culturas, possam assim, trazer diferentes formas de convívio. Primeiramente vamos conhecer o conceito de Cultura, Etnocentrismo e Relativismo Cultural, que são de domínio imprescindível para o debate do multiculturalismo. A problematização será abordada com as seguintes questões: Por que falar sobre outras culturas? O que esse tema pode acrescentar na educação escolar? E quais os meios que podemos utilizar para findar esse conhecimento? Objetivo geral: vai abordar as diversidades culturais existentes e suas particularidades, através do conhecimento, do processo do descobrir, interagir, crescer e apropriar-se de novos repertórios de forma prazerosa e rica. Nos objetivos específicos veremos a questão da valorização cultural e a oportunidade da criança conhecer a si mesmo e ao próximo, trabalhando assim a interação. Na revisão bibliográfica, trabalharemos com autores que visam a questão do respeito ao próximo, a diversidade, o preconceito, as relações ético-raciais, a discriminação, bem como destaques de algumas culturas, como a indígena. Veremos também a questão da identidade, das desigualdades existentes seja por fatores, econômicos, sociais ou até raciais. Terá também as questões legais na escola, que visa o trabalho com o Estatuto da Criança e do Adolescente, o uso do dicionário Aurélio para uma compreensão mais ampla acerca das palavras chaves do trabalho, os Parâmetros Curriculares Nacionais, a importância do planejar e replanejar, a questão do papel da educação, enquanto aprendizagem e por fim quais gerações estamos formando. 3 Os principais autores que apresentam as questões acima citadas são: Andrea Semprini, Cristina Gomes Machado, João Ubaldo Ribeiro, Nilma Lino Gomes e outros; 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para dar início ao trabalho é importante que saibamos os significados das palavras que irão nortear esse trabalho. Segundo o dicionário Aurélio temos como conceito: Cultura: Conjunto dos hábitos sociais e religiosos, das manifestações intelectuais e artísticas, que caracteriza uma sociedade: cultura inca; a cultura helenística. Multiculturalismo: Em que há, em simultâneo, várias culturas num mesmo território, pais etc; multiculturalidade. Preconceito: Juízo de valor preconcebido sobre algo ou alguém; prejulgamento, opinião ou pensamento acerca de algo ou de alguém. Diversidade: Qualidade ou condição do que é diverso; diferença, dessemelhança; divergência, discordância. Multiplicidade de coisas, seres ou entidades. Conhecimento: Ato de conhecer, ou o resultado deste ato. Informação ou noção adquiridas pelo estudo ou pela experiência. Respeito: Ato de respeitar (-se), ou o resultado deste ato. Valorização: Ato de valorizar(-se), ou o resultado deste ato. Há ainda a necessidade de conhecermos o conceito de Etnocentrismo que etimologicamente significa: ETNOS: nação, tribo ou pessoas que vivem juntas, e CENTRISMO: centro. Assim podemos verificar a ideia de que o grupo está no centro, onde as ideias, os conceitos, o modo de conviver, os regramentos sociais, morais, culturais, sexuais, religiosos, ambientais, políticos, são para esse grupo o centro de tudo, assim os pontos dão-se como “certos” e o que não se ajusta a eles está “errado”. Para Cuché (1999) de acordo com o sociólogo americano William G. Sumner (1906), etnocentrismo “é o termo técnico para a visão das coisas segundo a qual nosso próprio grupo é o centro de todas as coisas e todos os outros grupos são medidos e avaliados em relação a ele”. 4 Cada grupo alimenta seu próprio orgulho e vaidade, considera-se superior, exalta suas próprias divindades e olha com desprezo as estrangeiras. Cada grupo pensa que seus próprios costumes (folkways) são os únicos validos e se ele observa que outros grupos têm outros costumes, encara-os com desdém (SIMON apud CUCHÉ, 1999). Em decorrência de tanto preconceito e desigualdade no meio em que vivemos torna-se bastante visível que os principais motivos encontrados para tal ação é a raça, a cor, a condição financeira, os costumes, a etnia e tantos outros fatores que levam muitas pessoas realizarem esta prática: A diversidade cultural brasileira se deu pelo processo de miscigenação entre brancos, índios e negros e foi marcada por uma série de crenças, hábitos, costumes e conceitos contraditórios, alimentando, assim, uma discussão permanente a respeito dos direitos e deveres dos seres humanos, principalmente no combate aos preconceitos remanescentes e oriundos dessa relação que perdurou por séculos, trazendo sérias consequências a uma imensa população de oprimidos, incluindo negros, índios, pobres, portadores de algum tipo de deficiência, relações e diferenças sexuais, doenças crônicas, dentre outras formas de relações consideradas por boa parte da sociedade algo fora da normalidade e, por esse motivo, não aceitáveis.( BARBOSA, 2014, p. 3). A miscigenação e a mistura de povos foram alguns dos principais fatores para uma diversidade culturaltão grande e extensa em nosso país. Por outro lado, essa é uma problemática trazida pelo tema Multiculturalismo, pois o diferente passou a não ser tão aceitável, fazendo-se necessário o estudo, o conhecimento acerca do tema para que assim houvesse mais respeito e valorização com o que o outro é ou escolheu ser. Ao trazer esse conhecimento na infância, estaremos dando a criança uma oportunidade de compreender o mundo, compreender a sua realidade e conhecer melhor a si mesmo, conhecer a sua identidade, a maneira como deve agir diante das adversidades apresentadas e a importância de interagir com o diferente, de se relacionar com outras pessoas, pois a mesma precisa estar pronta no que diz respeito a questão social, pessoal e interpessoal, para assim ser um cidadão de opiniões formadas. De acordo com Barbosa (2014, p. 21): Sendo assim, eu aprendo, mudo e me transformo com base nas transformações, nas mudanças e na interação com o outro, e é nesse processo consciente de interação verbal ou dialógica que construímos a nossa identidade e a identidade do outro. Geralmente essa interação é baseada na nossa percepção e a nossa ideia de valor, ideia essa que tem sua origem na infância e nos acompanha pelo resto de nossas vidas. 5 É justamente na infância que começa o processo de transformação e conscientização, onde a interação é o pontapé inicial dessa vida em sociedade e é por isso que se deve dar a devida importância para que o sujeito compreenda sua identidade e cresça como um ser formador de opiniões, e assim, tenha uma visão de mundo para que á vida em sociedade seja mais proveitosa e produtiva trazendo mudanças transformadoras no que diz respeito ao preconceito e as desigualdades sociais. A discriminação ocorre muitas das vezes nas classes sociais onde estão inseridas crianças e adolescentes de baixa renda, que não têm perspectiva e que estão cercadas por dificuldades que a própria sociedade lhes impõe. De acordo com França (2014) existe a necessidade de levar para dentro da escola discussões relacionadas as classes sociais, a raça, ao gênero, as habilidades físicas, cujas relações nos diferentes espaços sociais apresentam-se como conflituosas e contraditórias, buscando assim, diminuir a discriminação sofrida pelos alunos. Para a autora existe ainda a ideia da possibilidade de a educação trabalhar em prol do exercício da cidadania, em que todos têm direitos e deveres iguais perante a sociedade. Segundo Nilma Lino Gomes, no fragmento do texto currículo e diversidade cultural, trazer o debate a respeito da diversidade para a escola, não é um apelo romântico, mas na realidade a cobrança feita em relação á forma como a escola lida com o assunto da diversidade no seu cotidiano, no seu currículo, nas suas práticas faz parte de uma historia mais ampla. Tem a ver com as estratégias por meio das quais os grupos que são considerados como diferentes passaram cada vez mais a destacar politicamente suas singularidades, cobrando que as mesmas sejam tratadas de forma justa e igualitária, desmistificando a ideia de inferioridade que paira sobre algumas dessas diferenças socialmente construídas e exigindo que o elogio á diversidade seja mais do que um discurso sobre a variedade do gênero humano. Tendo em vista a necessidade de um conhecimento mais amplo no que se refere as condições de aprendizagem da criança, é importante que o professor encontre maneiras que possam transmitir essa aprendizagem de uma forma que a linguagem seja clara e dinâmica. Cabe ao educador, por meio da intervenção pedagógica, promover a realização de aprendizagens como o maior grau de significado possível, uma vez que esta nunca é absoluta- sempre é possível estabelecer alguma relação entre o que se pretende conhecer e as possibilidades de observação, reflexão e informação que o sujeito já possuí. (BRASIL, 1997, p. 53). 6 Enfim, é juntamente com a bagagem de conhecimentos prévios que os alunos já possuem e com o grau de significado dado pelo professor que a aprendizagem acontece, que é possível observar, refletir e informar. Segundo Silva (2011) a educação das relações étnico-raciais tem por alvo a formação de cidadão, onde homens e mulheres estejam incluídos no que se refere as condições de igualdade, buscando assim, o pleno exercício dos direitos sociais, políticos, econômicos, dos direitos de ser, viver, pensar próprios daqueles pertencentes as diferenças étnico-raciais e sociais. A autora ainda cita que o objetivo é desencadear aprendizagens que possam incentivar os sujeitos. É imprescindível a valorização de todos os fatores que norteiam as relações étnico-raciais, seja no espaço escolar ou na comunidade, pois a partir do momento que o indivíduo percebe que é o autor daquilo que ocorre ao seu redor, que ele é responsável pela mudança, que precisa se auto incentivar para romper barreiras e que pode ser o protagonista das suas escolhas, aí sim o mesmo começa a se inserir de forma positiva na relação com o outro. É preciso ser consciente daquilo que se é, ou daquilo que se quer ser, porque o sujeito, sendo ele autor de suas próprias escolhas precisa também ter noção dos princípios que necessitam nortear o seu caminho, é preciso contemplar em seus aspectos formas de combate a discriminação e ao racismo, por isso a importância da valorização para com as diferenças do outro e de se próprio, é também reconhecer sua própria identidade, é aceitar de maneira objetiva que a coexistência de várias culturas, é também a marca de cada um. Isto é, em que se formem homens e mulheres comprometidos com e na discussão de questões de interesse geral, sendo capazes de reconhecer e valorizar visões de mundo, experiências históricas, contribuições dos diferentes povos que têm formado a nação, bem como de negociar prioridades, coordenando diferentes interesses, propósitos, desejos, além de propor políticas que contemplem efetivamente a todos. (SILVA, 2011, p. 13). Ensinar e aprender é um processo que requer tanto do professor, quanto do educando vontade e reconhecimento de que ambos necessitam da troca de ideias, conhecimentos e interações, para que dessa maneira a valorização pelos modos de agir, pensar e viver do outro seja alvo de respeito. Portanto, é imprescindível que exista um fortalecimento na questão de contribuir para que cada indivíduo desde sua infância conheça sua identidade e a do outro e que se coloque no meio social como cidadão de bem. As populações indígenas são vistas pela sociedade brasileira ora de forma preconceituosa, ora de forma idealizada. O preconceito parte, muito mais, daqueles que convivem diretamente com os índios: as populações rurais. 7 Dominadas política, ideológica e economicamente por elites municipais com fortes interesses nas terras dos índios e em seus recursos ambientais, tais como madeira e minérios, muitas vezes as populações rurais necessitam disputar as escassas oportunidades de sobrevivência em sua região com membros de sociedades indígenas que aí vivem. Por isso, utilizam estereótipos, chamando-os de “ladrões”, “traiçoeiros’’, “preguiçosos”, “beberrões”, enfim, de tudo que possa desqualificá-los. Procuram justificar, dessa forma, todo tipo de ação contra os índios e a invasão de seus territórios. (NÓBREGA; FREIRE, 2008, p. 7). Os indígenas já habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses, lutaram ao lado dos europeus para definir os limites do território nacional, e tiveram um papel importante na formação da nação brasileira. A influência da diversidade cultural indígena continua presente até a atualidade, como por exemplo, as técnicas de plantio desenvolvidas por eles são muito utilizadas por pequenos agricultores em todo país. A partir daí podemos observar a importância que os índios tiveram e ainda têm para o país, para nossa aprendizagem, para o crescimento do conhecimento, para a questão davalorização das diferentes culturas. Não só pelo fato do crescimento e do fortalecimento para a questão do aprender do sujeito, mas também para a questão da identidade, de compreender que foi pelo encontro de outros povos, que se deu a miscigenação, que se faz necessário mostrar para os alunos em sala de aula e até fora dela que todos temos uma história, uma marca, um significado. A intervenção do professor diante da aprendizagem do aluno precisa estar ligada motivação, a preocupação com a diversidade do mesmo, porque é a partir dele que se pode dar espaço para conhecer outras culturas, outras realidades. A tarefa de ensinar e aprender é árdua, precisa ser contínua, pois todos os dias nos deparamos com o novo, com o desconhecido. Quando o sujeito está aprendendo, se envolve inteiramente. O processo, assim como seu resultado, repercute de forma global. Assim, o aluno, ao desenvolver as atividades escolares, aprende não só sobre o conteúdo em questão, mas também sobre o modo como aprende, construindo uma imagem de si como estudante. Essa autoimagem é também influenciada pelas representações que o professor e seus colegas fazem dele e, de uma forma ou de outra, são explicitadas nas relações interpessoais do convívio escolar. Falta de respeito e forte competitividade, se estabelecidas na classe, podem reforçar os sentimentos de incompetência de certos alunos e contribuir de forma efetiva para consolidar o seu fracasso. (BRASIL, 1997, p. 101). Conforme já foi citado, o respeito dentro e fora do convívio escolar se faz mais que necessário, porque através dele surge a motivação do querer aprender e de saber que faz parte da sociedade. 8 A importância de se começar trabalhar com o multiculturalismo, o preconceito, a diversidade e tantos outros ensinamentos na educação infantil, é a possibilidade e a oportunidade de fazer com que a criança comece a interagir, a se relacionar e a compreender que depois dela há sempre outras pessoas, outras culturas, outras realidades e que diante de cada descoberta a mesma faça parte desse mundo, sendo um cidadão que respeita e valoriza as diferenças. 3. MATERIAIS E METODOS A primeira definição do termo Cultura foi formulada por Edward Taylor (1832-1917), no primeiro capítulo de seu livro Primitive Culture (1871), procurou demonstrar que Cultura pode ser objeto de um estudo sistemático. Para ele cultura no amplo sentido etnográfico compreende conhecimento, crença, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou habito adquirido pelo homem como membro da sociedade. Em outras palavras, cultura abrange as possibilidades de realização humana. Inicialmente podemos perceber que existe uma intrínseca relação entre a cultura e o multiculturalismo, pois, segundo Cristina Gomes Machado, na realidade um contém o outro e vice e versa. O trabalho docente na escola precisa visar o interesse dos alunos por outras culturas, precisa ser um trabalho fundamentado, que instigue nos estudantes a percepção para um mundo novo, um mundo melhor, onde o diferente tenha seu espaço, sua vez e seja respeitado. O racismo em nosso país é acompanhado de ideias não fundamentadas sobre a outra pessoa, sua origem, seu modo de vida, sua raça, enfim. É na verdade uma maneira que muitos encontraram para causar o constrangimento na pessoa que é e vive diferente, é uma forma que não condiz com a ética humana. Quando crescemos com estas ideias, muitas delas aprendidas na escola, reforçamos mais ainda estes preconceitos com outros termos e frases como: “magia negra”, “moça escurinha, mas educada”, “moço pretinho, mas nem parece”, “preta feia”, “vida negra”, “preto horroroso”, “tempos negros”, “fome negra”, “lista negra”, “moreninho, mas honesto”, “preto de alma branca”, “só podia ser preto”, “pretinha”, “pretinha que nem um Saci”, “samba do crioulo doido”, “negrada bagunceira”, “ovelha negra da família”, “ olha o beiço do negão”, “nariz de crioulo”, “cabelo ruim”, e muito mais...( OLIVEIRA; COSTA, 2007,p. 139). De acordo com Barbosa (2014), a inclusão escolar e social se faz necessário, pois busca a conscientização humana no que se refere a democratização das relações entre os povos e os 9 demais indivíduos no contexto social como um todo. Ainda como salienta a autora, essa inclusão deve ocorrer independente da realidade social do sujeito, expondo assim, oportunidades para que o mesmo faça parte da sociedade em que está inserido. Cabe a cada um nós procurar acolher da melhor forma possível as diversidades culturais, a realidade de cada um, porque todos nós temos particularidades, temos algo que nos difere um do outro, que nos faz como já foi dito anteriormente termos a nossa própria identidade. Quando nos inserimos em um determinado grupo social nos modificamos, buscamos meios de se relacionar melhor com o grupo, pois nossa existência está ligada aos atributos que são repassados de um sujeito para o outro. Nossa expressão diante daquilo que nos é apresentado se modifica, e é importante nos adequar com a realidade que nos deparamos todos os dias. A criança, ao ter contato com o novo e com o diferente se sentirá um pouco tímida, mas a partir do momento que a mesma começar a interagir, a entender e a perceber que todos somos iguais em direitos e deveres e que aquilo que nos difere uns dos outros, são chances para que tenham ainda mais oportunidade de descoberta, de conhecimento, de respeito e de valorização, abrindo assim, portas para o mundo que os espera. Precisamos dar significado a aprendizagem, propiciar conhecimentos mais amplos acerca da diversidade cultural existente no país, precisamos fazer com que a criança reflita e leve para sua vida pessoal, social e interpessoal tudo que o ajudará a crescer como cidadão. Para tanto, é importante que a profissão de educador venha também carregada de amor, de vontade e coragem de querer dar o seu melhor para a melhoria na aprendizagem do educando, é importante também que o professor se sinta realizado e busque meios de inovar sua metodologia. O ato de planejar e replanejar também faz parte do trabalho do professor, pois por meio dessa ação é possível traçar estratégias para se obter um bom resultado, respeitando-se assim, a necessidade que o aluno apresenta. O planejamento da Educação Infantil deve considerar o projeto político-pedagógico da instituição, as experiências das crianças e o conjunto de conhecimentos sistematizados pela humanidade - o patrimônio cultural. Nesse sentido, é preciso que as escolas tenham um planejamento geral, do que se espera cada área, e que contemple objetivos claros, mesmo que pensados para alunos iniciando seu processo de escolarização. (DIAS; KAYANO; EL-KADRI, 2016, p.29). 10 Conforme o que salienta as autoras, é de forma clara, objetiva e de acordo com os documentos que regem a instituição, principalmente o projeto político pedagógico que toda a comunidade escolar deve trabalhar, planejar e replanejar as atividades, dando também importância para os conhecimentos prévios dos alunos. É preciso definir os tempos de atividades na educação infantil, para que dessa maneira os conteúdos a serem contemplados envolvam a necessidade da criança, como por exemplo, brincadeiras, higiene, autonomia, relacionamentos e interação. Para que se transmita essa aprendizagem de forma eficiente se faz necessário sair da caixa, ou seja, sair da mesmice, estar disponível para mudar, para estimular e ensinar de forma consciente. O professor precisa estar atento as novas formas de ensino, as novas gerações que estão dentro e fora da escola, precisa de forma rápida redirecionar e acompanhar essa nova realidade Por isso o planejar é desafiador, requer criatividade, pesquisa constante, prioridades e limites, planejar é fundamental, é imprescindível, pois está ligado não somente com a necessidade de formar indivíduos, mas principalmentede formar cidadãos para uma sociedade mais justa e igualitária. Onde todos tenham os mesmos direitos, as mesmas oportunidades e estejam sempre apostos para respeitar e valorizar o diferente. A família precisa estar totalmente inclusa no processo de desenvolvimento educacional do aluno, pois a partir da interação entre a escola e a comunidade é possível dar início a função social de cada um. Incentivar os adultos para que sejam eles parte da equipe escolar ou pais e responsáveis, a aprender, refletir e praticar suas próprias habilidades sociais e emocionais também se torna fundamental para o sucesso da implementação de um currículo socioemocional. (CASARIN, 2016, p.32). Como afirma a autora, todos precisaram de incentivo, quer sejam os educadores, os pais e responsáveis ou os alunos, pois mediante o processo de aprender, refletir e praticar nos tornamos ainda mas responsáveis por nossos atos e temos noção da dimensão do nosso fazer social, ou seja, participamos ativamente da transformação da sociedade podendo assim, compreendê-la, valorizá-la e nela intervir de maneira crítica com o objetivo de que seja mais justa, solidária e democrática. 11 Talvez surjam as seguintes indagações: Porque falar da família na questão cultural? O que têm a ver com diversidade? Como fazer para que a família também esteja inserida na educação dos seus filhos? Por onde devemos começar o trabalho da valorização das diferenças e do processo de multiculturalismo na vida das famílias? Bom, a resposta para essas perguntas é bem clara, pois é na família que tudo se inicia, foi pela criação e pela relação de diferentes povos que se formou a família e é por isso que toda noção de valores, de respeito e de cultura precisam estar inseridos na vida de cada sujeito. A família é a base de tudo, é onde tudo começa como já foi citado acima, é onde a criança se espelha e carrega consigo o reflexo dos pais, a maneira como os mesmos se comportam e agem na sociedade, é os primeiros passos para a educação. Isso tudo acontece, porque na vida do sujeito pode estar presente vários tipos de preconceito, de discriminação, de desvalorização e de desrespeito as demais realidades existentes na sociedade. Isso quer dizer que a criança pode e está sujeita a presenciar dentro de sua própria casa a forma machista que o pai trata a mãe, ou a mãe não quer que o filho ande com alguém porque é negro e pobre, enfim são inúmeros casos de preconceitos na vida do indivíduo. Atrelado a essa realidade a intervenção do professor se faz mais que necessária, pois assim que a criança entra na escola é preciso buscar meios para que essas concepções sejam disseminadas. Afinal de contas nosso papel é transmitir informações e formar sujeitos críticos e formadores de opiniões. Precisamos de pesquisas, precisamos dos discursos, precisamos de docentes conscientes, mas nada disso faz mudar as práticas das salas de aula, porque necessitamos de algo maior, de transformação, ou seja, transformar a ação. A inclusão como prática que valoriza a diversidade dos saberes é ainda uma conquista. Para alcançá-la é necessário alterar o currículo, capacitar os professores e todos os envolvidos com a educação, inclusive os pais e a comunidade, pois é preciso romper o preconceito instaurado na sociedade e esse é um desafio de todos e para todos. (OFFIAL,2014,p.130). Compreendemos que é preciso sair do papel, que a necessidade da inclusão é ainda maior, porque a verdadeira cidadania se faz com respeito ao outro, as diferenças, a oportunidade para todos igualmente, mas não é apenas uma questão de inclusão, mas de Direitos Humanos. Construir um mundo onde todos sejam iguais, onde a democracia faça parte da vida de todos os sujeitos, onde exista a solidariedade, o respeito, o amor, o compromisso, e a responsabilidade 12 sem dúvidas não é uma tarefa fácil, mas também não podemos considerar impossível, pois existe as formas de vivenciar todos esses valores dentro e fora da escola. A educação é de fato um motivo de discussão e preocupação da sociedade em geral. Afinal, o futuro da nação, ou melhor, do homem, enquanto ser humano, depende da humanização do indivíduo que se constrói através da educação. A aprendizagem do homem é um fenômeno natural, e, cada vez que socializamos as pessoas e as integramos na sociedade, elas se transformam e tornam-se mais aptas a promover a harmonia, a compreensão, a tolerância e a paz. (ALBUQUERQUE,2014,p.11). A responsabilidade do professor enquanto formador é intensa, é algo que precisa estar em constante transformação, pois é através dela que a socialização e a interação com o outro é capaz de promover a harmonia, a compreensão, a tolerância e a paz como retrata a autora. Com as novas gerações se espalhando pelo mundo é possível perceber que os métodos ensinados em sala de aula já não são suficientes para acompanhar essa transformação. É necessário inovar, buscar competências para que as crianças tenham capacidade de se adaptarem as novas formas de convivência. É na forma de educar, de ensinar e de aprender que todos nós estamos inseridos na sociedade, é também na forma de pensar, de respeitar, de valorizar e de tratar a todos como iguais que teremos um país mais igualitário, mais democrático e que dê espaço para que os sujeitos estejam num mesmo patamar. Tratar da educação multicultural é uma forma de promovermos a equidade social, valorizando assim, as culturas e colaborando para a superação das diferenças. É por meio do ensinar e aprender que iremos juntos transformar o mundo. No Brasil, essa multiculturalidade não deveria representar uma dificuldade, afinal somos marcados pelas diferentes culturas, pela miscigenação. O grande desafio é conviver com o outro, com a sua diferença, com seu modo de pensar e de agir, com seus costumes e tudo aquilo que nos difere um do outro, pois o país mesmo sendo marcado pela diversidade, pelas diferentes identidades ainda é alvo do preconceito, do racismo e do desrespeito, por isso é imprescindível à luta pela disseminação do preconceito. É necessário que se tenha esperança de um mundo melhor, de um mundo onde um dia todos possam se respeitar, se valorizar e entender que somos de uma mesma espécie, que somos seres 13 racionais e que a única coisa que nos faz ser diferentes são as nossas características, nossas particularidades, nossos sonhos, nossas ideias, nossa forma de pensar, de ser e etc. É preciso mudar de ótica, ou seja, não ver o diferente como um problema, mas trazer essa questão para dentro do ambiente escolar, trabalhar dentro da realidade vivenciada por cada sujeito. Quando o professor aborda conteúdos sobre a realidade do aluno abre espaço para que o mesmo se sinta inserido no meio social e comece a compreender que ele é protagonista da sua própria história, da sua própria jornada. É importante lembrar que não só a escola tem influência sobre os conhecimentos adquiridos pelos sujeitos, mas também a família, a igreja, os amigos e todos os grupos do qual fazemos parte, pois essa trajetória feita pelo indivíduo será cheia de conhecimentos e formas de aprendizagem. É evidente, que nem todas as formas de aprendizagem transformam positivamente a vida do ser humano, muitas vezes são carregadas de pensamentos negativos, de agressões, enfim tudo que não contribuí para a formação de um cidadão. O simples fato de os alunos serem provenientes de diferentes famílias, diferentes origens, assim como cada professor ter, ele próprio, uma origem pessoal, e os outros auxiliares do trabalho escolar terem também, cada qual, diferentes histórias, permite desenvolver uma experiência de interação, “entre diferentes”, na qual cada um aprende e cada um ensina. O convívio, aqui, é explicitação de aprendizagem a cada momento: o que um gosta e o outro não, o que um aprecia e o outro, talvez, despreze. Aprender a posicionar-sede forma a compreender a relatividade de opiniões, preferências, gostos, escolhas, é aprender o respeito ao outro. Ensinar suas próprias práticas, histórias, gestos, tradições, é fazer-se respeitar ao dar-se a conhecer. (BRASIL, 1997, p. 53-54). É levando todo o contexto de aprendizagem, seja ela vinda da família, do professor, da igreja, dos amigos que o processo de interação está presente. Cada um têm sua história, suas preferências, seus gostos, seus modos de pensar e agir diante da sociedade, mas o que precisa ser igual é o respeito pela diferença do outro, pela sua história. A cultura pode assumir um sentido de sobrevivência, estímulo e resistência. Quando valorizada, reconhecida como parte indispensável das identidades individuais e sociais, apresenta-se como componente do pluralismo próprio da vida democrática. Por isso, fortalecer a cultura própria de cada grupo social, cultural e étnico que compõe a sociedade brasileira, promover seu reconhecimento, valorização e conhecimento mútuo, é fortalecer a igualdade, a justiça, a liberdade, o diálogo e, portanto, a democracia. (BRASIL,1997, p.44). Ao longo do trabalho vimos a importância da diversidade dentro do ambiente escolar e na vida da criança, bem como as formas de aprender, ensinar e transmitir conhecimentos. Devemos de forma contínua levar os valores que devem nortear a vida do sujeito na sua trajetória, dando a 14 ele oportunidades de se conhecer e conhecer ao outro, mostrando que o mesmo faz parte da cultura e que ela está inserida na sua identidade, fortalecendo assim, o crescimento pessoal, interpessoal e social de cada um. Falar de cultura é falar de direitos, de igualdade, de liberdade, de democracia. 4. RESULTADO E DISCUSSÃO O ato de ensinar e aprender vai muito além da sala de aula, pois requer do professor planejamento, replanejamento, pesquisa, estudo, atitude, vontade de enfrentar o novo e requer do aluno coragem para receber os ensinamentos e levá-los para sua vida pessoal e social. Não existe o ensinar sem ter quem aprenda e não existe o aprender sem ter quem ensine, ou seja, o professor e o aluno caminham juntos, precisam estar de forma recíproca buscando meios para uma melhor aprendizagem. Trabalhar com temas que visam a realidade do educando é a melhor maneira de preparar o aluno para a vida em sociedade, é a melhor forma de inseri-lo nas questões sociais que também lhe dizem ou lhes dirá respeito, pois o mesmo faz parte dessa sociedade e precisa manter meios de interação com o mundo que o espera, com as diferenças que ele com certeza irá encontrar em sua trajetória. A criança por muitas vezes pode não compreender amplamente o sentido do tema que será abordado pelo professor, pois elas estão no início de sua formação como cidadão, mas é justamente por esse motivo que se faz necessário o trabalho com as mesmas, porque é a partir daí que começa a inserção do sujeito dentro da sociedade, onde na sua fase de crescimento a criança terá oportunidade de se socializar mais facilmente com as outras pessoas, terá oportunidade de conhecer a si mesmo e ao outro e o mais importante, de respeitar a cada um conforme seus costumes e suas diferenças. Quando o professor de educação infantil trabalha assuntos acerca das diversas culturas, dos diferentes costumes, gostos, raças, etnia e todos os assuntos que abordam o diferente ele não apenas ensina ou forma, mas dá a criança chance de crescimento pessoal, interpessoal e social, porque o indivíduo não apenas irá conhecer o outro, mas também sua própria identidade, podendo também conhecer sua origem. 15 Portanto, o educador precisa ver metodologias que possibilitem um melhor esclarecimento de ideias, ver maneiras para que o sujeito esteja apto a uma compreensão mais adequada de cada tema abordado. 5. CONCLUSÃO O tema apresentado aqui abordou a multiculturalidade existente no país ou até mesmo numa mesma sociedade, apresentou também os desafios que precisam ser enfrentados todos dias e buscou trazer de forma clara e objetiva o quanto se faz necessário o trabalho com a questão do respeito ao próximo. Mas para que os valores estejam sempre presentes na vida de cada sujeito é preciso partir de cada um, pois é uma questão pessoal e que por vezes necessita ser trabalhado para que dessa maneira tenhamos uma geração capaz de ver as diferenças não como um empecilho, mas como forma de interagir com o outro. REFERÊNCIAS MACHADO, CRISTINA GOMES. MULTICULTURALISMO: muito além da riqueza e da diferença: 2002. 16 SEMPRINI, Andrea. Multiculturalismo. Tradução de Laureano Pelegrin. Bauru: Edusc, 1999, 178 p. ALBUQUERQUE, Rosangela Nieto. A escola e o Futuro: Alunos Gerações x,y,z... Que Alunos Vamos Deixar para o Mundo? Rev. Cosntruir Notícias, Recife, Nº. 75. Ano 13, Mar/abr. 2014. BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Pluralidade Cultural e Orientação Sexual. Brasília: 1997. BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: 1997. BARBOSA, Ana Clarisse Alencar. 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