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O SUS

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↠ O contexto da saúde no Brasil antes da criação do 
SUS era bastante diferente da conjectura atual. 
↠ A saúde era considerada ausência de doença, a 
assistência era centrada no foco médico – hospitalar, a 
promoção da saúde era área exclusiva do MS e todas as 
ações de saúde eram centralizadas no estado. 
↠ Os cidadãos estavam divididos entre: os que podiam 
pagar pelos serviços de saúde, os trabalhadores que 
contribuíam com o INAMPS e os que não tinham nenhum 
direito à assistência, chamados de “indigentes”, que eram 
totalmente dependentes de ações filantrópicas e de 
caridade. 
Reforma sanitária brasileira 
↠ A Reforma Sanitária foi proposta no Brasil, na década 
de 1970, pretendia-se muito mais do que uma reforma 
setorial na saúde. Buscava-se também democracia e o 
desenvolvimento da cidadania no país. 
↠ Na segunda metade dos anos 1970 ocorreram diversas 
mobilizações populares pela democratização da saúde. 
↠ Emergiu-se então, a criação do Centro Brasileiro de 
Estudos em Saúde (Cebes), em 1976, e da Associação 
Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco), 
em 1979. Seus membros contribuíram para o 
aprofundamento dos debates públicos. 
↠ O marco mais importante da reformulação do modelo 
de saúde pública foi a VIII Conferência Nacional de Saúde, 
ocorrida em 1986. Nessa Conferência, foi consentido que 
a saúde é direito de todos e dever do 
Estado. 
↠ O Relatório Final da VIII Conferência Nacional de Saúde 
destaca os pilares constitutivos da Reforma Sanitária, 
sendo eles: a ampliação do conceito de saúde, o 
reconhecimento da saúde como direito de todos e dever 
do Estado, a criação do SUS, a participação popular e a 
constituição e ampliação do orçamento social. 
↠ Após a VIII Conferência, o movimento sanitário passou 
a pressionar o MS e o Inamps para a convocação de uma 
Comissão Nacional para a Reforma Sanitária (CNRS) 
↠ A CNRS foi constituída ainda em 1986. 
Concomitantemente ocorria o I Congresso Brasileira de 
Saúde coletiva, com o tema central “Reforma Sanitária e 
constituintes: garantia do direito universal à saúde”. 
↠ A Reforma Sanitária usou do Relatório Final da VIII 
Conferência de Saúde par ampliar o conceito de saúde, 
passou a reconhecer os determinantes e condicionantes 
de saúde e doença. 
Determinantes Sociais de Saúde, definidos como: fatores sociais, 
econômicos ou comportamentais que influenciam a saúde, positiva ou 
negativamente, e que podem ser influenciados por decisões políticas 
ou individuais, ao contrário da idade, sexo e fatores genéticos, que 
também influenciam a saúde, mas não são modificáveis por essas 
decisões. (PELLEGRINI FILHO, 2013) 
Condicionantes de Saúde, os quais estabelecem limites a uma situação, 
isto é, condicionam uma situação a determinados fatores, por exemplo: 
apenas mulheres podem engravidar, portanto, o sexo é fator 
condicionante para a gestação entre os humanos. 
↠ A Reforma Sanitária resultou na criação do SUS. 
O SUS: organização, leis e evolução 
GENERALIDADES 
↠ As políticas públicas de saúde no Brasil foram 
construídas de acordo com o momento histórico e a 
situação econômica do país. 
↠ Hoje, ele é considerado como a política pública de 
maior impacto social, mesmo com todas as dificuldades. 
↠ Jovem, pouco mais de 20 anos, o SUS só foi 
implantado por alguns municípios recentemente, como é 
o caso de São Paulo, que passou a seguir as regras do 
sistema apenas em 2001. Então, ainda há um longo 
caminho a ser percorrido. 
O que é um sistema? 
↠ Um sistema é um conjunto de elementos inter-
relacionados, que interagem para desempenhar uma 
determinada função. 
 
↠ É importante dizer que o sistema de saúde privado, 
com todos seus convênios (e estes com seus hospitais, 
ambulatórios etc.), também faz parte do SUS, e é 
chamado de sistema suplementar. Esse sistema é 
@jumorbeck 
regulado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar 
(ANS), órgão ligado ao Ministério da Saúde. 
Os princÍpios 
↠ Todo sistema precisa de regras para garantir seu 
funcionamento, e o SUS não é exceção. Ele possui 
princípios éticos que conduzem o sistema e as diretrizes 
organizacionais que ajudam a administrá-lo, permitindo 
que os princípios sejam colocados em prática. 
 
Vamos aos princípios do SUS: 
➢ Universalidade: se saúde é direito de todos e 
dever do Estado, então, cada cidadão, 
independentemente da etnia, da religião e da 
condição socioeconômica, tem direito a utilizar 
os serviços do SUS. 
➢ Equidade: esse valor é baseado na justiça social 
- dar mais a quem pode menos. Todos possuem 
direito, mas nem todos têm as mesmas 
condições para acessar esse direito; então, o 
Estado deve prover as condições para que as 
pessoas sejam tratadas de forma justa, ou seja, 
que cada um seja tratado conforme sua 
necessidade. 
➢ Integralidade: a assistência deve ser fornecida 
visando atender todas as necessidades da 
população, atuando na prevenção, na cura e na 
reabilitação dos problemas de saúde e também 
sobre os determinantes de saúde. 
As diretrizes 
↠ O SUS é um sistema nacional em um país com regiões 
extremamente diferentes entre si. Para isso, foram 
determinadas diretrizes que devem ser seguidas por 
todos os estados e os municípios. 
➢ Descentralização/regionalização: A 
descentralização objetivou a distribuição das 
responsabilidades pelas ações e pelos serviços 
de saúde para os municípios, tornando as três 
esferas (federal, estadual municipal) responsáveis 
e pelo desenvolvimento, pela coordenação, pela 
implantação e pela avaliação dos programas de 
saúde. As ações e as responsabilidades foram 
distribuídas da seguinte maneira: 
• Nível federal: Ministério da Saúde: 
desenvolvimento, coordenação e avaliação de 
programas de saúde. 
• Nível estadual: Secretaria de Estado da Saúde: 
coordenação, desenvolvimento e avaliação dos 
programas de saúde. 
• Nível municipal: Secretaria Municipal de Saúde: 
programação, execução e avaliação do 
atendimento à saúde. 
↠ Os estados e os municípios têm a liberdade de definir 
seus próprios programas, de acordo com a realidade 
regional, e recebem apoio técnico e suporte financeiro 
do nível federal. 
↠ A regionalização significa que é preciso delimitar 
territórios para que os gestores locais possam atuar sobre 
eles, de forma planejada e organizada. Em alguns casos, 
isso só acontece com a ajuda das Secretarias Estaduais 
de Saúde, que devem apoiar os municípios no processo. 
Para isso, existem as Comissões Intergestoras Bipartites - 
estado e municípios -, nas quais são discutidas as 
necessidades de saúde regionais e as soluções. Para as 
discussões que envolvem o nível federal, existem as 
Comissões Intergestoras Tripartites, que têm, além de 
representantes dos estados e municípios, representantes 
do governo federal. 
➢ A participação popular é uma necessidade no 
setor saúde. 
 ↠ Essa participação também é uma exigência para que 
ocorra o repasse de verbas aos municípios, pois o plano 
de saúde de cada n1unicípio deve ser aprovado en1 
conjunto pela Secretaria Municipal de Saúde e o Conselho 
Municipal de Saúde 
↠ Os conselhos de saúde são espaços definidos por lei 
e devem ser garantidos em todos os serviços. 
↠ O processo para a formação dos conselhos deve ser 
democrático e divulgado largamente entre profissionais e 
comunidade. Para compor um conselho, é necessário 
@jumorbeck 
realizar eleições para os cargos titulares e suplentes, os 
quais têm uma divisão paritária: usuários do serviço 
devem ocupar das 50% vagas, gestores (que são os 
administradores dos serviços: secretários de saúde, 
diretores, gerentes, entre outros) ocupam 25% e 
trabalhadores 25%. 
➢ Hierarquização dos serviços: para organizar a 
rede de serviços de assistência, o SUS realinhou 
os serviços, levando em consideração a 
complexidade tecnológica de cada um deles e 
classificando-os em níveis, de acordo com o tipo 
de cuidado prestado. 
↠ Determinou-se também que a porta de entradano 
serviço deve ser a Atenção Básica (AB), a qual precisa 
estar preparada para resolver até dos problemas de 
saúde da população. 85% 
 
↠ Essa organização não existe com o intuito de impedir 
as pessoas de serem atendidas no 
↠ serviço que elas querem, mas para que elas recebam 
o cuidado adequado à sua condição de saúde, pois não 
podemos esquecer que, quanto mais complexo o 
cuidado, mais caro ele é, e quem paga por isso somos 
nós. 
A LEGISLAÇÃO E O FINANCIAMENTO 
↠ A Lei nº 8.080, de 19 de dezembro de 1990, criou o 
SUS, sendo regulamentada pelo Decreto nº 7.508, de 28 
de junho e 2011. 
↠ A Lei nª 8.080 estabelece diretrizes para a gestão do 
sistema nas três esferas de gestão: federal, estadual e 
municipal; também dá ênfase à descentralização político-
administrativa e determina como competência do SUS a 
definição de critérios de avaliação/implantação, de valores 
e da qualidade dos serviços. 
↠ A Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, dispõe 
sobre a participação popular no SUS. Determina também 
que o financiamento é feito por repasse do Fundo 
nacional de Saúde diretamente para os fundos estaduais 
e municipais. Essas duas leis juntas são denominadas Lei 
Orgânica de Saúde (LOS). 
↠ Outros instrumentos legais foram usados para orientar 
a gestão: as Normas Operacionais Básicas (NOB) e as 
Normas Operacionais de Assistência (NOA). 
OS PACTOS PELA SAÚDE 
↠ São compromissos públicos, assinados pelos gestores, 
que visam à qualificação da gestão e à melhoria da 
eficácia das ações de saúde. 
↠ Foram consideradas ações prioritárias: o compromisso 
com o SUS e seus princípios, o fortalecimento da atenção 
primária, a valorização da saúde, a articulação intersetorial, 
o fortalecimento do papel dos estados, a luta pela 
regulamentação da Emenda Constitucional nº 29. 
↠ O pacto pela vida tem como prioridade: a saúde do 
idoso, o controle do câncer de colo de útero e mama, o 
fortalecimento da atenção básica, a redução da 
mortalidade infantil e materna, a promoção da saúde, 
entre outras. 
↠ Os municípios devem gerir o serviço de saúde de 
forma a cumprir as metas pactuadas. 
Os desafios 
↠ Os desafios para o SUS melhorar são muitos e só 
podem ser resolvidos com vontade política e pressão da 
população. São necessárias diversas mudanças: 
➢ Melhora do financiamento; 
➢ Melhor organização do sistema; 
➢ Redução das desigualdades regionais. 
 
 
 
 
 
 
@jumorbeck 
CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 
➢ CAPÍTULO II – DOS DIREITOS SOCIAIS 
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a 
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, 
a segurança, a previdência social, a proteção à 
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, 
na forma desta Constituição. 
➢ CAPÍTULO IV – DOS MUNICÍPIOS 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da 
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da 
população; 
LEI 8.080, de 19 de setembro de 1990 
↠ Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção 
e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras 
providências. 
TÍTULO I 
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser 
humano, devendo o Estado prover as condições 
indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste 
na formulação e execução de políticas econômicas e 
sociais que visem à redução de riscos de doenças e de 
outros agravos e no estabelecimento de condições que 
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos 
serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, 
da família, das empresas e da sociedade. 
Lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990 
Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do 
Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências 
intergovernamentais de recursos financeiros na área da 
saúde e dá outras providências. 
 
 
 
Referências 
 
SOLHA,Raphaela Karla de Toledo. Saúde coletiva para 
iniciantes. Políticas e práticas profissionais. 2 ed. 
Erica/Saraiva. Cap4 E-book 
 
Reforma Snitária Brasileira. In: Moreira, Taís de, C. et al. 
Saúde coletiva . Disponível em: Minha Biblioteca, Grupo A, 
2018. Pag. 167 
 
Legislação do Sistema único de Saúde (Pag. 91). SUS (Pag. 
101). In: MLA APA Harvard Vancouver ABNT Moreira, Taís 
de, C. et al. Saúde coletiva . Disponível em: Minha 
Biblioteca, Grupo A, 2018. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
@jumorbeck

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