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LP/PPE PROVA 1° AV DIA 14/10/2019 LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE LEI DE CRIMES HEDIONDOS Lei nº 8.072/90 Hediondo = Repugnante, horrível, medonho. Art. 5º, XLIII, CF - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem; Os crimes hediondos são aqueles aos quais o legislador decidiu punir com mais severidade, estabelecendo certas restrições, devido à gravidade de tais crimes e seu nível de reprovabilidade. Existem 3 sistemas de definição dos crimes hediondos. Três formas de determinar se um crime é considerado hediondo. Quais sejam: 1. Legal: O legislador, através de lei ordinária, cria um rol taxativo dos crimes que serão considerados hediondos. Só é crime hediondo o que estiver na lei. O Brasil adota o sistema legal. Crítica ao sistema legal: Toda conduta que não está no rol não é crime hediondo, mesmo que seja muito semelhante a um crime hediondo. 2. Judicial: O Poder Judiciário, através do magistrado, que no caso concreto analisando as circunstâncias do crime vai dizer se aquele crime é hediondo ou não. Então vai depender de cada caso. Crítica ao sistema judicial: Cria insegurança jurídica. A hediondez depende do entendimento de cada juiz. Mesmo que dois fatos incorram no mesmo tipo penal, as circunstâncias podem levar o magistrado a decidir de maneira diferente (hediondo/não hediondo). 3. Misto: A lei estabelece um rol de quais crimes podem ser hediondos, mas ele não garante que o crime seja considerado hediondo. O magistrado, analisando o caso concreto, complementa a lei ao decidir se foi ou não hediondo. Crítica ao sistema misto: Une os pontos negativos de ambos os sistemas. Apenas os crimes descritos no rol podem ser considerados hediondos, por meio da análise do magistrado sobre cada caso concreto. O caput do art. 1º da Lei de Crimes Hediondos estabelece o rol dos crimes do Código Penal que são considerados hediondos. Já o parágrafo único, dá os 2 crimes hediondos tipificados na legislação extravagante (genocídio e posse/porte ilegal de arma de fogo de uso restrito). Todos eles são hediondos, sejam consumados ou tentados. Crimes hediondos contra a pessoa: 1. Homicídio, quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente (art. 121, §6º), e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII). O homicídio simples não é hediondo, salvo se incidir no §6º (grupo de extermínio), que é uma causa de aumento de pena, e não uma qualificadora. O homicídio qualificado sempre é hediondo, independentemente da qualificadora. Já o homicídio privilegiado, nunca será hediondo. O homicídio privilegiado-qualificado não é hediondo, pois o privilégio tem natureza subjetiva (motivos do sujeito) e tem preponderância sobre as qualificadoras que o acompanham (objetivas; modo de execução). Obs.: O homicídio não é hediondo se o agente o cometer fora da atividade de grupo de extermínio, sem qualquer relação com o seu grupo. Obs.: São hediondos os homicídios praticados por uma única pessoa que se torna assassina em série de políticos, pois há o modus operandi de um grupo de extermínio. 2. Lseguidaesão corporal de morte dolosa (art. 129de ,natureza § 3o) , quando gravíssima praticada (art. contra129, § autoridade 2 o) e lesão ou corporal agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição. 3. Genocídio - arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889/56. Crimes hediondos contra o patrimônio: 1. Latrocínio - art. 157, §3º, II. 2. Extorsão qualificada pela morte - art. 158, § 2o. Se da violência da extorsão não resultar morte, não é hediondo. 3. Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada - art. 159, caput, e §§ 1º, 2º e 3º. Todas as hipóteses previstas no art. 159 são hediondas. Crimes hediondos contra a dignidade sexual: 1. Estupro - art. 213, caput e §§ 1º e 2º. 2. Estupro de vulnerável - art. 217-A, caput e §§ 1º, 2º, 3º e 4º. 3. Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável - art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º. Crimes hediondos contra a incolumidade pública 1. Epidemia com resultado morte - art. 267, § 1o. 2. Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais - art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B. Todas as hipóteses são hediondas, menos na modalidade culposa. Crimes contra o sistema nacional de armas: 1. Posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito - art. 16 da Lei n° 10.826/03. Art. 2º - Crimes equiparados a hediondos: a) Tortura (art. 1º, I, II e §1º, da Lei n° 9.455/97) b) Tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins (art. 33 da Lei n° 11.343/06 - Lei de Drogas) c) Terrorismo (art. 20 da Lei n° 7.170/83 - Lei de segurança nacional) Obs.: A causa de diminuição de pena do tráfico (art. 33, §4º) não retira a equiparação do crime a hediondo, segundo o STJ. Já as hipóteses dos §§2º e 3º, não são equiparadas a hediondas, por não se considerar tráfico (induzir ao uso de drogas e oferecer droga sem objetivo de lucro). Estes crimes (TTT) não são hediondos, são apenas equiparados a hediondos, assim como a união estável é equiparada a casamento. Como efeito, eles recebem o mesmo tratamento que os hediondos. O art. 2º determina restrições sofridas pelos agentes que cometerem crimes hediondos ou equiparados. Quais sejam: a) Vedação à aplicação de anistia, graça ou indulto. b) Vedação à aplicação de fiança. c) A pena é cumprida inicialmente em regime fechado. d) A progressão de regime se dá após o cumprimento de 2/5 da pena, se o apenado for primário, e de 3/5 da pena, se for reincidente (reincidência específica - algum crime hediondo). A lei ainda altera a cominação de penas de alguns crimes do Código Penal para puní-los mais severamente. Obs.: Crimes hediondos não são imprescritíveis. Eles podem prescrever! Sobre a vedação ao indulto, a CF não prevê expressamente a vedação ao indulto, mas o STF reconhece a sua previsão tácita. A graça é de alcance individual, concedida a um único indivíduo, enquanto o indulto é coletivo. Logo, a proibição do indulto está contida no termo graça, sendo estabelecida pela própria CF. Sobre a vedação à fiança, o agente que comete crimes hediondos ou equiparados não pode se valer da liberdade provisória mediante fiança. Todavia, admite-se a liberdade provisória sem fiança, podendo ser aplicadas as cautelares dos arts. 319 e 320 do CPP. O juiz também pode, após a sentença condenatória, decidir se o réu poderá apelar em liberdade. Os tribunais superiores entendem que a hediondez do crime não deve ser o único requisito para a fixação do regime de cumprimento inicial da pena. Deve ser levado em consideração o quantum da pena em concreto e os demais requisitos para definição do regime inicial. Sobre a progressão de regime, ocorre a ultratividade da lei penal mais benéfica para os crimes cometidos antes de 29/03/2007. Nesta data, a lei n° 11.464/07 alterou o cumprimento mínimo de pena necessário para a progressão. Ou seja, para todos os crimes cometidos antes desta data, a fração de progressão é 1/6; para os crimes hediondos cometidos após esta data, as frações são 2/5 e 3/5. Art. 2°, §3° - Liberdade provisória. Em caso de sentença condenatória, o juiz decidiráfundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade. Hipótese em que o juiz de primeiro grau profere uma sentença condenatória e o réu pretende apelar. O juiz que proferiu a sentença decide se ele poderá apelar preso ou em liberdade provisória. A concessão da liberdade provisória deve ser fundamentada. Art. 2°, §4° - Prisão temporária. É a modalidade de prisão regulada pela Lei n° 7.960/89, que ocorre durante a fase de Inquérito Policial. Em caso de crime hediondo, a prisão temporária dura 30 dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade (30+30). Art. 3º - Cabe à União manter estabelecimentos de segurança máxima para alocar os condenados de alta periculosidade que não podem ficar em presídios estaduais por risco à ordem ou incolumidade pública. O art. 5° adiciona um requisito para o livramento condicional (art. 83, CP). Em caso de crimes hediondos, é necessário, além dos outros requisitos, que o apenado tenha cumprido mais de 2/3 da pena e não seja reincidente específico em crimes hediondos para ter direito ao livramento condicional. LEI MARIA DA PENHA Lei nº 11.340/06 Art. 226, CF: A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. [...] § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações. A Lei Maria da Penha tem como finalidade: 1. Coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; 2. Criar os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a mulher; 3. Estabelecer medidas de assistência; 4. Estabelecer medidas de proteção às mulheres em situação de violência doméstica. Obs.: 1. O juizado mencionado não se confunde com os Juizados Especiais Criminais criados pela Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais). 2. O art. 41 da Lei Maria da Penha veda a aplicação de institutos despenalizadores da Lei de Juizados Especiais (Lei nº 9.099/95). Porém, a maior parte da jurisprudência, no momento, não aceita essa vedação. A lei tem como objeto todas as mulheres, independentemente de classe, etnia, orientação sexual, idade, etc. Protege a mulher contra a violência dentro de uma relação doméstica, familiar ou de afetividade. A jurisprudência diverge a respeito da aplicação da Lei Maria da Penha para a proteção de mulheres transexuais. A lei é aplicável, se a condição de mulher foi reconhecida civilmente. Esta proteção não é fornecida apenas pela possível vulnerabilidade física, mas também política e cultural. A lei também pode ser aplicada para casais homossexuais. Configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer conduta baseada no gênero que lhe cause sofrimento físico, psicológico ou sexual e dano moral ou patrimonial: a) No âmbito da unidade doméstica – espaço de convívio permanente de pessoas, sejam parentes ou não. Também abarca as pessoas esporadicamente agregadas (que não nasceram naquele meio), p. ex. as empregadas domésticas. b) No âmbito da família – pessoas que são ou se consideram aparentados, seja parentesco consanguíneo, civil ou por afinidade. Nesta hipótese, não importa o lugar em que a violência ocorra. c) Em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação – Se refere a cônjuges, companheiros, namorados, etc. Também envolve aqueles que já foram um casal (“ex”), independentemente do tempo entre o término do relacionamento e o momento da violência. Não é necessário que os dois tenha convivido na mesma unidade doméstica. Obs.: O envolvimento casual que não configura a condição de “casal” não é abarcado por esta lei. Ex.: Festa dos calouros. Pressupostos cumulativos para aplicação da Lei nº 11.340/06: a) Sujeito passivo mulher - O sujeito ativo da violência pode ser homem ou mulher, mas para a aplicação desta lei, o sujeito passivo só pode ser uma mulher, não importando a sua orientação sexual. b) Violência praticada em dentro do contexto doméstico, familiar ou de relação afetiva. c) Demonstrar a caracterização da violência - Uma das 5 formas descritas no art. 7º da lei. Formas de violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 7°) I. Violência física: “Qualquer conduta que ofenda sua integridade ou saúde corporal.” Exemplos: ● Lesão corporal (Art. 129, CP) ● Feminicídio (art. 121, §2°, VI c/c §2°-A, I e II, ambos do CP) ● Vias de fato (art. 21, LCP) II. Violência psicológica: “qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação.” Exemplos: ● Constrangimento ilegal (art. 146, CP) ● Ameaça (art. 147, CP) ● Sequestro e cárcere privado (art. 184, CP) III. Violência sexual: “ qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos.” ● Estupro, etc. (art. 213 e seguintes, do CP) ● Constrangimento ilegal (art. 146, CP) Ex.: Impedir a mulher de tomar um anticoncepcional. IV. Violência patrimonial: “ qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.” Exemplos: ● Abandono material (art. 244, CP) ● Furto (art. 155, CP) ● Estelionato (art. 171, CP) ● Apropriação indébita (art. 168, CP) ● Dano (art. 163, CP) Ex.: Destruir um equipamento de trabalho da mulher para impedi-la de alcançar a independência financeira. V. Violência moral: “ qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.” ● Calúnia (art. 138, CP) ● Difamação (art. 139, CP) ● Injúria (art. 140, CP) Obs.: A corrente majoritária diz que estas formas de violência compõem um rol exemplificativo, abrangendo-se outras formas de violência não citadas no art. 7º, pois o caput menciona “entre outras”. Título IV - Dos procedimentos Ao processo, julgamento e execução das causas cíveis e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher são aplicadas as normas do CPC, CPP e ECA, desde que não conflitem com as normas da Lei Maria da Penha (art. 13). O art. 14 dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. Não se trata de um Juizado Especial da Lei nº 9.099/95, cuja aplicação é vedada pela Lei Maria da Penha (art. 41). Os Juizados tratados aqui são órgãos da Justiça Ordinária, varas do DF e dos Estados especializadas para o julgamento de violência contra a mulher. Possuem competência cível e criminal, cumulativamente. Se não for criado o juizado específico na comarca, o juiz da vara criminal se encarregará do processo. Conforme o art. 15, tratando-se de processos cíveis, a ofendida pode escolher o local competente para o seu prosseguimento. Ela deve escolher entre: a) O local do seu domicílio ou residência; b) O lugar do fato em que se baseou a demanda; c) O local do domicíliodo agressor. Se o crime é de ação penal pública condicionada à representação, a ofendida pode se retratar, retirando o seu desejo de representar contra o acusado. Porém, é necessário que ela o faça perante o juiz, em uma audiência designada com esta finalidade. Naturalmente, o prazo para a retratação termina quando o juiz recebe a denúncia do Ministério Público. Obs.: A lei usa o termo “renúncia”. Leia-se “retratação”. É vedada a substituição da pena comum pela pena de multa, cesta básica ou outras prestações pecuniárias como medidas despenalizadoras/desencarceradoras ( art. 17). Também é vedada a aplicação de institutos da Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais), como a composição civil, transação penal e suspensão condicional do processo (art. 41). Medidas Protetivas de Urgência A ofendida pode pedir, por meio da autoridade policial, providências necessárias à sua proteção. Ao fazer o registro de ocorrência, o delegado tem 48 horas para remeter o pedido ao juiz. Ao receber o expediente com o pedido, o juiz terá o prazo de 48 horas para decidir sobre a medida, dentre outras providências (arts. 12 e 18). Os arts. 22, 23 e 24 elencam medidas protetivas de urgência. O juiz pode conceder estas medidas a requerimento do MP ou a pedido da ofendida, podendo ser aplicadas isolada ou cumulativamente. Elas podem ser decretadas de imediato, sem audiência ou manifestação do MP, devendo este ser comunicado. As medidas podem ser substituídas, revogadas ou adicionadas, a depender da necessidade e ouvido o MP. A prisão temporária só pode ocorrer em fase de Inquérito Policial. É cabível a decretação de prisão preventiva contra o agressor em qualquer fase do IP ou da instrução criminal, podendo o juiz revogá-la ou decretá-la novamente, quando necessário e justificável (art. 312, CPP). Qualquer medida cautelar diferente da prisão pode ser aplicada em qualquer fase do IP ou ação penal, sejam aquelas previstas na Lei Maria da Penha ou nos artigos 282 e 319 do CPP. O MP sempre é intimado para ter ciência e emitir sua opinião. O agressor e a vítima devem ser comunicados de todos os atos processuais, principalmente da decretação ou revogação de prisão. A Lei nº 13.827/2019 introduziu um artigo à Lei Maria da Penha que permite que o agressor seja imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida, quando houver risco atual ou iminente à vida ou integridade física da mulher ou seus dependentes, podendo a medida ser aplicada pelo delegado ou policial. “Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida: I - pela autoridade judicial; II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia.” Ou seja, quando a mulher ou seus dependentes estiverem correndo risco atual ou iminente a sua vida ou integridade física, cabe medida de afastamento imediato do lar. Quem deve aplicar a medida? 1. O juiz responsável pela comarca. 2. Caso o município não seja sede de comarca (não tenha juiz próprio), a medida poderá aplicada pelo delegado. 3. Se o município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da denúncia, a medida poderá ser aplicada pelo policial. Caso o delegado ou policial aplique a medida de afastamento, o juiz deve ser comunicado dentro de 24 horas. Após ser comunicado, o juiz tem 24 horas para decidir se matém ou revoga a medida aplicada, dando ciência ao Ministério Público. Se houver risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. A hipótese do art. 12-C é excepcional. Fora desta situação, caso a ofendida precise de uma medida protetiva de urgência, a autoridade policial deve remeter o pedido ao juiz dentro de 48 horas (art. 12, III). Ao receber o pedido, o juiz tem 48 horas para decidir pela concessão ou não da medida (art. 18, I). Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência A lei Maria da Penha só tipifica 1 crime, previsto no art. 24-A (descumprimento de medida protetiva de urgência). Para a punição relativa à violência sofrida pela mulher, recorremos aos crimes tipificados no Código Penal e legislação extravagante. Pelo princípio da especialidade, se tratando de medidas decorrentes de uma situação de violência doméstica e familiar contra a mulher, aplicamos o artigo 24-A da Lei Maria da Penha, e não o art. 330 do CP (crime de desobediência). O objeto de proteção deste crime é a mulher e não a administração da justiça (análise sistemática do dispositivo na lei). O art. 24-A fala em descumprimento de “decisão judicial”, ou seja, emitida por um juiz. O descumprimento de uma medida protetiva de urgência imposta por um delegado ou policial, sob a égide do art. 12-C, se enquadraria no crime da Lei Maria da Penha? Ainda não há entendimento jurisprudencial pacífico. Para a configuração deste crime, não importa se o juiz que deferiu a medida tem competência cível ou criminal (§1º). Na hipótese de prisão em flagrante dentro do contexto de violência contra a mulher, apenas a autoridade judicial (juiz) poderá conceder fiança (§2º). LP/PPE PROVA 1 AV DIA 14/10/2019 LEGISLAÇÃO PENAL EXTRAVAGANTE LEI DE CRIMES HEDIONDOS Lei nº 8.072/90 LEI MARIA DA PENHA Lei nº 11.340/06 Título IV - Dos procedimentos Medidas Protetivas de Urgência Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência
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