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Composição do biofilme dental Composição do biofilme dental Biofilme ● 70% de células microbianas ● 30% matriz extracelular e fluido do biofilme. Matriz extracelular: composta por polissacarídeos produzidos pelas bactérias; macromoléculas (carboidratos, lipídios, ácidos nucléicos,proteínas); e elementos derivados de saliva e do fluido gengiva. O que é biofilme? (Microrganismos aderidos sobre uma superfície e sobre ela crescendo envoltos por uma matriz extracelular). Microrganismos vivendo em ambientes líquidos contendo superfícies duras não descamativas: cavidade bucal - dentes e próteses fixas e removíveis. Obs.: Biofilmes espessos ocorrem principalmente em superfícies que não estão sujeitas à renovação celular. Película adquirida - Camada fina de proteínas aderidas sobre a superfície dental exposta à saliva. Há um biofilme mais complexo conforme a microbiota está mais bem adaptada ao ambiente a que está exposto. Sequência da vida da microbiota: •Agregação de outros microrganismos • Produção de matriz extracelular • Multiplicação da microbiota melhor adaptada à condição ambiental à qual o biofilme está exposto. Vantagens de formar biofilme -Proteção contra a dessecação (perder umidade) pela presença da matriz extracelular. -Biofilmes são mais protegidos das defesas do hospedeiro do que células bacterianas isoladas. -Maior resistência a antimicrobianos. Explicação da Resistência Microbiana • Limitações de difusão ou reação do agente antimicrobiano com o biofilme; • Áreas com microrganismos mais resistentes ao agente; • Taxa de crescimento lenta (comparada a células isoladas), limitando a ação antimicrobianos que agem reduzindo a taxa de multiplicação microbiana; • Possibilidade de inativação ou neutralização do antimicrobiano por enzimas. Concentração de cálcio, fosfato e fluoreto no biofilme e sua importância na manutenção dos minerais dentais A concentração dessas substâncias refletem na sua concentração na saliva, pois esta banha continuamente o biofilme e o enriquece com os íons minerais naturalmente presentes em sua composição. Compartimentos que compõem o Biofilme Sólido: (compartimento que contém todas as células microbianas e a porção da matriz extracelular que não é solúvel). Na porção sólida do biofilme dental, íons cálcio, fosfato e fluoreto ficam retidos de diferentes formas. Devido à preponderância de cargas negativas na superfície bacteriana e proteínas da matriz extracelular, cátions como o cálcio são naturalmente adsorvidos a elas, permanecendo retidos por atração de cargas distintas. Essa interação ocorre principalmente com radicais fosfato (PO 4 3 ·) ou carboxílicos (COO-) presentes na superfície bacteriana e proteínas. Pelo fato de o cálcio ser um íon divalente, ele pode não apenas interagir com a carga negativa na superfície bacteriana, mas também com íons fluoreto, que, acredita-se, permanecem retidos no biofilme por "pontes" de cálcio: Obs.:Clinicamente, o enriquecimento do biofilme com cálcio e fosfato tem limitada ação anticárie devido a sua frequente dissolução/liberação, porém a possibilidade de aumentar o reservatório de fluoreto no biofilme pode interferir em sua cariogenicidade. -Devido à natureza desse tipo de reservatório de cálcio e fluoreto no biofilme, retido na superfície bacteriana e proteínas, ele tem sido chamado de reservatório biológico de íons minerais. A saliva e o fluido do biofilme em repouso são supersaturados em relação a diversos fosfatos de cálcio, a mineralização do biofilme poderá ocorrer, princípio básico da formação de cálculo. Ambos os reservatórios de minerais descritos acima (biológico e mineral precipitado) são capazes de liberar esses íons mediante uma queda de pH. Líquidos: (a fração líquida que permeia as células e a matriz extracelular). É chamado de fluido do biofilme, e é importante no entendimento da físico-química envolvida com o desenvolvimento de lesões de cárie, já que o decréscimo da concentração de íons como cálcio, fosfato e fluoreto nesse fluido determina a dissolução dos minerais da estrutura dental (está explicado no cap. 2). ------------------------------------------------------------------------------------ Papel dos açúcares da dieta na formação do biofilme dental cariogênico Fluido do biofilme: possui concentração de íons minerais tal que, em condição de jejum, tem a capacidade de remineralizar a estrutura dental ou mantê-la íntegra. Termos dos efeitos da dieta cariogênica: Efeito Imediato ● Curva de Stephan: drástica queda do pH do biofilme, atingindo-se o pH mínimo em cerca de 5 a 10 minutos (É a curva de pH do biofilme dental exposto à açúcar em função do tempo.): O efeito é mais acentuado e rápido com exposição a carboidratos simples (glicose, frutose e sacarose) e menos acentuado e mais lento com a exposição a polissacarídeos (amido). Saliva - Leva os substratos fermentáveis e os ácidos e os neutraliza com seus tampões. Indivíduos com baixo fluxo salivar têm uma queda mais acentuada do pH durante essa fase. ● Curva de Stephan: região de pH mínimo. Dura de 5-10 min. O pH raramente atinge valores abaixo de 4,0 porque mesmo os microrganismos mais acidogênicos e acidúricos do biofilme não conseguem manter seu metabolismo em ambientes de pH extremo. ● Início da elevação do pH Ocorre pela lavagem dos açúcares e ácidos produzidos e pelo tamponamento destes. O efeito da saliva nessa etapa da curva é tal que, se for restringido o seu acesso ao biofilme, o pH não mais se eleva. -A queda de pH é menos acentuada e o retorno mais rápido na arcada inferior do que na superior, pelo maior acesso à saliva no primeiro. -Diversos são os ácidos produzidos durante a queda de pH no biofilme, sendo predominantes os ácidos láctico e acético. Láctico: é considerado mais cariogênico por não ser volátil e também por libera íons H+ em pHs mais baixos, A rápida produção de ácido láctico durante o período de exposição do biofilme a carboidratos resulta na rápida queda de pH observada na curva de Stephan. ➔ Efeitos na ecologia do biofilme O que ocorrerá com a microbiota frequentemente exposta a açúcares fermentáveis e a um ambiente ácido? -Resposta: Uma seleção ecológica de microrganismos mais adaptados a esse ambiente. 1.Hipótese da placa ecológica: a frequente exposição a açúcares fermentáveis cria diversos episódios de pH ácido no biofilme, que por sua vez selecionam microrganismos ácido-tolerantes (acidúricos), causando uma modificação ecológica do biofilme (de uma microbiota compatível com saúde bucal para uma microbiota cariogênica). Essa mudança causará um favorecimento do processo de desmineralização dental, em detrimento da remineralização. -Placa específica (apenas alguns microrganismos estão relacionados ao desenvolvimento de cárie) -Placa inespecífica (toda a microbiota do biofilme está relacionada ao desenvolvimento de cárie). O pH do ambiente do biofilme é o fator decisivo para a seleção de espécies mais bem adaptadas a esse ambiente, em detrimento de outras ➔ Efeitos na estrutura da matriz do biofilme Reserva do biofilme (polissacarídeos intra e extracelulares): Intracelular - são glicogênio (glicose) sintetizados a partir de açúcares* que são captados pelas bactérias, mas não chegam a ser quebrados para a produção de ácidos e energia. Extracelular - Sacarose é o único substrato para a síntese de polissacarídeos extracelulares de reserva. Porque a sacarose é o mais cariogênico dos açúcares da dieta (PEC - polissacarídeo de reserva extracelular) Sacarose é o único substrato para a síntese de polissacarídeos extracelulares de reserva. Biofilmes ricos em PEC insolúveis são mais acidogênicos pela diferença na estrutura da matriz. SACAROSE = glicose+frutose Glicosiltransferases = sintetizar polissacarídeos de glicose ex.: Dextrano (enzima Dextranase). Frutosiltransferases = sintetizar polissacarídeos de frutose ex.: Levano (enzima Levanase). (PEC)Sacarose é o único substrato para a síntese de polissacarídeos extracelulares de reserva. Como um polissacarídeo pode ser reservado? Para funcionar como polissacarídeosde reserva, enzimas hidrolíticas secretadas na matriz do biofilme por algumas bactérias quebram os polímeros de frutose e glicose disponibilizando os monossacarídeos para o metabolismo bacteriano. Resposta: Assim, a sacarose facilita a formação de placa, a qual sendo mais porosa devido a essa rede (matriz) de polissacarídeos, torna a placa dental mais cariogênica. Isto facilita a difusão de açúcares por essa matriz, levando a quedas mais acentuadas de pH na interface dente–placa. Adicionalmente, a placa dental formada pela presença de sacarose têm menores concentrações inorgânicas de cálcio, fosfato e flúor. A sacarose tem a propriedade de transformar alimentos não cariogênicos em cariogênicos, quando adoçados. Ex: leite não é cariogênico, mas ao adicionar açúcar... Polissacarídeos insolúveis como a sacarose criam uma placa: • + POROSA • + VOLUMOSA • + PEGAJOSA Mutano - não mais será removido do biofilme (não há enzima mutana se para sua degradação) portanto, funciona como arcabouço para a estrutura do biofilme, que só pode ser desintegrado por meio de ações mecânicas, como a escovação. Como e porque as lesões de cárie se desenvolvem A alta exposição a açúcares fermentáveis modifica a ecologia do biofilme e o torna mais metabolicamente ativo. Leite: Não é cariogênico, diz-se que o queijo é anticariogênico. Amido: A capacidade de sua fermentação é muito menor do que a de açúcares mais simples, pois se trata de um polissacarídeo de glicose que precisa ser hidrolisado na cavidade bucal (pela enzima amilase salivar) para fornecer produtos de menor tamanho que possam ser fermentados. - AMIDO + SACAROSE = pode tornar o biofilme mais cariogênico do que aquele formado sob exposição isolada à sacarose, pois: a modificação da estrutura do biofilme, hidrolisados de amido podem funcionar como aceptores para a produção dos polissacarídeos extracelulares a partir da sacarose, tornando a matriz do biofilme mais cariogênica. ⤵ A associação de amido e sacarose é bastante comum na nossa dieta (mingaus, pães doces, biscoitos doces, fórmulas infantis adoçadas), resultando em preocupação quanto a seu potencial cariogênico. Progressão da lesão de cárie Idade do biofilme: biofilmes maduros formados sob exposição contínua a açúcares fermentáveis são mais cariogênicos do que biofilmes jovens. Frequência de exposição diária do biofilme a açúcares fermentáveis: quanto maior, mais rapidamente serão visualizadas lesões de cárie. Acesso a flúor: presença de fluoreto nos fluidos bucais modifica o processo de desmineralização/ remineralização, reduzindo a velocidade de progressão das lesões de cárie. Acesso à saliva: regiões com menor acesso à saliva (região anterior superior), em pacientes com sucção de mamadeira ou pacientes com redução patológica do fluxo salivar, apresentam quadros rampantes de cárie.
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