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Cariologia Formação do biofilme cariogênico e o desenvolvimento de cárie. •O componente inorgânico dos tecidos dentais, principalmente HIDROXIAPATITA, garante a possibilidade de trocas iônicas com os fluidos bucais, que determinam se o dente irá GANHAR MINERAIS, PERDER, OU PERMANECER EM EQUILÍBRIO, sem alterações importantes em termos de sua concentração mineral. •A principal alteração que ocorre na cavidade bucal e perturba o equilíbrio entre o mineral e os fluidos bucais é a REDUÇÃO DO PH ⤹ A redução do pH ocorre com alimentação. •O pH crítico para a dentina é entre 6 e 6,5, porque ela possui mais carbonato, portanto é mais solúvel. ⤹portando uma diminuição de menor de pH é capaz de fazer que a dentina perda minerais. •O pH crítico do esmalte é 5,5, com a presença do flúor até 4,5 não tem a presença de perdas minerais. Na presença frequente de carboidratos fermentáveis e consequente produção de ácidos, observa-se uma adaptação microbiana que leva à seleção de microrganismos acidogênicos. *Os microorganismos produzem ácidos através desses carboidratos. ⬇ Com isso ocorre o rompimento da homeostase microbiana do biofilme, e a proliferação de microorganismo cariogênico. ⬇ Predomínio de eventos de DESMINERALIZAÇÃO com consequente perda mineral do dente (estágio de desmineralização). ⤹ Inicialmente não vemos clinicamente, só conseguimos ver clinicamente quando chega no esmalte, que inicialmente é uma mancha branca e se essa perda de minerais continuar irá formar uma cavidade. ⤹A perda de mineral é maior na dentina, mas quando há uma remineralização também é maior na dentina, porque a dentina é mais solúvel . E a remineralização é maior no tecido cariado do que o hígido porque ele é poroso. F�mação do biofilme cariogênico e o desenvolvimento de lesão de cárie •No século atual, o conhecimento sobre a cariogenicidade dos biofilmes dentais está centrado no entendimento de sua resposta frente às pressões exercidas pela dieta do indivíduo, associado ao desenvolvimento de noções sobre o metabolismo e a comunicação entre os microrganismos que os compõem. Biofilme: São complexas comunidades tridimensionais de microorganismos embebidos em uma matriz extracelular, presentes geralmente em uma superfície sólida. - A formação de biofilmes pode ser considerada o estilo de vida de microrganismos vivendo em ambientes líquidos contendo superfícies duras não descamativas (Ex: na encanação, na superfície dos dentes que é chamado de placa dentária, e também na superfície de próteses). • Estima-se que o corpo humano seja composto de cerca de 1014 células, das quais apenas 10% são de mamíferos .A maioria é composta de organismos que compõem a microbiota residente do hospedeiro, essa microbiota residente, adquirida desde o nascimento, é um processo natural durante o qual todas as superfícies expostas do ambiente do corpo se tornam colonizadas. Os organismos que se estabelecem e predominam nas superfícies específicas variam, no entanto, conforme as propriedades físicas e biológicas de cada localidade. BOCA NÃO È UMA EXCEÇÃO ⤹ Distintas espécies de bactérias podem ser recuperadas dessa parte do corpo dos lactentes com apenas algumas horas de vida. - Uma vez estabelecida, a microbiota residente adquire uma composição diversificada, consistindo de uma ampla gama de espécies bacterianas Gram-positivas e Gram-negativas, bem como leveduras e outros tipos de microrganismos -Além disso, a composição da microbiota oral mudará conforme a alteração da biologia da boca ao longo do tempo • Embora a aderência bacteriana sobre o epitélio seja possível, especialmente em áreas de pouco atrito (a formação de saburra na superfície da língua é um exemplo disso), a formação de biofilmes espessos ocorre principalmente em superfícies que não estão sujeitas à renovação celular. Aquisição da microbiota • A boca do recém-nascido é geralmente estéril ( mas alguns artigos falam que já no feto pode haver microorganismo). A aquisição depende da transmissão sucessiva de microorganismo para o sítio de colonização potencial. • Na boca, embora os organismos possam ser derivados de alimentos, água e outros líquidos nutritivos, A PRINCIPAL VIA DE TRANSMISSÃO* É A SALIVA. • Estudos de tipagem molecular têm mostrado que a aquisição de estreptococos orais e espécies Gram-negativas em crianças é predominantemente oriunda da mãe (transmissão vertical), Com efeito, foi proposto que reduzir o transporte de estreptococos do grupo mutans em mães poderia evitar a transmissão dessas bactérias para sua prole e, assim, retardar potencialmente o aparecimento de cáries. ( essas transmissões eram feitas através das mães está assoprado os alimentos, através de beijos.) •Tal é a influência da dieta na composição microbiológica do biofilme cariogênico que não se pode afirmar, como muitos ainda fazem, que a cárie é uma doença transmissível. •As bactérias que provocam cárie não são estranhas à boca de ninguém e elas são adquiridas do meio ambiente no qual as crianças vivem, durante o desenvolvimento natural da microbiota bucal de todos os indivíduos •A transmissibilidade da doença está na realidade ligada à transferência de hábitos dietéticos de alto consumo de açúcar da família para os filhos, o que fará prevalecer no biofilme acumulado sobre os dentes as espécies mais cariogênicas, como Streptococcus mutans e lactobacilos • A diversidade da microbiota bucal aumenta durante os primeiros meses de vida. • Os primeiros colonizadores, são chamados de espécies pioneiras, sendo estas os estreptococos • Com o tempo, anaeróbios Gram-negativos aparecem, incluindo Prevotella melaninogenica, Fusobacterium nucleatum e Veillonella spp . • A erupção da dentição criar novos habitats para a colonização microbiana, porque os dentes fornecem as únicas superfícies não esfoliadas dentro do corpo para que a microbiota residente normalmente possa se fixar e, assim, desenvolver biofilmes substanciais • A descamação garante que a carga microbiana nas superfícies mucosas seja relativamente baixa, embora um considerável acúmulo de bactérias possa se desenvolver na língua •Os Streptococcus mutans e os Streptococcus sanguinis geralmente só aparecem na boca normal após a erupção dos dentes, e o desenvolvimento e a maturação do biofilme dental criam condições adequadas para uma variedade maior de bactérias mais exigentes. • O fluxo de fluido sulcular gengival (FSG) introduz componentes das defesas do hospedeiro (neutrófilos, complemento, anticorpos), e oferece moléculas do hospedeiro (p. ex., hemoglobina, hemopexina, transferrina) que atuam como fonte de nutrientes essenciais para os muitos anaeróbios obrigatórios estritos encontrados nesse sítio. •A diversidade da microbiota bucal continua a aumentar ao longo do tempo, até que, por fim, é atingida uma situação estável, denominada comunidade CLÍMAX. •As populações microbianas que compõem essa comunidade permanecem estáveis com o tempo, apesar das perturbações regulares menores para o ambiente local em decorrência de mudanças na dieta, níveis hormonais e higiene bucal. •A estabilidade é denominada “homeostase microbiana” Ela não é uma resposta passiva dos organismos, mas reflete um equilíbrio altamente dinâmico entre a microbiota residente e as condições ambientais locais nesse sítio de hospedeiro • Uma grande mudança para o hábitat, como o consumo frequente de açúcares alimentares, pode perturbar a homeostase microbiana e provocar desequilíbrios na unidade entre as espécies, compreendendo a microbiota residente, uma consequência do que pode ser uma maior predisposição à doença . Reconhecer e aceitar essa relação ecológica pode levar à identificação de abordagens mais adequadas para o controle das cáries. - As alterações na microbiota ocorrem durante a vida de um indivíduo como um efeito direto ou indireto do envelhecimento - Efeitos diretos, como o declínio da imunidade mediada por células, podem levar um aumento do transporte de bactérias não bucais (p. ex., estafilococos e enterobactérias) - Já os indiretosincluem o uso aumentado de próteses totais entre os idosos, o que promove a colonização por leveduras - Indivíduos mais velhos também são mais propensos a ser tratados com medicamentos de uso prolongado, cujo efeito colateral comum é uma taxa de fluxo salivar reduzida, promovendo a colonização por lactobacilos e leveduras. A saliva é um importante componente para a regulação do pH, por conta da capacidade tampão. Se o indivíduo tiver o fluxo salivar reduzido promove a colonização por lactobacilos e leveduras. Benefício da microbiota bucal Microbiota residente desempenha um papel importante no desenvolvimento normal do hospedeiro e em funções como parte das defesas inatas do hospedeiro •A comunidade bacteriana bucal de pacientes em antibioticoterapia a longo prazo, de largo espectro, pode ser suprimida, o que leva ao crescimento excessivo por leveduras ou espécies bacterianas não bucais. Assim, a microbiota bucal normal age como uma barreira à colonização permanente por organismos transitórios, alguns dos quais potencialmente patogênicos. Os mecanismos envolvidos na resistência à colonização pelos organismos bucais residentes incluem, ou seja o que eles podem fazer para impedir a colonização por esses microrganismos transitórios patógenos: -Saturação dos sítios de fixação microbiana - Competição mais eficaz por nutrientes essenciais - Criação de condições desfavoráveis para o crescimento de microrganismos invasores - Produção de fatores inibitórios (p. ex., bacteriocinas, peróxido de hidrogênio) •Evidências emergentes apontam que existe uma comunicação ativa (cross-talk) entre o hospedeiro e sua microbiota residente para manter, efetivamente, um relacionamento benéfico e simbiótico. •Alguns estreptococos bucais são capazes de sinalizar para os hospedeiros e deprimir as respostas pró-inflamatórias potenciais enquanto também estimulam as importantes vias de resposta do hospedeiro, como as respostas de interferon, e promovem efeitos benéficos no citoesqueleto, Assim, o hospedeiro tem evoluído para tolerar os microrganismos residentes sem iniciar uma resposta inflamatória prejudicial, também sendo capaz de montar uma defesa eficaz contra os patógenos. •As bactérias patogênicas e residentes podem iniciar diferentes vias de sinalização intracelulares e respostas imunes inatas em células epiteliais •As bactérias bucais residentes também desempenham um papel importante na manutenção de sistemas gastrintestinais e cardiovasculares muito importantes, por meio do metabolismo de nitrato dietético. •O nitrito afeta um número grande de processos fisiológicos-chave, incluindo a regulação da circulação sanguínea, da pressão arterial, da integridade gástrica e a proteção do tecido contra a lesão isquêmica O nitrito pode ser convertido ainda mais em óxido nítrico no estômago acidificado, onde há propriedades antimicrobianas que contribuem para a defesa contra enteropatógenos e para a regulação do fluxo de sangue da mucosa gástrica e a formação de muco. Distribuição local das bactérias bucais A boca não é um ambiente homogêneo para a colonização microbiana. ⤹ ela é heterogênea , porque existem vários ambientes diferentes (Ex.: superfície dos dentes, sulco gengival, língua, mucosas) . Existem micro-habitats distintos, como as superfícies mucosas (boca, bochecha, língua etc.), as várias superfícies dos dentes (lisas, proximais, fissuras) e o sulco gengival ⤹As propriedades físicas e biológicas de cada local resultam em um subconjunto único desses organismos (muitas vezes, 20 a 30 tipos distintos), sendo capazes de predominar em um sítio individual. Metabolismo bacteriano e fat�es ecológicos A boca fornece tanto um ambiente amigável quanto hostil para o crescimento microbiano Os microrganismos bucais residentes são adaptados para usar os nutrientes endógenos (derivados do hospedeiro) para seu crescimento (p. ex., proteínas salivares e glicoproteínas), mas, em sobreposição a estes, podem ocorrer ingestões súbitas e irregulares de altas concentrações de carboidratos dietéticos, como glicose, frutose e sacarose. •A boca é evidentemente aeróbica e, ainda assim, anaeróbios estritos e bactérias anaeróbicas podem persistir dentro de biofilmes nas superfícies bucais (língua, dentes) e compõem o grupo mais numeroso de bactérias nesses locais Os organismos precisam fixar-se firmemente a uma superfície para evitar que sejam lavados pelo fluxo de saliva e engolidos, assim, a maioria dos organismos (e a maioria das doenças) é encontrada em locais protegidos e estagnados em torno da dentição. • A saliva desempenha outras funções na regulação do crescimento e da atividade metabólica da microbiota bucal, ela ajuda a manter o pH na cavidade bucal em valores em torno de 6,75 a 7,25 e a temperatura por volta de 35 a 36°C, que é ideal para o crescimento de muitos microrganismos. A saliva contém glicoproteínas e proteínas que agem como a principal fonte de carboidratos, peptídeos e aminoácidos para o crescimento microbiano. •As bactérias devem agir cooperativamente, a fim de degradar as cadeias laterais dos oligossacarídeos e as cadeias peptídicas principais das glicoproteínas, como as mucinas - O ácido é produzido relativamente de modo lento a partir do metabolismo desses compostos, e a amônia e o bicarbonato são produzidos a partir de aminoácidos como contrapartida ao ácido -A arginina deiminase e a subsequente degradação de citrulina produzem amônia e dióxido de carbono A ureia contida na saliva também pode contribuir para a produção de amônia e de dióxido de carbono, e para que haja apenas um baixo risco de desmineralização do esmalte. É importante salientar que a saliva é uma fonte suficiente de nutrientes para sustentar o crescimento de uma microbiota bucal natural e diversificada, na ausência de outros nutrientes Por último, a saliva oferece um espectro de fatores de defesa inatos e específicos da imunidade do hospedeiro e essenciais para a manutenção de uma boca saudável. •Uma dieta rica em carboidratos aumenta a taxa de crescimento e a produção de ácidos de muitas bactérias bucais •Assim, ficou demonstrado que o acúmulo de placa bacteriana após 4 dias, no que diz respeito à extensão, ao peso e aos números reais de bactérias, é maior quando os indivíduos consomem uma dieta suplementada com doces contendo sacarose, em comparação a uma dieta-controle sem sacarose adicionada. O que pode ser clinicamente mais importante, no entanto, é que uma dieta rica em sacarose pode mudar a composição da microbiota, promovendo um baixo pH, capaz de inibir o crescimento de muitas das bactérias benéficas encontradas naturalmente na placa dentária, e selecionando, assim, as espécies mais tolerantes ao ácido Biofilmes dentais : desenvolvimento, composição e propriedades • Para persistir, os microrganismos bucais precisam se fixar a uma superfície e crescer para formar um biofilme, caso contrário serão perdidos de seu hábitat • As propriedades das bactérias que crescem como um biofilme são distintas daquelas expressas quando os mesmos organismos estão crescendo em cultura líquida (células planctônicas). O desenvolvimento do biofilme dental pode ser dividido em vários estágios arbitrários, como revelado pelos estudos experimentais in situ: - Formação de película adquirida - Fixação dos primeiros colonizadores bacterianos (0 a 24 h) -coadesão e crescimento de bactérias fixadas, levando à formação de microcolônias (4 a 24 h) -Sucessão microbiana que leva ao aumento da diversidade de espécies concomitante com a coadesão contínua e o crescimento de microcolônias (1 a 7 dias) -Comunidade clímax/biofilme maduro (1 semana ou mais). ⤹Deve ser observado que a formação do biofilme é um processo altamente dinâmico, e que a fixação, o crescimento, a remoção e a recolocação de bactérias são processos que podem ocorrer ao mesmo tempo. F�mação da película adquirida •Os microrganismos não colonizam diretamente a superfície do dente mineralizado -Os dentes são sempre recobertos por uma película protéica celular, a qual começaa se formar em uma superfície de dente limpa em poucos minutos -Em áreas não colonizadas, a película atinge uma espessura de 0,01 a 1 mm no prazo de 24 h. - Os principais constituintes da película são glicoproteínas salivares, fosfoproteínas, lipídios e, em menor medida, componentes do FSG (fluido sulcular gengival). Restos de paredes celulares de bactérias mortas e outros produtos microbianos (p. ex., glicosiltransferases e glicanos) também têm sido identificados na película. ⤹Glicosiltransferases são enzimas produzidas pelo o streptococcus mutans . -Algumas moléculas salivares sofrem mudanças conformacionais quando se ligam à superfície do dente Isso pode levar à exposição de novos receptores para fixação bacteriana. -A película está principalmente localizada em sítios correspondentes a depressões no esmalte (fóssulas e sulcos periquimatais), mas não mascara completamente as características anatômicas da superfície do esmalte. -Sempre que as bactérias são encontradas nessa fase inicial, são do tipo cocóides ou cocobacilares, principalmente de Streptococcus e Actinomyces, e sempre residem em depressões rasas na superfície. -A película desempenha um papel modificador importante na cárie e na erosão, em virtude de sua natureza seletiva permeável de restringir o transporte de íons para dentro e os tecidos duros dentais para fora -A presença de uma película inibe a desmineralização do subsuperfície do esmalte in vitro - Lavagens frequentes com leite ou creme aumentam a espessura e a densidade de elétrons da película, mas não está claro se tal modificação da película proporciona proteção adicional contra a desmineralização do esmalte. -A composição da película tem recebido um interesse considerável por causa de seu papel potencial na determinação da composição da microbiota inicial (porque apenas alguns microorganismo que tem capacidade de se ligar a essa película, não são quaisquer microorganismo.) -É mais provável que, uma vez que os primeiros colonizadores tenham se fixado, o ambiente bucal local determine quais bactérias podem crescer e acumular-se sobre uma superfície de dente. -Conforme a célula microbiana aproxima-se da superfície recoberta de película, são promovidas forças físicas amplas, mas relativamente fracas, entre as moléculas nas duas superfícies -Inicialmente, as bactérias são mantidas de forma inespecífica próximas da superfície do dente sob a influência líquida das forças de van der Waals atrativas, bem como forças eletrostáticas repulsivas. Padrões dos primórdios da colonização bacteriana (fixação e crescimento) -Em pouco tempo, essas interações físicas fracas podem tornar-se mais fortes se as adesinas na superfície das células microbianas se envolverem em interações específicas e curtas com receptores complementares na película adquirida. - Um alto grau de hidrofobicidade de superfície também pode facilitar a fixação. Inicialmente as ligações são fracas , mas depois essa ligação irá se tornar forte por conta de adesinas que estão presentes nas superfícies das bactérias que irão se ligar em receptores específicos da película. -O modo seletivo pelo qual as bactérias se fixam à superfície do dente apoia o fato de que as bactérias contêm um sistema de reconhecimento em suas superfícies que possibilita que as adesinas das superfícies bacterianas se liguem a moléculas complementares (receptores) na película. ⤹Uma fixação irreversível bem sucedida é obtida quando as adesinas na superfície de uma bactéria ligam-se a um receptor na película Diferentes microrganismos apresentam diferentes capacidades de aderir às superfícies - Streptococcus mutans - Streptococcus sanguis -Lactobacillus ssp - Actinomyces viscosus ⬇ Colonizam superfície dentais Streptococcus salivarius Actinomyces naeslundii ⬇ Colonizam dorso da língua Actinomyces está relacionada com a lesão cariosa da superfície radicular. A interação entre o microrganismo e a película é determinada por TROPISMO entre : -Componentes microbianos – ADESINAS/ LECTINAS/ FÍMBRIAS -Componentes da película - RECEPTORES • Alguns receptores foram identificados como oligossacarídeos na estrutura de proteínas das glicoproteínas da película: Por exemplo: -S. sanguinis e S. oralis ligam-se especificamente a resíduos terminais de ácido siálico nas glicoproteínas salivares humanas - S. oralis tem uma adesina de ligação à galactose - Actinomyces naeslundii apresenta apêndices de superfície denominados fímbrias, as fímbrias tipo 1 fazem a mediação da aderência às proteínas como a proteína rica em prolina e a estaterina na película, ou seja, interações proteína-proteína. -A modificação dos componentes da película, seja enzimaticamente (p. ex., por neuraminidase) para expor novos receptores, seja pelas alterações de conformação após a adsorção a uma superfície para revelar receptores anteriormente ocultos é um fator importante na regulação da colonização. - O conhecimento dos mecanismos bioquímicos envolvidos na fixação pode ser explorado potencialmente para desenvolver biofilmes com propriedades acidogênicas reduzidas, por exemplo, pela utilização de moléculas para saturar os receptores utilizados pelas bactérias acidúricas, bloqueando, ao mesmo tempo, sua adesão ➡Após 8 horas da formação do biofilme: - Apenas alguns grupos de microrganismos são encontrados na superfície ( os primeiros são os streptococcus) - Numerosas bactérias, muitas das quais ocorrem em um estágio de divisão, se espalham por toda a superfície como uma monocamada - Um rápido aumento do número de bactérias é observado apenas depois de 8 a 12 h - Em algumas áreas, microrganismos se multiplicando formam multicamadas nas quais os organismos individuais são incorporados a uma matriz intermicrobiana. ➡ Dentro de um dia - A superfície do dente está quase completamente recoberta por uma manta de microrganismos - No entanto, os depósitos microbianos não são uniformes em espessura - Áreas de monocamadas são entremeadas com multicamadas, e algumas áreas não colonizadas, ainda, são recobertas por uma espessa película sem bactérias - Nessa fase inicial da colonização, as bactérias Gram-positivas e Gram-negativas não são organizadas de acordo com algum padrão específico ➡ Depois de um dia - A superfície do biofilme é composta principalmente de bactérias cocóides com filamentos dispersos - No entanto, no decurso do 2º dia, o biofilme coloniza-se por vários organismos filamentosos com uma orientação perpendicular à superfície - A colonização das superfícies da raiz ( Actinomyces) segue princípios semelhantes àqueles descritos para as superfícies de esmalte, mas o crescimento da microbiota prossegue mais rapidamente nas superfícies da raiz, em razão da topografia irregular da superfície. ➡ Depois de 2 dias - A espessura dos depósitos microbianos varia distintamente ao longo das superfícies de esmalte, provavelmente refletindo o padrão ondulante da periquimata, enquanto, na superfície da raiz, o biofilme apresenta uma espessura mais homogênea. •Independentemente do tipo de superfície do dente (esmalte ou raiz), os colonizadores iniciais constituem uma parte altamente selecionada da microbiota oral e são, principalmente, S. sanguinis, S. oralis e S. mitis biovar ⤹Juntas, essas três espécies de estreptococos podem representar 95% dos estreptococos e 56% da microbiota inicial total. •Além disso, a microbiota inicial inclui Actinomyces spp. e bactérias Gram-negativas. -Os primeiros colonizadores começam a se multiplicar e formar microcolônias que, por fim, coalescem para formar um biofilme confluente -Os primeiros colonizadores usam moléculas endógenas (p. ex., proteínas, péptidos, aminoácidos e glicoproteínas encontradas na saliva) como sua principal fonte de nutrientes, e a taxa de crescimento das bactérias orais é mais rápida durante os estágios iniciais da colonização. O metabolismo dos primeiros colonizadores altera o ambiente no biofilme em desenvolvimento, fazendo com que haja, mais tarde, condições adequadas para o crescimento dos colonizadores⤹Irá formar película, primeiramente irão aderir a películas bactérias específicas ( streptococcus, bacterias aerobicas ) elas irão começar a metabolizar nessa superfície e irão criar condições para que outros colonizadores possam chegar (sucessão microbiana). Sucessão microbiana •Conforme o biofilme amadurece, a mudança mais notável é a troca de uma comunidade dominada por Streptococcus para uma placa dominada por Actinomyces -Assim, o estabelecimento inicial de uma comunidade microbiana estreptocócica parece ser um antecedente necessário para a proliferação posterior de outros organismos - Essas mudanças de população são conhecidas como sucessão microbiana - Seu princípio é, resumidamente, que as bactérias pioneiras criam um ambiente mais atraente aos invasores secundários ou cada vez mais desfavorável a eles mesmo por causa de uma falta de nutrientes, do acúmulo de produtos metabólitos inibitórios e/ou do aumento da anaerobiose, e assim por diante. Dessa forma, a comunidade microbiana residente é gradualmente substituída por outras espécies mais adequadas para o habitat modificado - Os colonizadores secundários também fixam-se às espécies pioneiras estabelecidas por meio de interações de receptores adesina (coadesão). ⤹- Por exemplo, fímbrias de tipo 2 no A. naeslundii estão envolvidas na coadesão com outras bactérias orais por interações similares às das lectinas (interações de carboidratos proteínas) - Fusobacterium nucleatum pode coaderir a todas as bactérias colonizadoras precoces, enquanto muitos colonizadores posteriores (especialmente algumas das espécies anaeróbias) podem fazê-lo ao F. nucleatum - Este microrganismo é descrito como um “organismo-ponte” importante entre os colonizadores mais precoces e mais tardios -Durante os dias iniciais, o crescimento do biofilme se dá predominantemente como resultado da divisão celular, como evidenciado pela evolução das microcolônias colunares perpendiculares à superfície do dente .No entanto, a adsorção contínua de microrganismos únicos da saliva (coadesão) também contribui para a expansão do biofilme. -Na camada de superfície, caracterizada pela alta diversidade de espécies, alguns microrganismos coagregados a outras espécies formam estruturas denominadas “escovas de cerdas” ou “espigas de milho” -As “espigas de milho” são compostas de um filamento central revestido com organismos esféricos e parecem ter uma relação direta interespécies mediada por fibrilas da superfície -Conforme os biofilmes dentários se desenvolvem, algumas bactérias produzem polissacarídeos, especialmente a partir do metabolismo da sacarose, os quais contribuem para a matriz do biofilme. - Esta não é apenas um andaime físico que ajuda a suportar a estrutura do biofilme, mas também é biologicamente ativa e está envolvida na retenção de nutrientes, água (desse modo, impedindo a dessecação) e enzimas-chave dentro do biofilme - À medida que a composição do biofilme em desenvolvimento se diversifica mais, as bactérias podem interagir de forma bioquímica convencional e por meio de moléculas sinalizadoras específicas (Quorum sensing) Composição microbiana e estrutura da comunidade clímax (biofilme maduro) . -As condições ambientais nos dentes não são uniformes -Existem diferenças no grau de proteção contra as forças de remoção oral e nos gradientes de muitos fatores biológicos e químicos (p. ex., velocidade da película salivar, concentrações de glicose e conteúdo hidrogênio iônico, pH) que influenciam o crescimento da microbiota oral residente em superfícies específicas. -Essas diferenças se refletirão na composição do biofilme dental, particularmente em locais tão obviamente distintos como as superfícies proximais, as fissuras oclusais e os sulcos gengivais - A composição dos biofilmes dentais é diversa e inclui uma variedade de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, a maioria das quais são anaeróbias facultativas ou obrigatórias -Relevante para a cárie dentária é a presença no biofilme dental de um elevado número de cocos Gram-positivos acidogênicos (produtores de ácidos), como estreptococos não mutans de pH baixo e estreptococos do grupo mutans (Streptococcus mutans, Streptococcus sobrinus; ver adiante) e os bacilos Gram-positivos, como Actinomyces spp. e lactobacilos. -No entanto, o potencial acidogênico dessas bactérias pode ser reduzido por outros microrganismos na placa, como Veillonella spp., que converte o ácido láctico a ácidos fracos como parte de uma cadeia alimentar, ou por bactérias que geram álcalis a partir de arginina (S. sanguinis) ou ureia (S. salivarius, A. naeslundii) ⇨Isso demonstra a complexidade do desafio ao tentar encontrar correlações entre a composição microbiana do biofilme dental e o desenvolvimento de cáries e ilustra como a doença pode ser o resultado de muitas interações entre diferentes tipos de bactérias 1)Película adquirida: combinação de proteínas e glicoproteínas oriundas da saliva e do fluido gengival 2)Colonizadores iniciais: espécies aeróbicas, principalmente estreptococos, que apresentam adesinas que podem se ligar a receptores complementares na película adquirida para tornar essa adesão irreversível favorecendo a proliferação dessas espécies pioneiras. *Esses colonizadores iniciais irão metabolizar criando condições favoráveis para os colonizadores secundários possa a se aderir. 3)Colonizadores secundários: principalmente anaeróbios, ligam-se a receptores de bactérias já ligadas por um processo denominado, coesão ou coagregação, e a composição do biofilme torna-se mais diversificada e complexa. As bactérias aderidas produzem polímeros extracelulares (PECs) que formam a matriz da placa e favorecem a fixação do biofilme 4)Clímax: Crescimento biofilme no sentido apical. Anaeróbios são favorecidos. -Essa adesão é ESPECÍFICA, explicando por que encontramos microrganismos chamados de pioneiros nos biofilmes dentais em formação. -Essa comunidade pioneira, no entanto, rapidamente dá lugar a um biofilme mais complexo, resultado da agregação de outros microrganismos àqueles inicialmente aderidos, da produção de matriz extracelular e da multiplicação da microbiota melhor adaptada à condição ambiental à qual o biofilme está exposto. -A capacidade de formar biofilmes na superfície dental é um ponto importante que explica a composição da microbiota da cavidade bucal, uma vez que traz muitas vantagens a essa comunidade. -Além da proteção contra a dessecação pela presença da matriz extracelular, os biofilmes são mais protegidos das defesas do hospedeiro do que células bacterianas isoladas -A maior resistência à antimicrobianos é outra importante propriedade do estilo de vida em biofilme: •Limitações de difusão ou reação do agente antimicrobiano com o biofilme •Diferentes fenótipos expressos ao longo do biofilme, podendo apresentar áreas com microrganismos mais resistentes ou mais suscetíveis ao agente •Taxa de crescimento lenta quando comparada a células isoladas, limitando a ação dos agentes antimicrobianos que agem reduzindo a taxa de multiplicação microbiana •Possibilidade de inativação ou neutralização do agente antimicrobiano por enzimas produzidas por algumas das espécies presentes na comunidade. Por todas essas razões, explica-se o limitado efeito clínico esperado sobre biofilmes bucais para agentes antimicrobianos que são testados em laboratório sobre células microbianas isoladas, não estruturadas em biofilmes Composição e dinâmica de íons minerais no biofilme dental Apesar de se apresentarem como um mosaico de microambientes, com alta diversidade microbiana e de componentes matriciais, é possível descrever a composição química dos biofilmes dentais de um modo geral - As células microbianas ocupam 70% do volume do biofilme - O resto é ocupado pela matriz extracelular e pela porção líquida do biofilme dental (fluido do biofilme) A matriz extracelular é composta por polissacarídeos produzidos pelas bactérias, bem como por outras macromoléculas e elementos derivados da saliva e fluido gengival.-De modo geral, os compartimentos que compõem o biofilme dental podem ser divididos em sólido (compartimento que contém todas as células microbianas e a porção da matriz extracelular que não é solúvel) e líquidos (a fração líquida que permeia as células e a matriz extracelular) -Este último compartimento, chamado de fluido do biofilme, é importante no entendimento da físico-química envolvida com o desenvolvimento de lesões de cárie, já que o decréscimo da concentração de íons como cálcio, fosfato e fluoreto nesse fluido determina a dissolução dos minerais da estrutura dental -Do ponto de vista microbiológico, a composição do biofilme dental sofrerá grande influência do ambiente no qual é formado, entre as inúmeras espécies microbianas que habitam os diferentes nichos da cavidade bucal, algumas se estabelecerão nos biofilmes dentais, de acordo com suas habilidades para aderir às superfícies sólidas ou a biofilmes precoces em formação nestas. - Sua prevalência nestes biofilmes dependerá de fatores ambientais, tanto dos locais (biofilme supra x subgengival; regiões interproximais, oclusais ou livres; etc.) como da dieta do indivíduo. Concentração de cálcio, fosfato e flu�eto no biofilme e sua imp�tância na manutenção dos minerais dentais •A concentração de íons cálcio, fosfato e hidroxila no fluido do biofilme reflete sua concentração na saliva, pois esta banha continuamente o biofilme e o enriquece com os íons minerais naturalmente presentes em sua composição. •Apesar disso, a concentração desses íons no fluido do biofilme é normalmente maior do que na saliva, uma vez que o fluido é o compartimento que está em íntimo contato com o dente, e recebe diretamente os íons dissolvidos da estrutura dental ou dos reservatórios presentes na porção sólida do biofilme. •Na porção sólida do biofilme dental, íons cálcio, fosfato e fluoreto ficam retidos de diferentes formas. Devido à preponderância de cargas negativas na superfície bacteriana e proteínas da matriz extracelular, cátions como o cálcio são naturalmente adsorvidos a elas, permanecendo retidos por atração de cargas distintas. •Pelo fato de o cálcio ser um íon divalente, ele pode não apenas interagir com a carga negativa na superfície bacteriana, mas também com íons fluoreto, que, acredita-se, permanecem retidos no biofilme por “pontes” de cálcio Devido à natureza desse tipo de reservatório de cálcio e fluoreto no biofilme, retido na superfície bacteriana e proteínas, ele tem sido chamado de reservatório biológico de íons minerais. •Além do reservatório biológico, minerais podem se precipitar no biofilme, especialmente fosfatos de cálcio, contaminados ou não com fluoreto. •Considerando que a saliva e o fluido do biofilme em repouso são supersaturados em relação a diversos fosfatos de cálcio, a mineralização do biofilme poderá ocorrer, princípio básico da formação de cálculo Mesmo que o cálculo não seja clinicamente visível, é possível que parte dos minerais retidos no biofilme esteja precipitada na forma de microcristais. •Ambos os reservatórios de minerais descritos acima (biológico e mineral precipitado) são capazes de liberar esses íons mediante uma queda de pH. Minerais contendo fosfato são naturalmente solúveis em ácido, além disso, as interações iônicas entre Ca++ e cargas negativas em bactérias e proteínas podem ser suplantadas pela interação de íons H+ com essas cargas negativas, liberando Ca++ (e F- ligado a ele) para o fluido do biofilme. Assim, durante uma queda de pH no biofilme, espera-se um aumento natural na concentração de íons cálcio, fosfato e fluoreto no fluido do biofilme dental, que podem então funcionar como tampões minerais – íons liberados do biofilme que limitam a dissolução de minerais da superfície dental durante uma queda de pH. •Esse princípio de enriquecimento do biofilme dental com íons minerais, para funcionarem como tampões durante uma queda de pH, já foi alvo de pesquisas para diminuir a cariogenicidade do biofilme dental. Entretanto, o acúmulo de minerais no biofilme dental será função de sua exposição a açúcares fermentáveis; mediante alta frequência de exposição do biofilme a esses açúcares, o biofilme conterá menor concentração desses reservatórios inorgânicos, devido a sua frequente dissolução/liberação Assim, clinicamente, o enriquecimento do biofilme com cálcio e fosfato tem limitada ação anticárie. •Por outro lado, a possibilidade de aumentar o reservatório de fluoreto no biofilme pode interferir em sua cariogenicidade. Isso acontece porque os íons fosfato e cálcio estão naturalmente presentes na nossa saliva e irão repor continuamente sua concentração no fluido do biofilme. •Logo após o uso de dentifrícios fluoretados, por exemplo, a concentração de fluoreto no fluido do biofilme aumenta exponencialmente, e permanece alta mesmo horas após a exposição, em função da concentração de flúor do dentifrício. O que existe maior concentração após 15 min, é o de 1100 ppm, e após 10 horas o de 1100 é o que prevalece maior. O fluido do biofilme possui concentração de íons minerais tal que, em condição de jejum, portanto, tem a capacidade de remineralizar a estrutura dental ou mantê-la íntegra (equilíbrio), sem causar desmineralização. Quando exposta a açúcares fermentáveis, a comunidade microbiana irá, rapidamente, metabolizar o açúcar, a fim de obter energia para sua sobrevivência Na queda de pH, a condição de saturação do fluido do biofilme muda, ocorrendo a desmineralização Interação açúcar e biofilme dental A rápida velocidade de produção de ácidos no biofilme resulta da capacidade dos microrganismos de rapidamente fermentarem substratos oriundos da nossa dieta, que se difundem pelo biofilme. Essa capacidade é extremamente importante se considerarmos que o biofilme está exposto, continuamente, a SITUAÇÕES DE FARTURA (durante a alimentação) e MISÉRIA (no período entre as refeições) . ● O ideal é que seja maior a situação de miséria. Tempo de exposição a substratos que podem ser fermentados pelas bactérias (fartura) tem que ser MENOR que Tempo de recesso entre as refeições (miséria). ⤹ Além disso, o aumento do fluxo salivar durante a alimentação rapidamente dilui os substratos fermentáveis que poderiam se difundir pelo biofilme, ressaltando a importância de um rápido metabolismo bacteriano. *Essas bactérias além fermentarem esse carboidratos elas têm que fazer de forma rápida por conta da saliva ( remoção mecânica) A interação entre o biofilme e o açúcar é complexa ⤹Os efeitos da dieta cariogêNica sobre o biofilme dental, e consequentemente, sobre lesões de cárie, podem ser explicados em termos de: - Efeitos imediatos - Efeitos na ecologia do biofilme - Efeitos na estrutura da matriz do biofilme Efeito imediato curva de Stephan- Essa curva é a curva do pH crítico para dissolução do esmalte que é = 5,5 e da dentina que é entre 6 e 6,5. È a curva de pH do biofilme dental em função do tempo, em que Imediatamente após a exposição do biofilme dental a açúcares fermentáveis, tem início a queda de pH neste biofilme. O efeito é mais acentuado e rápido mediante a exposição a carboidratos simples e rapidamente fermentáveis, como glicose, frutose e sacarose, e menos acentuado e mais lento mediante a exposição a polissacarídeos da dieta, como o amido. ➡ Dessa forma, a primeira diferenciação entre a cariogenicidade de alimentos pode ser feita de acordo com a capacidade que esses substratos têm de ser fermentados pelas bactérias do biofilme dental. - De fato, esse teste de acidogenicidade é utilizado para classificar alimentos em “seguros” ou “perigosos” para os dentes, embora esse seja apenas um dos atributos da interação dieta e biofilme cariogênico. Curva de Stephan - Inicia-se com uma drástica queda do pH do biofilme, atingindo-se o pH mínimo em cerca de 5 a 10 minuto - Devido à grande concentração de microrganismos no biofilme, é possível notar tamanho aumento na produção de ácidos (p. ex., quando o pH cai de 7 para 5, esse aumento é de 100 vezes) em tão curto período de tempo - Nasaliva, nenhuma alteração de pH será perceptível, explicando a localização de lesões de cárie em regiões de acúmulo de biofilme (cervicais, oclusais, interproximais. De fato, a saliva tem efeito durante essa fase de queda de pH, tanto lavando os substratos fermentáveis e os ácidos sendo produzidos, como neutralizando-os com seus tampões. -Indivíduos com baixo fluxo salivar têm uma queda mais acentuada do pH durante essa fase SEGUNDA FASE - A segunda fase da curva de Stephan é chamada de região de pH mínimo - Interessante notar que esse pH raramente atinge valores abaixo de 4,0 - Isso acontece porque mesmo os microrganismos mais acidogênicos (produtores de ácido) e acidúricos (que toleram bem pH ácido) do biofilme, como Streptococcus mutans e especialmente lactobacilos, não conseguem manter seu metabolismo em ambientes de pH extremo -Após a fase de pH mínimo, que normalmente dura entre 5 e 10 minutos (exceto em indivíduos com baixo fluxo salivar, quando esse período pode ser estendido), tem início a elevação do pH, que ocorre pela lavagem dos açúcares e ácidos produzidos e pelo tamponamento destes O efeito da saliva nessa etapa da curva é tal que, se for restringido o seu acesso ao biofilme, o pH não mais se eleva. Também já foi observado que a queda de pH é menos acentuada e o retorno mais rápido na arcada inferior do que na superior, pelo maior acesso à saliva no primeiro. É importante notar que o desenho da curva de Stephan resulta da exposição curta a um carboidrato fermentável. No entanto, nos casos de EXPOSIÇÃO CONTÍNUA, como durante o consumo de uma mamadeira açucarada, o pH mínimo será atingido e mantido durante o período de tempo em que o substrato acidogênico estiver disponível. ➡ Interessante discutir mais a fundo a produção de ácidos e também de bases no biofilme dental Diversos são os ácidos produzidos durante a queda de pH no biofilme, sendo predominantes os ÁCIDOS LÁCTICO E ACÉTICO Ácido láctico - Considerado mais cariogênico por não ser volátil e também por sua constante de dissociação (pKa, pH no qual libera íons H+) ser mais baixa (ou seja, libera íons H+ em pHs mais baixos) . A rápida produção de ácido láctico durante o período de exposição do biofilme a carboidratos resulta na rápida queda de pH observada na curva de Stephan -O metabolismo do biofilme durante os períodos de “miséria” requer o máximo aproveitamento dos nutrientes disponíveis, ocorrendo o direcionamento do metabolismo para a produção de ácido acético, fórmico e etanol, o que gera mais energia (na forma de ATP). -Embora seja muito mais estudada, a produção de ácidos no biofilme reflete apenas parte dos tipos de metabolismo microbiano ocorrendo diariamente O biofilme também contém espécies que são capazes de metabolizar nutrientes e gerar produtos que elevam o seu pH, como amônia. O metabolismo da ureia (presente em baixas concentrações na saliva) é um exemplo disso, e há estudos indicando que a geração de álcali no biofilme pode também ter relação com o seu (menor) potencial cariogênico. Efeito na ecologia do biofilme -O efeito de frequentes quedas de pH no biofilme dental transcende os frequentes episódios de desmineralização dental que podem acontecer. -Além disso, um biofilme exposto com frequência a açúcares fermentáveis, e consequentemente a um ambiente ácido, resultará em uma seleção ecológica de microrganismos mais adaptados a esse ambiente Esse efeito foi descrito na literatura como hipótese da placa ecológica em oposição às hipóteses já vigentes, da placa específica (apenas alguns microrganismos estão relacionados ao desenvolvimento de cárie) e inespecífica (toda a microbiota do biofilme está relacionada ao desenvolvimento de cárie). -a frequente exposição à açúcares fermentáveis cria diversos episódios de pH ácido no biofilme, que por sua vez selecionam microrganismos ácido-tolerantes (acidúricos), causando uma modificação ecológica do biofilme (de uma microbiota compatível com saúde bucal para uma microbiota cariogênica). Essa mudança ecológica causará um favorecimento do processo de desmineralização dental, em detrimento da remineralização. ➨A modificação ecológica do biofilme causa efeitos não apenas na sua composição microbiana, mas também em seu metabolismo - O pH em jejum (10-12 horas após a última exposição a açúcar) do biofilme dental de indivíduos que estão consumindo carboidratos fermentáveis com frequência é normalmente mais baixo do que o pH daqueles que têm uma baixa frequência de consumo de açúcares por dia - O pH em repouso mais baixo é reflexo não apenas da microbiota ali presente, mais acidogênica, como também da capacidade do biofilme de manter-se metabolicamente ativo, mesmo durante os períodos de miséria - Esse efeito deriva da possibilidade de o biofilme cariogênico acumular reservas intra e extracelulares de polissacarídeos, que podem ser usados para a produção de energia (e ácidos) durante o período de jejum. EXTREMA ATIVIDADE DE CÁRIE - O pH inicial é mais baixo (reflexo do metabolismo de reservas durante o período de jejum) e o pH mínimo atingido durante a exposição a um açúcar também é mais baixo (reflexo da microbiota cariogênica que possui Os polissacarídeos capazes de funcionar como reserva durante o período de jejum são de dois tipos: intra e extracelulares - Os polissacarídeos intracelulares são polímeros de glicose (tipo glicogênio) sintetizados a partir de açúcares que são captados pelas bactérias, mas não chegam a ser quebrados para a produção de ácidos (e energia) - Durante o rápido metabolismo que ocorre diante da exposição do biofilme a açúcares, é normal que parte seja armazenada na forma de polissacarídeos de reserva. Polissacarídeos de reserva extracelular possuem um metabolismo distinto -Eles são produzidos por enzimas extracelulares secretadas por alguns microrganismos do biofilme (sendo mais estudadas aquelas produzidas pelas espécies de Streptococcus mutans), chamadas de glicosiltransferases e frutosil transferases. -Essas enzimas funcionam no meio extracelular (matriz do biofilme, película adquirida, superfície externa das bactérias do biofilme) de forma independente de qualquer outro aparato, coenzima ou cofator. Para isso, SEU SUBSTRATO EXCLUSIVO É A SACAROSE, um dissacarídeo formado por glicose e frutose e apresenta uma ligação glicosídica Assim, a hidrólise dessa ligação glicosídica entre glicose e frutose, pelas referidas enzimas, proporciona que uma reação de síntese ocorra em seguida. A glicosiltransferase irá sintetizar polissacarídeos de glicose, transferindo esse monossacarídeo da sacarose para o polímero em formação. Já a frutosiltransferase irá sintetizar polissacarídeos de frutose, polimerizando unidades desse monossacarídeo obtidas a partir da quebra da sacarose. Efeito na estrutura na matriz do biofilme Embora a sacarose seja o único substrato para a síntese de polissacarídeos extracelulares de reserva, seu efeito diferencial em relação a outros açúcares da dieta não é apenas esse -Há um tipo de polissacarídeo produzido por glucosiltransferases que não funciona como reserva, pois não pode ser metabolizado depois de produzido, mas que causa um grande efeito na cariogenicidade do biofilme. ⬇ MUTANO um polissacarídeo insolúvel para o qual não existe, na microbiota bucal, enzima disponível para quebrá-lo e metaboliza-lo Mutano -capaz de aumentar a cariogenicidade do biofilme pela modificação da matriz extracelular do mesmo, a qual se torna mais pegajosa (capaz de facilitar a aderência de microrganismos no biofilme), volumosa e porosa -Um biofilme mais poroso é mais cariogênico porque ele permite mais facilmente a difusão dos substratos fermentáveis para as camadas mais internas do biofilme -Assim, esses açúcares podem ser fermentados por bactérias posicionadas mais internamente na estrutura do biofilme, próximas à estrutura dental. -O caminho para a diluição dos ácidos ali produzidos pela saliva também se torna mais longo. Assim, biofilmes ricos em polissacarídeos extracelulares insolúveis sãomais acidogênicos, pela diferença na estrutura da matriz, do que aqueles pobres nesses polímeros. -Outro atributo do mutano é que, uma vez produzido, não mais será removido do biofilme (já que não é metabolizado, pois no biofilme não há produção da enzima mutanase para sua degradação) -Portanto, funciona como arcabouço para a estrutura do biofilme, que só pode ser desintegrado por meio de ações mecânicas, como a escovação. A sacarose é mais cariogênica, mais responsável pelas lesões cariosas. Açúcares da dieta e potencial cariogênico -A importância da frequência de exposição diária a carboidratos fermentáveis já é conhecida há muitas décadas. -No entanto, ela transcende a simples ideia de que vários episódios ácidos ocorrem durante o dia, causando desmineralização dental. -Como descrito acima, além desse efeito direto na dissolução de minerais da estrutura dental, a alta frequência de exposição diária a açúcares fermentáveis modifica a ecologia do biofilme e torna-o metabolicamente mais ativo -Além disso, se o açúcar em questão for a SACAROSE - a estrutura do biofilme também se modifica ( com a presença de sacarose os estreptococos formam os polissacarídeos intra e extracelular) . -Assim, a hipótese da placa ecológica pode ser expandida para englobar os atributos da sacarose na cariogenicidade do biofilme. Sacarose possui atributos adicionais em relação a outros açúcares em termos de cariogenicidade: - Além de ser fermentável, a sacarose é o único açúcar que é substrato para a síntese de polissacarídeos extracelulares (de reserva ou estruturais), que modificam a estrutura da matriz do biofilme - Outros açúcares presentes na nossa dieta, porém com potencial cariogênico menor, são o amido e a lactose - A lactose (um dissacarídeo formado por glicose e galactose) possui potencial de baixar o pH menor do que a sacarose, glicose ou frutose - Com isso, não tem capacidade de causar quedas de pH suficientes para desmineralizar o esmalte, mas sim para desmineralizar a dentina. •Embora o consumo de lactose a partir do leite não seja considerado cariogênico, já que este possui concentrações elevadas de cálcio e fosfato, que são anticariogênicos, o uso de lactose como excipiente em adoçantes em pó (sachês) pode ocultar um risco para cárie radicular em pacientes com superfície radicular exposta. Assim, indivíduos que consomem vários cafezinhos ao dia utilizando adoçantes em pó podem estar sujeitos à desmineralização da dentina radicular pela fermentação da lactose contida nestes Obviamente que o potencial cariogênico desses cafés adoçados artificialmente será muito menor do que o de cafés adoçados com sacarose Amido Capacidade de sua fermentação é muito menor do que a de açúcares mais simples, pois se trata de um polissacarídeo de glicose que precisa ser hidrolisado na cavidade bucal (pela enzima amilase salivar) para fornecer produtos de menor tamanho que possam ser fermentados. O amido também é considerado cariogênico para a dentina. Em acréscimo, sua associação com a sacarose parece tornar o biofilme mais cariogênico do que aquele formado sob exposição isolada à sacarose ● O amido isoladamente não tem capacidade de desmineralização , mas quando está associado a sacarose aumenta o potencial cariogênico. -A explicação para isso está na modificação da estrutura do biofilme, pois hidrolisados de amido podem funcionar como aceptores para a produção dos polissacarídeos extracelulares a partir da sacarose, tornando a matriz do biofilme mais cariogênica -A associação de amido e sacarose é bastante comum na nossa dieta (mingaus, pães doces, biscoitos doces, fórmulas infantis adoçadas), resultando em preocupação quanto a seu potencial cariogênico Progressão de lesões de cárie A progressão será mais rápida quanto mais agressivo for o desafio cariogênico, a depender dos fatores: - Idade do biofilme Biofilmes maduros formados sob exposição contínua a açúcares fermentáveis são mais cariogênicos do que biofilmes jovens -Frequência de exposição diária do biofilme a açúcares fermentáveis Quanto maior, mais rapidamente serão visualizadas lesões de cárie - Acesso à saliva Regiões com menor acesso à saliva (região anterior superior), especialmente em pacientes realizando sucção de mamadeira ou pacientes com redução patológica do fluxo salivar, apresentam quadros rampantes de cárie - Acesso a flúor A presença de fluoreto nos fluidos bucais modifica o processo de desmineralização/remineralização, reduzindo a velocidade de progressão das lesões de cárie.
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