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1 Giovana Melque – Laboratório Clínico Leucograma LEUCOPOESE GM-CSF é o principal fator estimulante de colônia de granulócitos e monócitos, produzidos pelos macrófagos, fibroblastos e células endoteliais em resposta à inflamação. Toxinas bacterianas são reguladores indiretos que agem estimulando a produção de GM-CSF. Os imunohormônios tímicos e as interleucinas IIL-2, IL-3, IL-4, IL-5, etc.) são responsáveis pelo controle do processo. Granulopoese LEUCOGRAMA Estudo dos leucócitos. Os leucócitos (glóbulos brancos) são as células responsáveis por agir na defesa do organismo, combatendo alergias, infecções e microrganismos que causam doenças (vírus, bactérias e parasitas) Granulócitos: neutrófilos precursores Agranulócitos: linfócitos e monócitos Fatores fisiológicos que influenciam: Estresse – liberação de epinefrina ou liberação de corticoide Idade: o Leucocitose: em bovinos e caninos jovens o Leucopenia: em suínos o Linfocitose: em cães o Linfopenia: em bezerros e suínos jovens Estudo dos Leucócitos 2 Giovana Melque – Laboratório Clínico Análise A melhor forma de analisar um Leucograma é pelo número absoluto, e não pelo relativo Na leucometria, a média entre bovinos, ovinos e caprinos é similar, sendo o número de linfócitos > neutrófilos = essa divisão é <1. Em equinos, caninos e gatos essa média é >1. Leucocitose transitória ocorre de duas formas: após um estresse imediato, onde tem liberação de epinefrina (alguns minutos) – ocorre neutrofilia (aumento dos neutrófilos segmentados) e linfopenia (aumento de linfócitos) após um estresse tardio, onde tem liberação de corticoide (algumas horas depois) – ocorre neutrofilia e neutropenia (diminuição dos linfócitos) os cães respondem ao estresse mais drasticamente, pois eles têm mais neutrófilos. Efeitos da Epinefrina Uma considerável quantidade de leucócitos é sequestrada do pool marginal. Com o animal sob o efeito de estresse, o nível de epinefrina aumenta → aumenta a circulação sanguínea e linfa, dessa forma o número de leucócitos (neutrófilos e linfócitos) aumentam O efeito dura +/- 30 minutos Em felinos é possível ver mais que em cães, pois a distribuição intravascular de neutrófilos é diferente (gatos são mais estressados). A média de distribuição marginal de neutrófilos em gatos sadios é 3x maior que a do pool circulante. Em equinos, pode ocorrer leucocitose, por isso é importante fazer coleta com o animal em repouso. (18.000 é muito alto). Aumento na contagem de linfócitos é proporcional a atividade muscular. Leucocitose moderada: consequência de um aumento de neutrófilos. Leucocitose alta: consequência de uma linfocitose em equinos Efeitos do Corticoide Varia entre as espécies, na leucometria e no exame diferencial Sua duração varia entre espécies, status de saúde do paciente e a dose administrada. Leucocitose com neutrofilia; Eosinopenia e Linfopenia – alteração no leucograma Leucograma de estrasse = cão, gato, equino: leucocitose, dentro da célula tem aumento dos neutrófilos segmentados, eosinófilos diminuídos, linfócitos diminuídos, monócito aumentado (em cão) 3 Giovana Melque – Laboratório Clínico NEUTRÓFILOS É um granulócito, originado na medula, responsáveis pela defesa ou imunidade do organismo (linfócitos), com função de fagocitose (destrói agentes invasores) Função primária: destruir bactérias, fungos e alguns parasitas Função adicional: destruir células infectadas, ampliar reação inflamatória e regular a granulocitopoese Quanto mais neutrófilos saem para combater infecção (é destruído na circulação), a célula tronco é informada de que ta faltando neutrófilos e começa a produzir mais. São a segunda linha de defesa após a pele, e circulam no sangue por cerca de 10 horas. FORMAÇÃO A medula com a célula tronco se divide, originando o mieloblasto. Mieloblasto → Promielócito → Mielócito → Metamielócito → Bastonete → Neutrófilo Essa transição demora de 3 a 6 dias. No tecido tem uma meia vida de 1 a 4 dias. Fatores que influenciam seu número: Produção e liberação medular Alteração entre os compartimentos Migração tecidual POOLs Divisão da medula em pools (compartimentos) – certa quantidade de célula Poll de fabricação de neutrófilos + poll de reserva. Nessa reserva tem célula jogada na corrente sanguínea. No pool marginal a célula fica grudada no endotélio dos vasos capilares e vênulas (baço, pulmão) = pool tecidual (fica no tecido). Uma vez migrado para o tecido, os neutrófilos não voltam para o pool circulante. São destruídos no baço, fígado e medula óssea. Neutrofilia Aumento de neutrófilos. Pode aparecer em estágios finais de doença aguda e em infecções crônicas. Mecanismos Saída do pool marginal para o circulante Diminuição da migração tecidual Aumento da produção/saída da medula Causas Fisiológicas: febre, excitação e exercícios (adrenalina = estresse) Drogas: corticoide endógeno e exógeno, por dois princípios: Primário: saída da medula para o sangue Secundário: perda da adesividade de parede – corticoide pede o fator que gruda o neutrófilo no endotélio vascular = fica livre na circulação Processos Infecciosos ou Inflamatórios: Acontece neutrofilia em 30% dos casos Inflamação aguda: sepse, necrose tecidual, doenças imunomediadas Inflamação crônica supurativas: piometra, abcessos, piotórax, piodermite, neoplasias Inflamação crônica compensada: equilíbrio entre produção medular e demanda tissular Anemia hemolítica ou hemorragias: em anemias imunomediadas Distúrbios Hereditários: quando a hemácea é destruída, sobra uma casquinha que precisa ser fagocita – ação feita pelo neutrófilo 4 Giovana Melque – Laboratório Clínico Desvio a Esquerda É o aparecimento de células jovens da linhagem dos neutrófilos. Ocorre quando a medula começa a jogar na circulação células nucleadas mais jovens, em uma necessidade grande de fagocitose (glóbulos brancos) – acontece para suprir as demais que estão combatendo uma infecção. *Desvio a direita: quando aparece muita célula madura na circulação, acima do normal Pode ocorrer na neutrofilia e na neutropenia Ex: em casos de cão e bovino com uma mesma infecção bacteriana, quem entra primeiro em desvio a esquerda é o bovino, pois tem menos neutrófilos *Cão – neutrófilos:linfócitos > 1 *Bovino – menos neutrófilos = esgota rápida – precisa de suprimento Um achado comum nos bovinos é a queda dos leucócitos no desenvolvimento de processos agudos. Em fase de convalescença, nota-se a transformação de um desvio a esquerda degenerativo para um desvio a esquerda regenerativo com aumento de neutrófilos e leucócitos totais. Classificação quanto ao tipo celular • Leve: aumento de bastonetes • Moderado: metamielócitos • Marcado: mielócitos e promielócitos • Acentuado: mieloblasto bastonete Classificação quanto a produção medular • Regenerativa: quando existe leucocitose – número de células brancas totais é alto Nº células jovens somada < Nº neutrófilos segmentados • Degenerativa: quando ocorre uma leucopenia, ou o número de leucócitos normal / levemente aumentado Nº células jovens somadas > Nº neutrófilos segmentados Neutrófilos Tóxicos Medula joga neutrófilos alterados na circulação (núcleo e citoplasma) e a maturação fica alterada também. Ocorre junto com o desvio a esquerda. Em casos de toxemia severa, a granulopoese pode ficar suprimida e a morfologia dos neutrófilos alterada devido o defeito de maturação deles. A alteração citoplasmática e nuclear leva a formação desses neutrófilostóxicos. O citoplasma se torna azul e vacuolizado. A cor azul se dá pela presença de RNA ribossomal no citoplasma, e a vacuolização pela citólise causada pela degranulação intra celular. Pode ter formação de uma estrutura redonda, azul e angular denominada corpúsculo de Dohle, uma reminiscência do retículo endoplasmático rugosos, resultante de um defeito de maturação citoplasmática – comum em felinos. As granulações toxicas são comuns em equinos, e o corpúsculo de Dohle em felinos. 5 Giovana Melque – Laboratório Clínico *Cor azul do citoplasma CORPÚSCULO DE DOHLE Comum em doenças inflamatórias intensas ou toxemia. São formas anormais de núcleo, sendo classificados como leve, moderado ou marcado. Pode ser encontrado no citoplasma como: Ehrlichia, Hepatozoon e Histoplasma. Basofilia citoplasmática na cor azul, com vacuolização citoplasmática. Neutropenia Há um aumento ou um desvio de células para o pool marginal Diminuição da sobre vida intravascular – neutrófilo morre porque fagocita muito Aumento da migração tecidual – sai da circulação e vai pro tecido Redução na produção medular ou na saída da medula – medula não está funcionando Causas Deficiência na produção medular Reações a fármacos (estrógenos, fenibultazona, sulfatrimetropin, cloranfenicol, griseofulvina), substâncias químicas tóxicas, agentes infecciosos, como: parvovírus, panleucopenia felina, leucemia felina, ehrlichia. As hemáceas e plaquetas podem estar com sua produção diminuída, resultando em anemia não regenerativa e trombocitopenia (agranulocitose: ausência de granulócito). Demanda tecidual aguda Processo inflamatório grave, que ocorre geralmente com desvio a esquerda. São vistas alterações toxicas nos neutrófilos. Prognóstico ruim ou reservado (metrite, ruptura de vísceras, mastite, gangrenosa) Sai do pool marginal e vai pro tecidual por diapedese. Aumento da marginalização Causa anafilaxia e endotoxemia por: o Drogas: mielotóxicas – estrógenos, cloranfenicol, sulfadizania, fenilbutazona, cefalosporina, trimetropin, thiacetasamida o Radiação ionizante: qualquer célula do sangue pode ter problema (ex: raio-x) o Outras causas: necrose medular, perda do espaço hematopoético (neoplasias medulares, osteopetrose, mielofibrose, hereditariedade) Saída do pool circulante para o marginal 6 Giovana Melque – Laboratório Clínico EOSINÓFILOS São reconhecidos no estágio de mielócito, por causa dos grânulos. Uma vez que entram nos tecidos, dificilmente voltam para circulação. PRODUÇÃO É produzido na medula, e em menor grau no baço, timo e linfonodos cervicais (em alguns animais de laboratório). Sua vida média em cães é de 1 hora. No homem -e 4 – 6 horas. POOL’s • Marginal • Circulante Encontrado em alguns tecidos como: intestino delgado, pulmão, pele e útero. Migram para os tecidos em processo alérgico através de agentes quemotáteis (antígeno anticorpo; histamina; ativadores de complementos) Função do POOL Controle parasitário Resposta alérgica e inflamatória Atividade bactericida e fagocítica limitadas, desempenhando papel importante na destruição de células neoplásicas Pouca atividade na coagulação e fibrinólise Eosinófilo canino Eosinófilo felino Eosinófilo equino Eosinófilo bovino Eosinofilia Aumento na produção de eosinófilos Mecanismos Saída da medula em grande quantidade, há uma redistribuição das células para o pool marginal, aumentando a sobrevida vascular. Causas Processos alérgicos ou parasitários Processos inflamatórios crônicos, causados por fungos ou corpos estranhos Neoplasias (mastocitoma = histamina; e linfoma – raro) Leucemia eosinofílica ❖ ATENÇÃO – olhar toda a lâmina para ver se há presença de eosinófilos indicando um processo inflamatório crônico. Eosinopenia Diminuição na produção de eosinófilos Mecanismos Saída pela medula em menos quantidade. Tem presença em tecidos comprometidos por processos alérgicos ou parasitários (pulmão, pele, útero, intestino delgado) ❖ Ex: asma: presença de muito eosinófilo no pulmão, pois saiu do sangue. Causas Processos alérgicos ou parasitários Processos infecciosos e inflamatórios agudos Estresse: diminuição na produção → lise intravascular → sequestro para órgãos ricos em células fagocitarias → aumento da migração tecidual ❖ Estresse tardio (corticoide): presença de leucocitose, neutropenia e eosinopenia 7 Giovana Melque – Laboratório Clínico BASÓFILOS São um tipo de glóbulo branco que age na vigilância imunológica e no reparo de feridas. É raro no sangue e na medula, ocorrendo simultaneamente com a eosinofilia. Existe similaridade entre o basófilo e o mastócito. É produzido na medula, tendo a mesma célula progenitora que os mastócitos Mais frequente em ruminantes e equinos. FUNÇÃO Seus grânulos contêm histamina e heparina • Histamina: função nas reações de hipersensibilidade • Heparina: anticoagulante no processo inflamatório. Sintetizam muitas citocinas que modulam reações inflamatórias ❖ Ex: boxer com nódulo na pele: fez sedação leve com anestesia local para retirada, suturou o local e o animal foi pra casa, mas estava saindo sangue pelo ferimento → abriu, queimou e suturou, mas não parava de sangrar → era um mastocitoma (mastócito cheio de heparina) → animal foi a óbito. GRÂNULOS São metacromáticos, contendo enzimas hidroliticas, fatores quimiotáticos para neutrófilos e eosinófilos, heparina e histamina (substâncias vasoativas que promovem vasodilatação) Basofilia Ocorre junto com eosinofilia, em reações alérgicas e de sensibilidade, e contra parasitas. • Leucemia basofílica (só basófilos) • Hiperlipemia: distúrbios metabólitos Ex: diabete impede que a glicose entre na célula, pois não tem insulina – o animal diabético utiliza gordura para substituir. LINFÓCITOS São responsáveis pela defesa do organismo (anticorpos) e pela memória. CLASSIFICAÇÃO Tamanho: pequeno, médio e grande Vida média: Pequena (poucas horas a 5 dias) Longa (meses a 20 anos) Resposta imunológica: Linfócito B Linfócito T Não T e Não B Na maioria das espécies, os linfócitos no sangue circulantes são classificados em T (70%) e B (20%) PRODUÇÃO Em medula e órgãos linfoides (timo, linfonodos, baço, placa de Peyer, tonsilas) ❖ Placa de Peyer: formações teciduais que ficam no intestino, principalmente no duodeno ❖ Tonsilas = amígdalas Os linfócitos diferentes de outras células recirculam (geralmente é o linfócito T). 70% dos linfócitos periféricos que entram no tecido, voltam para circulação. O tempo do circuito dura de 8 a 12 horas. 1 2 3 4 8 Giovana Melque – Laboratório Clínico Células de Memórias monitorizam a presença de antígenos; uma vez ativados, penetram nos linfonodos e iniciam uma resposta imunocelular e humoral ❖ Neutrófilo fagocita e informa o linfócito, através do RNA mensageiro, a presença de um antígeno. Linfócitos B Resposta humoral; Se diferenciam em plasmócitos (linfócito B madura). Os plasmócitos produzem imunoglobulinas (anticorpos) Linfócitos T Imunidade celular – formam e liberam citocinas • Células T inflamatória: recruta monócitos e neutrófilos pro sítio da infecção • Células T citotóxico: atacam o vírus e talvez células tumorais • Células Helper T: auxiliam na formação de anticorpos pelas células B Cão Felino Linfócito em maior número em bovinos, caprinos, ratos e camundongos Equino ❖ Alguns linfócitos podem ter grânulos azurófilosno citoplasma, principalmente em bovinos ❖ Alguns linfócitos gigantes são vistos em bovinos, cães e gatos, e podem ser confundidos com monócitos. Linfócitos Ativados São linfócitos antigenicamente estimulados (transformação blástica) Morfologia Núcleo grande, cromatina reticulada com nucléolos possivelmente visíveis, citoplasma azul claro e intenso 9 Giovana Melque – Laboratório Clínico Linfócitos Atípicos Estão presentes em doenças infecciosas (virais) e neoplásicas. Morfologia Células grande, núcleo fendido, raramente possuem grânulos azurrófilos no citoplasma. Linfocitose Aumento de linfócitos Ocorre em: Emoção ou Estresse emocional: liberação de epinefrina – em gato, bovino e ovino pode ser superior (de 7 a 10x do número na circulação normal) Infecções crônicas Tumores: linfomas, linfossarcomas, leucemias Vacinação (aplicação de antígeno → organismo produz anticorpo = linfocitose) Linfopenia Diminuição de linfócitos Em equinos ocorre um aumento da relação neutrófilos:linfócitos >1 Ocorre em: Estresse tardio: liberação de corticoide linfólise no sangue e nos tecidos linfoides – desvio dos linfócitos do sangue para outros compartimentos Diminuição da linfopoese: irradiação, quimioterapia (diminui linfócitos) e timectomia (retirada do timo) Cães em estágios finais de insuficiência renal Interrupção na circulação linfática Ex: os linfócitos vão da linfa para o sangue, se um cão foi atropelado e rompeu o ducto torácico, os linfócitos não vão para o sangue (linfopenia) Infecções virais agudas, pela destruição dos linfócitos ou sequestro para órgãos linfoides (ex: vírus da cinomose – em fase inicial) Enteropatias (doenças do intestino) – perda proteica devido a drenagem de linfócitos pela linfa Leucemias Deficiência de Zn Plasma Cell Trata-se de um linfócito B maduro, responsável por produzir anticorpos. É raramente visto no sangue periférico. 10 Giovana Melque – Laboratório Clínico MONÓCITOS Se originam na medula, onde entram para corrente circulatória, indo para vários tecidos e cavidades naturais → se tornam macrófagos FUNÇÃO Fagocitose Regulação da resposta imune Destruição de debris celulares Secreção de inúmeras substâncias (liberam mediadores) UFCGM – unidade formadora de colônia granulócito monócito Através da interleucina, a célula tronco se diferencia em conjunto de células chamado UFCGM. Essa unidade da origem aos granulócitos e monócitos. Cão Felino Bovino Monocitose Aumento de monócitos Ocorre junto com a neutrofilia geralmente. Ocorre em: Inflamação ou infecção crônica Corticoide (estresse tardio ou administrado por boca) endógeno ou exógenos – em cães; nem sempre em bovinos, equinos e felinos Leucemias ❖ Estresse tardio = leucocitose, neutrofilia, eosinopenia, linfopenia – em cães ocorre monocitose também No leucograma de estresse tardio encontramos no cão e nas outras espécies leucocitose, neutrofilia, eosinopenia e linfopenia. No cão há monocitose, em outras espécies varia. Monócitos Tóxicos Em casos de septicemia aguda bacteriana. UFCGM granulócito monócito Revisão dos tipos de células dos Leucócitos
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