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TCC Exemplo (1)[1199]

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CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
DANUSA DE JESUS MACIEL 
 
 
 
 
 
 
 
MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: A violência como um 
problema da questão social 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
DANUSA DE JESUS MACIEL 
 
 
 
 
 
 
 
 
MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊCIA DOMÉSTICA: A violência 
como um problema da questão social 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado como requisito parcial para obtenção 
do titulo de Bacharel em Serviço Social, ao 
Departamento de Serviço Social, no Centro 
Universitário Estácio da Bahia - FIB, pela 
acadêmica Danusa de Jesus Maciel, sob orientação 
da professora Tatiana Silva. 
 
Salvador 
2016.2 
 
 
 
 
 
DANUSA DE JESUS MACIEL 
 
 
 
MULHERES VITÍMAS POR VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso, aprovado como requisito parcial para 
obtenção do título de Bacharel no Curso de Serviço Social, do 
Departamento de Serviço Social, Centro Universitário da Bahia - FIB 
 
 
 
 
______________________________________ 
Tatiana de Jesus Silva 
 
 
 
 
______________________________________ 
Karla Neide Ribeiro Moreira 
 
 
 
 
______________________________________ 
Marli Santos Maciel 
 
 
 
 
 
 
 
Salvador, dezembro de 2016.2 
DEDICATÓRIA 
A minha formação como profissional não poderia ter sido concretizada sem a 
ajuda de meus amáveis pais Anisio (Anisinho) e Marlene Maria (Lê), que, no 
decorrer da minha vida, proporcionaram-me, além de extenso carinho e amor, 
os conhecimentos da integridade, da perseverança e de procurar sempre em 
Deus à força maior para o meu desenvolvimento como ser humano. Por essa 
razão, gostaria de dedicar e reconhecer à vocês, minha imensa gratidão e 
sempre amor. 
À Deus, dedico o meu agradecimento maior, porque têm sido tudo em minha 
vida. 
 
Um agradecimento especial ao meu filhote Arthur (Tuquinho) e aos meus 
queridos maninhos Uilen Tiago (Tico), Walacy Diego (Dico), que 
permaneceram sempre ao meu lado, nos bons e maus momentos; ao meu 
querido amor Alex Sandro (Leck), que ajudou-me, durante todo o percurso de 
minha vida acadêmica, compreendendo-me e ensinando-me para que eu 
conquistasse um lugar ao sol; à minha maravilhosa avó Maria Angélica 
(Mariinha), que sempre me deu atenção, carinho e preciosos conselhos e a 
todos aqueles que direta ou indiretamente, contribuíram para esta imensa 
felicidade que estou sentido nesse momento. 
À todos vocês, meu muito obrigado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
A DEUS​, ​pela vida e por ter me dado os presentes mais preciosos que recebi 
nesta vida: a minha FAMÍLIA​ ​. 
 
À meu pai, Anísio pelo sacrifício feito durante esses quatro anos e por ser meu 
maior incentivador, sem ele nada seria possível. 
 
À minha mãe Marlene, ​heroína qυе mе dеυ apoio, incentivo nаs horas difíceis, 
de desânimo е cansaço. 
 
À meu filho, Arthur e à meus irmãos, Uilen Tiago e Walacy Diego, que nоs 
momentos dе minha ausência dedicados ао estudo superior, sеmprе fizeram 
entender qυе о futuro é feito а partir dа constante dedicação nо presente! 
 
Agradeço também ао mеυ esposo, Alex Sandro, qυе dе forma especial mе dеυ 
força е coragem, mе apoiando nos momentos dе dificuldades e principalmente 
pela paciência. 
 
Agradeço também a todos os professores que me acompanharam durante a 
graduação, em especial a Profº Tatiana Silva, pela dedicação na orientação do 
Trabalho de Conclusão de Curso. 
 
Aos amigos do Curso, Jamille, Bruna, Vivian, Sergio, Luciana, Anne Karoline e 
Andreia, pelos momentos que passamos juntos desde o primeiro semestre. 
 
À todas as Assistentes Sociais da PMBA, em especial a minha Supervisora, 
Karla Neide, por toda dedicação e conhecimento a me prestado durante a fase 
do estágio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Quantas vezes me bateu 
sem falar o que eu fiz 
eu só queria ser feliz 
você não compreendeu 
o meu coração sofreu 
sentindo o corpo padecer 
em troca de tanto amor 
tive sofrimento e dor 
mas não vivo sem você 
 
É difícil de entender 
porque sou tão submissa 
sirvo pra tua cobiça 
teu momento de prazer 
porém nada vou dizer 
o meu direito é se calar 
se nem piso na calçada 
mesmo assim fico marcada 
sem ter forças pra lutar 
 
Apenas vou chorar 
recuar mais uma vez 
diante a tua embriaguez 
nada posso recusar 
tudo tenho que aceitar 
calada sou agredida 
e por ser tão dependente 
vivo casada e carente 
escrava da própria vida 
 
Gostaria de gritar 
para o mundo inteiro ouvir 
o tanto que sofri 
sem poder denunciar 
se não tenho onde morar 
vivo a merce da sorte 
vou me recolher tão cedo 
convivendo com o medo 
de escrever a própria morte.” 
 
 
 
Guibson Medeiros 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho discute a temática da violência doméstica contra a mulher 
e caracteriza como uma das formas mais comuns de manifestação da 
violência, porém , uma das mais invisíveis e silenciosas, trata-se de um 
problema de questão social e de saúde publica, sendo então uma das 
violações dos direitos humanos mais praticada e menos reconhecida em todo o 
mundo. Violência esta definida, segundo a Lei Maria da Penha (Lei 11.340), 
como “qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, 
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.” O 
mesmo trabalho ainda discorre sobre fatores que geram grandes índices de 
violência doméstica contra a mulher assim como explana a atuação do 
profissional do serviço social, bem como o perfil do mesmo profissional, frente 
a demanda da violência doméstica sofrida pelas mulheres. 
​Como metodologia adotou-se revisão bibliográfica utilizando, dentre outras 
literaturas, livros do Serviço Social. A partir dos estudos, Compreende-se que 
os resultados desta pesquisa reforçam as relações de gênero da violência 
como ponto significativo a ser considerado no momento de pensar e 
implementar pesquisas, ações e políticas para o enfrentamento e combate da 
violência doméstica contra as mulheres. 
 
Palavras Chaves: Violência Doméstica, Enfrentamento, Mulher, Maria da 
Penha, Vítimas, Questão Social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRAC 
 
The The present work discusses the theme of domestic violence against 
women and characterizes it as one of the most common manifestations of 
violence, but one of the most invisible and silent, it is a problem of social issue 
and public health, One of the most widely practiced and least recognized 
human rights violations in the world. Violence is defined, according to the Maria 
da Penha Law (Law 11.340), as "any action or omission based on gender that 
causes death, injury, physical, sexual or psychological suffering and moral or 
property damage." Factors that generate high rates of domestic violence 
against women, as well as explain the work of the social service professional, 
as well as the profile of the same professional, against the demand of domestic 
violence suffered by women. As a methodology, a bibliographic review was 
adopted using, among other literatures, Social Work books. From the studies, it 
is understood that the results of this research reinforce the gender relations of 
violence as a significant point to be considered when thinking and implementing 
research, actions and policies to confrontand combat domestic violence against 
women. 
 
Keywords​: Domestic Violence, Clashes, Woman, Maria da Penha, Victims, 
Social Issues. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
CAPES​ – ​Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
OMS​ – Organização Mundial de Saúde 
IPEA​ – Instituto de Pesquisa Econômico Aplicada 
ONU ​– Organização das Nações Unidas 
 
CNDM ​-​ ​Conselho Nacional dos Direitos da Mulher 
 
DEAMs ​-​ ​delegacias especializadas no atendimento às vítimas de violência 
 
AMB ​-​ ​Articulação de Mulheres Brasileiras 
 
MMC​ – Movimento de Mulheres Camponesas 
 
PNDH​ - Programa Nacional de Direitos Humanos 
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=8&ved=0ahUKEwjk2aCY6IDQAhUQl5AKHauMBmAQFggwMAc&url=https%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2Fwiki%2FCoordena%25C3%25A7%25C3%25A3o_de_Aperfei%25C3%25A7oamento_de_Pessoal_de_N%25C3%25ADvel_Superior&usg=AFQjCNE6gfavVyXDscZm1dDmn6stNlpW6g&sig2=3FnY3CWJCs2sxgQs3hHsXA&bvm=bv.136811127,d.Y2I
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=8&ved=0ahUKEwjk2aCY6IDQAhUQl5AKHauMBmAQFggwMAc&url=https%3A%2F%2Fpt.wikipedia.org%2Fwiki%2FCoordena%25C3%25A7%25C3%25A3o_de_Aperfei%25C3%25A7oamento_de_Pessoal_de_N%25C3%25ADvel_Superior&usg=AFQjCNE6gfavVyXDscZm1dDmn6stNlpW6g&sig2=3FnY3CWJCs2sxgQs3hHsXA&bvm=bv.136811127,d.Y2I
 
PLP​ - Promotoras Legais Populares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 09 
 
2 VIOLÊNCIA CONTRA À MULHER: CONCEITO E HISTÓRIA.................... 12 
 
2.1 CONCEITO DE VIOLÊNCIA....................................................................... 12 
2.1.1 Violência Sexual...................................................................................... 12 
2.1.2 Violência Física........................................................................................ 15 
2.1.3 Violência Psicológica............................................................................... 15 
2.1.4 Violência Social ....................................................................................... 16 
 
2.2 TIPOS DE VIOLÊNCIA............................................................................... 17 
 
2.3 ASPECTOS HISTÓRICOS DA VIOLÊNCIA CONTRA À MULHER........... 19 
 
3 FATORES QUE GERAM GRANDE INDICES DE VIOLENCIA DOMESTICA 
CONTRA A MULHER ...................................................................................... 22 
 
3.1. LEIS E AÇÕES DE COMBATE CONTRA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: 
MARIA DA PENHA UMA HISTÓRIA DE LUTA E TRANSFORMAÇÃO............23 
3.1.1 Libertação: Da dor a esperança................................................................24 
3.1.2 Ações e evoluções favoráveis contra a violência à mulher......................26 
3.1.3 Aplicabilidade da Lei Maria da Penha no amparo de mulheres vitimas de 
violência doméstica...........................................................................................29 
3.1.4 Abrangência da LEI 11.340/2006............................................................30 
3.1.5 O que mudou nesses dez anos?.............................................................30 
3.1.6 As medidas Protetivas.............................................................................32 
3.1.7 O que pode mudar?.................................................................................32 
3.1.8 As expectativas para o futuro...................................................................33 
 
4 DIREITOS DA MULHER VIOLENTADA........................................................34 
 
4.1 O OLHAR DO ASSISTENTE SOCIAL.........................................................34 
4.2 O PERFIL DO SERVIÇO SOCIAL MEDIANTE ESTA DEMANDA..............38 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................40 
 
REFERENCIAIS​...............................................................................................41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
Este trabalho tem como prioridade analisar a violência doméstica contra 
à mulher como problema da questão social. Realizada através de pesquisa 
bibliográfica, com o intuito de empoderar e integrar esta mulher dignamente na 
sociedade uma vez que esta foi agredida. Este estudo aborda a tocante da 
violência doméstica, após a leitura de artigos e livros, foi feita a análise de 
dados estatísticos do governo. 
Em 2006 o presidente Luiz Inácio da Silva assinou a lei de numero 
11.340/06 que ficou conhecida como Lei Maria da Penha, cujo nome lhe foi 
dado em homenagem à Maria da Penha Fernandes, biofarmaceutica, que 
sofria constantes agressões de seu ex-marido o professor universitário Marco 
Antônio Heredia Viveros, colombiano, que tentou mata-la duas vezes. Por 
conta das agressões sofridas, Maria da Penha ficou paraplégica. 
Esta pesquisa trás como tema, Mulheres vítimas de violência doméstica, 
onde delimita-se para que possa ser mais aprofundado no controle através de 
campanhas e atuação da Lei Maria da Penha e ainda tem como pergunta 
investigativa: como as ações e as leis podem contribuir na diminuição dos 
casos de violência domestica contra a mulher? 
O objetivo geral desta pesquisa é analisar de que maneira as ações e as 
leis podem contribuir para melhorar no combate a violência doméstica contra a 
mulher, e os objetivos específicos são: Analisar a violência contra a mulher e 
sua historicidade evolutiva; Explicar os fatores que levam ao grande índice de 
violência doméstica sofrida pelas mulheres; Identificar quais as demandas para 
o assistente social diante das legislações vigentes na defesa dos direitos das 
mulheres violentadas. 
Os objetivos desta pesquisa se justifica porque a violência doméstica 
contra à mulher é uma constante, é uma violência que na maioria das vezes é 
praticada por seus companheiros, daí entende-se que se trata de uma das 
piores e mais perigosas das violências, pois após praticado o ato de violência a 
vítima convive constantemente com o agressor. Esse tipo de violência existe 
10 
 
desde sempre, ou seja, não é um assunto atual, e ainda assim é uma violência 
que cresce cada dia mais, apesar de ter uma lei constitucional que acolhe, 
empondera e assegura os direitos dessas mulheres vítimas por violência 
domestica, lei essa chamada de Lei Maria da Penha. Além de existir outras 
campanhas e ações voltadas a essa vertente. Este debate é proeminente, pois 
a violência domestica e o cárcere privado é uma realidade, se faz necessário 
elaborar mais campanhas para esclarecer e orientar a estas vitima sobre as 
punições aos agressores, para que elas não aceitem a violência, para que elas 
saiam do silêncio, fazer com que elas entendam que o rompimento do silêncio 
pode salvar sua vida. 
Discutir violência contra à mulher na sociedade é viável e muito 
importante para prevenir morte, é que apesar de muito já ter sido feito, muita 
coisa ainda precisa ser feita em termo de capacitação e emponderamento 
ensinar de fato o que elas precisam fazer caso seja vítima de uma agressão, 
informar leis e ações existentes no Brasil, entender o medo que elas sentem, 
pois é por conta deste medo que as vitimas demoram muito tempo para romper 
o silêncio, enfim, torna-las capazes. 
Para o Serviço Social é importantediscutir as articulações de politicas de 
enfrentamento sobre a violência domestica contra a mulher, pois o 
enfrentamento não se restringe apenas a questão do combate, mas também 
compreender as extensões da prevenção, assistência e da garantia dos seus 
direitos. Esse tipo de violência atinge famílias inteiras, pois além de transmitir 
um padrão de comportamento que tende a se repetir pelos filhos, pois a família 
exerce influência direta sobre o desenvolvimento dos seus membros, 
principalmente as crianças (DESSEN; CERQUEIRA-SILVA, 2008 p, 2223)​. o 
que causa um problema de questão social. O atendimento à este tipo de 
demanda é importante, deve ser qualificado e humanizado, pois esta vitima 
quando chega ao ponto de procurar suporte ​ela já está no seu limite de 
sentimentos, amor, ódio, vergonha, desconfiança, entre outros, por isso que 
este acolhimento é fundamental para que ela tenha coragem de ir em frente. 
Este trabalho apresentado é resultado de uma pesquisa bibliográfica, 
com a abordagem qualitativa e método dialético, pois se trata da aproximação 
11 
 
da realidade e investigação do seu objeto de estudo, no caso, as expressões 
da questão social. Para essa revisão bibliográfica adotou-se, como critério de 
inclusão, textos que versavam sobre a temática violência doméstica contra a 
mulher. Para a busca bibliográfica elegeram-se os seguintes descritores: 
violência doméstica; violência contra a mulher e gênero. Que foram 
selecionados em: artigos, livros, teses e dissertações disponíveis nas Bases de 
dados Scielo, Lilacs e Banco de Teses da CAPES. 
No método materialista dialético, entende-se que Marx explica os 
fenômenos de estudo numa perspectiva entendemos que o método marxista 
dialético nos revela o processo difícil e que contradiz a cerca do objeto, 
estudando uma situação que foge da formalidade. 
No segundo capitulo conceituo e exemplifico os mais variados tipos de 
violência, além de discorrer sobre violência de gênero como aspecto histórico 
da violência contra a mulher. 
No terceiro capitulo, explano sobre fatores que geram grandes índices 
de violência doméstica contra a mulher, falo um pouco sobre a história de 
Marinha da Penha, a mesma responsável pela criação da Lei 11.340/06 que 
leva o seu nome, cito leis e ações de combate a violência contra à mulher e a 
aplicabilidade da Lei Maria da Penha no amparo de mulheres vítimas por 
violência doméstica. 
No quarto Capitulo, falo sobre os direitos da mulher violentada, comento 
sobre o olhar e a escuta sensível do assistente social enfrente a esta demanda, 
explico também sobre o perfil do profissional do Serviço Social ao intervir nesta 
situação de violência doméstica contra à mulher, ainda falo sobre as politicas 
de enfrentamento sobre a mesma temática. 
. 
 
 
12 
 
 
 
 
 
2. VIOLÊNCIAS: CONCEITO E HISTÓRIA. 
2.1.​ ​CONCEITO DE VIOLÊNCIA 
Iniciaremos a presente pesquisa bibliográfica trazendo a contribuição de 
distintos autores sobre as considerações de violência, para melhor 
compreensão do tema a ser desvelado nesta pesquisa. 
Violência são danos físicos mentais ou morais, causados por ações e 
atitudes contra um ser vivo, e existe desde sempre, também pode ser 
compreendidas por agressões ou até mesmo ameaças de agressões. A 
violência sofre a influência de épocas, locais, circunstâncias e realidades muito 
diferentes, a violência nem sempre é um ato intencional, mas quando se trata 
de um ato intencional vem sempre como um ataque. 
Sobre a influencia de épocas ​SILVA, SALLES, (2010). Discorre: 
A violência pertence à antropologia humana fundamental, no sentido de que ela ocupa o 
primeiro plano da humanidade, desde sempre. Basta reler os livros 
antigos, os textos sacros de várias religiões, particularmente a Bíblia, 
para dar-se conta de que a violência é uma das dimensões 
constitutivas da relação humana desde a origem do laço social. (​p. 7) 
 
 
Em nossa sociedade a violência é um grande problema com proporções 
significativas, que geral indignação na opinião de populares, principalmente 
quando é provocada contra pessoas ou seres indefesos, que não tem como se 
defender de maneira devida, como é o caso de violência contra animais, ou 
violência doméstica onde os vitimados geralmente são mais fracos ou não tem 
coragem de se defender ou revidar a violência. 
13 
 
De acordo com Zaluar (1999) apud Celmer, Elisa Girotti (2010), que diz 
que a expressão violência tem origem latina violentia ​e que significa ferocidade, 
arrebatamento, veemência. Segundo a mesma, pensadores, psicólogos, 
filósofos, antropólogos, sociólogos entre outros estudiosos conceituam o que 
seria violência, no entanto essa tarefa não é nada simples, pois a realidade 
que transborda das inúmeras expressões do constrangimento não consegue 
ser apreendida em um único conceito. Ao tratar das expressões da violência a 
antropóloga Alba Zaluar (1999) diz: 
 
O termo violência vem do latim violentia, que remete a vis (força, vigor, emprego de força física, 
ou recurso do corpo para exercer sua força vital). Essa força torna-se 
violência quando ultrapassa um limite ou perturba acordos tácitos e 
regras que ordenam relações, adquirindo assim, carga negativa, ou 
maléfica. É a percepção do limite e da perturbação (e do sofrimento 
causado), que vai caracterizar um ato como violento, percepção que 
varia cultural e historicamente (Zaluar, Alba 1999, apud Celmer, Elisa 
Girotti, 2010, p 73,74) 
 
A autora trás a ideia de que em termos balanceados a violência pode-se 
ser considerada um ato normal depende do grau da agressividade e a 
percepção desse nível varia conforme o contexto histórico e a cultura em que 
esse indivíduo estejam inseridos na violência. Desta forma podemos entender 
que a agressividade é própria do ser humano, e em maior ou menor grau 
poderá ser aceita ou não socialmente, e algumas vezes até ser consideradas 
normais. 
 
Segundo Minayo (2004) ​a violência é uma questão social e, portanto, 
não é objeto próprio de nenhum setor específico. Ela se torna um tema mais 
ligado à saúde por estar associada à qualidade de vida; pelas lesões físicas, 
psíquicas e morais que acarreta e pelas exigências de atenção e cuidados dos 
serviços médico-hospitalares e também, pela concepção ampliada do conceito 
de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde seria o 
completo bem-estar físico, mental, social e espiritual dos indivíduos. OMS. 
(2002) sobre violência, define: 
[...] uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si 
mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem 
14 
 
grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, 
alterações do desenvolvimento ou privações. (n.p.) 
Portanto, a violência enquanto expressão da questão social situa-se de 
figura complexa, desde ameaça ao homicídio, afeta diretamente na qualidade 
de vida, trata-se de um problema social e de saúde pública, é um fenômeno 
mundial que atravessa todas as fronteiras e que independe de raça, idade, 
condição socioeconômica,educação, credo ou religião, orientação sexual e 
local de trabalho. 
 
Goimes, Romeu, Minayo, Maria Cecília de Souza, Ribeiro, Claudio 
Felipe da silva (2005, p120,121) acrescenta a seguir exemplos que ocorrem na 
realidade do País e devem ser vistos como as formas mais habituais de 
maus-tratos e abusos que vitimam as mulheres. 
 
 
2.1.1 ​violência sexual 
 
No que se refere a violência sexual, sabemos que se trata de uma 
violência onde a uma relação sexual sem o consentimento de uma das partes 
muitas vezes concluímos que esta ação refere-se somente a o ato do estupro, 
onde homens que estão fora do circulo familiar da vitima ou até mesmo de 
dentro deste ciclo, mas nunca por seu parceiro. 
Referente a esta afirmação, os autores Acosta, Gomes, Fonseca, 
Gomes GC (2015) concluem: 
 
​A recusa da relação sexual pode ser entendida como uma possível traição e como um 
contrapoder, o que desencadeia novas discussões, agressões e a 
própria violência sexual. Embora se pense que os crimes sexuais são 
realizados em sua maioria por desconhecidos, há estudos 
evidenciando a prevalência do estupro conjugal. (​p. 124), 
 
Ainda sobre violência sexual, existem alguns exemplos, como: 
 
15 
 
• Forçar relações sexuais quando a mulher está com alguma doença, 
colocando sua saúde em risco. 
• Forçar relações sexuais, em geral. 
• Estuprar e assediar sexualmente. 
• Exibir do desempenho masculino. 
• Produzir gestos e atitudes obscenos, no trato com as mulheres. 
• Discriminar a mulher por sua orientação sexual. 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1.2 Violência Física 
 
Violência física é o uso da força com o objetivo de ferir, deixando ou não 
marcas evidentes, pode-se também compreender como ação ou omissão que 
coloque em risco ou cause dano à integridade física de uma pessoa. 
 Sobre violência física OMS (2002), define: 
[...] uso intencional da força ou poder em uma forma de ameaça ou efetivamente, contra si 
mesmo, outra pessoa ou grupo ou comunidade, que ocasiona ou tem 
grandes probabilidades de ocasionar lesão, morte, dano psíquico, 
alterações do desenvolvimento ou privações. (n.p.) 
 
Ainda sobre violência física, existem alguns exemplos, como: 
 
• Agredir deixando marcas como hematomas, cortes, arranhões, manchas e 
fraturas. 
• Quebrar seus objetos, utensílios e móveis. 
• Rasgar suas roupas. 
• Esconder ou rasgar seus pertences e documentos. 
• Trancar a mulher em casa. 
 
2.1.3 Violência Psicológica: 
 
16 
 
A violência psicológica decorre diretamente da dominação masculina e 
submissão feminina, embora seja invisível, cause medo e insegurança nas 
vítimas, acarretando apatia e, assim, as tornando vulneráveis a outros tantos 
atos violentos isolados ou associados a outras formas de violência. 
Sobre este paragrafo, discorre os autores Acosta, Gomes, Fonseca, 
Gomes GC (2015), 
 
O abuso de poder pode ser identificado quando as mulheres são impedidas de desfrutar da 
própria liberdade de ir e vir. r. O cárcere privado constitui uma forma 
de violência psicológica decorrente da dominação masculina. ​(p. 
124), 
 
 
Ainda sobre violência psicológica, existem alguns exemplos, como: 
 
• Humilhar e ameaçar, sobretudo diante de filhos e filhas. 
• Impedir de trabalhar fora, de ter sua liberdade financeira e de sair. 
• Deixar o cuidado e a responsabilidade do cuidado e da educação dos filhos e 
das filhas só para a mulher. 
• Ameaçar de espancamento e de morte. 
• Privar de afeto, de assistência e de cuidados quando a mulher está doente ou 
grávida. 
• Ignorar e criticar por meio de ironias e piadas. 
• Ofender e menosprezar a seu corpo. 
• Insinuar que tem amante para demonstrar desprezo. 
• Ofender a moral de sua família. 
• Desrespeitar seu trabalho de cuidado com a família ou fora de casa. 
• Criticar de forma despectiva e permanentemente sua atuação como mãe e 
mulher. 
Usar linguagem ofensiva. 
 
2.1.4 Violência social 
 
17 
 
A violência é um problema de questão social, pois está presente em toda a 
socidade, que afeta grupos sociais, famílias, e o individuo de forma isolada 
e, portanto, não é objeto próprio de nenhum setor específico 
Sobre violência social, Minayo (2004, n.p.) discorre 
ela se torna um tema mais ligado à saúde por estar associada à qualidade de vida; pelas 
lesões físicas, psíquicas e morais que acarreta e pelas exigências de 
atenção e cuidados dos serviços médico-hospitalares e também, pela 
concepção ampliada do conceito de saúde. Segundo a Organização 
Mundial da Saúde (OMS), saúde seria o completo bem – estar físico, 
mental, social e espiritual dos indivíduos. (MINAYO, 2004, n.p.) 
 
Ainda sobre violência social, existem alguns exemplos, como: 
 
• Oferecer menor salário que ao homem, para o mesmo trabalho. 
• Discriminar por atributos de gênero ou por aparência. 
• Assediar sexualmente. 
• Exigir atestado de laqueadura ou negativo de gravidez para emprego. 
• Promover e explorar a prostituição e o turismo sexual de meninas e de 
adultas. 
 
2.2. TIPOS DE VIOLÊNCIAS 
O Relatório Mundial Sobre violência e Saúde, considera a violência em 
três modalidades: a violência interpessoal, a violência contra si mesmo e 
violência coletiva (KRUG et al., 2002 n.p.). 
● Violência autodirigida (violência que uma pessoa inflige a si mesma) 
– Comportamento suicida: inclui pensamentos e tentativas suicidas, além do 
suicídio propriamente dito. 
– Auto-agressão: inclui atos como a automutilação. 
● Violência interpessoal (violência infligida por outro indivíduo ou por um 
pequeno grupo de indivíduos) 
– Violência de família e de parceiros íntimos: principalmente entre familiares e 
companheiros, como abuso infantil, violência entre parceiros e maus-tratos de 
18 
 
idosos. 
– Violência na comunidade: entre indivíduos sem relação pessoal, que podem 
ou não se conhecer. Inclui violência da juventude, atos variados de violência, 
estupro ou ataque sexual por desconhecidos e violência em instituições como 
escolas, locais de trabalho, prisões e asilos. 
● Violência coletiva (violência infligida por grupos maiores, como estados, 
grupos políticos organizados, grupos de milícia e organizações 
terroristas) 
– Violência social: crimes carregados de ódio, atos terroristas e violência de 
hordas. 
– Violência política: guerra e conflitos violentos a ela relacionados, violência do 
estado. 
– Violência econômica: ataques de grandes grupos motivados pelo lucro 
econômico, como ataques realizados com o propósito de desintegrar a 
atividade econômica, impedindo o acesso aos serviços essenciais ou criando 
divisão e fragmentação econômica. (OMS, 2002 n.p.). 
Sobre violência ainda podemos caracterizar mais três modalidades, que são: 
violência domestica, violência urbana e violência cotidiana. 
● Violência doméstica, é o tipo de violência que é praticada no lar, no seio da 
família, é todo e qualquer tipo de comportamento agressivo por pessoas que 
vivem sob o mesmo teto, é considerada como violência doméstica, lembrando 
que violência domestica pode ser entendida também como violência praticada 
contra o idoso, violência sexual contra criança, pais que batem nos filhos e não 
somente o marido que agride a mulher, de forma contraria também se 
caracteriza como violência doméstica. 
Sobre violência intrafamiliar a Pastoral da Criança (1999) informa:A violência intrafamiliar ou domestica e um tipo de violência que 
vitimiza crianças, adolescente, mulheres e idosos no meio familiar, ela é caracterizada 
principalmente em três aspectos: “Abuso do poder do mais forte 
contra o mais fraco – a reprodução da violência, ou seja, pais que 
quando crianças também foram maltratados – a situação de pobreza 
e a miséria em que se encontra a família. (PASTORAL DA CRIANÇA, 
p. 12). 
19 
 
 
Este, assim como qualquer outro tipo de violência é uma violação grave 
dos direitos civis que apesar das autoridades buscarem meios de deter a 
violência domestica, através de dados de pesquisas como, Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e Organização das Ações Unidas (ONU) 
nos mostra que essa violação de direitos vem crescendo de maneira 
preocupante no Brasil. 
Segundo a ONU (2014), 7 em cada 10 mulheres no mundo são, ou virão 
a ser, vítimas de agressão por parte de parceiros, familiares ou desconhecidos. 
Ainda sobre este fato, Discorre: 
 
Abuso físico, ameaças, intimidação psicológica, assédio e violação sexual 
estão entre os principais casos. Estatísticas do Banco Mundial indicam 
que mulheres de 15 a 44 anos correm mais risco de estupro e 
violência doméstica do que de desenvolverem câncer, passarem por 
acidentes de carro, guerra ou malária. (ONU, 2014. n.p.) 
 
Pesquisas do IPEA ainda informa que foi verificado também que a maior 
parte das vítimas tinha baixa escolaridade: 48% das mulheres tinham até oito 
anos de estudo. Outro dado alarmante mostra que 61% das mulheres 
assassinadas eram negras, as principais vítimas em todas as regiões, exceto 
no Sul. No Nordeste essa taxa foi de 87%, no Norte, 83% e no Centro-Oeste, 
68%. 
 
● Violência Urbana, assim como a violência doméstica é uma outra 
preocupação para os brasileiros, e vem crescendo cada dia mais, brigas, 
assaltos, assassinatos, violência sexuais, entre outros, já fazem parte da 
rotina do país. 
Problema este gravíssimo pois também viola o direito de ir e vir, e quem nunca ouviu 
a frase: “sabemos que vamos sair de casa, mas não sabemos se voltamos”, se 
dar por conta deste crescimento da violência urbana que já dominou as 
manchetes dos jornais e que prejudica muito a convivência social. 
● Violência Cotidiana, este tipo de violência tende a se manifestar por 
características presentes no nosso comportamento, pois se por um lado 
20 
 
provoca medo, por outro esta violência se transforma em cultura dentro da 
nossa sociedade, ou seja, ao mesmo tempo em que batemos de frente com 
violência diversas em diversas situações como bullying, brigas de transito, 
somos atraídos por violência em jogos de vídeo game, filmes com 
características de violência ou ate mesmo esporte violentos como box ou 
MMA. 
 
2.3. ASPECTOS HISTÓRICOS DA VIOLÊNCIA CONTRA À MULHER 
Para que possamos entender violência doméstica contra à mulher no contexto de 
relações de gêneros no Brasil, devemos compreender como a família brasileira 
foi constituída desde o Brasil colônia, até os dias de hoje, Segundo Szimanski 
(2003) é necessário compreender a construção social e histórica da instituição 
família. 
Sobre o padrão de família patriarcal considera o homem como sujeito 
dominante no autoritarismo, machismo e dominação, o que explica a 
persistência na desigualdade entre homens e mulheres, destacando-se, 
ainda, que o nacionalismo possuía como parâmetro a família e o matrimônio 
(SAMARA, 2002). 
Segundo Faleiros (2007) que considera a temática de relação de gênero, 
destaca sobre a violência de gênero como uma forma situada de dominação 
masculina sobre as mulheres. Apresenta um argumento histórico de uma 
sociedade desigual, mergulhada ao machismo, homofóbica e de esfera 
religiosa. 
Sobre este parágrafo, discorre Faleiros (2007) 
A violência de gênero estrutura-se – social, cultural, econômica e politicamente – a partir de 
concepção de que os seres humanos estão divididos entre machos e 
fêmeas, correspondendo a cada sexo lugares, papéis, status e 
poderes desiguais na vida privada e na pública, na família, no 
trabalho e na política (p. 62). 
Segundo Faleiros (2007) a dominação estrutura-se por intermédio da 
desigualdade entre os gêneros, os homens sentem-se superiores as mulheres 
por conta dessa estruturação de modelo familiar patriarcal. 
21 
 
 Segundo Celmer, Elisa Girotti (2010) quando se trata do termo “violência 
contra a mulher” é comum a sociedade fazer confusão com outros termos 
como violência familiar, violência domestica, violência conjugal, entre outros, 
são utilizados como sinônimos quando na verdade não são. 
Sobre este fato a autora acrescenta: 
Por violência doméstica deve-se entender aquela conduta que cause 
dano físico, psíquico ou sexual não só à mulher como a outras pessoas 
que coabitem na mesma casa, incluindo empregados e agregados. Já 
a violência familiar é mais específica, abrangendo apenas as 
agressões físicas ou psicológicas entre membros da mesma família. 
Por fim, violência conjugal deve ser entendida como todo tipo de 
agressão praticada contra cônjuge, companheira (o) ou namorada(o). 
Não se deve restringir a violência conjugal àquela praticada pelo 
marido contra a esposa, pois sabidamente essas agressões alcançam 
também os casais de namorados, além de recentes pesquisas 
demonstrarem a existência de violência conjugal entre lésbicas, o que 
desnatura essa violência como sendo cometida exclusivamente pelos 
homens contra as mulheres (esposas, companheiras ou namoradas). 
Ademais, embora sejam poucos os casos registrados, existe também a 
violência conjugal praticada pela mulher contra o homem. (Celmer, 
Elisa Girotti, 2010, p. 72, 73) 
 
De acordo com a Convenção de Belém do Pará (1994), entende-se por 
violência contra a mulher toda e qualquer ação ou conduta baseada no gênero, 
que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, 
tanto na esfera pública como também na privada. O termo “violência contra a 
mulher”, portanto, engloba a violência doméstica, a violência familiar e a 
violência conjugal. 
 
 ​Segundo Malagutti, William (2011), a violência apesar de ter um 
conceito amplo pode ser entendida de forma genérica como uma questão de 
ordem social, inserida nos grandes centros urbanos e causa um problema de 
saúde individual e coletiva, acarretando sofrimento físico e mental aos 
envolvidos. 
Sobre violência contra a mulher ser um problema da questão social, Schraiber 
et al. ,(2002), apud Minayo, Maria Cecília et al.( 2005). 
 
A violência contra a mulher constitui uma questão de saúde pública, além de ser uma violação 
explícita dos direitos humanos. Estima-se que esse problema cause 
mais mortes às mulheres de 15 a 44 anos que o câncer, a malária, os 
22 
 
acidentes de trânsito e as guerras. Suas várias formas de opressão, 
de dominação e de crueldade incluem assassinatos, estupros, abusos 
físicos, sexuais e emocionais, prostituição forçada, mutilação genital, 
violência racial e outras. Os perpetradores costumam ser parceiros, 
familiares, conhecidos, estranhos ou agentes do Estado (p. 118).A partir desta citação podemos compreender que violência contra a 
mulher provoca grande impacto na qualidade de vida das mesmas, sejam pelas 
lesões físicas, psíquicas, espirituais e morais que ocasiona nestas vitimas, 
exigindo uma maior atenção de cuidados despendida por profissionais da área 
de saúde em serviços médicos, assistência de enfermagem, suporte 
psicológico e internações hospitalares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3. FATOR QUE LEVA AO GRANDE ÍNDICE DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA 
CONTRA A MULHER; 
A violência doméstica na grande maioria das vezes é causada pelos 
companheiros das vítimas, e um dos maiores motivos desta violência se 
consumar se dar pelo fato de que a maioria das vítimas não querem a prisão 
do agressor, por esse motivo eles se sentem impunes e mais confiantes para 
praticar o ato ou até mesmo uma reincidência na agressão. 
23 
 
Segundo a Promotora Valéria Scarance (2015), em uma entrevista ao 
site Estadão, afirma que: 
 No Brasil, morrem 472 mulheres por mês, 15,52 por dia, 01 vítima a 
cada 90 minutos, segundo Pesquisa do IPEA Violência contra a 
Mulher. Essas vítimas, em sua maioria, não procuraram ajuda ou 
desistiram do processo. Conforme a pesquisa Woman Killing: Intimate 
Femicide, apenas 1/3 das mulheres assassinadas noticiou violência 
antes da morte. As vítimas demoram muito tempo para romper o 
silêncio, desde meses até uma vida toda. Suportam esses séculos de 
dor porque acreditam na mudança do parceiro, não se reconhecem 
como vítimas e atribuem a agressão a fatores externos como álcool 
ou drogas. (SCARANCE, 2015, n.p.) 
 Quando a violência não se remete ao álcool ou drogas, é comum ouvir 
os relatos de que o parceiro é “um bom homem”, que era atencioso e carinhoso 
no inicio do relacionamento, é que até o ato de violência se consumar de fato 
há todo um caminho de dominação, que vai desde ordens inofensivas, mas que 
mostram quem manda e quem obedece ao isolamento da vítima de seus 
familiares e amigos, neste momento que a mulher já está frágil que acontecem 
as ameaças e violência física. 
A violência praticada contra as mulheres é um problema antigo e que 
tem proporções mundiais, independentemente de sua religião, etnia ou classe 
social, acontece frequentemente em todos os lugares, sim, ainda hoje com Leis 
e politicas sócias que asseguram o direito das mulheres vitimadas ou em 
potencial a serem vitimadas como a Lei Maria da Penha. 
A violência voltada à mulher incide em toda ação de violência de gênero 
que resulte em qualquer ato físico, psíquico, sexual ou ameaça que também se 
caracteriza por violência domestica. 
No que se refere a violência domestica, a Lei Maria da Penha, Art 5º, 
 Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, 
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: No 
âmbito da unidade doméstica, 
compreendida como o espaço de convívio permanente de pessoas, com ou 
sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas; no âmbito da 
família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou 
24 
 
se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por 
vontade expressa; em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor 
conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Ha estudos e relatos que comprovam que homens que praticam violência 
doméstica são por conta de já terem passado pela experiência na infância, 
presenciaram pais que violentaram suas companheiras, no que se caracteriza 
por violência intergeracional. 
 
3.1. LEIS E AÇÕES DE COMBATE CONTRA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: 
MARIA DA PENHA UMA HISTÓRIA DE LUTA E TRANSFORMAÇÃO 1
 
Antes de abordarmos a Lei, devemos inicialmente compreender a 
história que inspirou a criação da mesma. 
Na noite de 29 de maio de 1983, no Ceará, a biofarmacêutica Maria da 
Penha Maia Fernandes, na época com 38 anos, levou um tiro enquanto dormia 
e ficou paraplégica. 
O autor do disparo foi seu marido, o professor universitário Marco 
Antonio Heredia Viveiros. Duas semanas depois ele tentou matá-la novamente, 
desta vez por eletrochoque e afogamento, durante o banho. 
Mas nada aconteceu de repente. Durante todo o tempo em que ficou 
casada, Maria da Penha sofreu repetidas agressões e intimidações, sem reagir, 
temendo uma represália ainda maior contra ela e suas três filhas. Depois de ter 
sido quase assassinada, por duas vezes, tomou coragem e decidiu fazer uma 
denúncia pública. A Justiça condenou Heredia pela dupla tentativa de 
homicídio, mas graças aos sucessivos recursos de apelação, ele conseguiu 
ficar em liberdade. 
1 ​Disponível em: LEI MARIA DA PENHA: DO PAPEL PARA A VIDA. Comentários à Lei 
11.340/2006 e sua inclusão no ciclo orçamentário. 2º Edição , ampliada e atualizada. 
 
25 
 
Até que, 18 anos depois, já em 2001, graças a Comissão Interamericana 
de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos, acatou as 
denúncias, 
feitas em 1998, pelo Centro para a Justiça e o Direito Internacional e pelo 
Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher​. 
A Comissão publicou o Relatório nº 54 responsabilizando o Estado 
Brasileiro por negligência e omissão em relação à violência doméstica, 
recomendando várias medidas no caso específico de Maria da Penha e a 
revisão das políticas públicas vigentes no âmbito da violência contra a mulher. 
Marco Antonio Heredia Viveiros foi preso em 2002. Cumpriu dois anos de pena 
de prisão e ganhou o regime aberto. 
Com relação à Maria da Penha, a Comissão recomendou ainda uma 
adequada reparação simbólica. Assim, o Presidente da República, Luiz Inácio 
Lula da Silva, batizou a Lei 11.340/2006 como Lei Maria da Penha, 
reconhecendo a luta de quase 20 anos desta mulher em busca de justiça 
contra um ato de violência doméstica e familiar. 
 
 
 
3.1.1 libertação: da dor à esperança 
 
Antes de haver a Lei Maria da Penha, era corriqueiro aquele provérbio 
que diz “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher” perpassava o 
inconsciente coletivo dos agressores, pois a falta de justiça para esses fatos 
era algo decorrente. 
A Lei n. 11.340/2006, chamada de Lei Maria da Penha, foi proclamada 
em 7 de agosto de 2006 e batizada com este nome pelo então presidente da 
República, Luiz Inácio Lula da Silva, em homenagem a uma mulher que foi 
vítima da violência e ícone da luta contra a violência doméstica no Brasil, a 
biofarmacêutica Maria da Penha Maia. Essa lei foi embasada no parágrafo 8º 
do artigo 226 da Constituição Federal, na Convenção sobre a eliminação de 
26 
 
todas as formas de violência contra a mulher, na Convenção Interamericana 
para prevenir, punir e erradicar a violência contra a mulher e em outros tratados 
internacionais ratificados pela República Federativa do Brasil, com a finalidade 
de criar mecanismos para reduzir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher, conforme refere o art. 1º da citada lei. 
O art. 5º desta Leidefine violência doméstica como: 
 
[...] configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer 
ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I — no âmbito da unidade doméstica [...] 
II — no âmbito da família [...] 
III — em qualquer relação íntima de afeto [...] 
 
​De acordo com a cartilha ​Lei Maria da Penha: “Do papel para a vida”, desde o 
inicio dos debates para ser criada a Lei 11.340/2006, a principal ideia era caracterizar 
a violência doméstica e familiar como violação dos direitos humanos das mulheres e 
elaborar uma Lei que assegurasse e garantisse direitos, proteção e procedimentos 
judicias humanizados para essas mulheres vitimadas. Com esta visão a Lei Maria da 
Penha não só puni o agressor, como também trás aspectos conceituais e educativos, 
no qual se classifica como uma legislação moderna, trilhando a linha de um direito 
moderno, que abrange a complexidade das questões sociais e também o problema de 
violência doméstica e familiar. ​A respeito do Princípio da Igualdade, Celso Antônio 
Bandeira de Mello, afirma que: 
 
Demais disso, para desate do problema é insuficiente recorrer à notória afirmação de 
Aristóteles, assaz de vezes repetida, segundo cujos termos a 
igualdade consiste em tratar igualmente os iguais e desigualmente os 
desiguais...Afinal, que espécie de igualdade veda e que tipo de 
desigualdade faculta a discriminação de situações e de pessoas, sem 
quebra e agressão aos objetivos transfundidos no princípio 
constitucional da isonomia? (MELLO, 2010, p.10). 
 
 
A respeito do Princípio da Isonomia, conforme os ensinamentos de Celso 
Antônio Bandeira de Mello: 
O que se encarece, neste passo, é que a isonomia se consagra como o maior dos princípios 
garantidores dos direitos individuais. Praeter legem, a presunção 
genérica e absoluta é da igualdade, porque o texto da Constituição o 
impõe. Editada a lei, aí sim, surgem distinções (que possam se 
compatibilizar com o princípio máximo) por ela formuladas em 
consideração à diversidade das situações. Bem por isso, é preciso 
27 
 
que se trate de desequiparação querida, desejada pela lei, ou ao 
menos, pela conjugação harmônica das leis (MELLO, 2010, p. 45-46). 
 
A Constituição de 1988, em seu art. 3º, inc. IV, coíbe a discriminação de 
sexo como desenho de proibir qualquer discriminação de gênero, como vem 
incidindo por séculos. Trata-se também de desempenhar as exigências dos 
tratados internacionais de que o Brasil é signatário, constituindo a igualdade 
entre homens e mulheres. 
Dias, quando trata do Princípio da Igualdade, pensa: 
 
Mesmo com a equiparação entre o homem e a mulher proclamada de modo tão enfático pela 
Constituição, a ideologia patriarcal ainda existe. A desigualdade 
sócio-cultural é uma das razões da discriminação feminina e, 
principalmente, de sua dominação pelos homens, que se vêem como 
superiores e mais fortes (DIAS, 2010, p.19). 
 
A sociedade instituiu um modelo de que a família é inviolável e 
reproduzem a ideia dos ditados populares: “em briga de marido e mulher, 
ninguém mete a colher”; ”mulher gosta de apanhar”; “apanha porquê quer”, 
enfim, são muitos os ditados populares burlescos que reforçam a violência 
contra a mulher. A Constituição Federal dá a proteção às mulheres, mas cabe 
à sociedade e à justiça não tolerar essas discriminações, ou seja, tornar a Lei 
ativa. 
 
 
3.1.2 Ações e evoluções favoráveis contra violência à mulher 
 
Alguns passos importantes que foram dados ao longo dos anos no 
Brasil. 
Há décadas, o movimento de mulheres e feminista trabalha para dar 
visibilidade à violência contra a mulher. A partir da segunda metade da década 
de 70, as mulheres, de forma organizada, decidiram não aceitar mais a ideia de 
que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. Com o slogan “Quem 
ama não mata” foram às ruas protestar contra a absolvição, pela Justiça, de 
homens que assassinavam suas esposas e ex-esposas em nome da “legítima 
28 
 
defesa da honra”. A época foi marcada com o começo das passeatas de 
protesto contra a impunidade dos agressores; a inclusão de estudos sobre o 
tema nas universidades; e a reivindicação por leis e serviços específicos. 
Em 1980, Foi criação do SOS Mulher para atendimento às vítimas de violência. 
O serviço, idealizado e mantido pelas organizações de mulheres, começou nas 
cidades de São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. 
Em 1983, Criação dos primeiros Conselhos Estaduais e Municipais de 
Direitos da Mulher, que são espaços no Poder Executivo onde organizações de 
mulheres participam para elaborar, deliberar e fiscalizar a implementação de 
políticas públicas para mulheres. 
Em 1984, Assinatura, pelo Brasil, da Convenção sobre a Eliminação de 
Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), aprovada pela 
Organização das Nações Unidas (ONU), em 1979. A Convenção é o primeiro 
instrumento internacional de direitos humanos voltado especialmente para a 
proteção das mulheres. Tem por objetivo promover a igualdade entre os 
gêneros e a não discriminação das mulheres. 
1985, Foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e das 
delegacias especializadas no atendimento às vítimas de violência (DEAMs), 
importantes políticas públicas de sensibilização e combate à violência contra as 
mulheres. 
Em 1988, A atuação do CNDM e dos movimentos de mulheres e 
feminista nas discussões da Assembleia Nacional Constituinte (1987-1988) foi 
fundamental para garantir, na Constituição da República Federativa do Brasil 
de 1988, a igualdade entre os sexos, no inciso I do artigo 5º: “Homens e 
mulheres são iguais em direitos e obrigações”; e a inclusão do § 8º no artigo 
226: “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos 
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas 
relações”. 
29 
 
Em 2006, Ainda no calor da promulgação foram criados os primeiros 
Juizados de Violência Doméstica e Familiar. Poder Público, grupos diversos, 
organizações de mulheres e universidades realizaram eventos para discutir, 
entender as mudanças trazidas pela Lei, reivindicar mais recursos 
orçamentários e prioridade para a mesma. Dentre os eventos, destacam-se a I 
Videoconferência organizada pela AMB – Articulação de Mulheres Brasileiras, 
que reuniu mulheres em 20 estados do Brasil e a I Jornada Lei Maria da 
Penha, sob responsabilidade do Conselho Nacional de Justiça, para debater o 
papel do Poder Judiciário na aplicação da Lei. 
Em 2008, Organizações de mulheres que desenvolvem o projeto 
Promotoras Legais Populares (PLP) promoveram um Encontro Nacional em 
Brasília, reunindo cerca 300 PLPs, para comemorar os dois anos da Lei, 
discutir sua implementação e apresentar reivindicações ao Executivo e ao 
Judiciário. No dia 7 de julho, depois de 25 anos sem resposta da Justiça e 
passados sete anos da recomendação da Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos (OEA), o governo do Ceará indeniza Maria da Penha, no valor R$ 60mil. Mulheres participam da XI Conferência Nacional de Direitos Humanos, que 
reviu o II PNDH – Programa Nacional de Direitos Humanos, e reafirmam que 
“sem as mulheres os direitos não são humanos”, denunciam a onda crescente 
de criminalização das mulheres pela prática do aborto, os homicídios e 
reivindicam prioridade para a Lei. 
Em 2009, A AMB, o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), as 
organizações de Mulheres Indígenas e o Movimento Interestadual das 
Quebradeiras de Coco vieram em comitiva para Brasília em defesa da Lei 
Maria da Penha, de uma vida sem violência e com igualdade e justiça para as 
mulheres. O ato culminou com a entrega de uma petição, com cerca de 10 mil 
assinaturas, aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, diante das 
ameaças que a Lei vem sofrendo: barreira para a criação dos juizados; 
Projetos de Lei que atingem as conquistas na área criminal; falta de prioridade 
30 
 
política na distribuição orçamentária e a resistência de algumas pessoas da 
justiça criminal em aplicar a Lei na integra. 
As mulheres também participaram da I Conferência Nacional de 
Segurança Pública, afirmando que a segurança precisa ser formulada a partir 
da perspectiva de gênero e raça, denunciaram a criminalização das mulheres 
que praticam aborto e pediram prioridade ao combate à violência contra as 
mulheres. Lançada a campanha Mulheres Donas da Própria Vida para prevenir 
e enfrentar a violência sofrida pelas mulheres rurais, promovida pelo Fórum 
Nacional para o Enfrentamento da Violência contra as Mulheres do Campo e 
da Floresta. Enfim, grandes progressos foram feitos ao longo dos anos, até os 
dias atuais. 
 
 
3.1.3 A aplicabilidade da lei Maria da Penha no amparo de mulheres 
vitimas de violência doméstica 
 
Independente da “Lei Maria da Penha” ter tido inicio jurídico há mais de cinco 
anos, ainda há algumas dúvidas e incertezas quanto à sua aplicabilidade; pois 
se trata de um crime cometido dentro do âmbito familiar em que estão sujeitas 
a agressões entre irmãos, pais com filhos constituídos com outras famílias e 
até mesmo entre os casais, sendo a mulher ou o homem a vítima – atualmente 
é comum a procura da Lei 11.340/2006 para mulheres que são agredidas 
dentro de casa por seus companheiros. 
De acordo com o artigo 226, § 8º da Constituição Federal: “O Estado 
assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, 
criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”. 
Quanto à sua abrangência, a Lei objeto de análise se destina tão somente às 
mulheres em situação de violência (Lei nº 11340/2006, Artigo 1º): 
31 
 
“[...] esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e 
familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do artigo 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência 
contra a Mulher, da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar 
a Violência contra a Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela 
República Federativa do Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de 
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; e estabelece medidas de 
assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e 
familiar [...].” (CF 1988 n.p.) 
 
3.1.4 Abrangência da Lei 11.340/2006 
A Lei abriga a mulher, não fazendo distinção de sua orientação sexual, à 
normal chega ao alcance tanto para as lésbicas como travestis, transexuais e 
transgênicos os quais mantêm relação íntima em ambiente ou de convívio. 
Essa limitação ao sexo feminino deu destaque a um provável 
questionamento da inconstitucionalidade da lei por existir infração ao princípio 
da isonomia como consta na Carta Magna em seu artigo 5º, inciso I: “homens e 
mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição” e 
artigo 226, § 8º “Artigo 226, § 8º – O estado assegurará assistência à família na 
pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismo para coibir a 
violência no âmbito de suas relações”. É certo que a Constituição Federal, no 
artigo 5º, ​caput​, consagra que “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza”. 
Entretanto, pode-se notar que nas duas citações que deve buscar não 
apenas a igualdade formal, mas também a igualdade material, tratando 
igualmente a todos, no conceito de suas desigualdades. 
3.1.5 O que mudou nesses dez anos? 
32 
 
Com o objetivo de impedir o crescimento descomunal da violência contra a 
mulher nos últimos dez anos, a lei serviu para preservar vidas e para conter 
inúmeros casos envolvendo agressões de gênero. Segundo relatório do 
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a saber, o número de 
homicídios de mulheres caiu 10% no Brasil desde o surgimento da Lei Maria da 
Penha. 
Em dez anos, a lei contou com muitas evoluções e algumas se destacam, 
incluindo “A ampliação das diversas medidas protetivas e de urgência em favor 
da mulher e contra o agressor, assim como medidas assistenciais. Entre elas, 
estão o afastamento do suposto agressor do local de convivia com a vítima, a 
demarcação de limite mínimo de distância, a restrição do porte de armas e o 
encaminhamento da mulher e de seus dependentes a programas oficiais ou 
comunitários de proteção e atendimento, como por exemplo o Centro de 
Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares. 
No que se refere a pena do delito há que se falar que houve um 
significativo aumento da pena de lesão corporal, que passou a ser qualificada 
quando se tratar de violência doméstica passou a ser estabelecida entre três 
meses a três anos, modificando-se o artigo 129, § 9º, do Código de Processo 
Penal, cuja pena era de seis meses a um ano. 
Outra mudança foi adotada no artigo 129, § 11, do Código Penal, 
estabelecendo-se a partir daí que na hipótese do § 9º deste artigo, 
destaque-se: 
“Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro ou 
com quem conviva ou tenha convivido, ou ainda, prevalecendo-se o 
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. [...] 
Na substituição da pena a Lei, vetou-se a substituição da pena privativa 
de liberdade por pena restritiva de direitos, assim como as penas de 
fornecimento de cestas básicas ou outras de prestações pecuniárias. Na 
33 
 
hipótese do § 9° deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime 
for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
Perante as medidas protetivas, destaca-se na Lei as de caráter urgente 
que devem ser tomadas com o propósito de resguardar os efeitos da decisão 
principal, quais sejam: medidas protetivas de urgência que obrigam o agressor 
e medidas protetivas de urgência à ofendida. 
Podemos notar ainda, que as medidas citadas na lei não impedem a 
aplicação de outras previstas na legislação brasileira, pois o alvo é buscar a 
segurança da vitima, onde o Juiz pode pedir força policial para garantir a 
efetividade das medidas protetivas.3.1.6 As medidas protetivas 
Dentro das medidas protetivas de urgência, o juiz encaminha a ofendida e seus 
dependentes a programas de proteção ou de atendimento para a recuperação 
da ofendida e de seus dependentes; após o transtorno causado pelo agressor, 
determina o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos 
a bens e a guarda dos filhos e alimentos e determina a separação de corpos, 
afim de proteger o bem e a dignidade da pessoa humana. 
Para a concessão da medida protetiva, enquanto medida cautelar, são 
imprescindíveis a existência do ​fumus boni iuris​ - ter o direito do que se está 
pedindo e do ​periculum in mora - risco da demora na concessão da medida​). 
Para garantir a execução das medidas protetivas de urgência, tem-se como 
hipótese, a prisão, o juiz deve fundamentar essa medida cautelar pessoal, 
sendo indispensável a satisfação dos requisitos tais como prova do crime e 
indícios suficientes de autoria, descrito no artigo 312 do CPP. 
34 
 
A prisão antes do trânsito em julgado da sentença condenatória é sempre uma 
medida cautelar, sendo necessário que não se perca de vista os resultados 
finais do processo, que em último caso, é a sua definição de ser. 
Diante do fato o artigo 45 determina que o magistrado permita tratamento ao 
agressor com comparecimento a programas de recuperação e reeducação, não 
deixando de inserir a regra do artigo 152, parágrafo único, da Lei de Execução 
Penal: “nos casos de violência doméstica conta a mulher, o juiz poderá 
determina o comparecimento obrigatório do agressor a programas de 
recuperação e reeducação”. 
3.1.7 O que ainda pode mudar? 
Ainda que existam várias propostas de mudanças, há três Projetos de Lei 
polêmicos em tramitação no Congresso Nacional. Nas palavras da 
advogada, Regina Beatriz Tavares da Silva, numa entrevista ao MdeMulher, no 
Site Abril, em 08 de agosto do ano em questão. 
● O PL 07/16, inicialmente elaborado pelo deputado federal Sérgio Vidigal 
(PDT/ES), que pede a melhora no atendimento policial e pericial 
especializado, ininterrupto e prestado, preferencialmente, por servidores 
do sexo feminino. 
● Outro projeto, não menos polêmico, também analisado na Câmara dos 
Deputados, é o PL 477/15, do deputado Eros Biondini (Pros-MG), que 
substitui, na Lei Maria da Penha, o termo “gênero” pela palavra “sexo”. 
● Por último, temos o PL 8032/2014, que prevê a aplicação da Lei Maria 
da Penha aos transexuais e transgêneros que se identifiquem como 
mulheres. 
3.1.8 As expectativas para o futuro 
A violência contra a mulher, que ainda infelizmente é observada, é fruto de uma 
sociedade machista e desequilibrada em que vivemos. Um mecanismo de 
desarmamento que precisaria ser mais incentivado é o uso de bebidas 
alcoólicas (e de todas as chamadas de drogas lícitas) pois elas 
35 
 
contribuem para aumentar a violência doméstica, é preciso reforçar os trâmites 
de monitoramento da implementação de políticas públicas, com a finalidade de 
gerar informações que possibilitem a avaliação da efetividade dos esforços e 
recursos estatais, assim como fortalecer políticas e ações que previnam e 
propiciem a redução da violência contra a mulher no Brasil. 
Além disso, também é necessário a quebra de padrões patriarcais já tão 
firmados na cultura do país. Mudar padrões sociais, que apresente a mulher, 
como alguém que deve gozar de direitos e deveres próprios de sua qualidade 
como pessoa humana, que respeite a sua dignidade e favoreça a sua 
cidadania e não como um ser submisso e totalmente dependente. 
 
 
 
 
 
4. DIREITOS DA MULHER VIOLENTADA: POLITICAS DE 
ENFRENTAMENTO A VIOLENCIA DOMESTICA. 
4.1 O OLHAR DO ASSISTENTE SOCIAL 
 A violência Doméstica contra à mulher, é um grave problema de questão 
social com grandes demandas voltada ao Serviço Social, o atendimento dessa 
demanda deve ser o mais sensível, qualificado e humanizado possível, O 
assistente social trata destas questões com sua capacidade instrumental e 
metodológica em lidar com questões interpessoais. 
Sobre esta afirmativa, tal profissional é encarado como “utilizador das 
técnicas de base científica, nos problemas do ajustamento do homem à 
coletividade e de integração do mesmo em si próprio” (IAMAMOTO; 
CARVALHO, 2012 p.351). 
36 
 
A violência em si, é uma manifestação atribuída ao sexo masculino para 
resolução de conflitos, associa-se sexo masculino ao poder e a violência se 
ergue e se reproduz na família, no cotidiano, no trabalho e nas relações sociais​. 
Sobre este fato, discorre STREY(2004): 
A violência contra as mulheres pelo simples fato de serem mulheres – a violência de gênero – 
marcou a história das mulheres. Usar da violência para submeter o 
feminino (matar em defesa da honra; estuprar; agredir fisicamente, 
etc.) é algo que tem sido permitido ao longo de nossa história legal. 
(STREY et al, 2004 p.71) 
Ainda sobre gênero, afirma Scott (1995): 
 
O gênero é um elemento constitutivo de relações sociais fundadas sobre as diferenças 
percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primária de dar 
significado às relações de poder (SCOTT, 1995, p. 86). 
 
Esta definição, questionada pela autora, sugere compreender gênero 
como um elemento constitutivo das relações sociais que se baseia nas 
diferenças percebíveis que existem entre os sexos e também como uma forma 
básica de identificar relações de poder em que as representações dominantes 
são apresentadas como naturais e inquestionáveis. 
Já para Foucault (1990) que em termos de gênero discorda de Scott 
(1995), quando afirma que homem e mulher se estruturam em forma de rede. 
Sobre está afirmativa, o autor cita: 
[...] não é algo que se possa dividir entre aqueles que o possuem e o detêm exclusivamente e 
aqueles que não o possuem e lhe são submetidos. O poder deve ser 
analisado como algo quecircula, ou melhor, como algo que só 
funciona 
em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é 
apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se 
exerce em rede. (​p.183) 
 
Esta concepção de poder vem ao encontro da temática sobre relações 
de gênero, para ser mais preciso no âmbito de instituições familiar, que pode 
oferecer argumentos que poderão auxiliar na compreensão da violência contra 
a mulher. 
Iamamoto (1999) nos apresenta o panorama das novas interfaces sobre 
a questão da violência contra a mulher que se torna cada vez mais visível e 
passa a ser discutida como um problema publico a ser enfrentado. Diante 
37 
 
desse novo quadro conjuntural, a autora nos mostra a importância de nos 
qualificarmos para que possamos nos atualizar e a partir daí podermos explicar 
as mudanças da realidade social e assim dar suporte ao processo de 
intervenção. 
Nessa perspectiva, conforme Iamamoto (1999), 
 
O grande desafio na atualidade é, pois, transitar da bagagem teórica acumulada ao 
enraizamento da profissão na realidade, atribuindo, ao mesmo tempo, 
uma maior atenção às estratégias e técnicas do trabalho profissional, 
em função das particularidades dos temas que são objetos de estudo 
e ação do assistentesocial.​ ​(p.52) 
 
O objeto de trabalho do Serviço Social é fruto de discussões ao longo da 
história da profissão, se contextualiza o Serviço Social na contemporaneidade, 
a autora define que o objeto de trabalho são as expressões da questão social, 
entendidas como as consequências das desigualdades originadas pelo sistema 
capitalista. 
 Assim como Iamamoto (1999), destaca que o meio de trabalho do 
assistente social é o conhecimento e deixa claro que para um exercício 
profissional qualificado é necessário domínio das bases teórico-metodológicas 
para o direcionamento da intervenção. 
Da mesma forma, Guerra (1997) enfatiza que todo o fazer profissional 
deve estar amparado por uma teoria social que, geralmente, depende da 
escolha do assistente social. Mas esta escolha não é aleatória. 
Sobre este fato, Guerra (1997), discorre: 
[...] trata-se de uma escolha que requer o conhecimento dos fundamentos filosóficos e 
epistemológicos, da vinculação dessa teoria a um projeto de 
sociedade e, sobretudo, do sentido que ela possui para as forças 
políticas mais 
avançadas. E ainda o fazer a que nos referimos exige que o profissional detenha o domínio do 
método que lhe possa servir de guia ao conhecimento, conhecimento 
que lhe possibilitará estabelecer estratégias e táticas de 
intervenção profissional. (p. 61-2). 
 
 
 
No esforço constante de ser um assistente social propositivo, devemos 
nos aprofundar teoricamente, pois a responsabilidade é do próprio profissional 
38 
 
vinculado ao processo de intervenção. A busca e articulação em redes com 
outros colegas, para juntos pensarem em possíveis caminhos de intervenção. 
Contudo, para Mioto (2003 p.102), para o fazer profissional no contexto 
da violência doméstica não basta que só se saiba os elementos que se 
constroem este fenômeno, nem as explicações teóricas que as fundamentam. 
“É necessário um conhecimento profundo do objeto sobre o qual se trabalha, 
para que se possa captar todas as inter-relações possíveis entre as diferentes 
dimensões e a forma como elas se articulam”. Por este fato se estabelecem 
condições para que se possa desenvolver ações profissionais num ponto de 
vista, visando o fim ou a diminuição deste tipo de violência. 
 
Com base na A Lei 11.340/2006, em seu artigo 6º, considera a violência 
domestica como violação dos direitos humanos e as classifica em: 
- Violência Física: agressões físicas cometidas através de socos, chutes, 
murros, queimaduras e até mesmo com o uso de armas de fogo e facas; 
​- Violência Patrimonial: prejuízos ao patrimônio por meio da destruição do 
patrimônio, de objetos e até mesmo documentos; - Violência Sexual: através do 
uso da força, o agressor obriga a vítima a manter relações sexuais contra sua 
vontade; 
- Violência Moral: aquela que causa à vítima constrangimento, como calúnias, 
difamação ou insulto; 
- Violência Psicológica ou Emocional: é toda forma de insulto aos valores 
morais, muitas das vezes apresentada de forma silenciosa e que pode deixar 
marcas profundas, tendo, ainda, a característica de ser acumulativa e 
constante. 
E em seu artigo 8º, que pontua que a assistência à mulher em 
circunstância de violência doméstica e familiar. 
Em seu artigo 8°, a Lei Maria da Penha determina que a assistência à 
mulher em circunstância de violência doméstica e familiar se produzirá por 
medidas integradas de prevenção, ou seja, políticas públicas que visa coibir 
este tipo de violência, mediante articulação entre União, Estado, Distrito 
39 
 
Federal, municípios e ações não governamentais. A prática de atendimento 
policial especializado para mulheres, é uma das diretrizes constituída a partir 
das medidas integradas de prevenção descrita acima. Prevê expressamente a 
necessidade de prestação de atendimento multidisciplinar voltado para a 
ofendida, o agressor e os familiares, assim como, a implementação de 
programas de enfrentamento da violência doméstica e familiar, conforme seus 
artigos 30 e 35, inciso IV. 
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras atribuições que lhe 
forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito 
ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos 
ou verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, 
encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados para a 
ofendida, o agressor e os familiares, com especial atenção às 
crianças e aos adolescentes. 
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e promover, no 
limite das respectivas competências: 
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e familiar. 
 
Afim de atender estas mulheres que foram vitimadas por violência 
doméstica de forma devida, por esse estudo é possível observar que há 
possibilidade da atuação se dar por elementos de princípios da Justiça 
Restaurativa, que uma das expressões mais antigas, resgatando praticas 
comuns em outros países, porém recente no Brasil. 
 
 
 
4.2 O PERFIL DO SERVIÇO SOCIAL MEDIANTE ESTA DEMANDA. 
 
4.2.1 Mulheres vítimas de violência doméstica e a intervenção do serviço 
social 
 
Quando se trata de violência, a intervenção não é limitada apenas para a 
policia e área jurídica, pois a violência causa o adoecimento físico, psíquico e 
moral a quem foi vitima, por tanto se trata também de uma questão de saúde, a 
violência doméstica é uma das formas de representação da questão social 
mais sofridas pelas mulheres. Segundo Melo e Silva (2014. p. 1070) As 
40 
 
mulheres são também as principais usuárias de serviços de saúde, 
especialmente aqueles de atenção primária e emergenciais. 
Mas, apesar dos altos índices deste tipo de representação de violência, não 
fácil ser identificada, pois por vários motivos as mulheres não identificam este 
problema de inicio, é necessário uma certa habilidade tanto na escuta quanto 
na oratória do profissional para entender de que se trata de uma vitima por 
violência doméstica. 
Referente a dificuldade em identificar este tipo de vitima, discorre Marinheiro 
(2006): 
isso ocorre por diversas razões, as quais os profissionais de 
saúde devem estar atentos para não culpabilizar a vítima, 
quais sejam: medo do agressor, dependência financeira, 
questões afetivas, dentre outras. 
 
A percepção nos movimentos do demandante, a maneira como ele se porta ao 
falar deve ser observada, a sensibilidade na escuta do profissional é um dos 
instrumentos técnico-operativo encontrado no Código de Ética do Serviço 
Social para um bom desenvolver de uma demanda, seja ela de qual for a 
espécie​. 
Segundo Guerra (2000), a abordagem do tema instrumentalidade no agir 
profissional do Assistente Social, a impressão que se tem é que um assunto 
limitado, onde se relativa os instrumentos coagentes para uma ação 
profissional, e através dos mesmos o profissional atinge a finalidade, porém, se 
investigar a fundo o termo instrumentalidade, não se refere a instrumente o sim 
a sua capacidade, qualidade e propriedade adquiridas pelo profissional nas 
suas relações sociais: 
 
[...] uma reflexão mais apurada sobre o termo instrumentalidade

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