Buscar

Projeto de TCC Priscila Costa

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 34 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2
PRISCILA DE OLIVEIRA COSTA
PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: 
UMA ANÁLISE DOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
O Projeto de Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina de Projeto de TCC – do Curso de Serviço Social – do Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI, como exigência parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Nome do Tutor: Samara Correa Demétrio Bihl
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA I: 30 ANOS DE MARCO HISTÓRICO: A CONSTITUIÇÃO CIDADÃ DO BRASIL
ESQUEMA: VALORES UNIVERSAIS DO SERVIÇO SOCIAL.
SUMÁRIO
51 INTRODUÇÃO
62 APRESENTAÇÃO DO TEMA
82.1 CENTRO DE REFERENCIA DE ASSITENCIA SOCIAL - CRAS
92.1.2 PROGRAMA DE ATENÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL AS FAMÍLIAS -PAIF
102.1.3 CADASTRO ÚNICO PARA PROGRAMAS SOCIAIS
112.1.4 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
122.1.5 LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS)
133 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL
194 JUSTIFICATIVA
255 OBJETIVOS DA PESQUISA
255.1 OBJETIVO GERAL
255.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
256 METODOLOGIA DE PESQUISA
267 LOCAL DE ESTUDO
278 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
289 CONSIDERAÇÕES FINAIS
29REFERÊNCIAS
32ANEXOS
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho é fruto de inquietações que se acumularam ao longo do curso de Serviço Social e no campo de estágio, realizando uma análise dos benefícios eventuais da política de assistência social dentro da Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação do Município de Criciúma onde se pode perceber como as expressões da questão social se manifestam nas necessidades dos usuários, e também como é realizado o trabalho do Assistente Social frente às demandas que lhes são postas, possibilitando-me uma reflexão acerca da Política de Assistência Social no campo da proteção social, através dos benefícios eventuais.
A pesquisa foi realizada a partir dos elementos capturados durante o período de estágio, um espaço caracterizado por demandas imediatas, respondidas através de Benefícios eventuais previstos na Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), que se fundamenta em um modelo de provisão de proteção social básica de caráter suplementar temporário, destinados aos cidadãos e às famílias impossibilitadas de arcar com suas necessidades básicas.
Os estados são responsáveis pelo financiamento dos Benefícios Eventuais junto aos municípios. (BRASIL, 2016), atendendo a situações emergenciais realizando um levantamento dos benefícios eventuais como modalidade de proteção social básica da Política de Assistência Social, problematiza-se a concessão desses benefícios. A regulamentação dos Benefícios Eventuais e a organização do atendimento aos beneficiários são responsabilidade dos municípios e do Distrito Federal, os quais devem observar os critérios e prazos estabelecidos pelos respectivos Conselhos de Assistência Social.
Dentre os benefícios eventuais ofertados constam: o auxílio alimentação, fornecido através de cestas básicas; bem como auxílio documentação civil, que possibilita ao usuário a emissão de documentos como: registro de nascimento fora do Município, carteira de identidade, auxílio natalidade que permite a gestante aos 8 meses de gestação obter um kit enxoval para o bebê, também o auxílio locomoção, com o fornecimento de passagens municipais para fins como entrega de currículo, exames médicos e outros, intermunicipais e interestaduais para aqueles que pretendem regressar a sua cidade de origem, aluguel social, através da política de habitação, o aluguel é pago por seis meses para famílias que perderam suas residências em função de calamidade pública.
A relevância da pesquisa também se fez presente perante a escassez de material teórico referente aos Benefícios Eventuais e frente à conjuntura atual política e econômica do país, as desarticulações e as fragilidades se confirmaram como verdadeiros mecanismos de desconstrução das políticas e mais especificamente com prejuízos na consagração da autonomia e emancipação da vida dos usuários nas políticas sociais.
2 APRESENTAÇÃO DO TEMA
Para chegar ao modelo atual, os benefícios eventuais sofreram transformações ao longo da história do Brasil, antes da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social) eram basicamente Auxílio natalidade e funeral (Benefícios Eventuais no SUAS: Orientações Técnicas, 2018) fornecidos pela Previdência Social apenas a seus segurados e dependentes. A partir de 1993 com a LOAS passamos a uma nova etapa, pois os benefícios migram para a Assistência Social e são incorporados outros benefícios considerados importantes para as famílias em vulnerabilidade social, tornando-se um direito do povo e dever do Estado. 
O Centro de Referência de Assistência Social é uma unidade pública estatal responsável pela oferta de serviços continuados de proteção social básica da assistência social, com o objetivo de prevenir situação de risco e vulnerabilidade social por meio do desenvolvimento de potencialidades e de fortalecimento de vínculos familiares e comunitários (Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993). O CRAS é o espaço onde os serviços de proteção social básica são executados de forma direta e articulada com outras redes. A Assistência Social, enquanto política pública que compõe o tripé da Seguridade Social, considerando as características da população atendida por ela, deve fundamentalmente inserir-se na articulação intersetorial com outras políticas sociais como por exemplo, as políticas públicas de Saúde, Educação, Cultura, Esporte, Emprego, habitação, entre outras, para que as ações não sejam fracionadas e se mantenha o acesso e a qualidade dos serviços para todas as famílias e indivíduos.
Durante o período de estagio pôde-se perceber que o número de pedidos para o benefício eventual de auxílio alimentação era maior do que o município podia suprir, e em uma breve conversa com os usuários houve o entendimento da importância e do impacto desses benefícios na vida das famílias em situação de vulnerabilidade social.
 A partir desses dados levantou-se a questão, como sanar ou amenizar tal situação vivenciada em cada CRAS de Criciúma? Como enfrentar a dificuldade em escolher qual família terá seu direito garantido e qual não? E a partir disso, resolvemos fazer uma análise dos benefícios eventuais da política de assistência social e os critérios para sua concessão.
O Município de Criciúma tem cerca de 215 mil habitantes (IBGE 2010) sendo considerado um Município de grande porte que conta com 6 (seis) CRAS e uma Unidade Central de Assistência Social. Vale destacar que o auxílio alimentação é um dos benefícios mais procurados pelos usuários, que são em grande parte, famílias que vivem de trabalhos informais e por vezes precisam optar entre quitar as despesas básicas como água, energia elétrica e medicação ou comprar alimentação.
O benefício eventual visa o enfrentamento de imprevisibilidades sociais. Os requerentes, no momento da solicitação, estão vivenciando privações ou necessidades imediatas motivadas por eventos que fogem da vida habitual e que prejudicam a capacidade de enfrentá-los, como por exemplo, o desemprego, a baixa remuneração, as dificuldades com o tratamento de doenças ou outro contratempo que os faça destinar a renda a outros propósitos que não deixam de ser essenciais. Logo, essas necessidades exigem respostas imediatas do Estado para que a necessidade do cidadão ou da família seja atendida.
“O benefício eventual é um direito assegurado a todas as famílias e indivíduos que, no momento de contingência social, necessitem da proteção social imediata do Estado. Deste modo, pode-se afirmar que tal oferta pública contribui para a igualdade de acesso a direitos fundamentais, especialmente para assegurar a dignidade humana como um valor e um direito que é referência para os demais direitos.”
Ministério do Desenvolvimento Social - Benefícios Eventuais no SUAS: orientações técnicas
As famílias que procuram estes benefícios se encontram em uma situação de fragilidade e muitas vezes não tem a informação de que este é um direito constitucionale acreditam estar buscando algum tipo de ajuda ou favor, e o enfrentamento dessas questões e essencial para a conscientização da população vulnerável.
2.1 CENTRO DE REFERENCIA DE ASSITENCIA SOCIAL - CRAS
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é a porta de entrada da Assistência Social. É um local público, localizado prioritariamente em áreas de maior vulnerabilidade social, onde são oferecidos os serviços de Assistência Social, com o objetivo de fortalecer a convivência com a família e com a comunidade (BOVOLENTA, 2016).
O CRAS promove a organização e a articulação das unidades da rede socioassistencial e de outras políticas. Assim, possibilita o acesso da população aos serviços, benefícios e projetos de assistência social, tornando-se uma referência para a população local e para os serviços setoriais. Conhecendo o território, a equipe do CRAS pode apoiar ações comunitárias, por meio de palestras, campanhas, eventos e grupos atuando junto à comunidade na construção de soluções para o enfrentamento de problemas comuns, como falta de acessibilidade, violência no bairro, trabalho infantil, falta de transporte, baixa qualidade na oferta de serviços, ausência de espaços de lazer, cultural, entre outros.
De acordo com Kowarick (2016), o CRAS oferta o Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF) e o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). No CRAS, os cidadãos também são orientados sobre os benefícios assistenciais e podem ser inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
O CRAS Vila Miguel, foi inaugurado em 12 de dezembro de 2009, com sua sede própria na rua Isaura de Jesus dos Santos 510, Vila Miguel- Criciúma- SC. Atende a 14 bairros do Município tendo cadastradas cerca de 600 famílias. Atualmente temos em acompanhamento mensal 77 famílias, no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) estão inscritas 27 crianças e adolescentes de 07 a 14 anos, 11 adolescentes de 15 a 17 anos. No grupo do até 06, vinculado também ao SCFV, 9 crianças de 0 a 6 anos participam, e o grupo de idosos é composto por 10 integrantes. 68 famílias participam regularmente de grupos no âmbito do PAIF.
2.1.2 PROGRAMA DE ATENÇÃO E ATENDIMENTO INTEGRAL AS FAMÍLIAS -PAIF
De acordo coma Tipificação Nacional dos Serviços socioassistenciais (2014 p. 12) o Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF) tem a finalidade de promover a função protetiva das famílias, ou seja, fazer com que os vínculos familiares e comunitários sejam fortalecidos, que seus direitos sejam garantidos, que suas potencialidades sejam afloradas e desenvolvidas. Seu serviço é baseado no respeito a todos os modelos e arranjos familiares, valores, crenças e identidade familiar.
Dentro do CRAS, a equipe técnica do PAIF busca junto com as famílias o enfrentamento de situações de vulnerabilidade social e econômica, promovendo escuta qualificada e buscando seu momento de fala a fim de promover troca de experiencias e encontrar possibilidades para cada família de acordo com suas dificuldades. Deve também, trabalhar para que seus usuários tenham acesso a benefícios eventuais, programas de transferência de renda, e todos os direitos garantidos por lei para assim ter uma melhora em sua qualidade de vida.
Objetivos do PAIF:
· Fortalecer a função protetiva da família, contribuindo na melhoria da sua qualidade de vida;
· Prevenir a ruptura dos vínculos familiares e comunitários, possibilitando a superação de situações de fragilidade social vivenciadas;
· Promover aquisições sociais e materiais às famílias, potencializando o protagonismo e a autonomia das famílias e comunidades;
· Promover acessos a benefícios, programas de transferência de renda e serviços socioassistenciais, contribuindo para a inserção das famílias na rede de proteção social de assistência social;
· Promover acesso aos demais serviços setoriais, contribuindo para o usufruto de direitos;
· Apoiar famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meio da promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares. (Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, p. 13, 2014)
As ações do PAIF devem ser planejadas e avaliadas com a participação das famílias usuárias, das organizações e movimentos populares do território, visando o aperfeiçoamento do Serviço, a partir de sua melhor adequação às necessidades locais, bem como o fortalecimento do protagonismo destas famílias, dos espaços de participação democrática e de instâncias de controle social.
A família é o núcleo central do trabalho do PAIF, e sua participação no processo de desenvolvimento é fundamental. A equipe técnica precisa de ações estratégicas ao realizar um plano de acompanhamento familiar e envolver a família em todos os processos. 
2.1.3 CADASTRO ÚNICO PARA PROGRAMAS SOCIAIS
O Cadastro Único para Programas Sociais ou “Cadúnico” é um instrumento do Governo Federal que permite à Administração Pública conhecer a realidade socioeconômica de famílias de baixa renda.
A partir do ingresso no mesmo, o usuário pode ter acesso a diversos benefícios e serviços, de acordo com critérios pré-estabelecidos, como Programa Bolsa Família, tarifa social de água e energia elétrica, cursos profissionalizantes, Carteira do Idoso, Programa Minha Casa Minha Vida, contribuição no INSS para aposentadoria como dono (a) de casa, isenção de taxa para concurso público, entre outros (MOTA, 2015).
As famílias que desejam ser inscritas no Cadúnico devem atender a alguns critérios, os principais são:
· Responsável familiar (preferencialmente Mulher) maior de 16 anos
· Família com renda per capita de até meio salário mínimo ou
· Família com renda de até 3 salários mínimos
· Família que possua Beneficiário de Prestação Continuada
Vale destacar que, apesar de o objetivo do Governo Federal ser cadastrar todas as famílias brasileiras que são de baixa renda, o fato de elas serem cadastradas não garante que estarão participando dos programas sociais de transferência de renda, como por exemplo, o Programa Bolsa Família.
2.1.4 CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 é a sétima Lei Maior do país e a sexta de sua república. Foi a Lei que consolidou a transição de um regime autoritário, a Ditadura Militar (1964-1985) para um regime democrático (1985-atualidade). Conhecida como constituição cidadã, é um marco para os direitos dos brasileiros, pois traz garantias a liberdade civil e deveres ao Estado. 
Sendo o primeiro um regime no qual os direitos dos cidadãos eram restritivos e o segundo um regime no qual os cidadãos tiveram o poder de comando dentro da sociedade, a qual estão inseridos. A constituição de 1988 veio como uma alternativa plausível para tentar estabilizar os direitos dos cidadãos (BRASIL, 1998). A constituição tem por base, desta forma, a abolição de inviolabilidade dos direitos humanos pois cada indivíduo passa a ter seus direitos garantidos perante a sociedade e para tanto esta teve a colaboração popular para a sua construção, a qual teve como propósito assegurar seus direitos. 
Cabe aqui uma reflexão acerca do Serviço Social e da atual Constituição do Brasil. A partir da análise jurídica dos direitos do cidadão e da legislação social do Brasil, a Carta Magna, apresentou avanços e retrocessos no campo da política e da seguridade social. Segundo os princípios Constitucionais, os direitos sociais estão estabelecidos pelo artigo 6º “São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição”. (BRASIL, 1998).
Nota-se que, os direitos sociais sempre estiveram presentes no Brasil, assim como nas constituições anteriores, através dos movimentos sociais. Desta forma, é perceptível que os Direitos Sociais sejam frutos da própria necessidade da sociedade em busca dos seus direitos e da sua própria essência. OsDireitos Sociais são direitos fundamentais do homem, caracterizando-se como verdadeiras liberdades positivas, tendo por finalidade a melhoria das condições de vida aos hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social.
Figura I: 30 anos de marco histórico: a Constituição Cidadã do Brasil
Fonte: APCF/SP1. Disponível em: https://www.apcefsp.org.br/noticias/30-anos-de-marco-historico-constituicao-cidada-do-brasil p. 12
2.1.5 LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (LOAS)
A Assistência Social atribuiu ao Estado o dever de garantir o mínimo indispensável à sobrevivência do indivíduo privado de suas necessidades essenciais. Isso reflete a preocupação em prover o mínimo ao cidadão, não importando quais as causas que o levou a se enquadrar na situação atual.
A inexistência dos direitos mínimos vitais ou chamado mínimo existencial se faz necessária para que entre em ação a proteção assistencial. Neste sentido, surgiu a Lei nº 8.742/93, que dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências, e legislação correlata. A Lei Orgânica da Assistência Social estabeleceu o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), e foi de significativos avanços para a política de Assistência Social como política pública no âmbito da seguridade social, garantidora de direitos e referência do compromisso do Estado Brasileiro. A partir desta legislação, pôde-se ter mais ferramentas na tentativa de se superar a pobreza extrema e a redução da desigualdade social (MOTA, 2015).
A Lei Orgânica da Assistência Social é uma legislação com destinação muito específica. Ela se dirige àqueles que dela necessitam, conforme consta no artigo 203 da Constituição Federal de 1988. Os governos estaduais, a partir do SUAS, contam com Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) em todos os Estados e estes CRAS têm sido fundamentais na organização e na oferta de serviços em seus respectivos territórios. Assim, enquanto o Estatuto regulamenta o artigo 227 da Constituição Federal, a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) regulamenta os artigos 203 e 204. A Política de Assistência Social não tem como destinatários o conjunto da população, mas aquele subconjunto que se encontra em estado de necessidade. Para que a LOAS tenha concretude em suas orientações é necessário investir na qualificação dos profissionais e ampliar a cobertura do programa de transferência de renda para atuar no enfrentamento à extrema pobreza (DELEG/UPOP, 2019).
3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA E A RELAÇÃO COM A QUESTÃO SOCIAL
A problematização entre pobreza, questão social e política social se dá pela divisão social do trabalho, dividindo-se entre os possuidores, detentores dos meios de produção, que no caso, são os empregadores, e aqueles que não detêm os meios de produção, os trabalhadores, constituindo assim, a classe dominante e a classe dominada que coexistem na sociedade capitalista: burguesia e proletariado. (MARX e ENGELS, 1997).
Com a instauração do capitalismo industrial concorrencial na terceira década do século XIX, surge a expressão “questão social”, ocasionando o fenômeno denominado pauperismo. Lamentavelmente, para a ordem burguesa que se consolidava, os pauperizados não se conformaram com a sua situação: da primeira década até a metade do século XIX, seu protesto tomou as mais diversas formas, da violência luddista à constituição das trade unions, configurando uma ameaça real às instituições sociais existentes. Foi a partir da perspectiva efetiva de uma eversão da ordem burguesa que o pauperismo designou-se como “questão social”. (SPOSATI, 2017, p. 104).
Trata-se de classes que vivem uma relação contínua de antagonismos e contradições, cuja organização ocorre segundo uma lógica favorável à expansão e acúmulo contínuos do capital, o que coloca o indivíduo escravizado pelas relações e condições perversas de trabalho, condenando-o a uma vida miserável em função das jornadas de trabalho cada vez mais intensas. Isso ocorre devido ao fato de a força de trabalho ser a única mercadoria que o trabalhador dispõe para vender e, em troca, receber uma remuneração, um salário com o qual possa suprir suas necessidades básicas.
Segundo Sposati (2001), na acepção mais imediata e generalizada, pobreza significa falta de renda ou pouca renda. Uma definição mais criteriosa vai definir pobreza como um estado de carência, de privação, que pode colocar em risco a própria condição humana. Ser pobre é ter, portando, sua humanidade ameaçada, seja pela não satisfação de necessidades básicas (fisiológicas e outras), seja pela incapacidade de mobilizar esforços e meios em prol da satisfação de tais necessidades. A problematização da pobreza enquanto questão social se constrói, progressivamente, em torno à definição do que são “necessidades”, que são, portanto, uma convenção sujeita a evolução.” Na medida em que a produção de riquezas aumentava, havia também o aumento da pobreza que o modo de produção capitalista tende a “naturalizar”, culpabilizando o indivíduo, e não o sistema, como se o pobre fosse o culpado pelas condições em que vive.
Nesta linha, o capitalismo monopolista, pelas suas dinâmicas e contradições, cria condições tais que o Estado por ele capturado, ao buscar legitimação política através do jogo democrático, é permeável a demandas das classes subalternas, que podem fazer incidir nele seus interesses e suas reivindicações imediatos.
Reafirmando a lógica de uma sociedade baseada em privilegiar o setor econômico em detrimento do social, as políticas sociais refletem uma contradição, pois ao mesmo tempo em que representa para os trabalhadores uma conquista, como reconhecimento das lutas por direitos sociais, também se configuram como estratégias dos setores dominantes para conter essa mesma luta.
Os benefícios eventuais na gestão do município de Criciúma (SC) são vinculados à Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação, e conta com Assistentes Sociais para que sejam feitas as devidas avaliações e sejam atendidas as demandas emergentes. 
O Benefício auxilio alimentação, a tão conhecida “cesta básica”, é fornecido pelo CRAS, e quando suas possibilidades se esgotam, a secretaria é contatada para tentar sanar essa demanda em caráter de urgência. No entanto, nem todas as demandas podem ser atendidas. Isso ocorre porque o profissional fica condicionado à existência de recursos para atendê-las. Com o auxílio da rede socioassistencial, o profissional realiza os encaminhamentos de acordo com a demanda apresentada pelo usuário.
O atendimento procede da acolhida, escuta qualificada, cadastramento (realizado no CRAS, caso não haja, é orientado a fazê-lo), e relatório, ou seja, ao passar pelo atendimento o usuário é acolhido e questionado quanto à situação em que se encontra, logo, de acordo com a conclusão do profissional, analisando as particularidades do usuário, que é atendido ou não com o benefício solicitado.
Este serviço é regido pela LOAS/1993 e consolidado a partir de 2011 com a instauração do SUAS. Conta com os profissionais, Assistentes Sociais responsáveis por garantir a viabilização desses benefícios aos usuários. Os benefícios ofertados são: auxílio funeral, auxílio natalidade, documentação civil, auxilio alimentação, auxílio foto e auxílio Locomoção. Para o acesso aos benefícios é necessário efetuar cadastro no equipamento em que o benefício será requerido.
Desta forma, a secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação na forma de seus respectivos equipamentos, recebe usuários que se encontram em situação de vulnerabilidade social e econômica.
O caderno de orientações técnicas sobre os benefícios eventuais no SUAS (2018) orienta que as situações de vulnerabilidade temporária demandam intervenção imediata do Estado com os benefícios eventuais, e não ofertar estes benefícios significa a negação dos direitos de famílias que vivenciam tais situações. Benefícios eventuais devem ser providenciados com agilidade e qualidade para o enfrentamento de suas adversidades.
A oferta de benefício eventual nessa situação objetiva garantir o restabelecimentodas Seguranças Sociais que foram comprometidas com o evento incerto. Envolve o processo de acolhida e recuperação da autonomia dos sujeitos sociais, promovendo tanto o acesso a bens materiais quanto imateriais no restabelecimento do convívio familiar e comunitário dos beneficiários. (Orientações técnicas sobre benefícios eventuais no SUAS, 2018 p. 36)
O caderno evidencia a diferença entre vulnerabilidade e vulnerabilidade temporária que é o propósito do benefício eventual. Também nos traz alguns adendos a respeito dos benefícios previstos para vulnerabilidade temporária e calamidade pública, e instrui algumas modalidades de benefícios eventuais a serem utilizados no enfrentamento de suas fragilidades.
· Auxílio funeral: constitui-se em um benefício eventual não contributivo da Assistência Social, com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade provocada por morte de membro da família. Sua concessão se dá na forma de custeio das despesas de urna funerária, de velório e de sepultamento; Ressarcimento no caso de perdas e danos causados pela ausência do benefício eventual no momento em que este se fez necessário. Os critérios para sua concessão são: I - Possuir renda per capita de um salário mínimo; II – Apresentar certidão de óbito. Após o requerimento, o benefício deverá ser concedido no prazo de até 30 dias. O auxilio funeral pode ser requerido por um membro da família beneficiária: mãe, pai, parente até segundo grau ou pessoa autorizada mediante procuração e serviços da rede socioassistencial;
· Auxílio Documentação Civil: de acordo com o Art. 15 da Resolução nº05, o benefício eventual na forma de auxílio documentação constitui-se em uma prestação temporária, garantindo aos cidadãos e às famílias a obtenção dos documentos de que necessitam e que não dispõem de condições para adquiri-los. É destinado aos cidadãos e às famílias, preferencialmente, para a aquisição dos seguintes documentos, tais como: I – Isenção de Segunda Via do Registro de Nascimento fora do Município; II – Isenção de segunda via da Carteira de Identidade. Os critérios para sua concessão são: I - Emissão do Parecer Social emitido pelo Assistente Social do equipamento, compreendendo o recolhimento de taxas, fotografias e, se necessário, o deslocamento do beneficiário;
· Auxílio Alimentação: Esse benefício eventual na modalidade de cesta básica, constitui-se na provisão de alimentos a fim de reduzir a vulnerabilidade provocada pela falta de condições socioeconômicas. Os critérios para sua concessão são: Deve ser assegurado o acompanhamento da família ou da pessoa conforme o estabelecido no SUAS, em serviço constante da Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais e indicada outras provisões que auxiliem as famílias no enfrentamento das situações de vulnerabilidade. I – Avaliação socioeconômica; II – Renda per capita base de meio salário mínimo; III – Desemprego, morte e/ou abandono pelo provedor do grupo familiar; V – Nos casos de emergência e calamidade pública;
· Auxílio Locomoção: Esse benefício eventual consiste no fornecimento de passagens municipais, intermunicipais e interestaduais (através de convênio com empresas prestadoras de serviço de transporte de passageiros). Municipais: destinado a pessoas em situação de vulnerabilidade econômica que buscam entregar currículo, entrevista de emprego, realizar documentação civil, realizar consultas médicas e exames entre outros.
_ Intermunicipais e Interestaduais: destinado a pessoas em situação de rua que pretendem regressar a sua cidade de origem ou cidade com familiares.
· Auxílio Natalidade: Esse benefício eventual consiste no fornecimento de um kit enxoval de bebê fornecido pela Entidade Bercinho do Amor em parceria com a Prefeitura Municipal de Criciúma. A gestante a partir dos 8 meses de gestação, pode realizar a solicitação junto ao CRAS da sua região e a partir do parecer do Assistente Social retirar o seu kit diretamente na entidade.
· Auxílio Foto: Trata-se da isenção de fotos 3x4 para fins de documentação civil, currículos e outros.
· Benefício Eventual para pagamento de Aluguel: Em casos de perda da residência por situações de incêndio, enchentes ou qualquer outra situação de calamidade que seja necessário que a família deixe sua moradia, o Estado deve garantir o pagamento de aluguel em caráter temporário.
Existem desafios na consolidação dos princípios e diretrizes trazidos pelas políticas de assistência social dos benefícios eventuais do município que, culturalmente, reproduz uma assistência social à margem de outras políticas para minimizar os impactos da questão social. Quebrar esse paradigma e construir uma política de direito é por si só um desafio, principalmente se levarmos em conta o fato de se tratar de um país com uma das maiores concentrações de renda e uma das maiores desigualdades sociais do mundo.
Há também o desafio de dissolver modelos e práticas ainda existentes na sociedade, que insistem em operar uma assistência social de caráter compensatório e provisório, tanto por parte dos governos que não veem a assistência social na perspectiva do direito. A assistência social, tal como concebida na Constituição Federal de 1988, deve ser apreendida como uma política pública de proteção social que integra benefícios, serviços, programas e projetos voltados para a satisfação das necessidades humanas básicas.
Entendo que a pouca divulgação dos benefícios eventuais enquanto direito que integram esta política pública, impede que os mesmos sejam reconhecidos enquanto direito do cidadão, mas sim como práticas clientelistas que, historicamente, marcam o campo da assistência social no Brasil.
A operacionalização da Assistência Social de caráter compensatório, tanto por parte dos governos quanto dos próprios usuários, também impede o avanço dos benefícios eventuais na perspectiva do direito do cidadão. E não podemos esquecer que, tal como advertido por Sposati (2015), quando comenta que a proteção social em momentos emergenciais tidos como de vulnerabilidade, exigem do governo uma intervenção ágil e dentro de uma perspectiva orgânica e ampliada de proteção social como direito do cidadão, capaz de ressignificar a vida, a dignidade e a resistência necessárias à conquista da emancipação humana.
4 JUSTIFICATIVA
O Serviço Social é uma profissão cuja identidade é marcadamente histórica fundamentada na realidade social como sua matéria-prima e as múltiplas expressões da questão social. Ao pensarmos nas especificidades em Serviço Social e em seu profissional atuando diretamente na assistência social, podemos entender que sua formação permite uma visão ampla da realidade social e da instituição onde está inserida. 
Como profissão de natureza eminentemente interventiva, que atua nas dinâmicas que compõe a sociedade, este profissional participa de um processo amplo de trabalho consolidando seu significado em suas relações com as demais profissões e com as práticas que se direcionam para o enfrentamento das situações de violações de direitos que afetam as condições de vida da população em geral. (BEHRING; BOSCHETTI, 2015, p. 134).
Suas competências o diferenciam de outras profissões, pois possibilita, de acordo com Brito (2001, p. 78) “ter uma visão das condições de vida do paciente, discutir o processo da adoeça e resguardar a família”. Na medida em que o usuário se fragiliza devido a vulnerabilidade social, algumas vezes agravada por problemas em sua família, necessita ser acolhido e ouvido, tendo espaço para expressar suas angústias, esclarecer dúvidas e ser percebido em toda sua amplitude.
Segundo Mota (2015, p. 173) “a dimensão ética do profissional de Serviço Social é constitutiva da identidade da profissão”. Os valores éticos que fundamentam a prática do Serviço Social se baseiam em um projeto ético político expresso em um Código de Ética, aprovado pela Resolução do CFESS n. 273/93, com alterações posteriores, bem como da Lei n. 8662/93, que regulamenta o exercício profissional.
Para Bonetti (2010, p. 89) “a ética da proteção social como direito reforça a importânciadas capacidades que podem ser desenvolvidas no contexto inserido”. Como área de intervenção na realidade social, o Serviço Social se mobiliza na perspectiva da assistência integral ao usuário atendido. Cabe ao Assistente Social encaminhar e intermediar solicitações e oferecer ao usuário uma nova perspectiva diante das situações enfrentadas. Deve também esclarecer e orientar a família sobre a importância de participarem deste processo para o resgate de vínculos que se encontram fragilizados em algumas ocasiões.
(...) é preciso que se acesse e se articule políticas públicas e sociais bem como instituições que envolvam direitos de cidadania, exigindo do assistente social uma prática baseada na razão crítica e na compreensão dos usuários como sujeitos de suas histórias de vida. (MONTAÑO, 2014, p. 11).
A humanização deve ser vista como uma política que opere através do trabalho do Assistente Social. A ética, fundamental na profissão deve exprimir a capacidade de saber fazer e sua intencionalidade na busca de ampliar a participação social, estimulando os familiares, por exemplo, a participarem dos conselhos, conferências ou outros fóruns de apoio a comunidade. De acordo com Sposati (2015, p. 71) “humanizar é ofertar atendimento de qualidade articulando os avanços tecnológicos com acolhimento, com melhoria dos ambientes de cuidado e das condições de trabalho”. Desta forma, a importância do trabalho do Assistente Social legítima demandas de interesse dos usuários e empenhar-se na viabilização de seus direitos sociais através dos programas e políticas de sociais. Segundo Vieira (2005, p. 68) compete ao Assistente Social:
· Contribuir para a alteração da correlação de forças institucionais;
· Apoiar as legítimas demandas de interesse do usuário e sua família;
· Empenhar-se na viabilização de seus direitos sociais, através dos programas e políticas sociais;
· Entender a transformação da realidade como um processo que exige a participação de todos os envolvidos.
O acompanhamento social visa conhecer os problemas vividos no dia-a-dia dos usuários e seus familiares e que possa de alguma forma intervir e auxiliar no enfrentamento de situações de vulnerabilidade social e fragilidade de vínculos. Os atendimentos do Serviço Social estão voltados aos usuários e os seus familiares, nunca esquecendo o compromisso com a igualdade social e humanização no atendimento (NETTO; COUTO, 2014). 
O compromisso do profissional de Serviço Social deve nos fazer avançar na sistematização de suas ações e na construção de conhecimentos. Seu olhar comprometido, de acordo com IAMAMOTO (1998, p.80), “cada vez mais são imprescindíveis profissionais comprometidos com o enfrentamento das mais variadas expressões da questão social”.
Ian1 (2004, p. 101-102) ainda complementa que “pela vulnerabilidade compreendem-se os aspectos que vão além do individual”. Assim abrange aspectos coletivos, contextuais, que levam à suscetibilidade das questões sociais. O profissional em Serviço Social atuando na área da proteção social básica vive numa tensão constante entre as exigências postas pelas diversidades das demandas do dia-a-dia e pela expectativa de resultado sobre suas ações, alicerçadas na sua ética-política.
A profissão de Assistente Social considera uma questão ética de submeter-se a processos transparentes, públicos, na medida em que se defende princípios de democracia e de probidade.  De acordo com Behring; Boschetti (2015), existe um conjunto de direitos postos para o Assistente Social no Código de Ética Profissional, dentre eles é direto do profissional:
· Inviolabilidade do local de trabalho e respectivos arquivos e documentação, garantindo o sigilo profissional;
· Desagravo público por ofensa que atinja a sua honra profissional;
· Dispor de condições de trabalho dignas, seja em entidade pública ou privada, de forma a garantir a qualidade do exercício profissional;
· Manter sigilo profissional para proteger o usuário em tudo aquilo que o Assistente Social tome conhecimento, como decorrência do exercício da atividade de trabalho;
· Ampla autonomia no exercício da profissão, não sendo obrigado a prestar serviços profissionais incompatíveis com as suas atribuições, cargos ou funções.
De acordo com Kowarick (2016), existe um conjunto de deveres postos para o Assistente Social no Código de Ética Profissional, dentre eles é dever do profissional:
· Democratizar as informações e o acesso aos programas disponíveis no espaço institucional, como um dos mecanismos indispensáveis à participação dos usuários;
· Denunciar às autoridades e aos órgãos competentes, casos de violação da Constituição Federal e dos Direitos Humanos, quanto a: corrupção, maus tratos, torturas, ausência de condições mínimas de sobrevivência, discriminação, preconceito, abuso de autoridade, agressão ou falta de respeito à integridade física, social e mental do cidadão;
· Abster-se, no exercício da profissão, de práticas que caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes;
· Garantir a plena informação e discussão sobre as possibilidades e consequências das situações apresentadas, respeitando democraticamente as decisões dos usuários, mesmo que sejam contrárias aos valores e às crenças individuais dos profissionais;
· Empenhar-se na viabilização dos direitos sociais dos usuários, através dos programas e políticas sociais;
· Respeitar a autonomia dos movimentos populares e das organizações dos trabalhadores.
De acordo com Sposati (2017), é vedado ao Assistente Social no Código de Ética Profissional, dentre eles, veda-se ao profissional:
· Revelar sigilo profissional;
· Praticar e ser conivente com condutas que não sejam éticas, crimes ou contravenções penais na prestação de serviços profissionais;
· Acatar determinação institucional que fira os princípios e diretrizes do Código de Ética Profissional.
A história recente da sociedade brasileira, polarizada pela luta dos setores democráticos contra a ditadura e, em seguida, pela consolidação das liberdades políticas, propiciou uma rica experiência para todos os sujeitos sociais. Particularmente para as categorias profissionais, este cenário revisitou as questões do seu compromisso ético-político e da avaliação da qualidade dos seus serviços. 
 ESQUEMA: VALORES UNIVERSAIS DO SERVIÇO SOCIAL
 Fonte: www.panoramasocial2012.wordpress.com/o-assistente-social. Acesso 13 de maio de 2020.
A profissão de Assistente Social enquadra-se no subgrupo “Especialistas das Ciências Sociais e Humanas” de acordo com a Classificação Nacional das Profissões, fazendo mais especificamente parte dos especialistas do trabalho social. O título, autorizado por lei, de Assistente Social é exclusivo para os licenciados em Serviço Social, titulo que pode ser obtido em vários estabelecimentos de ensino superior privados e públicos do nosso país. Assim, e de acordo com as orientações emanadas das estruturas internacionais, o Serviço Social, enquanto disciplina profissional, visa o maior bem-estar e desenvolvimento dos seres humanos (VIEIRA, 2005).
Nestas décadas, o Serviço Social experimentou no Brasil um profundo processo de renovação. Na intercorrência de mudanças ocorridas na sociedade brasileira com o próprio acúmulo profissional, o Serviço Social se desenvolveu teórica e praticamente. A resolução CFESS n.º 273/93 Institui o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais e dá outras providências. Considerando que o XXI Encontro Nacional CFESS/CRESS referendou a proposta de reformulação apresentada pelo Conselho Federal de Serviço Social; resolve sobre os direitos e das responsabilidades gerais do assistente social, de acordo com o CFESS: 
Art. 2º - Constituem direitos do assistente social: a) garantia e defesa de suas atribuições e prerrogativas, estabelecidas na Lei de Regulamentação da Profissão e dos princípios firmados neste Código; b) livre exercício das atividades inerentes à Profissão; c) participação na elaboraçãoe gerenciamento das políticas sociais, e na formulação e implementação de programas sociais; 
Art. 3º - São deveres do assistente social: a) desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e responsabilidade, observando a legislação em vigor; b) utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da Profissão; c) abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes; 
Art. 4º - É vedado ao assistente social: a) transgredir qualquer preceito deste Código, bem como da Lei de Regulamentação da Profissão; b) praticar e ser conivente com condutas anti-éticas, crimes ou contravenções penais na prestação de serviços profissionais, com base nos princípios deste Código, mesmo que estes sejam praticados por outros profissionais; c) acatar determinação institucional que fira os princípios e diretrizes deste Código; d) compactuar com o exercício ilegal da Profissão, inclusive nos casos de estagiários que exerçam atribuições específicas, em substituição aos profissionais (BRASIL, 2016).
A exposição dos direitos e deveres do profissional são o ponto de partida para a consolidação de um Código de Ética Profissional representando uma dimensão ética da profissão, tendo caráter normativo e jurídico. Assim, pode-se delinear parâmetros para o exercício profissional buscando a legitimação social da profissão e a garantia da qualidade dos serviços prestados. Assim, pode-se expressar a renovação e o amadurecimento teórico-político do Serviço Social e evidencia em seus princípios fundamentais, o compromisso ético-político assumido pela categoria.
5 OBJETIVOS DA PESQUISA
5.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo é conhecer e problematizar alguns benefícios eventuais enquanto modalidade de proteção básica da política de assistência social.
5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
· Observar como ocorre a implementação destes benefícios;
· Analisar os critérios que possibilitam o acesso do usuário aos benefícios;
· Enfatizar a problematização referente à atuação do Serviço Social no interior das instituições e a organização e execução da concessão dos benefícios eventuais.
6 METODOLOGIA DE PESQUISA
Este trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica que consiste em uma revisão geral da literatura científica a respeito da análise dos benefícios eventuais da política de assistência social. Neste sentido, pesquisou-se nas bases de dados disponíveis em língua portuguesa, tais como SciElo, Lilacs, google acadêmico, entre outros; usando como palavras chave de pesquisa: Assistência Social. Benefícios. Lei Orgânica. 
A busca de artigos foi realizada por meio de acesso eletrônico as bases de dados pelo portal do Ministério da Cidadania e secretaria municipal de Assistência Social e Habitação do Município de Criciúma (SC) e além desses, somou-se a pesquisa de publicações inerentes ao assunto, de naturezas diversas, tais como artigos de jornais e revistas na área da Assistência Social. 
A metodologia determina de que forma uma pesquisa será realizada. É a descrição das etapas de investigação articulando conteúdos teóricos para fundamentar a produção textual. A escolha metodológica corresponde à necessidade e conhecimento do objeto definindo o método, os procedimentos e as estratégias (MINAYO, 2013).
A expressão geral de busca utilizando os descritores combinados foi: “benefícios eventuais da política social da assistência social”. O referencial bibliográfico deste estudo foi realizado a partir da escolha de literaturas, procura explicar o problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas existentes sobre o tema. Este processo de busca, análise e descrição de um corpo do conhecimento ajuda na busca da resposta de nossa pergunta específica. A ‘literatura’ também cobre todo o material relevante que é escrito sobre um tema: livros, artigos de jornais, registros históricos, teses e dissertações e outros tipos.
Um dos pontos relevantes para este trabalho é obter resultado esperado para ascender ao conhecimento da realidade sobre o problema. A elaboração deste estudo se deu no desenvolvimento das análises sobre trabalhos científicos em diversas fontes, a fim de adquirir conhecimento sobre os benefícios eventuais da política de assistência social.
7 LOCAL DE ESTUDO
Como local de estudo para o presente projeto foi utilizado o CRAS Vila Miguel, como já supracitado, localizado na rua Isaura de Jesus dos Santos, 510 – Vila Miguel, Criciúma – SC. Seu horário de funcionamento se dá das 08 as 17h de segunda a sexta-feira. Atende os mais diversos tipos de demandas relacionadas a assistência social e enfatizo a procura por benefícios eventuais.
Local esse, onde pude correlacionar teoria e pratica sendo supervisionada pela grande amiga e excelente profissional Graziela Costa Loureço. Quero aqui registrar meu carinho e agradecimento a essa profissional que tanto me ensinou durante o período de estágio e tanto me instiga a querer sempre ser uma profissional melhor.
De acordo com PIERITZ e MONTIBELLER (2011) “Essa relação entre teoria e prática estabelece um movimento entre o saber e o fazer”, e fundamentada nisso, reconheço a extrema importância na realização do estágio supervisionado para conhecer a realidade a ser enfrentada na vivência do profissional de serviço social.
8 DISCUSSÕES DOS RESULTADOS
O estágio obrigatório I, II e III realizado no CRAS Vila Miguel de Criciúma me proporcionou acompanhar a práxis profissional da Assistente Social em atendimentos individuais, escutas qualificadas, visitas in loco, palestras, reuniões de grupos e atendimentos individuais de concessão de benefícios. Pude também vivenciar e auxiliar em projetos para eventos como o dia da consciência negra, tive a liberdade para organizar, convidar a palestrante e preparar a sala de reuniões com ilustrações acerca do assunto.
O projeto de intervenção, foi focado na busca de parcerias com empresas privadas para a capitação de recursos para o beneficio eventual de auxilio alimentação. No entanto, ao realizarmos contato com as empresas de nossa região, percebemos que em cada instituição contatada já havia um projeto semelhante realizado pela Cruz Vermelha de Criciúma e que seria muito difícil seguir adiante com nosso projeto.
Do mesmo modo que sabemos a dificuldade enfrentada pelos técnicos por terem recursos escassos a serem distribuídos para seus usuários, sabemos também, que os usuários nem sempre compreendem o sinônimo de eventual. A partir disso, desenvolvemos um folder explicativo com uma linguagem simples e de fácil entendimento que estão sendo anexados em cada cesta básica e estará disponível nos anexos deste trabalho.
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devido ao atual cenário político do País, a Assistência Social tem sofrido grandes impactos e até mesmo risco de desmonte. Nesse sentido é preciso reafirmar a importância do SUAS e sair em defesa da Assistência Social como política pública de direito dos cidadãos e dever do Estado.
Através do SUAS centenas de criciumenses são atendidos com benefícios eventuais da proteção social básica mensalmente, e esses usuários são atendidos todos os dias por trabalhadores sociais. Os benefícios assistenciais e o funcionamento da rede socioassistencial promovem o desenvolvimento e possível autonomia das famílias beneficiadas.
Meu projeto de intervenção esteve focado no encontro de parcerias para a captação de recursos para o auxílio alimentação, porém diante da pandemia nosso suprimento de cestas básicas quase quadruplicou, no mês de abril por exemplo, conseguimos distribuir 38 cestas básicas (RMA), além disso houveram dias em que foram feitas ações sociais com a distribuição de 3 Kg de arroz e um frango, em outra ação materiais de limpeza e álcool em gel, frutas e verduras e outros insumos para o enfrentamento da pandemia.
Pode-se perceber que os indivíduos passaram a olhar com mais empatia e solidariedade ao próximoem uma situação de crise mundial. Em contrapartida, percebe-se também o grande constrangimento de algumas famílias ao serem expostas pela sua situação vulnerável.
Existe uma “carga” histórica acerca da política pública de assistência social como sendo esta a política caridosa e assistencialista, e é primordial que esse vínculo com a caridade seja rompido para que esta passe a ser compreendida tanto pelo poder público quanto pelos próprios usuários, como um DIREITO, ou seja, ninguém precisar se constranger ou se sentir constrangido por estar em uma situação de vulnerabilidade, pois o direito à alimentação está previsto na constituição e deve ser respeitado.
REFERÊNCIAS
BEHRING, Elaine R; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 8 ed.. Biblioteca básica de serviço social, v.2. São Paulo: Cortez, 2015.
BOVOLENTA, Gisele A. Os benefícios eventuais previstos na LOAS: o que são e como estão. Revista Serviço Social e Sociedade, Avaliação de sua gestão. VII Jornada Internacional Política Públicas, 2016.
BRASIL. Cartilha, Benefícios Eventuais no SUAS – Panorama Nacional sobre os Benefícios Eventuais BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Centro Gráfico do Senado Federal, 1998.
__________. Secretaria Nacional de Assistência Social. 2016. Disponível em:www.ipcundp.org/doc/missao/programas/SNAS.pdf. Acesso em: 08 mar 2020.
BRITO, Maria A. Plantão Social: o difícil caminho de superação do assistencialismo para a construção de uma política pública de direitos para plena cidadania. São Paulo: PUC- SP, 2001. 215 p. Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2001. 
DECEG/UFOP- IPC-Criciúma-Boletim Informativo – Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina/2019. 
KOWARICK, Lucio. Viver em risco: sobre a Vulnerabilidade no Brasil Urbano São Paulo, Editora 34, 2016.
MARX, K; ENGELS, F. Obras escolhidas. Lisboa: Edições Avante / Moscou: Edições Progresso, 1997.
MONTAÑO, Carlos. Pobreza, "questão social" e seu enfrentamento. Serv. Soc. Soc.. ISSN 0101-6628, 2014.
MOTA, Ana E. O Mito da Assistência Social: ensaios sobre Estado, política e sociedade. 6 ed. São Paulo, Cortez, 2015.
NETTO, José P; COUTO, Eduardo L. Atendimento imediato do Plantão Social na Secretaria de Assistência Social, Cidadania e sua repercussão no serviço social na contemporaneidade. Seminário Integrado – ISSN – 1983-0602, Vol. 8, 2014. 
SPOSATI, Adalgiza de O. Assistência na trajetória das Políticas Sociais Brasileiras. 8 ed. São Paulo, Cortez, 2015.
__________. Desafios para fazer avançar a política de Assistência Social no Brasil. Revista Quadrimestral de Serviço Social, Ano XXII, n. 68, Nov. 2001.
_________. Assistência Social no Brasil 1983-1990. 6ed. São Paulo, Cortez, 2017.
VIEIRA, Danielle K. Emancipação Política x Emancipação Humana: Desvendando o real significado do Plantão Social. VII Jornada Internacional Política Públicas, 2005.
PIERITZ, Vera Lucia H. MONTIBELLER, Cristina. Reflexões sobre a importância e a necessidade do estagio supervisionado em Serviço Social na Educação Superior a distancia no Brasil. Brasil - Santa Catarina – Indaial (05/2011).
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, População Estimada para Criciúma em 2019, Censo de 2010. Disponível em:
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/sc/criciuma/panorama Acesso em 12 de março de2020.
_________. CRICIÚMA, Secretaria Municipal de Assistência Social e Habitação, Registro Mensal de Atendimentos (RMA), 2020.
TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Brasília, reimpressão de 2014.
BRASIL, Ministério do Desenvolvimento Social, Secretaria Nacional da Assistência Social, Orientações técnicas sobre Benefícios Eventuais no SUAS, 2018.
ANEXOS
		
Centro Universitário Leonardo da Vinci
Curso Bacharelado em Serviço Social
PRISCILA DE OLIVEIRA COSTA 
(SES 0455) 
PROJETO DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO: 
UMA ANÁLISE DOS BENEFÍCIOS EVENTUAIS DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
CRICIUMA SC
2020
CIDADE
ANO

Outros materiais