Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Sati Tatiana Themer Medeiros Faculdade Galileu SHIMIZU, Helena Eri. Como os trabalhadores de enfermagem enfrentam o processo de morrer. Brasilia: REBEn, 2007. A resenha apresentada a seguir trata de um assunto referente aos sentimentos vivenciados e a forma com que os profissionais da área da enfermagem vivenciam a morte dos pacientes. Dentro das UTIs os pacientes enfrentam diversos sentimentos de ansiedade relacionados a morte, principalmente quando percebem que a gravidade do quadro clínico vem piorando. Para os profissionais da área da enfermagem que lidam com isso diariamente não é uma tarefa fácil lidar com o sofrimento dos pacientes que se encontram nessa situação. De um lado vemos o profissional da saúde tendo de cumprir seu papel e do outro um paciente que não pode sequer ser o protagonista da própria morte, sendo sujeitado á picadas de agulha, medicações e sondas. Aso longo de toda a trajetória profissional dentro da UTI a humanização tem sido algo bastante preocupante durante o processo de morrer. Por esse motivo o objetivo desse estudo foi o de analisar e identificar estratégias desenvolvidos pelos trabalhadores da enfermagem no enfrentamento da morte dos pacientes. Durante o estudo realizado foi mostrado que há uma representação de frieza no que diz respeito a morte de pacientes na UTI. No entanto, na prática essa representação não cabe a eles porque os mesmos sofrem ao ver o sofrimento dos pacientes nesse processo de morrer. Além do mais a autora cita que muitas vezes os trabalhadores de enfermagem sentem a morte do paciente como a de um ente querido, tendo como consequência um sofrimento relacionado a alguém que amam muito. Durante a pesquisa a autora cita ainda que a morte dos pacientes mais idosos ou com uma doença terminal acaba sendo mais aceira, pois é vista como algo que faz parte do curso natural da vida. Outro sentimento citado e bastante importante é relacionado a culpa quando um paciente que nas suas avaliações daria para ter sido salvo. Visto tudo isso é valido destacar que o sofrimento dos profissionais da enfermagem possivelmente seja maior que a dos médicos porque os mesmos sentem falta de autonomia diante do que podem fazer uma vez que são responsáveis apenas pelos prescritos a eles. Após a morte quando esses profissionais precisam preparar o corpo ela cita que é normal ver os mesmos contando piadas entre si e essa é uma forma de defesa contra o sofrimento. Os mecanismos criados por esses trabalhadores para lidar com a dor que estar dentro de uma UTI pode causar são gerados pelo ego e na maioria das vezes são inconscientes. Após a leitura de alguns depoimentos desses trabalhadores é perceptível que os mesmos buscam estratégias coletivas de defesa, outros recorrem a religião e essa sempre contribuiu com explicações para uma busca de sentido da existência humana frente a morte. No estudo realizado foi constatado que no grupo que possui 18 anos ou mais de trabalho há um índice menor de depressão. Após enfrentarem constantemente a morte acabam construindo defesas. Por fim, através do estudo resumido vimos que os trabalhadores de enfermagem sobrem intensamente com o processo de morrer dos pacientes, o que acaba indo ao contrário do que dizem referindo-se aos profissionais da área como pessoas frias. Para que consigam lidar com esse processo eles utilizam estratégias individuais, coletivas, como a negação, repressão, racionalização, criação de rotinas e naturalização. Porém apesar de todos esses recursos e refúgios criados acredita-se na necessidade de espaços criados para que esses profissionais consigam falar sobre suas dores, angustias e tristezas a fim de amenizar todo esse peso e dor. E indo além vê-se a necessidade de criar um curso de formação que trabalhe os cuidados no processo de morrer permitindo aos profissionais que possam compreender e lidar com seus sentimentos ao cuidarem de pacientes nessa fase da vida.
Compartilhar