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Apostila Completa de História/Apostila Completa de História.pdf Produzido por historiadigital.org. Por favor, não incentive a cópia ilegal deste material. Introdução Ter bons resultados acadêmicos exige esforço e empenho por parte dos estudantes. Neste ponto, não há discussão. Porém, o trabalho fica um pouco mais fácil quando estudamos com um material conciso, completo e simples de compreender. E foi por este motivo que resolvi elaborar esta apostila, cujo conteúdo pode ser compreendido e muito bem aproveitado por estudantes do Ensino Fundamental II ao pré-vestibular. Esta apostila de História Geral engloba todos os conteúdos cobrados em testes, provas, vestibulares, concursos e outros exames externos. Os conteúdos, por sua vez, estão ligados ao material publicado regularmente no blog História Digital (www.historiadigital.org). Resolvi, assim, disponibilizar os resumos para que possam ser lidos de forma diversa, além da possibilidade de impressão. As imagens foram todas extraídas de sites e/ou repositórios de imagens gratuitas, como a Wikimedia, Flickr, Pixabay, dentre outros. Esta informação acompanha todas as imagens. Ao fim de cada capítulo, foram selecionadas questões dos principais vestibulares do país. Buscamos priorizar questões do ENEM, considerando a importância desta prova como requisito não só para cursos em universidades federais, mas também para programas de incentivo oferecidos pelo governo. Também incluímos, em cada conteúdo, ao menos uma questão factual que se articula diretamente com o resumo, e uma questão discursiva. O gabarito se encontra ao final da apostila. O ensino de História possibilita uma diversidade de metodologias, mas consideramos que, para uma boa compreensão dos eventos, seguir a linha do tempo é fundamental. Portanto, optamos pela abordagem diacrônica da História, seguindo a cronologia considerada oficial e que, apesar das críticas à sua utilização, ainda consideramos a melhor forma de organizar os estudos. Em termos teóricos, optamos por elaborar - considerando a tendência dos vestibulares - os conteúdos baseados em uma interpretação "oficial" da História. No caso da História do Brasil, esta interpretação está fundamentada, geralmente, no materialismo histórico- dialético - ou História Marxista. Nos últimos anos, obras historiográficas - algumas bastante controversas nos principais meios acadêmicos - questionam reduzir o passado a um embate de lutas de classes, opressores e oprimidos. Considerando uma necessidade curricular, incluímos na apostila conteúdos ligados a civilizações diversas, como os japoneses, chineses, indianos, os povos pré-colombianos, assim como a história do continente africano antes da colonização europeia. Em suma, procuramos abordar todos os conteúdos possíveis para garantir o seu sucesso acadêmico. Bons estudos! Prof. Michel Goulart http://www.historiadigital.org/ Produzido por historiadigital.org. Por favor, não incentive a cópia ilegal deste material. Sumário 01. Introdução a História------------------------------------------------------------------------------05 02. Tempo--------------------------------------------------------------------------------------------------10 03. Pré-História Geral-----------------------------------------------------------------------------------15 04. Pré-História Americana---------------------------------------------------------------------------21 05. Pré-História Brasileira-----------------------------------------------------------------------------25 06. Mesopotâmia-----------------------------------------------------------------------------------------29 07. Egito Antigo------------------------------------------------------------------------------------------35 08. Hebreus------------------------------------------------------------------------------------------------41 09. Fenícios------------------------------------------------------------------------------------------------45 10. Persas--------------------------------------------------------------------------------------------------48 11. Grécia Antiga----------------------------------------------------------------------------------------52 12. Roma antiga------------------------------------------------------------------------------------------58 13. Índia Antiga-------------------------------------------------------------------------------------------64 14. China Antiga------------------------------------------------------------------------------------------70 15. Japão Antigo-----------------------------------------------------------------------------------------76 16. Invasões e Reinos Bárbaros--------------------------------------------------------------------81 17. Império Bizantino-----------------------------------------------------------------------------------86 18. Império Islâmico-------------------------------------------------------------------------------------91 19. África Pré-Colonial---------------------------------------------------------------------------------96 20. Feudalismo------------------------------------------------------------------------------------------103 21. Igreja Medieval-------------------------------------------------------------------------------------107 22. Crise do Feudalismo-----------------------------------------------------------------------------113 23. Absolutismo----------------------------------------------------------------------------------------119 24. Mercantilismo--------------------------------------------------------------------------------------123 25. Renascimento Cultural--------------------------------------------------------------------------127 26. Reforma Protestante-----------------------------------------------------------------------------133 27. Expansão Marítima-------------------------------------------------------------------------------138 28. Império Inca-----------------------------------------------------------------------------------------143 29. Império Asteca-------------------------------------------------------------------------------------148 30. Império Maia----------------------------------------------------------------------------------------153 31. Descobrimento do Brasil-----------------------------------------------------------------------158 32. Povos Indígenas do Brasil---------------------------------------------------------------------162 33. Administração Colonial-------------------------------------------------------------------------167 34. Ciclo do Açúcar------------------------------------------------------------------------------------171 35. Escravidão Africana------------------------------------------------------------------------------176 36. Invasões Estrangeiras---------------------------------------------------------------------------183 37. Expansão Territorial------------------------------------------------------------------------------188 38. Iluminismo-------------------------------------------------------------------------------------------193 39. Ciclo do Ouro---------------------------------------------------------------------------------------198 40. Revolução Industrial-----------------------------------------------------------------------------205 41. Treze Colônias-------------------------------------------------------------------------------------212 42. Independência dos Estados Unidos--------------------------------------------------------216 43. Revolução Inglesa--------------------------------------------------------------------------------220 44. Revolução Francesa-----------------------------------------------------------------------------225 Produzido por historiadigital.org. Por favor, não incentive a cópia ilegal deste material. 45. Período Napoleônico-----------------------------------------------------------------------------232 46. Independência das Colônias Espanholas------------------------------------------------237 47. Vinda da Família Real----------------------------------------------------------------------------241 48. Primeiro Reinado----------------------------------------------------------------------------------246 49. Período Regencial--------------------------------------------------------------------------------251 50. Segundo Reinado-Política Interna e Externa--------------------------------------------257 51. Guerra de Secessão------------------------------------------------------------------------------262 52. Unificação da Itália e Alemanha--------------------------------------------------------------266 53. Imperialismo----------------------------------------------------------------------------------------270 54. Segundo Reinado-Economia e Crise da Monarquia-----------------------------------276 55. República da Espada----------------------------------------------------------------------------282 56. Primeira Guerra Mundial------------------------------------------------------------------------287 57. Revolução Russa----------------------------------------------------------------------------------293 58. República Oligárquica---------------------------------------------------------------------------299 59. Crise de 1929 --------------------------------------------------------------------------------------305 60. Regimes Totalitários-----------------------------------------------------------------------------310 61. Era Vargas-------------------------------------------------------------------------------------------316 62. Segunda Guerra Mundial-----------------------------------------------------------------------324 63. Guerra Fria------------------------------------------------------------------------------------------330 64. Período Democrático----------------------------------------------------------------------------338 65. Descolonização da África e Ásia-------------------------------------------------------------346 66. Regimes Socialistas------------------------------------------------------------------------------353 67. Ditadura Militar-------------------------------------------------------------------------------------359 68. Conflitos Árabe-Israelenses-------------------------------------------------------------------366 69. Nova República------------------------------------------------------------------------------------372 Gabarito ---------------------------------------------------------------------------------------------------379 Referências Bibliográficas--------------------------------------------------------------------------391 Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 5 Introdução a História Ao iniciarmos o estudo de uma nova disciplina - como no caso da História - devemos buscar compreender o seu significado. Portanto, a primeira pergunta que devemos fazer é: o que é História? Em linhas gerais, História é a ciência que estuda as ações dos seres humanos no tempo e no espaço. Os historiadores estudam o passado das pessoas, dos povos e nações, buscando entender melhor o momento presente. Em História, o estudo do passado é feito a partir de um olhar do presente. Neste sentido, a partir de um olhar atual, buscamos compreender as mudanças que ocorreram desde os primórdios da civilização. A História permite entender a forma como as sociedades se organizavam, seus costumes, cotidiano, produção de riquezas e mentalidades. Os historiadores escrevem sobre o passado utilizando as fontes históricas, ou seja, tudo o que traz informações que servem para construção do conhecimento histórico. As fontes históricas Para estudar o passado e compreender melhor presente, precisamos ter contato com as fontes históricas, ou seja, tudo aquilo que nos traz informações sobre o passado. As fontes auxiliam na construção do conhecimento histórico, e podem ser classificadas em vários tipos, como fontes escritas, visuais, materiais e sonoras. Fazem parte das fontes escritas os jornais, livros, diários, letras de música. Dentre as fontes visuais, podemos destacar histórias em quadrinhos, pinturas, fotografias, filmes, mapas. As fontes materiais compreendem objetos como esculturas, vestimentas, armas, objetos, moedas, vasos, joias. As fontes sonoras, por sua vez, englobam gravações, músicas e canções folclóricas. Também são consideradas fontes sonoras os relatos orais, por exemplo, as histórias contadas por nossos avós ou pessoas que testemunharam determinados fatos históricos. Diferentes interpretações A análise e a interpretação das fontes históricas exigem do historiador muita habilidade e cuidado. Uma mesma fonte pode ser interpretada de diversas maneiras. Dependendo A u to r D e s c o n h e c id o /W ik im e d ia N o n a L o h r/ P u b lic D o m a in P ic tu re s Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 6 de sua concepção, métodos e das fontes que dispõe, o historiador pode dar ênfase, por exemplo, a aspectos econômicos, políticos ou culturais. A ênfase em um ou mais desses aspectos possibilita ao historiador construir sua própria interpretação histórica a partir do enfoque escolhido por ele. Portanto, se cada historiador faz a sua própria interpretação dos acontecimentos históricos, podemos dizer que não há uma verdade única e absoluta no estudo da História. Sujeitos históricos Por muito tempo, foram considerados sujeitos históricos somente pessoas consideradas importantes, como reis, generais e políticos. Acreditava-se que somente esses personagens de destaque determinavam os rumos da História. Porém, nas últimas décadas, os historiadores mudaram essa concepção e passaram a ampliar o conceito de sujeito histórico. Sendo assim, sujeito histórico é toda a pessoa que, individualmente ou em grupo, participa do processo histórico. Outros profissionais Para realizar seu trabalho na construção do conhecimento histórico, os historiadores precisam da ajuda de profissionais de outras áreas do conhecimento, como arqueólogos, sociólogos, antropólogos e geógrafos. Os arqueólogos estudam o modo de vida dos povos do passado por meio da análise de vestígios materiais por eles produzidos. Muito o que se sabe sobre Pré-História e Antiguidade se deve a estes profissionais. Os sociólogos estudam as sociedades humanas e as relações que se estabelecem entre os indivíduos e os diversos grupos sociais, como a família, a escola e as associações profissionais. Os antropólogos estudam o ser humano em seus aspectos físicos e culturais, desde a sua evolução biológica até sua formação cultural, mitos, costumes e linguagem. Os geógrafos estudam as transformações que ocorrem no espaço terrestre, tanto aquelas causadas por fenômenos naturais, quanto aquelas realizadas por seres humanos. Correntes de análise histórica Existem várias correntes de análise histórica, que definem a forma como os historiadores encaram as fontes históricas, assim como os sujeitos históricos. Dentre as principais, M a ts o n /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 7 temos a Escola Positivista, a Escola Marxista, a Escola dos Annales e a Nova História Cultural. A Escola Positivista surgiu em meados do século XIX. Segundo esta abordagem, os sujeitos históricos são os grandes heróis, pessoas renomadas, assim como políticos e/ou líderes de destaque. Da mesma forma, as únicas fontes válidas são as escritas. Por sua vez, a Escola Marxista surgiu entre os séculos XIX e XX, tendo como sujeitos históricos os denominados "oprimidos sociais". Há uma forte ênfase na luta de classes e na economia. A Escola dos Annales surgiu em 1929, através da iniciativa de historiadores como March Bloch. Estes historiadores publicaram a revista "Anais de História". Esta abordagem amplia o sentido de sujeito histórico, incluindo as pessoas comuns. Amplia também a noção de fonte histórica. Enfim, a Nova História Cultural surgiu na década de 1970, tendo como representantes nomes como Peter Burke. Esta abordagem também amplia o sentido de sujeito histórico para pessoas comuns. Além disso, considera como fonte histórica todos os documentos e/ou materiais que podem ser utilizados para interpretar o passado, cotidiano e mentalidades. Questões 1. Para estudar o passado e compreender melhor presente, precisamos ter contato com as fontes históricas, ou seja, tudo aquilo que nos traz informações sobre o passado. As fontes históricas como histórias em quadrinhos, pinturas, fotografias, filmes e mapas podem ser classificadas como a) Fontes Escritas b) Fontes Materiais c) Fontes Sonoras d) Fontes Visuais e) Fontes Imateriais 2. (Enem) Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A u to r D e s c o n h e c id o /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 8 A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares? (BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010). Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que a) os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heróicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória. b) a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolveram ao longo do tempo. c) grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculada aos governantes das sociedades que os construíram. d) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo. e) as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas. 3. (Unesp) A Ilíada, de Homero, data do século VIII a.C. e narra o último ano da Guerra de Troia, que teria oposto gregos e troianos alguns séculos antes. Não se sabe, no entanto, se esta guerra de fato ocorreu ou mesmo se Homero existiu. Diante disso, o procedimento usual dos estudiosos tem sido: a) desconsiderar os relatos atribuídos a Homero, pois não temos certeza de sua procedência, nem se eles nos contam a verdade sobre o passado grego. b) identificar na obra, apesar das dúvidas, características da sociedade grega antiga, como a valorização das guerras e a crença na interferência dos deuses na vida dos homens. c) desconfiar de Homero, pois ele era grego e assumiu a defesa de seu povo, abrindo mão da completa neutralidade que todo relato histórico deve ter. d) acreditar que a Guerra de Troia realmente aconteceu, pois Homero não poderia ter imaginado tantos detalhes e personagens tão complexos como os que aparecem no poema. e) descartar o uso da obra como fonte histórica, pois, mesmo que a guerra tenha ocorrido, a Ilíada é um relato literário e não foi escrita com rigor e precisão científica. 4. (Ufsc) O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sozinho? César bateu os gauleses. Não levava sequer um cozinheiro? Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada naufragou. Ninguém mais chorou? Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele? Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 9 Cada página uma vitória. Quem cozinhava o banquete? A cada dez anos um grande homem. Quem pagava os gastos? BRECHT, Bertolt. Perguntas de um trabalhador que lê. In:____. Poemas. Tradução de Paulo Cesar Souza. São Paulo: Brasiliense, 1986, p. 167. Em relação a fontes e escrita da história, é CORRETO afirmar que: 01) por muito tempo as pesquisas históricas privilegiaram as fontes escritas, mas atualmente entende-se que todo tipo de registro dos atos e pensamentos da sociedade pode ser usado como fonte para a escrita da história, como, por exemplo, utensílios domésticos, vestuário, fotografias, monumentos ou mesmo registros orais. 02) a escrita da história depende da análise de fontes e da interpretação de quem a analisa, por isso ela deve ser entendida como uma versão. 04) a forma de dividir a história em quatro grandes épocas – antiga, média, moderna e contemporânea –, apesar de ser um invento europeu, deve ser empregada para o entendimento do processo histórico dos diferentes povos do mundo. 08) os conceitos de tombamento e patrimônio imaterial foram instituídos como forma de preservar bens dos mais variados, materiais e imateriais, como fotografias, livros, imóveis, cidades, receitas culinárias, que sejam considerados importantes para a memória coletiva. 16) apesar da ampliação da noção de documentos históricos, os documentos oficiais ainda são tomados pelos historiadores como as únicas legítimas fontes para o conhecimento histórico. 32) os estudos históricos da atualidade procuram dar voz a diferentes sujeitos, como mulheres, trabalhadores rurais, crianças etc.; no entanto, as pesquisas sobre o passado ainda têm maior concentração nas ações dos reis, generais, comandantes de revoltas e revoluções, pois são os atos dos grandes governantes e líderes que modificam o rumo dos acontecimentos. 5. Por muito tempo, foram considerados sujeitos históricos somente pessoas consideradas importantes, como reis, generais e políticos. Acreditava-se que somente esses personagens de destaque determinavam os rumos da história. Porém, este conceito mudou. Atualmente, quem pode ser considerado sujeito histórico? Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 10 Tempo O Tempo é considerado um objeto de difícil conceito, mas de extrema importância no estudo da história. Situar os fatos no tempo e contextualizá-los é tarefa de historiadores e professores desta disciplina. Sem o tempo, não existe história. No decorrer dos tempos, vários instrumentos foram utilizados como forma de contar o tempo. Eles ajudavam na organização de diferentes sociedades. Podemos destacar alguns instrumentos, como a ampulheta, o relógio de sol, a clepsidra, o relógio de vela, relógio de pêndulo e o relógio atômico. Instrumentos A ampulheta é constituída de duas ambulas e um pequeno orifício, com uma certa quantidade de areia. O relógio de sol mede o tempo pela posição do sol. A clepsidra utiliza dois recipientes, um com água e outro vazio. A água passa para o recipiente vazio, levantando uma boia atrelada a um ponteiro, que marca o tempo. O relógio de vela consiste em uma vela normal, demarcada com uma escala horária. O tempo é marcado pela velocidade de queima da vela. O relógio de pêndulo utiliza pesos para fornecer a energia necessária para mover os ponteiros. No relógio atômico, o funcionamento depende das propriedades do átomo, considerado o relógio mais preciso do mundo. Calendário Assim com os instrumentos para contar o tempo, os calendários também foram criados como forma de organizar as sociedades. Calendários são sistemas de contagem que utilizam unidades temporais como dia, mês e ano. Eles variam de acordo com a cultura ou religião de um povo. O calendário cristão marca os anos a partir do nascimento de Cristo, usando a extensão a.C. (antes de Cristo) ou d.C. (depois de Cristo). Foi adotado em 1582, através do papa Gregório XIII. O calendário hegírico é utilizado em países de religião mulçumana. Marca os anos a partir da fuga de Maomé para Meca, em 622. O calendário hebraico, por sua vez, é utilizado em países de religião judaica. Marca os anos a partir de uma referência bíblica do que seria a criação do mundo, situada no ano B ri ti s h M u s e u m /W ik im e d ia B ri ti s h L ib ra ry /P ic ry l Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 11 3760 a.C. Tempo histórico e cronológico Quando estudamos história, podemos contar o tempo de duas formas: através do tempo cronológico ou através do tempo histórico. O tempo cronológico é aquele que temos usando calendários ou instrumentos. Ele oferece uma medida exata ou aproximada do tempo. O tempo histórico, por sua vez, está relacionado com as mudanças que ocorrem em determinada sociedade, independentemente do tempo cronológico. Podemos utilizar, como exemplo, uma tribo de índios nômades na Amazônia, que vive da caça e da coleta. Apesar de viverem no mesmo tempo cronológico que o nosso, estes índios vivem no tempo histórico do paleolítico. Linha do Tempo Através de uma concepção eurocêntrica do mundo, difundiu-se uma linha do tempo baseada em eventos ligados ao contexto do continente europeu. Esta linha do tempo, considerada oficial, divide-se em Pré-História, Idade Antiga, Idade Medieval, Idade Moderna e Idade Contemporânea. Esta linha do tempo é limitada ao não oferecer dados para a compreensão histórica e temporal de outras sociedades. Anacronismo Anacronismo é um erro histórico. Significa situar um acontecimento, fato ou personagem num período em que não existiu. Por exemplo, ao dizer que os antigos romanos utilizavam armas de fogo, estamos incorrendo no anacronismo, pois a pólvora ainda não era dominada naquele período histórico. Apesar de ser um erro histórico, se bem utilizado pode servir para compreender alguns fatos, baseado em valores de nosso tempo. Assim, o anacronismo aparece em desenhos, como no caso dos Flintstones; histórias em quadrinhos, como no caso do personagem Piteco; entre outras mídias. Converter anos em séculos Para converter anos em séculos, a regra é simples. Se o ano terminar em 00, permanece o(s) dígito(s) inicial(is), convertido(s) em século. J o rg e F ig u e ro a /F lic k r Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 12 Exemplo: 1200=séc.XII; 300=séc.III Se o ano não terminar em 00, acrescenta-se 1 ao(s) dígito(s) inicial(is), convertido(s) em século. Exemplo: 1756=séc.XVIII; 101=séc.II É importante fazer a conversão sempre em algarismos romanos. Converter séculos em anos A regra para converter séculos em anos também é simples. Converte-se o(s) dígito(s) inicial(is), do romano ao cardinal, acrescentando dois zeros. Este é o ano final. Exemplo: séc.XVI=16+00=1600 Em seguida, subtrai 99 do número, encontrando, assim, o ano inicial. Exemplo: 1600 - 99=1501 Ou seja, o séc.XVI inicia em 1501 e termina em 1600. Questões 1. Considerando os fatos históricos dispostos na linha do tempo oficial, identifique o período Histórico que vai de 1453 a 1789, iniciando a partir da Tomada de Constantinopla: a) Idade Moderna b) Idade Média c) Idade Contemporânea d) Idade Antiga e) Pré-História 2. (Enem) Os quatro calendários apresentados abaixo mostram a variedade na contagem do tempo em diversas sociedades. Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 13 Com base nas informações apresentadas, pode-se afirmar que: a) o final do milênio, 1999/2000, é um fator comum às diferentes culturas e tradições. b) embora o calendário cristão seja hoje adotado em âmbito internacional, cada cultura registra seus eventos marcantes em calendário próprio. c) o calendário cristão foi adotado universalmente porque, sendo solar, é mais preciso que os demais. d) a religião não foi determinante na definição dos calendários. e) o calendário cristão tornou-se dominante por sua antiguidade. 3. Sobre o tempo, considere as afirmativas abaixo: I- Clepsidra é o instrumento que utiliza dois recipientes, um com água e outro vazio. A água passa para o recipiente vazio, levantando uma boia atrelada a um ponteiro, que marca o tempo. II- Calendário é um sistema de contagem que utiliza unidades temporais como dia, mês e ano. Seu uso varia de acordo com a cultura ou religião de um povo. III- Calendário Cristão é o tipo calendário utilizado em países de religião judaica. Marca os anos a partir de uma referência bíblica do que seria a criação do mundo, situada no ano 3760 a.C. IV- Tempo Cronológico é o tempo que está relacionado com as mudanças que ocorrem em determinada sociedade. Estão corretas: a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e II d) I - II - II e) I - II - III - IV 4. (Ufpel) Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 14 Analisando a linha do tempo, no período que vai do surgimento do homem até o desenvolvimento da agricultura, encontra-se a fase a) Neolítica. b) da invenção da escrita. c) dos Metais. d) da Antiguidade. e) Paleolítica. 5. O Tempo é considerado um objeto de difícil conceito, mas de extrema importância no estudo da História. Situar os fatos no tempo e contextualizá-los é tarefa de historiadores e professores desta disciplina. Considerando estas informações, responda: o que significa anacronismo? Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 15 Pré-História Geral A Pré-História corresponde a um longo período de 3,6 milhões de anos. Termina com o surgimento da escrita, há 4 mil anos. Pesquisas indicam que o ser humano surgiu na África, há aproximadamente 4 milhões de anos. Vale lembrar que estas datas são motivos de constante discussão. O estilo de vida nômade fez com que estes seres humanos – a partir da África – criassem redes de migrações para outras regiões do planeta. Assim, em tempos e circunstâncias diferentes, outros continentes – Europa, Ásia, Oceania e América –, foram povoados. Sobre o termo O termo Pré-História, apesar de muito utilizado, é motivo de discussão entre historiadores, arqueólogos e outros pesquisadores do período. Isto porque “pré” significa “antes”, e passa a ideia de que as populações que viveram neste período não tinham história. No entanto, quando o ser humano passa a transformar a natureza, já está fazendo história. E isto ocorre desde que os primeiros seres humanos surgiram. Assim, alguns pesquisadores preferem utilizar outros termos como referência às pessoas que viveram neste período. Povos ágrafos, ou seja, sem escrita, é um destes termos. Ciências da Pré-História O que aconteceu nesse vasto período pode ser conhecido pelo estudo dos fósseis e de instrumentos, desenhos, restos de habitações e outros vestígios da vida humana. Estes vestígios são objeto de estudo de duas ciências principais: a Arqueologia e a Paleontologia. A Arqueologia é a ciência que estuda a cultura material humana, num dado tempo e espaço. Esta cultura material é pesquisada nos chamados sítios arqueológicos. A Paleontologia, por sua vez, é ciência que estuda, através de fósseis, os organismos que viveram no planeta, ao longo do tempo geológico. Origem do homem Existe um grande debate entre a ciência e a religião, no que diz respeito à origem do homem. As duas principais vertentes desta discussão são o Criacionismo e o In te rn e t A rc h iv e B o o k I m a g e s /F lic k r P h ili p H a lli n g /G e o g ra h Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 16 Evolucionismo. O Criacionismo é a concepção ligada ao religioso, baseada na ideia da criação do ser humano por um ser divino. Teve grande predominância até o séc. XIX. O Evolucionismo é a concepção ligada à ciência, baseada nos estudos de Darwin sobre evolução humana. Considerando que a história é uma ciência, vamos debater aqui as pesquisas relacionadas à ideia de evolução humana. Evolução Humana O evolucionismo não defende a ideia de que o ser humano evoluiu do macaco. Apesar de terem ancestral comum, ambos seguiram diferentes caminhos evolutivos. As diferentes etapas da evolução foram classificadas a partir da análise do volume do crânio, sendo que este foi aumentando à medida que o homem evoluía. As principais etapas da evolução humana são: Australopiteco, Homo Habilis, Homo Erectus e Homo Sapiens. O Australopiteco é considerado o ancestral mais antigo do ser humano. Viveu na África, há aproximadamente 3 milhões de anos. O volume de seu crânio era de cerca de 500 cm³, um pouco maior que o dos atuais macacos. O gênero Homo O Homo Habilis viveu há aproximadamente 2 milhões de anos. Considera-se que tenha inventado as primeiras ferramentas, daí a habilidade que deu origem ao seu nome. O volume de seu crânio era de 800 cm³. O Homo Erectus viveu há aproximadamente 1 milhão de anos. Com postura mais ereta, já usava instrumentos de pedra e tinha habilidades de caçador. O volume de seu crânio era de 1.100 cm³. O Homo Sapiens viveu há aproximadamente 200 mil anos. O desenvolvimento cerebral possibilitou aumento na habilidade de criar utensílios - melhores e mais eficientes do que todos os outros feitos anteriormente. O volume de seu crânio atingia 1.500 cm³. O Homo Sapiens Neanderthalensis – ou Homem de Neandertal – viveu há aproximadamente 100 mil anos. Nesta etapa, o ser humano já tinha preocupações espirituais e noção da morte. O volume de seu crânio atingia 1.700 cm³, levemente maior do que os humanos modernos. No decorrer da evolução humana, a Pré-História se divide em três fases: Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Esta divisão foi feita de acordo com o material utilizado pelos primeiros humanos na fabricação de suas ferramentas. M u s e o d e lle S c ie n z e /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 17 Paleolítico O Paleolítico - também conhecido como Idade da Pedra Lascada - abrange um período que vai de 4 milhões a 10 mil anos, aproximadamente. Nesta fase, os utensílios utilizados no cotidiano das comunidades eram produzidos em pedra, com acabamento mais rudimentar. As lascas das pedras possibilitavam uma borda cortante. Neste período, os seres humanos eram nômades, precisavam se deslocar constantemente em busca de alimentos. Sobreviviam, assim, da caça e da coleta. Alimentavam-se de frutos, raízes, peixes e pequenos animais. À medida que as ferramentas foram se aprimorando, passaram a caçar animais cada vez maiores. Os indivíduos nesta fase abrigavam-se em cavernas ou casebres feitos de galhos e cobertas de folhas. Nas paredes das cavernas surgiram pinturas denominadas de arte rupestre, com reprodução de cenas de caça. Descoberta do fogo A descoberta e posterior domesticação do fogo representa um avanço muito importante desse período. A descoberta deste elemento teria ocorrido há mais ou menos 500 mil anos, na África, segundo pesquisadores. Com o tempo, os seres humanos foram perdendo o medo do fogo provocado na natureza, buscando formas cada vez mais aprimoradas de produzi-lo. O fogo servia para várias coisas: aquecer as pessoas em dias frios, iluminação durante a noite nas cavernas, proteção contra animais selvagens. Servia também para cozinhar os alimentos e fundir metais. Aliás, é importante lembrar que o uso do fogo para cozinhar alimentos desempenhou importante papel na transformação física humana. A carne cozida era mais fácil de mastigar e tornou desnecessárias as mandíbulas potentes e dentes enormes. Neolítico O Neolítico - também denominado Idade da Pedra Polida - abrange um período que vai de 10 mil a 5 mil anos, aproximadamente. Nesta fase, os indivíduos aprimoraram os instrumentos de pedra, polindo-os e tornando-os cada vez mais afiados. A relação com o meio-ambiente também mudou. O homem já não vivia só da caça, pesca e coleta, passou a produzir o seu próprio alimento, semeando terras férteis e aguardando a época das colheitas. Surgem, assim, a agricultura e a criação de animais. Nesta fase, os seres humanos passaram a ter moradia permanentemente, tornando-se B is w a ru p G a n g u ly /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 18 sedentários. Surgiram as aldeias, compostas de cabanas rodeadas por uma cerca que garantia a proteção contra invasores. Para armazenar as colheitas agrícolas, o homem passou a modelar vasilhas de argila, que depois eram cozidas no fogo. Originou-se, assim, a cerâmica. Com o excedente de produção agrícola, surgiu o comércio. O conjunto significativo de mudanças sociais, políticas, culturais e econômicas resultantes do surgimento da agricultura, é denominado revolução agrícola ou revolução neolítica. Idade dos Metais A Idade dos Metais abrange um período que vai de 6000 a.C. a 4000 a.C., aproximadamente. Este período se refere ao momento em que o ser humano dominou a metalurgia, ou seja, a técnica de fundir, ou derreter, metais. As ferramentas e utensílios, consequentemente, ficaram mais fortes e duradouros. O primeiro metal utilizado foi o cobre. Inicialmente, era martelado a frio, depois foi fundido no fogo e moldado em fôrmas de barro ou pedra. Mais tarde, descobriu- se a liga do cobre com o estanho, obtendo o bronze, um metal mais duro. O bronze foi muito utilizado na fabricação de armaduras, espadas, objetos de adorno e ferramentas. Com o uso de forjas e foles, a metalurgia melhorou, atingindo o ferro, um dos metais que necessita de técnicas mais aprimoradas para ser aproveitado. O ferro era usado principalmente para a fabricação de armas. Questões 1. Ancestral do ser humano que viveu há aproximadamente 200 mil anos. Seus utensílios eram mais eficientes do que os feitos anteriormente. O seu volume craniano era de 1.500 cm³. a) Australopiteco b) Homo Habilis c) Homo Erectus d) Homo Sapiens e) Homem de Neanderthal 2. (Enem) O assunto na aula de Biologia era a evolução do Homem. Foi apresentada aos alunos uma árvore filogenética, igual à mostrada na ilustração, que relacionava primatas atuais e seus ancestrais. B is w a ru p G a n g u ly /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 19 Após observar o material fornecido pelo professor, os alunos emitiram várias opiniões, a saber: I- os macacos antropóides (orangotango, gorila e chimpanzé e gibão) surgiram na Terra mais ou menos contemporaneamente ao Homem. II- alguns homens primitivos, hoje extintos, descendem dos macacos antropóides. III- na história evolutiva, os homens e os macacos antropóides tiveram um ancestral comum. IV- não existe relação de parentesco genético entre macacos antropóides e homens. Analisando a árvore filogenética, você pode concluir que: a) todas as afirmativas estão corretas. b) apenas as afirmativas I e III estão corretas. c) apenas as afirmativas II e IV estão corretas. d) apenas a afirmativa II está correta. e) apenas a afirmativa IV está correta. 3. Na Pré-História encontramos fases do desenvolvimento humano. Qual a alternativa que apresenta características das atividades do homem na fase neolítica? a) Os homens praticavam uma economia coletora de alimentos. b) Os homens fabricavam seus instrumentos para obtenção de alimentos e abrigo. c) Os homens aprenderam a controlar o fogo. d) Os homens conheciam uma economia comercial e já praticavam os juros. e) Os homens cultivavam plantas e domesticavam animais, tornando-se produtores de alimentos. 4. (Ufpb) Acerca da divisão entre História e Pré-História, é correto afirmar que se trata de um(a) a) divisão natural, já que os homens primitivos são selvagens e não merecem a qualificação de históricos, por não terem desenvolvido a civilização. Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 20 b) processo interno ao conhecimento histórico que, não podendo compreender sociedades sem escrita, deixa a tarefa para outros cientistas. c) distinção social, indicando que as sociedades sem Estado e sem escrita estão fora da história. d) distinção cientifica que procura diferenciar as sociedades estáticas e imutáveis das sociedades dinâmicas e transformadoras. e) divisão convencional que utiliza a escrita como critério para distinguir as sociedades humanas para efeito do estudo da história. 5. O primeiro e mais longo período do desenvolvimento humano, que se estendeu até perto de 10000 a.C., chamamos de Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada. Descreva as características do Paleolítico. Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 21 Pré-História Americana Admite-se que o continente americano era despovoado até cerca de 40 mil anos atrás. Por essa época, teria se iniciado o processo de imigração humana para a América. Porém, estas datas ainda são objeto de discussão. A falta de consenso entre os estudiosos sobre o povoamento da América tem origem nas diferentes datações encontradas em sítios arqueológicos em todo o território americano. No sítio arqueológico de Monte Verde, no Chile, os pesquisadores chegaram à conclusão de que os seres humanos passaram por ali há 12 mil anos, aproximadamente. Data semelhante foi encontrada no sítio Clóvis, nos Estados Unidos. Vestígios encontrados no sítio do Boqueirão da Pedra Furada, no Brasil, apontam que os seres humanos ali estiveram há 40 mil anos atrás. Muito tempo antes, portanto. Estas diferentes datações encontradas em pontos tão distantes da América são motivo de controvérsia nas discussões sobre a origem do homem americano. Origem do homem americano Em relação à origem do homem americano, duas teorias predominaram entre os estudiosos: a teoria autóctone e a teoria alóctone. A teoria autóctone, hoje em baixa, defende que o ser humano teria surgido e evoluído no próprio continente americano. Atualmente, a maior parte dos pesquisadores admite a teoria alóctone, ou seja, aquela que defende que o ser humano chegou na América migrando de outros continentes, como a Ásia. Esta teoria ganhou força pelo fato de que os habitantes da América possuem grande semelhança biológica com povos asiáticos. A chegada dos primeiros seres humanos na América se deu, provavelmente, através de diferentes rotas migratórias. Rotas migratórias A teoria mais aceita do povoamento do continente afirma que levas de seres humanos passaram da Ásia para a América em várias ondas migratórias, através do Estreito de Bering. Estas migrações ocorreram durante a glaciação, quando houve grande acúmulo de gelo sobre a superfície da terra. Neste período, devido ao baixo nível dos mares e congelamento das águas, formou-se um caminho D ie g o R e g o M o n te ir o /W ik im e d ia N A S A /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 22 terrestre natural que possibilitou a travessia. Alguns pesquisadores identificam outras rotas migratórias, como a Malaio-Polinésia e a Australiana, que afirma que o homem chegou à América através do Oceano Pacífico, fazendo escalas em suas ilhas. Estas sucessivas ondas migratórias podem justificar a diversidade cultural e linguística na América. No entanto, nenhuma dessas hipóteses pôde ser comprovada, como ocorreu com a passagem de Bering. Organização social Os povos da pré-história americana se dividiam em diferentes estágios de desenvolvimento social, cultural e econômico. Havia os povos no estágio paleolítico, que viviam da caça, da pesca e da coleta e eram nômades. Entre estes, podemos destacar os esquimós, os charruas e os xavantes. Existiam povos no estágio neolítico, que conheciam a agricultura e viviam de forma sedentária, organizados em aldeias. Entre estes, podemos destacar os pueblos, aruaques e tupis-guaranis. Em algumas regiões, o maior desenvolvimento da agricultura, aliado ao aumento da população e à introdução de novas tecnologias, propiciou o surgimento de grandes e complexos centros urbanos. A partir dessas bases, organizaram-se as civilizações pré- colombianas dos maias e astecas, na América Central; e os incas, na América do Sul. Questões 1. Sítio arqueológico localizado no Piauí, cujos vestígios apontam a passagem do ser humano naquela região há aproximadamente 40 mil anos. a) Clóvis b) Monte Verde c) Boqueirão da Pedra Furada d) Lagoa Santa e) Estreito de Bering 2. (Enem) Segundo a explicação mais difundida sobre o povoamento da América, grupos asiáticos teriam chegado a esse continente pelo Estreito de Bering, há 18 mil anos. A partir dessa região, localizada no extremo noroeste do continente americano, esses grupos e seus descendentes teriam migrado, pouco a pouco, para outras áreas, chegando até a porção sul do continente. Entretanto, por meio de estudos arqueológicos realizados no Parque Nacional da Serra da Capivara (Piauí), foram descobertos vestígios da presença humana que teriam até 50 mil anos de idade. L a s z lo I ly e s /F lic k r Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 23 Validadas, as provas materiais encontradas pelos arqueólogos no Piauí a) comprovam que grupos de origem africana cruzaram o oceano Atlântico até o Piauí há 18 mil anos. b) confirmam que o homem surgiu primeiramente na América do Norte e, depois, povoou os outros continentes. c) contestam a teoria de que o homem americano surgiu primeiro na América do Sul e, depois, cruzou o Estreito de Bering. d) confirmam que grupos de origem asiática cruzaram o Estreito de Bering há 18 mil anos. e) contestam a teoria de que o povoamento da América teria iniciado há 18 mil anos. 3. (Ufpe) O longo processo evolutivo, que se realizou na África, culminou com a aparição do homem na Terra (o chamado gênero 'Homo'), a partir de um ancestral comum ao homem e aos macacos antropóides. O 'Homo erectus' e o 'Homo ergaster' migraram da África, há pelo menos um milhão de anos e povoaram a Ásia. O 'Homo antecesor' iniciou o povoamento da Europa, há 800.000 anos. Há 100.000 anos, o homem de Neandertal ocupava também a Europa e a Ásia Menor. Todas essas espécies extinguiram-se, restando apenas o 'Homo sapiens' moderno, única espécie sobrevivente, à qual todos pertencemos. Baseado nessas informações, analise as proposições a seguir: 1) A América estava completamente despovoada quando Colombo ali chegou, pela primeira vez, descobrindo o chamado Novo Mundo. 2) A América, antes dos descobrimentos dos espanhóis e portugueses, já estava povoada por numerosos grupos humanos de diferentes culturas, embora todos pertencessem à mesma espécie humana, a do 'Homo sapiens' moderno. 3) Depois de povoar a Ásia, o 'Homo erectus' conseguiu chegar também à América, faz meio milhão de anos. 4) Os primeiros homens que povoaram a América, chegaram desde a Ásia, através do Estreito de Bering. 5) Os primeiros habitantes da América pertenciam a uma espécie humana hoje extinta. Estão corretas apenas: a) 1 e 2 b) 2 e 3 c) 3 e 5 d) 2 e 4 e) 1 e 5 4. (Fuvest) Há cerca de 2000 anos, os sítios superficiais e sem cerâmica dos caçadores antigos foram substituídos por conjuntos que evidenciam uma forte mudança na tecnologia e nos hábitos. Ao mesmo tempo que aparecem a cerâmica chamada itararé Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 24 (no Paraná) ou taquara (no Rio Grande do Sul) e o consumo de vegetais cultivados, encontram-se novas estruturas de habitações. (André Prous. O Brasil antes dos brasileiros. A pré-história do nosso país. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 49. Adaptado.) O texto associa o desenvolvimento da agricultura com o da cerâmica entre os habitantes do atual território do Brasil, há 2000 anos. Isso se deve ao fato de que a agricultura a) favoreceu a ampliação das trocas comerciais com povos andinos, que dominavam as técnicas de produção de cerâmica e as transmitiram aos povos guarani. b) possibilitou que os povos que a praticavam se tornassem sedentários e pudessem armazenar alimentos, criando a necessidade de fabricação de recipientes para guardá- los. c) proliferou, sobretudo, entre os povos dos sambaquis, que conciliaram a produção de objetos de cerâmica com a utilização de conchas e ossos na elaboração de armas e ferramentas. d) difundiu-se, originalmente, na ilha de Fernando de Noronha, região de caça e coleta restritas, o que forçava as populações locais a desenvolver o cultivo de alimentos. e) era praticada, prioritariamente, por grupos que viviam nas áreas litorâneas e que estavam, portanto, mais sujeitos a influências culturais de povos residentes fora da América. 5. Qual a diferença entre a teoria Autóctone e a teoria Alóctone em relação à origem do homem americano? Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 25 Pré-História Brasileira De acordo com os pesquisadores, foi no continente africano que surgiram os primeiros seres humanos. Da África, nossos ancestrais deslocaram-se para outras regiões do planeta, ocupando os mais variados ambientes no decorrer regiões foi a América. Há várias hipóteses sobre a ocupação humana da América. A mais aceita afirma que os primeiros seres humanos chegaram ao continente pelo norte da Ásia, através do Estreito de Bering. Dentro dos estudos arqueológicos desenvolvidos na América, o Brasil concede uma significativa contribuição proveniente de seus diversos sítios arqueológicos. Estes vestígios fazem parte da Pré-História Brasileira, sendo que ela possui características e datações que diferem da pré-história em outras regiões do planeta. Arqueologia brasileira No Brasil, a presença humana está documentada no período situado entre 11 e 12 mil anos atrás. Porém, novas evidências têm sido encontradas que comprovariam ser ainda mais antiga esta ocupação. No Boqueirão da Pedra Furada, no Piauí, um grupo de arqueólogos notificou a presença de facas, machados e fogueiras com cerca de 48 mil anos de existência. Na região de Lagoa Santa, em Minas Gerais, é o local onde está registrado uma das mais notórias descobertas da arqueologia nacional. Trata-se do crânio feminino, apelidado de Luzia, que existiu há cerca de 11.500 anos. Os arqueólogos dividem os antigos habitantes de nosso país em três grupos, de acordo com a sua forma de viver e ferramentas. Assim, temos os povos caçadores-coletores, os povos do litoral e os povos agricultores. Estes grupos seriam, posteriormente, denominados pelos conquistadores europeus de índios. Povos caçadores-coletores Os povos caçadores-coletores ocuparam boa parte do território nacional, do Sul ao Nordeste, entre 50 mil e 2500 anos atrás, aproximadamente. Costumavam viver em cavernas, em espaços abertos ou florestas. Usavam, para caçar, arcos e flechas, D o rn ic k e /W ik im e d ia A u to r D e s c o n h e c id o /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 26 boleadeiras e instrumentos de pedra em forma de bumerangue. Estes povos se alimentavam da carne da caça de pequenos animais, peixes, moluscos e frutos silvestres. No Nordeste, eles habitaram cavernas e deixaram grande quantidade de arte rupestre. Estas pinturas representavam figuras humanas, cenas de caça, danças e guerras. No Sudeste, os povos caçadores-coletores são denominados de tradição Humaitá. No Sul, são chamados de tradição Umbu. Povos do litoral Os povos do litoral habitaram a costa do Brasil, desde o Espírito Santo até o Rio Grande do Sul, há cerca de 6 mil anos atrás. Eram povos coletores, mas sua dieta se baseava, principalmente, na abundância de alimentos que coletavam na orla marítima, como peixes, moluscos e crustáceos. Eles usavam o fogo e, devido à grande oferta de comida, fixavam-se em muitos lugares sem a necessidade de constante deslocamento. Fabricavam arpões e anzóis de ossos e poliam seus instrumentos. Alguns arqueólogos acreditam que as conchas dos moluscos que comiam e os instrumentos que utilizavam iam se amontoando, criando enormes dunas de conchas chamadas de sambaquis, ou concheiros. Outros arqueólogos afirmam que os sambaquis eram construídos propositalmente. Estes concheiros também eram utilizados como local onde enterravam seus mortos. Povos agricultores Os povos agricultores ocupavam várias regiões do país, entre 3500 e 1500 anos atrás, aproximadamente. No geral, habitavam em cabanas ou casas subterrâneas. Estes povos conheciam a cerâmica, os corantes, compostos medicinais naturais, plantavam mandioca e praticavam a coivara, ou seja, queimadas para limpar a terra. A mais conhecida cultura cerâmica deste grupo é a cerâmica marajoara, da Ilha de Marajó. Esta cerâmica apresenta decoração e tamanho peculiares. No Rio Grande do Sul, os povos agricultores eram chamados de itararés. No litoral Sudeste e Nordeste, eram conhecidos como tupis-guaranis. Foram estes os povos que entraram em contato com os portugueses, quando estes chegaram ao Brasil. Muitos foram escravizados e uma boa parte morreu decorrente de guerras e doenças trazidas pelos europeus. E lli e l B ra g a tt i/ W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 27 Questões 1. Também chamados de concheiros, são depósitos construídos pelo ser humano, formados por conchas de moluscos e outros sedimentos. Servia como local de enterramento. a) Arte Rupestre b) Sambaquis c) Coivara d) Tradição Umbu e) Cerâmica Marajoara 2. (Enem) A pintura rupestre mostrada na figura anterior, que é um patrimônio cultural brasileiro, expressa a) o conflito entre os povos indígenas e os europeus durante o processo de colonização do Brasil. b) a organização social e política de um povo indígena e a hierarquia entre seus membros. c) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram durante a chamada pré-história do Brasil. d) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes dinossauros atualmente extintos. e) a constante guerra entre diferentes grupos paleoíndios da América durante o período colonial. 3. (Pucsp) “O Brasil é uma criação recente. Antes da chegada dos europeus (...) essas terras imensas que formam nosso país tiveram sua própria história, construída ao longo de muitos séculos, de muitos milhares de anos. Uma história que a Arqueologia começou a desvendar apenas nos últimos anos.” Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 28 Norberto Luiz Guarinello. Os primeiros habitantes do Brasil. A arqueologia pré-histórica no Brasil. São Paulo: Atual, 2009 (15ª edição), p. 6 O texto acima afirma que a) o Brasil existe há milênios, embora só tenham surgido civilizações evoluídas em seu território após a chegada dos europeus. b) a história do que hoje chamamos Brasil começou muito antes da chegada dos europeus e conta com a contribuição de muitos povos que aqui viveram. c) as terras que pertencem atualmente ao Brasil são excessivamente grandes, o que torna impossível estudar sua história ao longo dos tempos. d) a Arqueologia se dedicou, nos últimos anos, a pesquisar o passado colonial brasileiro e seu vínculo com a Europa. e) os povos indígenas que ocupavam o Brasil antes da chegada dos europeus, foram dizimados pelos conquistadores portugueses. 4. (Ufscar) (...) Pré-História do Brasil compreende a existência de uma crescente variedade linguística, cultural e étnica, que acompanhou o crescimento demográfico das primeiras levas constituídas por poucas pessoas (...) que chegaram à região até alcançar muitos milhões de habitantes na época da chegada da frota de Cabral. (...) não houve apenas um processo histórico, mas numerosos, distintos entre si, com múltiplas continuidades e descontinuidades, tantas quanto as etnias que se formaram constituindo ao longo dos últimos 30, 40, 50, 60 ou 70 mil longos anos de ocupação humana das Américas. (Pedro Paulo Funari e Francisco Silva Noeli. "Pré-História do Brasil", 2002.) Considerando o texto, é correto afirmar que a) as populações indígenas brasileiras são de origem histórica diversa e, da perspectiva linguística, étnica e cultural, se constituíram como sociedades distintas. b) uma única leva imigratória humana chegou à América há 70 mil anos e dela descendem as populações indígenas brasileiras atuais. c) a concepção dos autores em relação à Pré-História do Brasil sustenta-se na ideia da construção de uma experiência evolutiva e linear. d) os autores descrevem o processo histórico das populações indígenas brasileiras como uma trajetória fundada na ideia de crescente progresso cultural. e) na época de Cabral, as populações indígenas brasileiras eram numerosas e estavam em um estágio evolutivo igual ao da Pré-História europeia. 5. Quais as características dos povos que habitavam a região de Lagoa Santa (MG) e Boqueirão da Pedra Furada (PI) estão relacionadas com os povos que habitavam o Paleolítico? Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 29 Mesopotâmia A Mesopotâmia - palavra grega que significa "terra entre rios" - era uma estreita faixa de terra localizada entre os rios Tigre e Eufrates. Atualmente território do Iraque, na antiguidade estava situada na região denominada Crescente Fértil, que englobava também outras regiões, como Egito e Israel. A civilização ocidental tem sua origem lá. Devemos aos mesopotâmicos a origem de nosso alfabeto, religião, arte e até as primeiras noções de direito. Esta planície fertilizada pelos rios Tigre e Eufrates atraiu uma série de povos que se misturaram e se envolveram nas mais variadas guerras territoriais. Entre estes povos que formaram a chamada civilização mesopotâmica temos: os sumérios, os babilônios, os hititas, os assírios e os caldeus. Sumérios Os sumérios viveram no sul da Mesopotâmia, entre 4000 a.C. e 1900 a.C. Suas principais cidades foram Ur, Uruk e Nipur. Para enfrentar a escassez de chuvas nas regiões desérticas onde viviam, os antigos agricultores sumérios abriam canais de irrigação para obter água. Para facilitar o comércio a partir do excedente de produção agrícola, construíram os primeiros veículos de rodas. Atribuímos aos sumérios a invenção da escrita. O nome escrita cuneiforme deriva do fato de eles escreverem na argila mole, sendo o traço deixado em forma de cunha. Os zigurates se tornaram o edifício característico da arquitetura suméria. Era uma construção em forma de torre, composta de sucessivos terraços com um pequeno templo no topo. Os sumérios tinham um vínculo muito forte com os seus deuses, considerando o seu culto a principal função a desempenhar na vida. No fim de suas orações, deixavam estatuetas de pedra que os representavam diante dos altares. Babilônios Os babilônios estabeleceram-se ao norte da região dos sumérios, entre 1900 a.C. e 1600 a.C., centralizando seu império na cidade de Babilônia. Por volta de 1750 a.C., o rei babilônico Hamurábi conseguiu conquistar toda a Mesopotâmia, impondo, sobre o seu império, a mesma administração e as mesmas leis. Suas leis eram baseadas na lei M z m a tu s z e w s k i0 /P ix b a y W ik im e d ia / س با ع _ ي اد عب ال Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 30 de talião – olho por olho, dente por dente. A lei de talião é o princípio por trás do Código de Hamurábi, o primeiro conjunto de leis escritas da História. Os babilônios aprimoraram conhecimento adquirido dos sumérios e fizeram novas descobertas, como o calendário e o relógio de sol. A Babilônia, capital do império, era uma das cidades mais prósperas e ricas da época. Após a morte de Hamurábi, o Primeiro Império Babilônico entrou em decadência e acabou por desaparecer devido a invasões sucessivas de outros povos mesopotâmicos. Hititas Os hititas dominaram a região da Anatólia, ou Ásia Menor, entre 1600 a.C. e 1200 a.C. A capital, Hatusa, por sua localização, foi de muita utilidade no controle das suas fronteiras. Um dos aspectos mais importantes relacionados aos hititas reside no fato de ter sido eles que nos legaram os mais antigos documentos escritos numa língua indo- europeia até hoje conhecidos. A maior parte dos textos, que tratavam de história, política, legislação, literatura e de religião, eram gravados através da escrita cuneiforme. Os hititas também nos deixaram duas invenções de grande importância: a utilização do ferro e o uso do cavalo. Criaram também as rodas com raios, utilizadas em carros de guerra. O rei hitita acumulava várias funções: era chefe do exército, juiz supremo e sacerdote. Os hititas criaram um grande império localizado nas atuais Turquia e Síria, e, devido ao seu poderiam, conseguiram conquistar a Babilônia. Assírios Os assírios habitaram a região ao norte da Babilônia, entre 1200 a.C. e 612 a.C. Estabeleceram sua capital ora em Nínive, ora em Assur. Os assírios ficaram conhecidos pela organização de uma forte cultura militar. A guerra tinha fundamental importância para eles. Encaravam-na como uma forma de conquistar poder e desenvolver a sociedade. Por este motivo, eram ferozes com os povos inimigos que conquistavam. Impunham aos vencidos castigos e torturas, pois achavam ser esta uma forma de manter respeito e espalhar o medo entre os outros povos. A sua violência militar tinha legitimidade por meio da religião: consideravam que a conquista de territórios e riquezas era uma missão divina. Apesar disso, o Império Assírio não resistiu ao ataque dos medos e caldeus. Em 612 a.C., estes povos derrotaram os assírios e destruíram Nínive e Assur. A u to r D e s c o n h e c id o /W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 31 Caldeus A supremacia dos caldeus representa o estágio final da civilização mesopotâmica, entre 612 a.C. e 539 a.C. O rei Nabucodonosor e seus seguidores tentaram reviver a glória da época de Hamurábi, inaugurando o chamado Segundo Império Babilônico. Alguns estudiosos consideram os caldeus os maiores "cientistas" da história mesopotâmica, tendo deixado importantes contribuições no campo da astronomia. Em 587 a.C., Nabucodonosor, após um cerco bem sucedido, conquistou Jerusalém. Seguiu-se um período de prosperidade na Babilônia. Os Jardins Suspensos da Babilônia e a Torre de Babel são deste período. Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, apoderou-se da Babilônia e transformou-a em mais uma província do império persa. Sociedade A sociedade mesopotâmica era estamental. Estamentos eram camadas sociais em que a posição dos indivíduos dependia do nascimento. Os estamentos da minoria eram formados por sacerdotes, aristocratas, militares e comerciantes. A maioria da população era formada pelos artesãos, camponeses e escravos. Mesmo no interior dos estamentos, havia funções sociais diferenciadas. Alguns artesãos detinham técnicas tão desenvolvidas que eram considerados mais importantes que sacerdotes. Na Mesopotâmia, havia uma junção entre política e religião. Assim, os reis exerciam as funções de sacerdote, juiz e comandante militar. Esta característica é denominada poder teocrático. Religião Assim como vários povos da antiguidade, os mesopotâmicos eram politeístas, ou seja, adoravam várias divindades e acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto o bem quanto o mal. A maior parte dos deuses tinham características antropozoomórficas. Isto significa que eram representados em forma humana e animal. Os deuses se diferenciavam dos homens por serem mais fortes e imortais, e representavam elementos da natureza. Era comum cada cidade ter o seu deus próprio e, quando uma alcançava predomínio político sobre as outras, seu deus também se tornava mais cultuado. Política e Economia A Mesopotâmia estava dividida em várias cidades-Estado independentes, com governo próprio e autônomo. Cada cidade pertencia a um deus, representado pelo rei. O rei M b z t/ W ik im e d ia Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 32 mesopotâmico, no geral, assumia uma série de funções: legislava em nome das divindades, garantia as práticas religiosas, cuidava da defesa de seus domínios e regulamentava a economia. Sendo parte do Crescente Fértil, as principais atividades econômicas realizadas na Mesopotâmia eram a agricultura e o comércio. Os mesopotâmicos fabricavam armas, joias e objetos de metal e desenvolveram a tecelagem. Os comerciantes andavam em caravanas, levando seus produtos aos países vizinhos e às regiões mais distantes, trazendo matérias-primas que faltavam na Mesopotâmia. Este intercâmbio conectou os diferentes povos de lá. Questões 1. A Mesopotâmia foi o berço da civilização ocidental. Nosso alfabeto, nossa religião, nosso direito e nossas artes são o resultado de uma longa evolução que lá começou. Essa rica planície atraiu uma série de povos, que se encontraram e se misturaram, empreenderam guerras e dominaram uns aos outros. Identifique, nas alternativas abaixo, o povo que viveu ao norte da região dos sumérios, entre 1900 a.C e 1600 a.C. e que, sob o governo de Hamurábi, tornou-se um vasto império: a) Babilônios b) Sumérios c) Caldeus d) Assírios e) Hititas 2. (Enem) A Unesco condenou a destruição da antiga capital assíria de Nimrod, no Iraque, pelo Estado Islâmico, com a agência da ONU considerando o ato como um crime de guerra. O grupo iniciou um processo de demolição em vários sítios arqueológicos em uma área reconhecida como um dos berços da civilização. Unesco e especialistas condenam destruição de cidade assíria pelo Estado Islâmico. Disponivel em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 30 mar. 2015 (adaptado). O tipo de atentado descrito no texto tem como consequência para as populações de países como o Iraque a desestruturação do(a) a) homogeneidade cultural. b) patrimônio histórico. c) controle ocidental. d) unidade étnica. e) religião oficial. 3. (Ufsc) "Bagdá - O famoso tesouro de Nimrud, desaparecido há dois meses em Bagdá, foi encontrado em boas condições em um cofre no Banco Central do Iraque em Bagdá, submerso em água de esgoto, segundo informaram autoridades do exército norte- Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 33 americano. Cerca de 50 itens, do Museu Nacional do Iraque, estavam desaparecidos desde os saques que seguiram à invasão de Bagdá pelas forças da coalizão anglo- americana. Os tesouros de Nimrud datam de aproximadamente 900 a.C. e foram descobertos por arqueólogos iraquianos nos anos 80, em quatro túmulos reais na cidade de Nimrud, perto de Mosul, no norte do país. Os objetos, de ouro e pedras preciosas, foram encontrados no cofre do Banco Central, em Bagdá, dentro de um outro cofre, submerso pela água da rede de esgoto. Os tesouros, um dos achados arqueológicos mais significativos do século 20, não eram expostos ao público desde a década de 90. Uma equipe de pesquisadores do Museu Britânico chegará na próxima semana a Bagdá para estudar como proteger os objetos." ("O ESTADO DE SÃO PAULO". Versão eletrônica. São Paulo: 07 jun. 2003. Disponível em www.estadao.com.br.) Assinale a(s) proposição(ões) CORRETA(S) em relação às sociedades que se desenvolveram naquela região na Antigüidade. 01) A região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje se localizam os territórios do Iraque, do Kweite (Kwait) e parte da Síria, era conhecida como Mesopotâmia. 02) Na Mesopotâmia viveram diversos povos, entre os quais podemos destacar os sumérios, acádios, assírios e babilônios. 04) A religião teve notável influência na vida dos povos da Mesopotâmia. Entre eles surgiu a crença em uma única divindade (monoteísmo). 08) Os babilônios ergueram magníficas construções feitas com blocos de pedra, das quais são exemplos as pirâmides de Gisé. (16) Os povos da Mesopotâmia, além da significativa contribuição no campo da Matemática, destacaram-se na Astronomia e entre eles surgiu um dos mais famosos códigos de leis da Antigüidade, o de Hamurábi. 32) Muitos dos povos da Mesopotâmia possuíram governos autocráticos. Entre os caldeus surgiu o sistema democrático de governo 4. (Pucpr) Sobre a produção cultural e científica da Mesopotâmia, é CORRETO afirmar que: a) os mesopotâmios foram exímios na elaboração de sagas que relatavam as experiências de heróis míticos em viagens de exploração marítima e colonização das costas da Arábia e da África. Além disso, desenvolveram amplamente a medicina, pois adquiriram profundos conhecimentos sobre o corpo humano com a prática da mumificação, que fazia parte de sua religião. b) os mesopotâmios desenvolveram a pintura de forma bastante rica e harmoniosa. Foram, também, os inventores do arco redondo ou de berço, muito utilizado na construção de pontes e de fortificações militares. Muito engenhosos, inventaram o concreto em substituição à pedra bruta, bastante rara na região da Mesopotâmia. c) os mesopotâmios eram grandes apreciadores de esportes, em especial da tauromaquia, na qual executavam jogos e apresentações acrobáticas com touros, com participação de mulheres. Apreciavam também esportes, como o lançamento de dardos e pesos à longa distância. Na arquitetura desenvolveram complexos tumulares Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 34 conhecidos como nuragues, de forma cônica, que revelavam sua ampla capacidade de cálculo. d) os mesopotâmios foram os maiores especialistas da Antiguidade na construção de monumentos de pedra esculpida. Os entalhadores mesopotâmicos eram reconhecidamente os melhores de seu tempo, tanto que foram requisitados para trabalhar em complexos palacianos na Pérsia e na Índia. Na Literatura, se destacaram nos temas religiosos, reflexo de sua profunda devoção e da grande importância da religião para a população mesopotâmica, comparável ao Egito. e) os mesopotâmios sobressaíram-se nas ciências, na arquitetura e na literatura. Observando o céu, especialmente a partir de suas torres ou zigurates, e buscando decifrar a vontade dos deuses, os sacerdotes desenvolveram a astrologia e a astronomia, conseguindo atingir um amplo conhecimento sobre fenômenos celestes, como o movimento de planetas e estrelas e a previsão de eclipses. 5. (Unesp) O palácio real constitui naturalmente, na vida da cidade mesopotâmica, um mundo à parte. Todo um grupo social o habita e dele depende, ligado ao soberano por laços que não são somente os de parente a chefe de família, ou de servidor a senhor. (...) Este grupo social é numeroso, de composição muito variada, abrangendo trabalhadores de todas as profissões, domésticos, escribas, artesãos, homens de negócios, agricultores, pastores, guardiões dos armazéns, etc., colocados sob a direção de um intendente. É que a existência de um domínio real, dotado de bens múltiplos e dispersos, faz do palácio uma espécie de vasta empresa econômica, cujos benefícios contribuem para fundamentar solidamente a força material do soberano. (Aymard/Auboyer, "O Oriente e a Grécia - As civilizações imperiais".) a) Como se organizava a vida social e política na Mesopotâmia? b) Um dos grandes legados da Mesopotâmia foi a criação do Código de Hamurábi. Quais os principais aspectos desse Código? Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 35 Egito Antigo O Egito Antigo é uma das civilizações mais importantes e fascinantes da Antiguidade. A maior parte do que conhecemos sobre esta civilização vem das pirâmides, pinturas, textos e objetos deixados nas tumbas dos reis. O Egito Antigo se localizava no nordeste da África, em pleno Deserto do Saara. Fazia parte, também, do Crescente Fértil, que englobava também outras regiões, como Mesopotâmia, Fenícia e Israel. A civilização egípcia se desenvolveu às margens do rio Nilo, que transformou o Egito Antigo em um imenso oásis com mais de mil quilômetros de comprimento. Importância do Nilo O vale do Nilo compreendia o Alto Egito (Terra do Sul), e o Baixo Egito (Terra do Norte). O rio Nilo desembocava no Mar Mediterrâneo. De junho a outubro, as águas do Nilo depositavam uma espécie de adubo natural – denominada húmus - que tornava a terra propícia para agricultura. Ao baixar as águas, os camponeses iniciavam a semeadura. Para saber a altura das cheias e prevenir enchentes, os egípcios utilizavam um poço à margem do rio, chamado Nilômetro. O Rio Nilo teve tamanha importância para o Egito, que o grego Heródoto disse a seguinte frase: “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Porém, Heródoto, nesta frase, falou apenas da questão geográfica. Não podemos esquecer que, se não fosse o trabalho de camponeses, artesãos e escravos, o Egito nunca teria se tornado uma grande civilização. Economia Devido à alta fertilidade garantida pelo rio Nilo, a agricultura era a principal ocupação dos egípcios. Os principais produtos cultivados eram o algodão, o linho, trigo e cevada. Através do cultivo do papiro - uma espécie de bambu -, fabricava-se papel, que era utilizado em diferentes sistemas de escrita egípcia. A pesca também era praticada em larga escala O produto da pesca, seco e conservado, constituía parte importante da alimentação dos egípcios. Os excedentes de produção eram comercializados nas planícies desérticas. Quando não estavam ocupados com trabalhos agrícola, os camponeses eram obrigados a trabalhar para o estado egípcio - sob o comando do faraó -, em canais de irrigação, obras públicas e templos. H a m is h 2 k /W ik im e d ia M a g ic m ic k a /P ix a b a y Produzido por historiadigital.org. Por favor não incentive a cópia ilegal deste material 36 Sociedade A sociedade egípcia era dominada pelo faraó, soberano todo-poderoso. Ele era considerado um deus vivo, filho de deuses e intermediário entre estes e os homens. O faraó era objeto de culto e sua pessoa era sagrada. O faraó tinha autoridade absoluta e concentrava, em si, os poderes político e religioso. Exercia, portanto, poder teocrático e despótico. Abaixo do faraó, a sociedade estava dividida em sete grupos sociais: nobres, soldados, escribas, soldados, artesãos, camponeses e escravos. A divisão social não era rígida, ou seja, havia alguma mobilidade social, ainda que pequena. Por outro lado, havia grande desigualdade econômica entre os grupos sociais. Religião A religião, que era politeísta e antropozoomórfica, desempenhava um papel muito importante na vida dos antigos egípcios. O Egito era uma civilização teocêntrica, ou seja, praticamente tudo girava em torno da religião. Grande parte de suas crenças e rituais foram incluídos em seu livro sagrado, o Livro dos Mortos. Assim, eles acreditavam numa vida após a morte. Esta forte crença era representada com frequência em pinturas e objetos deixados nas tumbas. Para garantir a passagem para outra vida, desenvolveram
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