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UFRPE – Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal – Área de Bioquímica e Biofísica – Prof. Marcos Correia FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA: CADEIAS TRANSPORTADORAS DE ELÉTRONS A fosforilação oxidativa é o ponto máximo do metabolismo de produção de energia nos organismos aeróbios. Todas as etapas oxidativas na degradação dos carboidratos, gorduras e aminoácidos convergem para este estágio final da respiração celular, no qual a energia de oxidação leva à síntese de ATP. Já na fotofosforilação, os organismos fotossintetizadores capturam a energia da luz solar – a fonte final de energia na biosfera – e a utiliza para produzir ATP. Juntas, fosforilação oxidativa e fotofosforilação contribuem com a maior parte do ATP sintetizado pela maioria dos organismos. Nos eucariotos, a fosforilação oxidativa ocorre na mitocôndria, e fotofosforilação nos cloroplastos. A fosforilação oxidativa envolve a redução de O2 a H2O por elétrons doados pelo NADH e pelo FADH2; isso ocorre tanto na presença de luz como no escuro. Fotofosforilação envolve a oxidação de H2O a O2, com NADP + como receptor final de elétrons, sendo absolutamente dependente da energia luminosa. Apesar de suas diferenças, esses dois processos altamente eficientes de conversão de energia têm mecanismos fundamentalmente similares. A compreenão da síntese do ATP na mitocôndria e nos cloroplastos está baseada na hipótese de Peter Mitchell (1961) de que as diferenças transmembrânica na concentração de prótons são reservatórios de energia extraída das reações de oxidações biológicas. Esta teoria quimiosmótica tem sido aceita como um dos grandes princípios unificadores da biologia no século XX, e que proporciona uma compreensão dos processos de fosforilação oxidativa e fotofosforilação, e da discrepância aparente da transdução de energia como o transporte ativo através de membrana e do movimento flagelar de bactéria. As semelhanças entre os processos de fosforilação oxidativa e fotofosforilação estão em três aspectos: (1) envolve o fluxo de elétrons por meio carreadores ligados à membrana. (2) A energia livre que se torna disponível por esta “descida” (exergônica) de fluxo de elétrons é associada ao transporte “ascendente” através da membrana impermeável a prótons, conservando a energia livre da oxidação de combustível como um potencial eletroquímico transmembrânico. (3) O fluxo transmembrana de prótons diminui seu gradiente de concentração através de canais de proteína específicos e fornece a energia livre para a síntese de ATP, catalisada por um complexo proteico (ATP sintetase) que acopla o fluxo de prótons à fosforilação do ADP. FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA Reações de transferência de elétrons na mitocôndria A matriz mitocondrial contem o complexo piruvato desidrogenase, as enzimas do ciclo do ácido cítrico, via da β-oxidação dos ácidos graxos e as vias de oxidação dos aminoácidos – todas as vias de oxidação de moléculas energéticas, com exceção da glicólise, que ocorre no citossol. A membrana interna. Seletivamente permeável, segrega os compostos intermediários e enzimas das vias metabólicas citossólicas daquelas dos processos metabólicos que ocorrem na matriz mitocondrial. No entanto, transportadores específicos carreiam piruvato, ácidos 2 graxos e aminoácidos ou seus ceto-derivados para dentro da matriz para que acessem a - maquinaria do ciclo do ácido cítrico. ADP e Pi são especificamente transportados para dentro da matriz, bem como o ATP sintetizado é transportado para fora. Cadeia transportadora de elétrons A fosforilação oxidativa começa com a entrada de elétrons na cadeia respiratória. A maior parte desses elétrons provem da ação de desidgrogenases que coletam elétrons das vias catabólicas e os canalizam em receptores universais de elétrons – nucleotídeos de nicotinamida (NAD+ ou NADP+) ou nucleotídeos flavínicos (FMN ou FAD). Cinco tipos de carreadores de elétrons estão presentes na cadeia transportadora de elétrons: desidrogenases, flavoproteínas, ubiquinona, citocromos e proteínas Fe-S. Desidrogenases. Ligadas a nucleotídeos de nicotinamida, catalisam reações reversíveis dos tipos: Substrato reduzido + NAD+ substrato oxidado + NADH + H+ Substrato reduzido + NADP+ substrato oxidado + NADPH + H+. A maioria das desidrogenases que agem em catabolismo é específica para NAD+ como receptor de elétrons. Algumas estão mo citossol, outras estão na mitocôndria, e outras ainda têm isoenzimas mitocondriais e citossólicas. Algumas reações importantes catalisadas por Desidrogenases ligadas a NAD(P)H Reação Local* Ligada a NAD: α-Cetoglutarato + CoA + NAD+ succinil-CoA + NADH + H+ L-Malato + NAD+ oxalacetato + NADH + H+ Piruvato + CoA + NAD+ acetil-CoA + NADH + H+ Gliceraldeído 3-fosfato + Pi + NAD + 1,3-bifosfoglicerato + NADH + H+ Lactato + NAD+ piruvato + NADH + H+ β-Hidroxiacil-CoA + NAD+ β-cetoacil + NADH + H+ Ligada a NADP: Glicose 6-fosfato + NADP+ 6-fosfogluconato + NADPH + H+ Ligada a NAD ou NADP L-Glutamato + H2O + NAD(P) + α-cetoglutarato + NH4 + + NAD(P)H + H+ Isocitrato + NAD(P)+ α-cetoglutarato + CO2 + NAD(P)H + H + M M e C M C C M C M M e C (*) M se refere à mitocôndria e C ao citossol. Desidrogenases NAD-ligadas removem dois átomos de hidrogênio de seus substratos. Um dos quais é transferido como um íon hidreto (:H–) ao NAD+; o outro é liberado como H+ no meio. NADH e NADPH são carreadores de elétrons hidrossolúveis que se associam reversivelmente com as desidrogenases. NADH carreiam elétrons das reações catabólicas ao seu ponto de entrada na cadeia respiratória. NADPH geralmente fornece elétrons às reações anabólicas. As células mantêm reservatórios separados de NADPH e NADH, com diferentes potenciais redox. Isto é realizado pela manutenção de razões de [forma reduzida]/[forma oxidada] relativamente alta para NADPH e relativamente baixa para NADH. Nem NADH nem NADPH 3 pode atravessar a membrana interna da mitocôndria, mas os elétrons que carregam podem ser lançados através desta indiretamente. Flavoproteínas contêm um nucleotídeo flavínico, estreitamente, algumas vezes covalentemente, ligado, tanto FMN ou FAD. O nucleotídeo flavínico pode aceitar tanto um elétron, produzindo a forma semiquinona, ou dois, produzindo FADH2 ou FMNH2. A cadeia respiratória mitocondrial consiste de uma série de carreadores de elétrons que atuam em sequência que, em sua maioria, são proteínas integrais com grupos prostéticos capazes de receber e doar um ou dois elétrons. Três tipos de transferência de elétrons ocorrem na oxidação fosforilativa: (1) transferência direta de elétorns, como na redução de Fe3+ a Fe2+; (2) transferência como átomo de hidrogênio (H+ + e–); e (3) transferência como íon hidreto (:H–), que suporta dois elétrons. O termo equivalente de redução é usado para designar um simples equivalente em elétron transferido em uma reação de oxi-redução. Coenzimas Q. Além do NAD e das flavoproteínas, três outros tipos de moléculas carreadoras de elétrons funcionam na cadeia respiratória: uma quinona hidrofóbica (ubiquinona) e dois tipos diferentes Fe-proteínas (citocromos e Fe-S-proteínas). A ubiquinona, também chamada coenzima Q, ou simplesmente Q, é uma benzoquinona lipossolúvel com uma longa cadeia lateral isoprenóide. Em plantas, nos cloroplastos, ocorre um composto correlato, a plastoquinona e, em bactérias, a menaquinona. O O O O CH3 CH3 CH3 (CH2-CH=C(CH 3)-CH 2)10-H O OH O O CH3 CH3 CH3 (CH2-CH=C(CH 3)-CH 2)10-H OH OH O O CH3 CH3 CH3 (CH2-CH=C(CH 3)-CH 2)10-H Ubiquinona (Q) (completamente oxidada) Radical semiquinona . HQ Ubiquinol (QH 2 ) completamente reduzido Ubiquinona (Q ou CoQ). A redução completa da ubiquinona requer dois elétrons e dois próton, e ocorre em duas etapas passando pelo radical intermediário semiquinona. 4 Citocromos. são proteínas com forte absorção da luz visível, devidoao seu grupo prostético contendo Fe. A mitocôndria contem três classes de citocromos, designados a, b e c, distinguidos pelas diferenças em seus espectros de absorção de luz. Cada tipo de citocromo em seu estado reduzido (Fe2+) tem três bandas de absorção na faixa visível. A banda de maior comprimento de onda fica próxima de 600 nm nos citocromos tipo a, próxima a 560 nm no tipo b, e próxima a 550 nm no tipo c. Para distinguir mais precisamente entre citocromos de um mesmo tipo, a absorção máxima é às vezes usada nos nomes, como no citocromo b562. O cofator heme dos citocromos a e b estão fortemente, mas não covalentemente, associados à proteína; o heme dos citocromos do tipo c estão covalentemente ligados por resísudos de Cys. Os citocromos do tipo a e b e alguns do tipo c são proteínas integrais da membrana interna. Os citocromos c da mitocôndria são proteínas solúveis que se associam por cargas eletrostáticas à superfície externa da membrana interna. N N FeN N CH3 CH2 CH2 CH3 CH3 COO - COO - N N FeN N CH3 CH3 CH3 CH3 CH3 COO - COO - SCys S Cys N N FeN N CH3 CH2 CH3 C COO - COO - CH3 CH3 CH3 CH3 OH O H Ferro-protoporfirina IX (em citocromos tipo b) Heme C (em citocromo do tipo c) Heme A (em citocromos do tipo a) Grupos prostéticos dos citocromos. Cada grupo consiste de quatro anéis contendo nitrogênio, formando uma estrutura cíclica chamada porfirina. Cada nitrogênio estão coordenados com um átomo de Fe central, tanto Fe2+ ou Fe3+. 5 Proteínas Fe-S. Apresentam um átomo de ferro, não na forma hem, mas associado com átomos inorgânicos de enxofre ou com o enxofre de resíduos de Cys na proteína. Estes centros variam de simples estruturas com apenas um átomo de Fe coordenado a quatro grupos Cys-SH a centros de Fe-S mais complexos com dois ou quatro átomos de Fe coordenados a dois resíduos de histidina. Todos as proteínas Fe-S participam na transferência de um elétron na qual um átomo de ferro do grupo é oxidado ou reduzido. Pelo menos oito proteínas Fe-S funcionam na transferência de elétrons mitocondrial. Na reação global catalisada pela cadeia respiratória mitocondrial, os elétrons se movem do NADH, succinato, ou qualquer outro doador primário de elétrons através das flavoproteínas, ubiquinona e proteínas Fe-S, citrocromos pra, finalmente, o O2. Potenciais padrões de redução da cadeia respiratória e seus respectivos carreadores de elétrons Reação redox (meia reação) E’0 (V) 2H+ + 2e– H2 NAD+ + H+ + 2e– NADH NADP+ + H+ + 2e– NADPH NADH desidrogenase (FMN) + 2e– NADH desidrogenase (FMNH2) Ubiquinona + 2H+ + 2e– ubiquinol Citocromo b (Fe3+) + e– citocromo b (Fe2+) Citocromo c1 (Fe 3+) + e– citocromo c1 (Fe 2+) Citocromo c (Fe3+) + e– citocromo c (Fe2+) Citocromo a (Fe3+) + e– citocromo a (Fe2+) Citocromo a3 (Fe 3+) + e– citocromo a3 (Fe 2+) ⅟2O2 + 2H + + 2e– H2O -0,414 -0,320 -0,324 -0,300 0,045 0,077 0,220 0,254 0,290 0,350 0,8133 Complexos multienzimáticos da cadeia transportadora de elétrons Os carreadores de elétrons da cadeia respiratória estão organizados em complexos supramoleculares embutidos na membrana interna mitocondrial, e que podem ser fisicamente separados. São divididos em quatro complexos multienzimáticos. Os complexos I e II catalisam a transferência de elétrons para a ubiquinona (Q) a partir de dois diferentes doadores NADH (pelo Complexo I) e succinato (pelo Complexo II). O Complexo III carreia elétrons da Centros Ferro-Enxofre, (a) com apenas um íon Fe cercado por átomos de S de quatro resíduos de cisteína; (b) com átomos de enxofre inorgânico e de cisteína (2F-2S) e (c) com 4Fe-4S. 6 ubiquinona reduzida para para o citocromo c, e o Complexo IV completa a sequência transferindo os elétrons do citocromo c para o O2. Os componentes proteicos da cadeia transportadora de elétrons mitocondrial Complexo/proteína Massa (kDa) Número de subunidades* Grupo(s) prostétio(s) I NADH desidrogenase II Succinato desidrogenase III Ubiquinona citocromo c oxirredutase Citocromo c** IV Citocromo oxidase 850 140 250 13 160 43 (14) 4 11 1 13 (3-4) FMN, Fe-S FAD, Fe-S Hemes, Fe-S Heme Hemes; CuA, CuB (*) Subunidades encontradas em bactérias entre parentheses (**) O Citocromo c não faz parte de um complexo enzimático; apenas move-se livremente entre os Complesos III e IV. O Complexo I: NADH para a Ubiquinona. Também chamado NADH:ubiquinona oxirredutase ou NADH desidrogenase, é uma grande enzima composta por 42 diferentes cadeias polipeptídicas, incluindo uma flavoproteína contendo FMN e pelo menos seis centros Fe-S. Catalisa dois processos acoplados: (1) a transferência para ubiquinona de um íon hidreto do NADH e um próton da matriz mitocondrial, representado pela reação abaixo NADH + H+ + Q NAD+ + QH2 e (2) a transferência exergônica de quatro prótons da matriz para o espaço intermembranas. O Complexo I é, desse modo, uma bomba de próton acionada pela energia da transferência de elétrons. A matriz fica negativamente carregada com a saída dos prtóns, e o espaço entre as membranas fica positivamente carregado com a chegada de prótons. A equação global fica, então, escrita desse modo: NADH + 5H+N + Q NAD + + QH2 + 4H + P Onde os índices N e P no próton indicam a natureza vetorial do processo, lado negativo (matriz) e positivo (intermembrana), respectivamente. 7 O Complexo II: do Succinato para a Ubiquinona O complexo II é a succinato desidrogenase, a única enzima do ciclo do ácido cítrico que está ligada à membrana. Embora menor e mais simples que o complexo I, esta contém cinco grupos prostéticos de dois tipos e quatro diferentes subunidades proteicas. Suas subunidades C e D são proteínas integradas à membrana, cada uma com três hélices transmembrânica. Elas contêm um grupo heme, um heme b e um sítio de ligação para a ubiquinona, o receptor final de elétrons da reação catalisada pelo Complexo II. As subunidade A e B se estendem para dentro da matriz (ou do citossol, em bactérias); elas contêm três centros 2Fe-2S, um FAD ligado, e um sítio para o substrato succinato. O caminho de transferência de elétron do sítio do succinato para o sítio do FAD, e dos centros Fe-S para o sítio da ubiquinona excede 40 Å, mas entre os sítios individuais a distância é de apenas 11 Å, razoável para uma rápida transferência de elétrons. Complexo III: da Ubiquinona ao Citocromo c Também conhecido como complexo citocromo bc1 ou ubiquinona:citocromo c oxidorredutase, combina a transferência de elétrons do ubiquinol (QH2) para o citocromo c com o transporte vetorial de prótons da matriz para o espaço intermembranas. Este complexo é um dímero de dois monômeros idênticos, cada um com 11 subunidades. Cada monômero apresenta um core funcional tem três subunidades: citocromo b com dois hemes (bH e bL); proteína Fe-S de Rieske com seu centro 2Fe-2S; e citocromo c1 com seu heme. 8 O processo de passagem de elétrons e prótons da ubiquinona para o citocromo c é denominado de ciclo Q, e é dado pela equação: QH2 + 2 cit c1(oxidado) + 2H + N Q + 2 citc1(reduzido) + 4H + P O ciclo Q acomoda a chave entre a ubiquinona (carreadora de 2 elétrons) e os citocromos b592, c1 e c (carreadores de um elétron), e explica estequiometria que indica a translocação de quatro próton por par de elétrons que passa através do Complexo III para o citocromo c. Embora o caminho dos elétrons através desse seguimento seja complicado, o efeito resultante ,da transferência é simples: QH2 é oxidado a Q e duas moléculas de citocromo c são reduzidas. O citocromo c é uma proteína solúvel no espaço intermembrana. Após seu heme aceitar um elétron do Complexo III, este se move para o Complexo IV para doar este elétron para um centro binuclear de cobre.QH2 + cit c1(ox) •Q + 2H + P + cit c1(red) QH2 + •Q + 2H + N + cit c1(ox) QH2 + 2H + P + Q + cit c1(red) Equação líquida: QH2 + 2 cit c1(oxidado) + 2H + N Q + 2 cit c1(reduzido) + 4H + P 9 Complexo IV: do Citocromo c para o O2 O Complexo IV, também conhecido como Citocromo oxidase, carreia elétrons do citocromo c para o oxigênio molecular (O2) reduzindo-o a água. O Complexo IV é uma grande enzima (13 subunidades; Mr 204.000) da membrana interna. Em bactérias, há uma forma similar com 3 ou 4 subunidades apenas, mas ainda com capacidade de carrear elétrons e bombear prótons. Sua subunidade II, na mitocôndria, contem dois íons Cu complexados com grupos SH de dois resíduos de cisteína em um centro binuclear (CuA) que se assemelha aos centros 2Fe-2S das proteínas ferro-enxofre. A subunidade I contem dois grupos heme, designados a e a3, e um outro íon cobre (CuB). Heme a3 e CuB formam um segundo centro binuclear que aceitam elétrons do heme a e transferem para o O2, então ligado ao heme a3. Os elétrons transferidos pelo Complexo IV passam do citocromo c para centro CuA, para o heme a, para o heme a3centro CuB e, finalmente, para o O2. Para cada quatro elétrons que passam pelo complexo, a enzima consume quatro “substratos” H+ da matriz (lado N) para converter O2 em H2O e usa também energia desta reação redox para bombear um próton para o espaço intermembrana (lado P) para cada elétron que passa, aumentando o potencial eletroquímico produzido pelos Complexos I e III. A reação geral catalisada pelo Complexo IV é: 4 Cit c (reduzido) + 8H+ + O2 4 cit c (oxidado) + 4H + + 2H2O Fluxo de elétrons através do Complexo IV. Os elétrons transferidos pelo Complexo IV passam do citocromo c para centro CuA, para o heme a, para o heme a3centro CuB e, finalmente, para o O2. 10 Energia de Trasnferência de Elétrons e Gradiente de Prótons A transferência de dois elétrons do através da cadeia respiratória para o oxigênio molecular pode ser escrita como NADH + H+ + ⅟2O2 NAD + + H2O Esta reação é altamente exergônica. Para o par redox NAD+/NADH, E’° é igual a 0,320 V, e para o par O2/H2O, 0,816 V. O E’° para esta reação é 1,14 V e a variação de energia-livre padrão é dada por G’° = -n.F . E’° = -2.(96,5 kJ/V).(1,14V) = -220 kJ/mol (do NADH) A maior parte dessa energia é utilizada para bombear prótons, que fica uma reserva energétiva no espaço intermembrana. A reação geral fica então escrita como NADH + 11H+N + ⅟2O2 NAD + + 10H+P + H2O Síntese do ATP A energia liberada pela passagem de elétrons libera uma energia livre de cerca de 200 kJ (por mol de par de elétron), e a formação de um mol de ATP requer cerca de 50 kJ. A questão a saber é: qual o mecanismo que acopla o fluxo de prótons com a fosforilação? O modelo quimiosmótico, proposto por Peter Mitchell, alega que energia eletroquímica inerente na diferença de concentração de prótons e a separação de carga através da membrana interna da mitocôndria – força próton-motriz – leva ATP quando os prótons fluem passivamente de volta à matriz, através de um poro de próton associado à ATP sintetase. Assim sendo, a equação para a síntese do ATP pode ser escrita a seguinte forma: ADP + Pi + nH + P ATP + H2O + nH + N 11 O mecanismo quimiosmótico proposto por Mitchell é comprovado quando mitocôndrias isoladas são suspendidas em em uma solução tampão contento ADP, Pi, e um substrato oxidável, como o succinato. Então três processos, que são facilmente mensuráveis, ocorrem: (1) o substrato é oxidado (o succinato é convertido em fumarato), (2) O2 é consumido e (3) ATP é sintetizado. O consumo de oxigênio e a síntese de ATP depende da presença de um substrato oxidável (succinato, no caso) bem como de ADP e Pi. Modelo quimiosmótico. Observa-se o fluxo de elétrons com a transferência de prótons para o espaço intermembrana, e o retorno de prótons, ocasionando a síntese de ATP.
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