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Platão 2012

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 PLATÃO (428 - 347 a. C) �
Platão nasceu em Atenas em uma família de aristocratas e foi discípulo de Sócrates, avançando bastante os conhecimentos iniciados por seu Mestre. Após a morte de Sócrates, Platão empreendeu algumas viagens, das quais recebeu diversas influências para elaborar sua teoria de conhecimento. Em 387 a.C, Platão fundou sua escola filosófica – “Academia” (no Ginásio de Academia, em arredores de Atenas). Os escritos de Platão foram classificados em três fases:
1a) Logo após a morte de Sócrates - quando começou a escrever seus diálogos sob forte influência do Mestre;
2a) Após sua viagem realizada à Sicília - quando aprendeu os ensinamentos deixados por Pitágoras, afastando-se, progressivamente do pensamento socrático e; 
3a) Quando formulou sua teoria de conhecimento - ao escrever os diálogos realizados com seus discípulos na Academia (fase da maturidade). 
A Filosofia Socrática, de cunho fundamentalmente ético e político era voltada para as definições e conceitos de valores e crenças relacionados às ações humanas, como, por exemplo, os conceitos de virtude, coragem, ética e piedade. Sócrates motivou muitos jovens e adultos a pensarem de forma crítica e reflexiva. Em sua época, os sofistas - Mestres em retórica e oratória - eram pagos pelos políticos e aristocratas para aprenderem a arte de bem falar e persuadir o povo. A crítica de Sócrates aos sofistas centrava-se na falta valores éticos, pois o objetivo dos sofistas era ensinar os políticos a convencerem o povo a acreditarem em suas afirmativas (que tinham coerência lógica), no entanto, na maioria das vezes, não estavam de acordo com os interesses do povo e com os valores éticos. Sócrates era filho de uma parteira e em homenagem a mãe utilizava o Método Maiêutico (parto de ideias) para motivar seus interlocutores a compreenderem e analisarem criticamente os discursos dos políticos. 
Em contrapartida, a Filosofia Platônica primou pelo desenvolvimento da capacidade de compreensão e análise do mundo, através do processo de abstração e superação das experiências concretas. Platão afirmava que os filósofos poderiam chegar à verdadeira essência das coisas, em seu sentido eterno e imutável, dedicando-se à filosofia, ou seja, o estudo da filosofia levaria os indivíduos ao alcance do conhecimento verdadeiro e absoluto de todas as coisas. 
A Metafísica Platônica - que se situa além do mundo dos conhecimentos físicos - era entendida como um mundo de conhecimentos pré-existentes denominado mundo inteligível, no qual era possível encontrar as respostas verdadeiras e últimas de todos os questionamentos. É importante ressaltar, que para Platão, o dualismo entre mundo inteligível e o mundo sensível era inevitável, pois os conhecimentos obtidos através da razão (do intelecto) não se relacionavam com os conhecimentos adquiridos através dos sentidos. 
Mundo inteligível (dos conhecimentos produzidos no intelecto) – mundo dos conhecimentos transcendentes, verdadeiros, absolutos e pré-existentes ao homem. O mundo inteligível foi caracterizado por Platão, como o mundo dos conhecimentos verdadeiros que seriam alcançados, através do pensamento racional e mediante o estudo da filosofia. Para Platão, os conhecimentos obtidos através da vida cotidiana eram apenas “sombras”.
Mundo sensível - dos conhecimentos produzidos na vida cotidiana e captados pelos cinco sentidos. O mundo sensível foi caracterizado por Platão, como um mundo dos conhecimentos produzidos pelo povo (no cotidiano de suas vidas) e captados pelos cinco sentidos: olfato, paladar, visão, audição e tato. Para Platão, os conhecimentos produzidos no mundo sensível se fundamentavam em opiniões e crenças não científicas, tendo em vista que os cinco sentidos podem enganar os sujeitos que percebem a realidade. 
Platão também reconheceu que o objeto de todo desejo humano deveria ser objeto da razão e o ser humano não deveria ser influenciado por suas paixões e desejos. Platão reconheceu a complexidade dos homens, suas limitações e sofrimentos para realizarem suas escolhas de vida. Ele afirmou que as decisões racionais certamente levariam os homens a se tornarem virtuosos e felizes. Contrariamente, as escolhas provenientes dos desejos e das paixões, certamente levariam os homens à infelicidade. De acordo com Platão, os seres humanos possuem três dimensões: 
1a) Racional - que delibera ao homem o que fazer baseado na razão.
2a) Irascível (dúvidas) - que se situa entre o desejo e a razão, confundindo os homens em suas escolhas.
3a) Apetitiva - que leva o homem a realizar suas escolhas em função dos desejos e das paixões. 
Na concepção platônica, o homem virtuoso possui mais chances de alcançar a felicidade, pois realiza suas escolhas baseado na razão, sem se deixar confundir pelo lado irascível (dúvidas), nem ser levado pelo lado apetitivo (desejos e paixões). De acordo com Platão, o homem poderia chegar à virtude, e consequentemente, à felicidade por duas vias: pela educação ou pelo sofrimento. Porém, Platão considerou que a constituição defeituosa de um sujeito ou a má educação fariam com que, a maioria das pessoas, se desviasse da virtude natural na busca das ideias verdadeiras. Segundo Platão, a verdadeira essência das coisas deveria ser alimentada pelos estudos profundos da Literatura, das Artes, da Música, da Poética e da Ginástica. Tais estudos proveriam aos filósofos um corpo de opiniões seguras e corretas que contribuiriam para o conhecimento metafísico obtido através da razão. Portanto, a Metafísica Platônica é caracterizada pelo conhecimento verdadeiro captado pela razão. Em síntese, no mundo inteligível das ideias e conhecimentos verdadeiros, pré-existentes e captados pela razão (metafísica) estão além do conhecimento produzido no mundo sensível (do conhecimento da vida prática) captado pelos sentidos. Conforme Platão, os homens já nascem predestinados, por isso, os homens (ricos e livres) tinham o privilégio de poderem estudar Filosofia. 
Nesse sentido, os homens traziam desde o nascimento uma memória que teria sido apagada, mas que diante da busca pela verdade (metafísica), essa memória retornaria e ofereceria aos filósofos o bem estar intelectual necessário para comprovar o encontro das verdades alcançadas. Portanto, o encontro entre o homem e o conhecimento, mediado pela razão (que não contrariasse o intelecto e os aspectos morais e éticos da psique) trariam de volta as sensações registradas pelas vidas passadas e fariam com que os filósofos tivessem certeza de estarem diante da verdade buscada. No entanto, somente os filósofos, seus discípulos e aristocratas estavam aptos para estudarem profundamente a Filosofia para encontrarem a essência verdadeira de todas as coisas. Os escravos, as mulheres, os indivíduos que possuíam má formação (alguma deficiência física ou mental) e os homens livres (que trabalhavam como artesãos, comerciantes ou que serviam o exército) não participavam dos estudos filosóficos. 
REFERÊNCIA:
SCOLNICOV, Samuel. Platão e o problema educacional. São Paulo: Loyola, 2006. 
Cheila Szuchmacher
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