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Tumores do Sistema Nervoso ILDIANE APARECIDA GONÇALVES | UNIFAGOC - 2021 Epidemiologia e classificação: · Tumores primários = se originam de diferentes células do SNC. · Aumento da incidência nos últimos 50 anos = EUA 2004-2007: 24,6/10.000 · 2% de todos os cânceres, com altas taxas de morbimortalidade. · Mais de 150 tipos pela OMS (2016) · Secundários = metástases para o SNC. · Benignos e malignos (porém, há os benignos com linhagem celular mais agressiva). Quadro clínico: · Sinais e sintomas GENERALIZADOS ou FOCAIS por invasão cerebral local, compressão de estruturas adjacentes ou aumento da PIC. ##CAI NA PROVA## CEFALEIA É O SINTOMA MAIS COMUM (48%). · Considerado o pior sintoma pela maioria. Constante e ocasionalmente latejante. · Náuseas e vômitos (HIC), com piora à manobra de Valsalva (aumenta PIC). · Crises convulsivas = mais incidentes em tumores primários. · Depressão do nível de consciência. Tumores benignos primários MENINGIOMA: · TUMOR PRIMÁRIO MAIS FREQUENTE = 1/3 · Se origina das células aracnoides nas meninges. · Associação com história prévia de RADIAÇÃO. · 18.000 novos/ano nos EUA · SUPRATENTORIAIS são os mais comuns, seguidos pelos PARASSAGITAIS. · Raro em crianças, exceto em caso de neurofibromatose tipo II ou radiação prévia. · MULHERES! · Grau I: benigno (MAIORIA), bom prognóstico; grau II: atipia; grau III: maligno. · Benigno: crescimento lento, circunscrito, pode ser múltiplo, calcificar e causar hiperosteose. · Maligno: crescimento rápido. · PODE OCORRER NA COLUNA · Tipo mais comum = MENINGOTELIOMATOSO. · QUADRO CLÍNICO: poucos sintomas = evolução lenta. Depende da localização e tamanho (cefaleia, náuseas e vômitos, convulsões e paresias). · DIAGNÓSTICO: TC ou RNM e confirmação pelo histopatológico. · Tratamento é cirúrgico em CASOS SINTOMÁTICOS. Pode ser expectante. NEURINOMA DO ACÚSTICO: · Segundo tumor benigno mais frequente. · ORIGEM: células de Schwann, na porção vestibular do NC VIII. · 8-10% dos tumores intracranianos em adultos = MULHERES na 4ª década. · 80-90% no ângulo pontocerebelar. Em 90% é unilateral (5% bilaterais = neurofibromatose tipo II). · QUADRO CLÍNICO: redução da acuidade auditiva (95%), zumbido (63%), desequilíbrio, parestesia, hipoestesia, dor facial por acometimento do V nervo, paralisia se envolvimento do VII nervo e ataxia (6%). · Se compressão de fossa posterior = hidrocefalia, cefaleia, sonolência e outros sinais de HIC. · Degeneração maligna extremamente rara. · DIAGNÓSTICO: audiometria, RNM de preferência. Meningioma é um DD. · TRATAMENTO: cirúrgico (pode causar paralisia do NC VII), radioterápico ou expectante. Adenoma de Hipófise: · Causa mais comum de massa selar a partir da 3ª década de vida. · 10% de todas as neoplasias intracranianas. · HIPÓFISE ANTERIOR = ADENOIPÓFISE. · Divididos pela função endócrina (secretor ou não) e tamanho (macro ou micro). · Tumores não secretores: origem não é a glândula hipófise = doenças vasculares, infiltrativas, de origem embrionária e outras. · O tipo mais comum de adenoma hipofisário secretor é o PROLACTINOMA. · QUADRO CLÍNICO: depende do tipo de adenoma! Sintomas de hiper ou hipossecreção. A hemianopsia bitemporal (compressão do quiasma óptico) é o sintoma mais comum (80%). Cefaleia se compressão tumoral. Diplopia se acometimento do III nervo. · DIAGNÓSTICO: dosagem hormonal + RNM. · TRATAMENTO: controle hormonal + redução do tamanho = todos os pacientes com macroadenoma precisarão de tratamento. Nos demais, apenas aqueles com sintomatologia decorrente do tumor (como infertilidade, galactorreia relevante, etc.). · ESCOLHA: TRATAMENTO MEDICAMENTOSO = agonistas dopaminérgicos: CABERGOLINA e BROMOCRIPTINA = normalizam os níveis de prolactina, restauram a função gonadal e reduzem significativamente o volume tumoral dos prolactinomas. Cirurgia não é isenta de complicações e taxas de cura são baixas. · Nos casos em que não há melhora com tto medicamentoso = cirurgia para retirada parcial. Outras indicações: macroprolactinomas císticos que causem sintomas neurológicos, apoplexia com déficit neurológico e intolerância a agonistas dopaminérgicos. · Acompanhar com mensurações frequentes da prolactina = a cada 6 meses nos primeiros 2 anos, depois anualmente. TUMORES MALIGNOS PRIMÁRIOS: Glioma: · Tumor maligno primário mais frequente. · ORIGEM: células da glia (astrócitos e oligodendrócitos). · Gliomas de baixo grau: menos comuns. Gliomas de alto grau: rápida progressão. · Classificação com base no IDH (isocitrato desidrogenase) tipo selvagem e IDH mutante. O primeiro geralmente tem pior prognóstico. Glioma difuso da linha médica com mutação H3K27M = prognóstico ruim. · O que mais causa crises convulsivas. Calcificações nos exames de imagem. Astrocitoma Pilocítico: · Crescimento lento, bem demarcado, frequentemente cístico e curável. · TRATAMENTO: cirurgia para retirada completa. ##CAI NA PROVA## Crianças e adultos jovens. Geralmente cresce no hemisfério cerebelar e em volta do III ventrículo (pode causar hidrocefalia). · Transformação para maligno em menos de 5%. · Tende a ser de linha média. · QUADRO CLÍNICO: hidrocefalia obstrutiva, cefaleia, letargia, desequilíbrio, queda ou incoordenação = CEREBELO. Déficits neurológicos secundários ao comprometimento do TRONCO CEREBRAL, incluindo visão dupla e paresia facial. Problemas endócrinos, como hipernatremia = HIPOTÁLAMO. Déficit visual = NERVO ÓPTICO. Xantoastrocitoma pleomórfico: · Glioma superficial supratentorial. · Jovens. · Envovimento extenso das leptomeninges. Relação com longa história de epilepsia. Astrocitoma de baixo grau (low-grade): · Grupo heterogêneo de neoplasias intrínsecas do SNC. · Crescimento lento. · Cérebro e medula espinhal. · QUADRO CLÍNICO: início lento de dor nas costas e déficits neurológicos, como parestesias nos brações ou pernas, fraqueza e dormência objetiva. Dor, geralmente sobre a região do tumor (mais comum em cervical). · TRATAMENTO: sintomáticos (convulsões) e cirurgia com ou sem terapia adjuvante. Astrocitoma anaplásico: · Alta taxa de mitose, atipia nuclear, mas sem proliferação endotelial e necrose. · Evolução bastante agressiva. · TRATAMENTO: máxima ressecção cirúrgica + posterior radio ou quimio adjuvante. Glioblastoma multiforme (GBM): · Tumor pleomórfico, com atividade celular e proliferação microvascular ou necrose. ##CAI NA PROVA## 55% de todos os gliomas, sendo o tumor mais agressivo do sistema nervoso (sobrevida média de 2 anos). Mais frequente em adultos de 35-70 anos, com pico na 6ª década. · Segundo tipo de tumor cerebral primário mais comum (neoplasia supratentorial primária mais frequente no adulto). · ASTROCITOMA GRAU IV · 15% de todos os tumores. · Mais comum na susbtância branca subcortical dos hemisférios cerebrais. Localização FRONTOTEMPORAL é típica. · Infiltração pode se estender para córtex adjacente e gânglios da base. Quando se espalha para o hemisfério contralateral = lesão bilateral simétrica = “glioma em asa de borboleta” = RARO. · QUADRO CLÍNICO: decorrente da infiltração ou compressão tumoral e do edema peritumoral. Pode acometer áreas do córtex motor primário. · TRATAMENTO: é cirúrgico e visa a máxima remoção possível. · Temozolomida + redioterapia = aumenta sobrevida de 12,1 para 14,6 meses. · Terapia de suporte: dexametasona = trata o edema associado; rápido alívio dos sintomas. · MGMT = sua metilação sugere resposta favorável com sensibilidade tumoral a radio e quimio. Oligodendrogliomas: · Classificados como graus II e III quando anaplásicos. · 5% dos tumores primários do SNC, Crescimento infiltrativo lento. · QUADRO CLÍNICO: crises convulsivas e calcificações são comuns. ##CAI NA PROVA## Características histológicas = citoplasma “em ovo frito” e vascularização “em tela de arame”. · TRATAMENTO: cirurgia para alguns, quimio para todos e radio para transformação anaplásica. · Comportamento biológico menos agressivo e resposta favorável a quimio. Tumores da Região Pineal: ##CAI NA PROVA## Originados dos pinealócitos, produzindo o pineocitoma (benigno e mais encontrado em adultos),e o pineblastoma, que é maligno, considerado PNET. · 1% de todos os tumores cerebrais. · TUMORES DE CÉLULAS GERMINATIVAS (germinomas e não germinomas), TUMORES DO PARÊNQUIMA PINEAL, TUMORES NEUROECTODÉRMICOS etc. (cisto pineal, meningiomas, granulomas inflamatórios e metástases). · Germinomas: 50% de todos os tumores dessa região = sexo masculino < 20 anos. Malignos, pelo crescimento rápido, por infiltrarem em parede de ventrículos e disseminarem-se a distância pelo LCR. · Não germinomas: teratomas, coriocarcinomas e carcinomas embrionários. · QUADRO CLÍNICO: hidrocefalia e compressão do tronco cerebral, que causa a SÍNDROME DE PARINAUD = dificuldade em elevar, convergir, acomodar o olhar e alterações pupilares. · DIAGNÓSTICO: pesquisa dos níveis de beta-HCG e alfafetoproteína = o aumento sérico ou liquórico de um ou ambos é PATOGNOMÔNICO para a presença de tumores de células germinativas. · TC e RNM de crânio. ##CAI NA PROVA## Apesar de produzirem beta-HCG com ação semelhante ao LH, NÃO LEVAM MENINAS À PUBERDADE PRECOCE (ovários necessitam de ação combinada LH+FSH). Nos MENINOS, O BETA-HCH ISOLADAMENTE É CAPAZ DE ESTIMULAR AS CÉLULAS DE LEYDIG, com produção de testosterona, que desencadeia PUBERDADE PRECOCE. · TRATAMENTO: necessita do padrão histológico = biópsia cirúrgica aberta é preferida. · Para tumores benignos, a cirurgia é a melhor opção. · Germinomas respondem bem à radioterapia, e em crianças, após o tto cirúrgico, deve ser feito tto inicial com quimioterapia. · A radioterapia pós-op é oferecida a todos os pacientes com tumor MALIGNO pineal. Hemangioblastoma: · Tumor intra-axial mais comum na fossa posterior em adultos. · Esporádico ou parte da doença de von Hippel-Lindau. Pode estar associado a eritrocitose (Policitemia). · CEREBELO = ataxia, incoordenação, ou HIC devido à hidrocefalia. · TRATAMENTO: na maioria dos casos, as lesões no cerebelo são resolvidas por uma craniectomia suboccipital. Lesões na coluna vertebral, por meio de um acesso posterior (laminectomia). Meduloblastoma: ##CAI NA PROVA## Tumor maligno mais comum da infância. Ocorre EXCLUSIVAMENTE no CEREBELO. · É raro após a 4ª década de vida · 500 crianças/ano nos EUA. Pico de incidência entre 5 e 9 anos. Cerca de 70% são diagnosticados antes dos 20 anos. · QUADRO CLÍNICO: sinais de HIC por hidrocefalia obstrutiva. · TRATAMENTO: altamente radiossensível. Quimio + radio + neuroimagem seriada (RNM a cada 3 meses nos primeiros 6 meses e, posteriormente, a cada ano). · Quando idade superior a 4 anos no diagnóstico o prognóstico é favorável. · Lei de Collins = recidiva ocorre em um período igual a idade no diagnóstico + 9 meses. Linfomas do SNC: · Linfoma primário é uma variante incomum do linfoma não Hodgkin extranodal, que envolve cérebro, leptomeninges, olhos ou medula. · Suspeita em lesões que se contrastam homogeneamente na porção central da massa cinzenta ou no corpo caloso. · QUADRO CLÍNICO: paralisia múltiplas dos NC. · Associação à infecção pelo HIV e pelo EBV. · DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: neurotoxoplasmose · TRATAMENTO: boa resposta com radioterapia e corticoterapia. Prognostico ruim: alta recorrência (78%). Metástases do SNC: · Tumor intracraniano mais comum do adulto e corresponde a mais de 50% dos tumores cerebrais. ##CAI NA PROVA## Em neoplasias sistêmicas, sobretudo as de pulmão e mama (PULMÃO > MAMA). O sítio primário mais frequente é o PULMÃO. O tumor que mais apresenta metástases cerebrais é o MELANOMA (75% dos pacientes). Obs.: o principal sítio de metástase do melanoma é a própria pele. · Metástases ósseas são muito frequentes nos carcinomas pequenas células = principalmente corpos vertebrais = pode ocorrer meningite carcinomatosa. Pode ocorrer também hiponatremia pela secreção ectópica de ADH (Síndrome de Secreção Inadequada) = é um tumor neuroendócrino. · Lesão arredondada e branca. Quando única, tratada cirurgicamente. Quando múltipla, deve ser tratada com radio + quimio. · DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS: AVE, AVE cardioembólico, GB, etc. Tumores medulares: · 20-40% são benignos. Acima de 21 anos, 70% são malignos. Pico entre 2ª e 3ª décadas de vida. · Lesões malignas mais anteriormente (76%). · Cervicais, torácicos ou lombossacrais. · Quanto à distribuição em relação à dura: · Intradurais intramedulares: 5%, infiltrando ou destruindo a substância cinzenta medular – astrocitoma (30%) e ependimoma (30%). · Intradurais extramedulares: mais de 40%, nas leptomeninges ou raízes. Meningiomas, mais frequentes dorsais e com crescimento lento ou Shwannomas, avasculares, crescem no forame na região cervical baixa. · Extradurais: 55% dos casos. Metástases são a maioria, causando destruição óssea (origens mais comuns: linfoma, câncer de pulmão, mama e próstata). · QUADRO CLÍNICO: dor, perda de sensibilidade, formigamento e disestesia, por compressão da raiz nervosa. DOR é o principal sintoma (90%). Pressão sobre a medula = espasmos, flacidez, sintomas deficitários da função motora (paresia ou plegia) ou sensitiva (parestesias, hipo ou anestesia). Dificuldade de micção, incontinência urinária ou obstipação.