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DENGUE, ZIKA E CHIKUNGUNYA

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1 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
OBJETIVOS 
1) Analisar a dengue, considerando conceito, 
etiologia, epidemiologia, transmissão, quadro 
clínico, prognóstico, diagnóstico e tratamento. 
 
2) Diferenciar os tipos de manifestação da dengue 
 
3) Justificar os diagnósticos diferenciais entre zika, 
dengue e Chikungunya 
 
4) Relacionar o impacto do zika vírus na epidemia 
de microcefalia 
REFERÊNCIAS 
• MARTINS, Milton A.; et al. Clínica Médica. 2ª ed. 
Vol. 7. Barueri – SP: Manole, 2016. 
 
• Ministério da Saúde. Chikungunya: manejo 
clínico. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 
 
• Ministério da Saúde. Dengue: Diagnóstico e 
Manejo Clínico. 5ª ed. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2016. 
 
• Ministério da Saúde. Vírus Zika no Brasil: a 
resposta do SUS. 1ª ed. Brasília: Ministério da 
Saúde, 2017 
 
• DIAS, L. B. A.; ALMEIDA, S. C.; HAES, T. M.; MOTA, 
L. M.; RORIZ-FILHO, J. S. Dengue: transmissão, 
aspectos clínicos, diagnóstico e 
tratamento. Medicina (Ribeirão Preto), [S. l.], v. 
43, n. 2, p. 143-152, 2010. 
CONCEITO 
É uma doença infecciosa febril aguda, que pode 
se apresentar de forma benigna ou grave, 
dependendo de alguns fatores, entre eles: o vírus 
envolvido, infecção anterior pelo vírus da dengue 
e fatores individuais como doenças crônicas 
(diabetes, asma brônquica, anemia falciforme). 
A dengue é uma doença única, dinâmica e 
sistêmica. Isso significa que a doença pode evoluir 
para remissão dos sintomas, ou pode agravar-se 
exigindo constante reavaliação e observação, 
para que as intervenções sejam oportunas e que 
os óbitos não ocorram. 
EPIDEMIOLOGIA 
A dengue é um dos principais problemas de saúde 
pública no mundo. 
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima 
que ocorram anualmente cerca de 50 milhões de 
casos. Desse total, cerca de 550 mil necessitam de 
hospitalização e pelo menos 20 mil morrem em 
consequência da doença. 
No Brasil, a primeira epidemia documentada 
clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, 
em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. 
TRANSMISSÃO 
A dengue é uma arboviros (doença transmitida 
por inseto), do gênero flavivírus, que é transmitida 
pelo mosquito Aedes aegypti e possui 4 sorotipos 
bem estabelecidos: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e o 
DENV-4, sendo que em termos de virulência, o 2 é 
o que mais se destaca, seguido pelo 3, depois o 4 
e, por último, o sorotipo 1 (então para organizar 
isso: 2 > 3 > 4 > 1). 
O mosquito não é o causador da doença, ele é 
apenas o vetor dela, ou seja, não é ele quem 
produz o vírus, ele apenas o transmite. 
O Aedes é um mosquito que se alimenta do néctar 
e da seiva das plantas, no entanto, quando 
grávida, as fêmeas desenvolvem o hábito da 
hematofagia (alimentação com sangue) pois só 
assim elas conseguem alguns nutrientes 
específicos para o desenvolvimento dos seus ovos. 
A partir daí, se ela picar uma pessoa que seja 
portadora do vírus da Dengue, ela irá se infectar e 
Problema 05: 
Dengue, Chikungunya e Zika 
 
 
2 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
apesar desse vírus não causar nenhuma doença 
no mosquito, ele consegue ser transmitido nas 
próximas picadas que ela der e é justamente esse 
processo que favorece a transmissão da doença. 
Associado a isso, existem 2 características desse 
mosquito que favorecem muito a disseminação 
da dengue que são: 
1. Ciclo holometábolo 
Está relacionado ao processo de metamorfose: 
então o mosquito põe ovos que depois originam 
as larvas, que vão formar as pulpas e essas, então, 
evoluem para os mosquitos em si. 
E por que isso favorece a disseminação da 
doença? Porque esses ovos são muito resistentes! 
A princípio eles só são depositados em águas 
limpas e paradas, mas os estudos mostram que 
eles conseguem sobreviver em latência por até 
450 dias em desidratação, mas dentro desse 
período, se ele for exposto água, ele terá a 
capacidade de retomar seu processo evolutivo e 
dar origem a novos mosquitos. 
Para se ter uma noção do impacto dessa 
característica na disseminação da Dengue: os 
mosquitos só conseguem voar por até 100-200m 
de distância dos seus ovos, então se acredita que 
a principal forma de disseminação da Dengue 
entre as regiões seja por meio das viagens de 
pessoas infectadas, associada ao transporte 
passivo dos ovos, já que eles conseguem resistir 
por bastante tempo e em situações adversas. 
Obs: Em média, cada mosquito vive em torno de 
30 dias e a fêmea chega a colocar entre 150 e 200 
ovos. Se forem postos por uma fêmea 
contaminada pelo vírus da dengue, ao 
completarem seu ciclo evolutivo, transmitirão a 
doença. 
Estudos demonstram que, uma vez infectada, a 
fêmea transmitirá o vírus por toda a vida, havendo 
a possibilidade de, pelo menos, parte de suas 
descendentes já nascerem portadoras do vírus. 
2. Discordância gonotrófica 
Está relacionado com o processo evolutivo do 
Aedes, que passou para se adaptar à vida 
urbana. 
O que acontece é o seguinte: esse mosquito tem 
hábitos diurnos e isso é uma desvantagem porque 
é um período em que as pessoas estão mais ativas 
e, portanto, mais propensas a matar mosquitos do 
que se elas estivessem sendo picadas à noite. 
Por conta disso, o Aedes adquiriu maior agilidade 
com suas asas e desenvolveu a habilidade de 
sugar menos sangue, mas de mais pessoas, em 
vez de tentar sugar tudo de uma só - o que 
facilitaria que fossem mortos, como acontece 
com os pernilongos de hábitos noturnos. 
Dessa forma, além de haver um aumento na sua 
sobrevida, o Aedes também acabou tendo 
contato com mais indivíduos, o que também 
favorece a transmissão da Dengue. 
FISIOPATOLOGIA 
Assim que o paciente é contaminado pelo 
mosquito, o vírus penetra na corrente sanguínea e 
nesse primeiro momento ele vai se deslocar 
preferencialmente para 3 locais: 
-Monócitos; 
-Linfonodos; 
- Musculatura Esquelética 
Os vírus da dengue entram nas células de 
vertebrados por endocitose e fagocitose e sofrem 
replicação no citoplasma celular, após um 
período de latência de 12 a 16 horas. Nos 
lisossomos, ocorre tradução do RNA para que 
sejam produzidas proteínas virais e, daí, a 
maturação dos vírions irá ocorrer dentro de 
organelas como o Complexo de Golgi ou o 
Retículo Endoplasmático, o que permitirá a 
liberação dos mesmos novamente na corrente 
sanguínea após um determinado período. 
É nesse momento que o vírus irá se disseminar por 
todo o corpo do paciente estimulando a 
produção de citocinas pró-inflamatórias - como a 
TNF-a e IL-6, especialmente - e iniciando a fase 
sintomática da doença, sendo que uma das 
estruturas mais afetadas pela inflamação é a 
parede vascular, o que acaba aumentando a 
permeabilidade dela e, com isso, pode 
desencadear hemorragias ou a perda de plasma 
para terceiro espaço. 
 
3 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
 
FATORES DE RISCO 
Porquê de algumas pessoas desenvolverem a 
Dengue de forma leve e outras apresentam 
quadros mais graves? 
Vírus: existe a hipótese de que determinados 
genótipos do vírus seriam mais virulentos e, assim, 
infectariam maior número de células propiciando 
proliferação viral em alta escala e aumento da 
viremia, o que resultaria em ativação mais potente 
do sistema imunológico e resposta inflamatória 
intensa, permitindo o desenvolvimento de formas 
mais graves da doença. 
Essa hipótese pode ser reforçada pelo fato de 
que a maior parte dos casos de febre 
hemorrágica da dengue observados nas 
Américas ter sido associado ao sorotipo DEN-2.Ela 
também pode explicar os casos isolados de 
febre hemorrágica da dengue que ocorrem 
durante infecção primária, que provavelmente 
são consequência de infecção por cepas mais 
virulentas. 
Infecção primária x infecção secundária: O risco 
de doença grave na infecção secundáriaé maior 
do que na infecção primária. 
Isso ocorre porque na infecção primária o 
paciente produz anticorpos que são neutralizantes 
para o sorotipo específico dessa infecção 
(imunidade homóloga) e que vão permanecer 
por toda a vida. 
Porém, esses anticorpos vão conferir proteção 
contra os outros sorotipos (imunidade heteróloga) 
por apenas alguns meses (três a seis meses). 
Depois desse período, se o paciente for infectado 
por sorotipo de vírus diferente daquele que 
ocasionou a infecção primária, esses anticorpos 
ligam-se ao vírus, mas não conseguem 
neutralizá-lo. 
Conforme defendido por Halsted em sua teoria, 
essa ligação do anticorpo sub neutralizante 
acaba facilitando, por meio de mecanismo de 
opsonização, a entrada do vírus na célula, 
fazendo com que uma quantidade maior de 
vírus ganhe o interior dos fagócitos. 
Idade: O risco de febre hemorrágica da dengue 
diminui com o aumento da idade, principalmente 
após os 11 anos. 
Em regiões endêmicas, o maior risco de FHD 
ocorre entre 6 e 12 meses de idade. Isso porque 
durante a gestação, se a mulher já tiver sido 
infectada pelo vírus da dengue, ela passa para o 
feto, por via transplacentária, anticorpos IgG anti-
dengue. 
Entretanto, como esses anticorpos foram 
adquiridos de forma passiva, a tendência é que 
após o nascimento da criança eles vão 
declinando até chegar a níveis sub neutralizantes. 
Então, caso essa criança seja infectada pelo vírus 
da dengue, mesmo que seja com o mesmo 
sorotipo que infectou sua mãe e mesmo na 
infecção primária, ela poderá ter FHD. 
Estado Nutricional: Estudo feito com crianças 
tailandesas mostrou que a FHD é mais frequente 
em crianças eutróficas do que em crianças 
desnutridas. Isso pode estar relacionado à 
supressão da imunidade celular na desnutrição. 
Fatores Genéticos: Estudo realizado em Cuba 
mostrou que a FHD ocorre mais em brancos do 
que em negros, levantando a suspeita de que 
fatores genéticos, que ainda não estão bem 
esclarecidos, também estejam envolvidos na 
determinação da gravidade da doença. 
Vírus penetra na 
corrente sanguínea 
Migram em direção 
aos monócitos, 
linfonodos e 
musculatura 
esquelética
Entram nas células 
por endocitose e 
fagocitose 
Tradução do RNA no 
lisossomo
Produção de 
proteínas virais 
Maturação dos vírions 
no Complexo de 
Golgi ou o Retículo 
Endoplasmático
Liberação na 
corrente sanguínea 
Produção de 
citocinas pró-
inflamatórias 
 
4 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
QUADRO CLÍNICO 
A infecção pelo vírus dengue pode ser 
assintomática ou sintomática. Quando 
sintomática, causa uma doença sistêmica e 
dinâmica de amplo espectro clínico, variando 
desde formas pouco sintomáticas até quadros 
graves, podendo evoluir para o óbito. 
Três fases clínicas podem ocorrer: febril, crítica e 
de recuperação. 
FASE FEBRIL 
A primeira manifestação é a febre que tem 
duração de dois a sete dias, geralmente alta (39ºC 
a 40ºC), de início abrupto, associada à cefaleia, à 
adinamia, às mialgias, às artralgias e a dor 
retroorbitária. 
As mialgias são parcialmente correlacionadas à 
multiplicação dos vírus no tecido muscular. 
Além disso, o paciente também pode ter náuseas 
e vômitos, anorexia, diarreia e exantema, sendo 
que com relação a esses dois últimos sintomas vale 
destacar que: 
a) Diarreia: costuma ser pouco volumosa, com 
fezes pastosas e numa frequência de 3-4x ao dia, 
o que facilita na hora de diferenciar dos quadros 
de gastroenterites; 
b) Exantema: está presente em cerca de 50% dos 
casos e na maioria das vezes se apresenta no 
padrão máculo-papular, afetando todo o corpo 
do paciente (face, tronco, MMSS, MMII, mãos e 
pés). 
 
Após a fase febril, grande parte dos pacientes 
recupera-se gradativamente com melhora do 
estado geral e retorno do apetite 
FASE CRÍTICA 
Esta fase pode estar presente em alguns 
pacientes, podendo evoluir para as formas graves 
e, por esta razão, medidas diferenciadas de 
manejo clínico e observação devem ser adotadas 
imediatamente. 
Caracteriza por uma melhora da febre entre o 3º e 
o 7º dia de doença, associada ao 
desenvolvimento de sinais de alarme, os quais são: 
Sinais de alarme na dengue 
Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) 
e contínua. 
Vômitos persistentes. 
Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, 
derrame pericárdico). 
 Hipotensão postural e/ou lipotimia. 
Hepatomegalia maior do que 2 cm abaixo do 
rebordo costal. 
Sangramento de mucosa. 
Letargia e/ou irritabilidade. 
Aumento progressivo do hematócrito 
 
A maioria dos sinais de alarme é resultante do 
aumento da permeabilidade vascular e a 
presença de um desses sinais indica que o 
paciente está deteriorando e tem uma chance 
maior de evoluir com complicações da doença, 
sendo a principal: choque. 
Dengue grave 
As formas graves da doença podem manifestar-se 
com extravasamento de plasma, levando ao 
choque ou acúmulo de líquidos com desconforto 
respiratório, sangramento grave ou sinais de 
disfunção orgânica como o coração, os pulmões, 
os rins, o fígado e o sistema nervoso central (SNC). 
O quadro clínico é semelhante ao observado no 
comprometimento desses órgãos por outras 
causas. Derrame pleural e ascite podem ser 
clinicamente detectáveis, em função da 
intensidade do extravasamento e da quantidade 
excessiva de fluidos infundidos. 
Choque 
 
5 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
O choque ocorre quando um volume crítico de 
plasma é perdido através do extravasamento, o 
que geralmente ocorre entre o 4° e 5° dia (com 
intervalo entre 3 a 7 dias) de doença, geralmente 
precedido por sinais de alarme. 
O período de extravasamento plasmático e 
choque leva de 24 a 48 horas, costumando evoluir 
ao óbito em um intervalo de 12 a 24 horas ou a sua 
recuperação rápida, após terapia antichoque 
apropriada. 
 
. 
O choque prolongado e a consequente 
hipoperfusão de órgãos resultam no 
comprometimento progressivo destes, bem como 
em acidose metabólica e coagulação intravascular 
disseminada. Isso, por sua vez, pode levar a 
hemorragias graves, causando diminuição de 
hematócrito agravando ainda mais o choque. 
Hemorragias grave 
Em alguns casos pode ocorrer hemorragia massiva 
sem choque prolongado e este sangramento 
massivo é critério de dengue grave. 
Esse sangramento se dá não só pelo acometimento 
vascular, mas também pelo fato deles afetarem as 
plaquetas, o que torna mais difícil o processo de 
tamponamento. 
Inclusive, é justamente por conta dessa 
complicação que é contraindicado para os 
pacientes com diagnóstico ou suspeita de Dengue, 
o uso de medicamentos como o ácido acetil-
salicílico (AAS) e os AINEs, já que eles afetam a 
cascata de coagulação e por isso podem acabar 
estimulando ainda mais as hemorragias. 
Disfunções graves de órgãos 
O grave comprometimento orgânico, como 
hepatites, encefalites ou miorcardites pode ocorrer 
sem o concomitante extravasamento plasmático 
ou choque. 
A Dengue também pode levar ao 
comprometimento funcional de vários órgãos 
como o fígado (que pode desenvolver hepatite 
devido à elevação de enzimas hepáticas), o 
coração (que pode ter uma miocardite - alteração 
do ritmo cardíaco), os rins (que entram em 
insuficiência aguda) e também o sistema nervoso 
central (provocando convulsões, encefalites, etc.). 
Isso mostra para a gente que é importante incluir na 
nossa solicitação de pacientes com Dengue Grave, 
uma série de exames para avaliar função orgânica 
geral como, por exemplo: TGO e TGP, ECG, ureia e 
creatinina. 
FASE DE RECUPERAÇÃO 
Por fim, a última fase da doença é a de 
recuperação, que é quando o paciente começa 
a ter uma melhora progressiva dos sintomas e do 
estado geral, mas isso não significa que vamos 
ficar tranquilos e pronto. 
A fasecrítica começa do mesmo jeito, então é 
importante continuar acompanhando o paciente 
por um tempo e mantê-lo orientado de que deve 
retornar aos serviços caso identifique algum dos 
sinais de alarme 
Somado a isso, quando se encerra o quadro de 
Dengue, ficará mais fácil de se identificar a 
presença de outras infecções associadas, então 
nós temos que ficar atento a isso. 
 E além disso, é nessa fase que o paciente irá 
começar a reabsorver o líquido perdido para 
terceiro espaço, de modo que nós devemos nos 
preocupar também com o risco de hiper-
hidratação 
Nesta fase o débito urinário se normaliza ou 
aumenta, podem ocorrer ainda bradicardia e 
mudanças no eletrocardiograma. 
 
6 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
Alguns pacientes podem apresentar um rash 
cutâneo acompanhado ou não de prurido 
generalizado. 
ASPECTOS CLÍNICOS NA CRIANÇA 
A dengue na criança pode ser assintomática ou 
apresentar-se como uma síndrome febril clássica 
viral, ou com sinais e sintomas inespecíficos: 
adinamia, sonolência, recusa da alimentação e 
de líquidos, vômitos, diarreia ou fezes amolecidas. 
Nos menores de 2 anos de idade os sinais e os 
sintomas de dor podem manifestar-se por choro 
persistente, adinamia e irritabilidade, podendo ser 
confundidos com outros quadros infecciosos 
febris, próprios da faixa etária. 
O início da doença pode passar despercebido e 
o quadro grave ser identificado como a primeira 
manifestação clínica. O agravamento, em geral, 
é mais súbito do que ocorre no adulto, em que os 
sinais de alarme são mais facilmente detectados. 
ASPECTOS CLÍNICOS NA GESTANTE GESTANTES 
As gestantes necessitam de vigilância, 
independente da gravidade, devendo o médico 
estar atento aos riscos para mãe e concepto. 
Os riscos para mãe infectada estão 
principalmente relacionados ao aumento de 
sangramentos de origem obstétrica e às 
alterações fisiológicas da gravidez, que podem 
interferir nas manifestações clínicas da doença. 
Para o concepto de mãe infectada durante a 
gestação, há risco aumentado de aborto e baixo 
peso ao nascer; 
Obs: Gestantes com sangramento, independente 
do período gestacional, devem ser questionadas 
quanto à presença de febre ou ao histórico de 
febre nos últimos sete dias. 
DIAGNÓSTICO 
Clinicamente, conforme determinação da 
vigilância epidemiológica, considera-se caso 
suspeito de dengue, pacientes com doença febril 
aguda, com duração máxima de 7 dias, 
acompanhada de, pelo menos, 2 dos seguintes 
sintomas: cefaleia, dor retro-orbitária, mialgia, 
artralgia, prostração e exantema, confirmados 
laboratorialmente ou por critério clínico-
epidemiológico (resida ou tenha estado nos 
últimos 15 dias em zona de circulação do vírus da 
dengue) 
Presença de quadro clínico clássico + período 
epidemiologicamente ativo (surtos) = dispensa 
qualquer outra investigação para a doença. 
Obs: Todo caso suspeito precisa ser notificado ao 
serviço de Vigilância Epidemiológica do 
município, poisa dengue é doença de notificação 
compulsória 
Mas fora isso, o método de escolha para fazer o 
diagnóstico da Dengue depende do tempo de 
início da doença. 
Até 5 dias: Durante os 5 primeiros dias da doenças, 
o paciente ainda não vai ter desenvolvido 
sorologia para Dengue, de modo que a única 
forma que teremos de fazer esse diagnóstico é 
através da dosagem de partículas relacionadas 
ao próprio vírus causador. Assim, nossas opções 
são: 
- Pesquisa de Antígeno Viral (NS1); 
- Teste de Amplificação Genética (RRT-PCR); 
- Imuno-histoquímica Tecidual 
- Cultura. 
Desses todos, o NS1, que é uma proteína presente 
durante a fase inicial da infecção, em altas 
concentrações no soro de pacientes infectados 
com o vírus da dengue, é o mais indicado, pois 
apresenta sensibilidade de 70% e especificidade 
de 95%, o que nos confere valores de RP+ de 14 e 
RP- de 0,3. 
Mas além disso, outras 2 coisas muito importantes 
com relação à dosagem de NS1 são: 
a) ela deve ser feita até o 3º dia da doença pois 
depois disso a sua acurácia começa a cair 
bastante; 
b) caso o paciente já tenha tido Dengue antes, 
esse exame também perde um pouco do seu 
valor diagnóstico. 
A partir de 5 dias: Do sexto dia em diante, realiza-
se a sorologia com pesquisa de anticorpos IgM e 
IgG. 
 
7 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
O IgG, só vai mostrar se o paciente já foi exposto 
ao vírus alguma vez, então pode ser que ele 
venha positivo por causa de infecção ontem, mas 
também pode ser que seja uma infecção de 2 
anos atrás. 
Dessa forma, o que vai importar mesmo para 
podermos fazer o diagnóstico de Dengue no 
momento será o IgM, o qual tem sensibilidade e 
especificidade em torno de 80% e é um método 
que se mantém válido por até 90 dias após a 
infecção. 
CLASSIFICAÇÃO DE RISCO 
A classificação de risco do paciente com dengue 
visa reduzir o tempo de espera no serviço de 
saúde. 
Os dados de anamnese e exame físico serão 
usados para fazer esse estadiamento e para 
orientar as medidas terapêuticas cabíveis. 
 
Estadiamento clínico 
GRUPO A Paciente com suspeita de dengue, 
mas sem sinais de alarme ou 
condições especiais 
GRUPO B Pacientes com suspeita de 
dengue e sem sinais de alarme, 
mas com condições especiais 
GRUPO C Paciente com diagnóstico de 
dengue e com sinais de alarme 
GRUPO D Paciente com diagnóstico de 
dengue grave, apresentando 
choque, hemorragia ou disfunção 
orgânica 
 
TRATAMENTO 
CATEGORIA A 
1) Solicitar os exames diagnósticos 
2) Prescrever dipirona e/ ou paracetamol no 
intuito de fazer o controle dos sintomas. 
3)Acompanhamento desses pacientes deve ser 
feito em ambulatório, 
4) Orientar o paciente a fazer repouso, se hidratar 
bastante e retornar ao serviço o mais rápido 
possível caso apareça qualquer um dos sinais de 
alarme. 
CATEGORIA B 
Apesar de os pacientes estarem bem, eles 
possuem alguma condição de base que pode 
piorar com o quadro de dengue, 
1) Manter o acompanhamento em leitos de 
observação, mas com a mesma conduta que 
adotamos para o paciente A: exames 
diagnósticos, medicamentos para controle álgico 
e hidratação oral (também do mesmo jeito) 
CATEGORIA C 
1) Internação e reposição volêmica imediata 
(10mL/kg de soro fisiológico na 1ª hora), 
Obs: Devem permanecer em acompanhamento 
em leito de internação até estabilização – 
mínimo 48 horas 
2) Prescrever dipirona e/ ou paracetamol no intuito 
de fazer o controle dos sintomas. 
 
3) Realizar exames complementares obrigatórios: 
• Hemograma completo. 
• Dosagem de albumina sérica e transaminases. 
3) Realizar exames de imagem: radiografia de 
tórax (PA, perfil e incidência de Laurell) e 
ultrassonografia de abdome. 
4) Solicitar outros exames conforme 
necessidade: 
• glicemia, 
• ureia, 
• creatinina, 
• eletrólitos, 
• gasometria, 
• TPAE 
• ecocardiograma. 
 
5) Se houver melhora do quadro, nós vamos 
readaptar a hidratação para 25mL/kg em 6h e 
 
8 
MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
se continuar melhorando, a próxima etapa é 
novamente 25mL/kg só que em 8h. 
 
6) Caso contrário, se o paciente não apresentar 
qualquer melhora à intervenção, aí vamos 
realoca-lo para o grupo D. 
CATEGORIA D 
1) Encaminhar paciente para sala de emergência 
 
2) Receber medicamentos para controle de 
sintomas 
 
3) Realização dos mesmos exames do grupo C 
 
4) Iniciar reposição volêmica imediata (20mL/kg de 
solução salina por via parenteral em até 20min). 
Obs: Caso necessário, repetir por até três vezes, de 
acordo com avaliação clínica. 
5) Os pacientes devem ser reavaliados a cada 15-
30min e também precisam repetir o hemograma 
a cada 2h para que seja acompanhado o valor 
do Hematócrito 
 
6) Se houver melhora clínica e laboratorial após 
fases de expansão, retornar paraa fase de 
expansão do grupo C e seguir a conduta 
recomendada para o grupo. 
Obs: Estes pacientes devem permanecer em 
acompanhamento em leito de UTI até 
estabilização (mínimo 48 horas), e após 
estabilização permanecer em leito de internação 
PREVENÇÃO 
Preparo do serviço de saúde antes de período 
críticos como o verão, associado a isso o controle 
vetorial, que podemos conseguir se evitarmos 
acúmulos água parada. 
No entanto, essa última é uma ação que requer 
um grande investimento em divulgação por parte 
do governo, uma vez que é uma medida de 
caráter individual, e por isso mais difícil de se 
conseguir adesão. 
Além disso, uma vacina contra a doença foi 
liberada há pouco tempo, mas ainda não é uma 
coisa 100% efetiva. Ela é feita com o vírus vivo, 
porém atenuado - mesmo assim acaba sendo 
contraindicada para populações de risco como 
gestantes e imunocomprometidos - e vem 
apresentado uma prevenção em torno de apenas 
60%. 
Contudo, vale destacar que ela tem evitado a 
progressão para quadros mais graves em cerca 
de 80-95% e é justamente por isso que ela 
conseguiu se manter no serviço de saúde. 
 
Zika vírus 
INTRODUÇÃO 
A Zika é uma doença também causada por um 
flavivírus (o ZIKAV) transmitido pelo mesmo 
mosquito Aedes aegypti. 
No entanto, é importante comentar que existem 
evidências – ainda não conclusivas – de que esse 
vírus também é passado por transmissão vertical e 
sexual! 
QUADRO CLÍNICO 
De modo geral, a Zika não é uma doença tão 
expressiva como as outras duas de que já falamos: 
ela costuma passar por um período de incubação 
que dura de 2-14 dias, sendo que cerca de 80% 
dos indivíduos não manifestam qualquer sintoma 
após esse período. 
O outros 20%, no entanto, podem apresentar um 
quadro de exantema máculo-papular pruriginoso, 
febre baixa, fadiga e hiperemia conjuntival. 
 O vírus da Zika possui o que chamamos de 
“neurotropismo”, ou seja, é um vírus que gosta do 
tecido nervoso e isso pode levar a uma série de 
complicações graves, sendo as mais comuns: 
a) Síndrome de Guillain-Barré, uma doença 
desmielinizante que cursa com dor e fraqueza 
muscular progressiva, além de perdas motoras e 
paralisia flácida; 
b) Microcefalia, que é uma má formação do 
sistema nervoso central devido ao ataque do vírus 
a células ainda em fase de migração e 
diferenciação. 
 
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MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
RELAÇÃO DO ZIKA VÍRUS COM A MICROCEFALIA 
O zika vírus apresenta neurotropismo e por conta 
disso uma grande preocupação se dá quando 
ocorre a infecção durante a gestação. 
A Microcefalia é uma má formação do sistema 
nervoso central devido ao ataque do vírus a 
células ainda em fase de migração e 
diferenciação, de modo que a criança se 
apresenta com redução do perímetro cefálico, 
além de comprometimento neuropsicomotor 
significativo. 
A microcefalia é causada por vírus de maneira 
geral, como citomegalovírus a partir da 
transmissão transplacentária. 
Dessa forma, o vírus atinge o SNC do feto e 
desacelera o crescimento neuronal, provocando 
alterações no crescimento ósseo e, 
consequentemente, redução do perímetro 
cefálico. 
É importante destacar que o risco de microcefalia 
é muito maior no primeiro trimestre da gestação 
devido ao período de formação do SNC do feto, 
no entanto, o risco de infecção neonatal pelo feto 
é muito maior no terceiro trimestre. 
Chikungunha 
INTRODUÇÃO 
A Chikungunya é uma doença causada pelo vírus 
CHIKV (do gênero Alphavirus e família 
Togaviridae), o qual tem o Aedes aegypti como 
vetor e o homem como hospedeiro definitivo. 
Dessa forma, assim que é infectado pelo vírus, o 
paciente entra em um período de incubação que 
pode durar entre 1 e 12 dias (média de 3-7 dias) e 
só depois disso é que ele entra no período 
sintomático da doença, o qual pode ser dividido 
em 3 fases distintas: 
QUADRO CLÍNICO 
FASE AGUDA 
 Febre alta de até 40ºC que dura no máximo 10 
dias e, frequentemente associado à poliartralgia 
intensa e incapacitante (comumente com edema 
periarticular), que acomete principalmente mãos, 
punhos e tornozelo. 
Além disso tudo, o paciente também pode cursar 
com vários daqueles sintomas inespecíficos, 
inclusive o rash eritematoso maculopapular, que 
está presente em até 75% dos casos, sendo mais 
comum seu aparecimento por volta do 3º dia de 
sintomas. 
FASE SUBAGUDA 
Após cerca de 10 dias a febre desaparece 
marcando o fim da fase aguda e o início da fase 
subaguda, a qual pode se estender por até 3 
meses e que é marcada persistência da dor 
articular, normalmente nas mesmas articulações 
previamente acometidas, mas que agora pode 
começar a cursar com rigidez matinal, edema e 
tenossinovite hipertrófica, podendo levar a 
complicações como a Síndrome do Túnel do 
Carpo. 
Por fim, depois de 3 meses os pacientes costumam 
evoluir para a recuperação mesmo, no entanto, 
uma pequena parcela acaba entrando numa 3ª 
fase da doença que é a fase crônica. 
FASE CRÔNICA 
A fase crônica é marcada por uma evolução do 
quadro articular, podendo apresentar 
deformação (como na Artrite Reumatoide) e, em 
20% dos casos, o fenômeno de Raynaud. 
Mas além disso, o paciente pode voltar a 
apresentar vários dos sintomas inespecíficos como 
fadiga, cefaleia, prurido, alopecia, dor 
neuropática, distúrbio do sono, etc. 
 
 
 
 
 
 
 
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MÓDULO I: FEBRE, INFLAMAÇÃO E INFECÇÃO 
ANA LUIZA A. PAIVA - TXXV 
 
Diagnóstico Diferencial 
 
 
 
 
 
 
 
 
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