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Facilitadora: Me. Enfa. Ana Gesselena da Silva Farias Especialista em Enfermagem Dermatológica Especialista em Saúde da Família QUEIMADURAS, AFOGAMENTO, INTOXICAÇÃO E ACIDENTE OFÍDICO 2021 QUEIMADURAS OBJETIVOS DA AULA 3 Mostrar a definição de queimaduras; Explanar sobre as camadas da pele; Mostrar a classificação, abordagem e tratamentos das queimaduras; Falar sobre a regra dos nove e o cálculo da hidratação. QUEIMADURAS Definição: 4 As queimaduras são lesões decorrentes de agentes (tais como a energia térmica, química ou elétrica) capazes de produzir calor excessivo que danifica os tecidos corporais e acarreta a morte celular. QUEIMADURAS 5 As causas das queimaduras são: térmicas, química, elétricas e radiação. TÉRMICAS: por calor (fogo, vapores quentes, objetos quentes, e por frio (objetos congelados, gelo); QUÍMICAS: inclui vários cáusticos, tais como: substâncias ácidas e álcalis; ELÉTRICAS: materiais energizados e descargas atmosféricas; SUBSTÂNCIAS RADIOATIVAS: materiais radioativos e raios ultravioletas (incluindo a luz solar) CAMADAS DA PELE 6 QUEIMADURAS Abordagem inicial (PHTLS): 7 X Controle da hemorragia externa A Vias aéreas (lesão no trato respiratório, obstrução) B Respiração (ventilação, oxigenação) Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado – PHTLS. QUEIMADURAS Abordagem inicial (continuação): 8 C Circulação (PA, pulso, perfusão, cateter IV) D Consciência (avaliação neurológica) E Exposição ambiental (controle do ambiente, extensão da lesão, prevenção da hipotermia). Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado – PHTLS. QUEIMADURAS Tratamento imediato de emergência: 9 Apague o fogo: abafando com um cobertor; rolando o acidentado no chão. Lavar a área com bastante água. Remova roupas, joias, anéis, piercings e próteses. Cubra as lesões com tecido limpo. QUEIMADURAS Tratamento na sala de emergência: 10 Avaliar vias aéreas: Avalie a presença de corpos estranhos, verifique e retire qualquer tipo de obstrução. Respiração: Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. Administre oxigênio a 100% e na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a oxigenação por três horas. QUEIMADURAS Tratamento na sala de emergência: 11 Suspeita de lesão inalatória: Queimadura em ambiente fechado com acometimento da face, presença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória. Mantenha a cabeceira elevada (30°). Indicação de intubação orotraqueal quando: Escala de coma de Glasgow for menor do que 8; a PaO2 for menor do que 60; a PaCO2 for maior do que 55 na gasometria; a saturação for menor do que 90 na oximetria; houver edema importante de face e orofaringe. QUEIMADURAS Tratamento na sala de emergência: 12 Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores e verifique a perfusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso). Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências imediatas. Acesso venoso: Obtenha preferencialmente acesso venoso pe- riférico e calibroso, mesmo em área queimada, e somente na impossibilidade desta utilize acesso venoso central. Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em adultos e 10% em crianças. QUEIMADURAS Classificação das queimaduras: 13 Profundidade da queimadura QUEIMADURAS Classificação das queimaduras: 14 Profundidade da queimadura Segundo grau ( espessura parcial-superficial e profunda) Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou flictenas. Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa. Profunda: a base da bolha é branca, seca e indolor e menos dolorosa. A restauração ocorre entre 7 e 21 dias. Primeiro grau (espessura superficial)- eritema solar Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias. QUEIMADURAS Classificação das queimaduras: 15 Profundidade da queimadura Terceiro grau (espessura total) Afeta a epiderme, a derme e estruturas profundas. É indolor. Existe a presença de placa esbranquiçada ou enegrecida. Possui textura coreácea. Não reepiteliza e necessita de enxertia de pele (indicada também para o segundo grau profundo). QUEIMADURAS Extensão da queimadura (superfície corpórea queimada – SCQ): 16 QUEIMADURAS 17 Cálculo da hidratação: Fórmula de Parkland = 2 a 4ml x % SCQ x peso (kg) 2 a 4ml/kg/% SCQ para crianças e adultos. Use preferencialmente soluções cristaloides (Ringer lactato) Faça a infusão de 50% do volume calculado nas primeiras 8 horas e 50% nas 16 horas seguintes; Considere as horas a partir da hora da queimadura. QUEIMADURAS 18 Condições que classificam a queimadura grave: Extensão/profundidade maior do que 20% de SCQ em adultos. Extensão/profundidade maior do que 10% de SCQ em crianças. Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos. Presença de lesão inalatória. Politrauma e doenças prévias associadas. Queimadura química. Trauma elétrico. QUEIMADURAS 19 Condições que classificam a queimadura grave: Áreas nobres/especiais: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemural, joelho e tornozelo) e órgãos genitais, bem como queimaduras profundas que atinjam estruturas profundas como ossos, músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados. Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras. QUEIMADURAS 20 Medidas gerais imediatas e tratamento da queimadura: Limpe a ferida com água e clorexidina degermante a 2%. Na falta desta, use água e sabão neutro. Posicionamento: mantenha elevada a cabeceira da cama do paciente, pescoço em hiperextensão e membros superiores elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares axilares. Administre toxoide tetânico para profilaxia/reforço antitétano. Administre heparina subcutânea para profilaxia do tromboembolismo. Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico. QUEIMADURAS 21 Medidas gerais imediatas e tratamento da queimadura: Curativo oclusivo em quatro camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado e atadura de crepe. Restrinja o uso de antibiótico sistêmico profilático apenas às queimaduras potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros casos, evite o uso. Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via. As queimaduras circunferenciais em tórax podem necessitar de escarotomia para melhorar a expansão da caixa torácica. QUEIMADURAS 22 Medidas gerais imediatas e tratamento da queimadura: Habitualmente, não é necessária anestesia local para tais procedimentos; porém, há necessidade de se proceder à hemostasia. QUEIMADURAS 23 Trauma elétrico Desligue a força elétrica, antes de tocar na pessoa. Caso a pessoa esteja presa a um fio elétrico, use um cabo de vassoura para remover o fio. Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão, por corrente alternada ou contínua e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída. Avalie os traumas associados (queda de altura e outros traumas). Avalie se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória(PCR) no momento do acidente. QUEIMADURAS 24 Trauma elétrico Faça a monitorização cardíaca contínua por 24h a 48h. Avalie eventual mioglobinúria e estimule o aumento da diurese com maior infusão de líquidos. QUEIMADURAS 25 Queimadura química Evitar o contato com o agente químico. Identifique o agente causador da queimadura: ácido, base ou composto orgânico. Remova as roupas e retire o excesso do agente causador. Remova previamente o excesso com escova ou panos em caso de queimadura por substância em pó. Dilua a substância em água corrente por no mínimo 30 minutos e irrigue exaustivamente os olhos no caso de queimaduras oculares. QUEIMADURAS 26 Tratamento com a pele da tilápia – curativo biológico Colágeno tipo I da pele da tilápia estimula Fatores de Crescimento de Fibroblastos (FGF), os quais expressam e liberam Fator de Crescimento de Queratinócitos (KGF), duas citocinas importantes e imprescindíveis para o fechamento das feridas. Devido à sua capacidade de obstruir a ferida, minimiza exsudatos e a formação de crostas. Proporciona uma menor resposta inflamatória. Atividade 1 27 28 1. A regra dos noves é muito utilizada nas salas de emergência para o cálculo da superfície corporal queimada. No caso de um adulto que apresenta queimaduras provocadas por líquido aquecido acometendo os MMII, tórax anterior e MSE, qual o percentil de queimadura? 2. Um dos tratamentos primordiais das grandes queimaduras é a reposição volêmica para que não ocorra choque. A fórmula de Parkland serve como um bom procedimento de atendimento nos casos graves no ambiente pré-hospitalar. Um paciente do sexo masculino, 35 anos, pesando 60 kg que sofreu queimaduras de segundo grau provocadas por calor em região torácica anterior e posterior, membros superiores e cabeça totalizando 63%, necessita de reposição volêmica nas primeiras 24 horas correspondente a: a) 15.360 ml b) 10.800 ml c) 8.450 ml d) 19.460 ml e) 15.120 ml INTOXICAÇÃO OBJETIVOS DA AULA 30 Explicar a definição e tipos de intoxicação e as medidas de descontaminação; Explanar sobre a abordagem inicial a pacientes vítimas de intoxicação; Mostrar as principais síndromes tóxicas e os principais antídotos. INTOXICAÇÃO 31 As intoxicações agudas são importantes causas de notificação aos órgãos de saúde em todo o mundo, afetando frequentemente jovens em idade economicamente ativa e crianças. Este problema de saúde pública engloba tanto acidentes com animais peçonhentos e plantas tóxicas, como resulta da exposição a diversas substâncias químicas, incluindo praguicidas, fármacos, drogas de abuso e domissanitários. Intoxicação exógena é de notificação compulsória semanal!! INTOXICAÇÃO 32 As intoxicações exógenas podem ser definidas como as consequências clínicas e ou bioquímicas da exposição a substâncias químicas encontradas no ambiente (ar, água) ou isoladas (pesticidas, medicamentos). A intoxicação aguda resulta do desequilíbrio orgânico produzido pelo agente químico no sistema biológico humano. INTOXICAÇÃO Abordagem inicial (PHTLS): 33 A Vias aéreas (posicionar o paciente, verificar se tem obstrução, aspirar vias aéreas, intubação endotraqueal). B Respiração (está respirando?, ventilação, oxigenação). C Circulação (PA, pulso, perfusão, cateter IV). Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado – PHTLS. INTOXICAÇÃO Abordagem inicial (continuação): 34 D Consciência (avaliação neurológica, tratar convulsões, controlar agitação, monitorar a temperatura, reconhecer/ tratar a hipoglicemia) . E Exposição ambiental (retirar as roupas, limpar mucosas/descontaminação). Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado – PHTLS. INTOXICAÇÃO 35 Estabilizar a vítima Descontaminação Ligar para o centro de informação toxicológica Medidas pré-hospitalares Inalatória: geralmente indica-se a nebulização. Ocular: indica-se lavar os olhos com água em abundância. Cutânea-mucosa: retirar as roupas e dar banho. Digestiva: carvão ativado, lavagem gástrica. INTOXICAÇÃO 36 Atenção: Êmese é contraindicado! INTOXICAÇÃO 37 Medidas hospitalares – Anamnese INTOXICAÇÃO 38 Síndromes Quadro clínico Agente provável Anticolinérgica (diminuição de acetilcolina) Midríase, taquicardia, rubor facial, pele e boca secas, diminuição das secreções, constipação, retenção urinária e agitação psicomotora. Atropina, Escopolamina (Hioscina), Homatropina, Diciclomina, espécies de plantas do gênero Datura (Zabumba ou Saia Branca), Anti-histamínicos, Antidepressivos Tricíclicos e Toxina Botulínica. Colinérgica (Acúmulo da acetilcolina, inibição da acetilcolinesterase) Miose, bradicardia, incontinência fecal e urinária, sudorese, sialorreia, aumento da secreção brônquica, fibrilações, convulsões, coma e morte por insuficiência respiratória. Inseticida organofosforado inseticida carbamato (Propoxur, Carbofuran, Adicarb, etc) e Fisostigmina. Síndromes tóxicas INTOXICAÇÃO 39 Síndromes Quadro clínico Agente provável Extrapiramidal Crise oculógira, distonia, espasmos musculares e parkinsonismo. Clorpromazina, Levomepromazina, Haloperidol e Metoclopramida. Narcótica Miose, depressão neurológica e respiratória. Ópio (elixir paregórico), morfina e codeína. Psicose tóxica Distúrbios psíquicos, neurológicos, cardiovasculares e respiratórios. Anfetaminas, cocaína, crack, LSD e maconha. Síndromes tóxicas INTOXICAÇÃO 40 Descontaminação LAVAGEM GÁSTRICA CARVÃO ATIVADO INTOXICAÇÃO 41 Principais indicações para o uso de lavagem gástrica: Tempo de ingestão menor que 1 hora. Substância tóxica ou desconhecidas em quantidades maciças. O tóxico ingerido não é absorvido pelo carvão ativado. Não existe antídoto específico eficiente ou tratamento alternativo. INTOXICAÇÃO 42 Lavagem gástrica Ao realizar o procedimento, deve-se explicar ao paciente, quando possível, o procedimento e a necessidade de realizá-lo, o paciente deve permanecer imóvel durante a lavagem. O paciente deve ser posicionado em decúbito lateral esquerdo, com a cabeça levemente inferior ao corpo para que possa passar uma sonda de grosso calibre, umidificada, pela narina. Verificar a posição da sonda por meio da insuflação do ar e aspiração do conteúdo gástrico. INTOXICAÇÃO 43 Lavagem gástrica Quantidade de SF a 0,9% 100 a 250 ml INTOXICAÇÃO 44 Lavagem gástrica – Contraindicações: Rebaixamento do nível de consciência, devendo- se proceder com intubação orotraqueal. Ingestão de hidrocarbonetos. Ingestão de substâncias cáusticas. Risco de hemorragias ou perfuração do trato gastrointestinal (Varizes de esôfago). INTOXICAÇÃO 45 Carvão ativado O carvão ativado tem sido usado no tratamento das exposições a agentes tóxicos por ingestão, há muitos séculos, e continua sendo amplamente empregado, visto ser capaz de adsorver uma grande variedade de agentes tóxicos, bem como pode aumentar sua eliminação. INTOXICAÇÃO 46 Carvão ativado Eficaz na 1ª hora da ingestão do tóxico, mas pode ser usado em até 4-6h. Dose: 1g/kg de peso, diluído em 100 a 200 ml de SF, água ou cartáticos (manitol ou sorbitol) administrados lentamente (posologia recomendada quando o carvão ativado é administrado em dose única). Pode ser usado por VO ou por via tubo nasogástrico. INTOXICAÇÃO 47 Carvão ativado – Contraindicações: Rebaixamento do nível de consciência, devendo-se proceder com intubação orotraqueal. Ingestão de hidrocarbonetos. Ingestão de substâncias cáusticas. Risco de hemorragias ou perfuração do trato gastrointestinal (Varizesde esôfago). Substâncias que não ou pouco são adsorvidas pelo carvão ativado (flúor, lítio, ferro, álcool, metanol, cianeto). Obstrução intestinal INTOXICAÇÃO 48 Carvão ativado – Reações adversas relacionada ao uso: Gosto desagradável; êmese Constipação Enegrecimento das fezes Possibilidade de aspiração INTOXICAÇÃO 49 Tratamentos Alcalinização urinária e diurese forçada - alcalinização urinária visa à elevação do pH urinário até 7,5 a 8,5, podendo ser conseguida com a infusão de soro glicosado a 5%, acrescido de bicarbonato de sódio por litro de soro infundido. INTOXICAÇÃO 50 Principais antídotos: Antídoto: N- ACETILCISTEÍNA – Indicação: Paracetamol. Antídoto: BIPERIDENO - Indicação: Fenotiazinas (Prometazina, Clorpromazina), Butirofenonas (Haloperidol), Bromoprida, Metoclorpramida. Antídoto: FLUMAZENIL – Indicação: Benzodiazepínicos. Antídoto: NALOXONA – Indicação: Opioides. Antídoto: VITAMINA K1 – Indicação: Cumarínicos e Anticoagulantes orais. INTOXICAÇÃO 51 Principais antídotos: Antídoto: ATROPINA – Indicação: Inseticidas Organofosforados e Carbamatos. Antídoto: PRALIDOXIMA - Indicação: Inseticidas Organofosforados. AFOGAMENTO OBJETIVOS DA AULA 53 Mostrar dados sobre o afogamento, fisiopatologia, a definição, classificação (grau do afogamento); Explanar sobre os elos da cadeia de sobrevivência; Comentar sobre a abordagem inicial à vítima de afogamento. AFOGAMENTO 54 Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático – Sobrasa, Resumo 2020 – ano base 2018. AFOGAMENTO 55 Afogamento é a aspiração de líquido não corporal por submersão ou imersão. O afogamento ocorre em situações em que o líquido entra em contato com as vias aéreas da pessoa em imersão (água na face) ou por submersão (abaixo da superfície do líquido). AFOGAMENTO - FISIOPATOLOGIA 56 A pessoa tem dificuldade de manter as vias aéreas livres de líquido, a água entra na boca e é voluntariamente engolida ou cuspida. Se não interrompida a tempo, uma quantidade inicial de água é aspirada para as vias aéreas e a tosse ocorre como uma resposta reflexa (evidencia a aspiração). Se a pessoa não é resgatada, a aspiração de água continua e a hipoxemia leva à perda de consciência e apneia que acontecem ao mesmo tempo. AFOGAMENTO - FISIOPATOLOGIA 57 Geralmente o processo todo de afogamento, da imersão (parte do corpo dentro da água) ou submersão (todo corpo dentro da água) até uma parada cardíaca, ocorre de segundos a alguns minutos. O efeito combinado de fluidos nos pulmões com a perda de surfactante resulta em redução da complacência pulmonar, atelectasias e broncoespasmos. Classificação quanto a causa do afogamento 58 Afogamento Primário: quando não existem indícios de uma causa do afogamento. Afogamento Secundário: quando existe alguma causa que tenha impedido a vítima de se manter na superfície da água e, em consequência precipitou o afogamento: Drogas (36,2% - mais frequente o álcool), convulsão, traumatismos, doenças cardíacas e/ou pulmonares, acidentes de mergulho e outras. ELOS DE SOBREVIVÊNCIA AFOGAMENTO Abordagem inicial (PHTLS): 60 A Vias aéreas (posicionar o paciente, verificar se tem obstrução, aspirar vias aéreas, intubação endotraqueal) B Respiração (está respirando?, ventilação, oxigenação) C Circulação (PA, pulso, perfusão) Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado – PHTLS. CLASSIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DO PACIENTE - GRAU 61 Grau 1 – Tosse com Ausculta Pulmonar Normal – Estes pacientes não necessitam de oxigênio ou suporte ventilatório. Grau 2 – Ausculta Pulmonar com Estertores – 93,2% das vítimas com este quadro clínico necessitam apenas de 5 l/min de oxigênio via cânula nasofaríngea. Grau 3 – Edema agudo de Pulmão sem Hipotensão Arterial – Vítimas com SaO2 > 90% em uso de oxigênio a 15 l/min via máscara facial conseguem permanecer sem TOT e ventilação mecânica em apenas 27,6% dos casos. Grau 4 – Edema Agudo de Pulmão com Hipotensão Arterial – Fornecer oxigênio com suporte de ventilação mecânica é a terapia de primeira linha. Grau 5 – Parada Respiratória – A vítima em apneia exige ventilação artificial imediata. Estes são casos mais presenciados pelo socorrista no local do ocorrido. Grau 6 – Parada cardiorrespiratória – A ressuscitação iniciada por leigos ou guarda- vidas na cena deve ser mantida por pessoal médico especializado até que seja bem sucedida ou caso a vítima necessite de aquecimento por meios sofisticados, situação em que só o hospital poderá fornecer. AFOGAMENTO – ABORDAGEM INICIAL 62 1º - Ao chegar na areia, ou na borda da piscina coloque o afogado em posição paralela a água, de forma que o socorrista fique com suas costas voltada para o mar, e a vítima com a cabeça do seu lado esquerdo. Cheque a resposta da vítima perguntando, você está me ouvindo? 2º - Coloque em posição lateral do lado direito, verifique se a pessoa está inconsciente. Avalie então se há necessidade de chamar o socorro avançado (ambulância) e aguarde o socorro chegar. Se não houver resposta da vítima (inconsciente) – Ligue 193/192 ou peça a alguém para chamar a ambulância ou o guarda-vidas. AFOGAMENTO – ABORDAGEM INICIAL 63 3º - Abra as vias aéreas, colocando dois dedos da mão direita no queixo e a mão esquerda na testa, e estenda o pescoço. 4º - Cheque se existe respiração - ver, ouvir e sentir - ouça e sinta a respiração e veja se o tórax se movimenta. AFOGAMENTO – ABORDAGEM INICIAL 64 5º - Se não houver respiração – inicie a ventilação boca-a-boca - Obstrua o nariz utilizando a mão (esquerda) da testa, e com os dois dedos da outra mão (direita) abra a boca e realize 5 ventilações iniciais (boca-a-boca ou com máscara) observando um intervalo entre cada uma que possibilite a elevação do tórax, e logo em seguida o seu esvaziamento. É recomendável a utilização de barreira de proteção (máscara). AFOGAMENTO – ABORDAGEM INICIAL 65 6º - Cheque sinais de circulação - simplesmente observe movimentos na vítima ou reação a ventilação feita. Se houver pulso, é uma parada respiratória isolada, mantenha somente a ventilação com 10 a 12 vezes por minuto até o retorno espontâneo da respiração. Se não houver sinal de circulação inicie 30 compressões cardíacas para 2 ventilações em caso de 1 socorrista ou 15 compressões para cada 2 ventilações em caso de dois socorristas, realizar 5 ciclos. A velocidade destas compressões deve ser de 100 a 120 vezes em 60 segundos. Após 2 minutos de compressão e ventilação, reavalie a ventilação e os sinais de circulação. Se ausente, prossiga a RCP e interrompa-a para nova reavaliação a cada 2 minutos. AFOGAMENTO 66 Iniciar a assistência em afogados de até 1h de submersão. AFOGAMENTO 67 QUANDO PARAR AS MANOBRAS DE RCP EM AFOGADOS? Se houver resposta e retornar à função respiratória e os batimentos cardíacos; Em caso de exaustão dos socorristas, ou; Ao entregar o afogado a uma equipe médica. ACIDENTES OFÍDICOS OBJETIVOS DA AULA 69 Mostrar dados epidemiológicos de acidentes ofídicos; Explanar sobre os agentes causais, as características e manifestações clínicas dos gêneros de serpentes peçonhentas no Brasil; Comentar sobre as condutas iniciais e o tratamento. ACIDENTES OFÍDICOS 70 O pé e a perna foram atingidos em 70,8% dos acidentes notificados e em 13,4% a mão e o antebraço. A utilização de equipamentos individuais de proteção como sapatos, botas, luvas de couro e outros poderia reduzir em grande parte esses acidentes. Envenenamento causado pela inoculação de toxinas, por intermédio daspresas de serpentes (aparelho inoculador), podendo determinar alterações locais (na região da picada) e sistêmicas. ACIDENTES OFÍDICOS – CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS 71 As regiões brasileiras onde há maior incidência são Norte e Centro- Oeste. Os meses de maior frequência de acidentes são os quentes e chuvosos, períodos de maior atividade em áreas rurais. A maioria dos acidentes ofídicos no Brasil é ocasionada por serpentes do grupo Bothrops, seguido pelo grupo Crotalus. Os acidentes ofídicos são mais frequentes na população rural, no sexo masculino e em faixa etária economicamente ativa. ACIDENTES OFÍDICOS – CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS 72 A maioria dos acidentes é classificada clinicamente como leve, porém, a demora no atendimento médico e soroterápico pode elevar consideravelmente a taxa de letalidade. Acidente por animal peçonhento é de notificação compulsória Imediata!! CARACTERÍSTICAS DOS GÊNEROS DE SERPENTES PEÇONHENTAS NO BRASIL 73 CARACTERÍSTICAS DOS GÊNEROS DE SERPENTES PEÇONHENTAS NO BRASIL 74 ACIDENTES OFÍDICOS 75 CASCAVEL - CROTÁLICO JARARACA - BOTRÓPICO SURUCUCU - LAQUÉTICO CORAL VERDADEIRA - ELAPÍDICO AGENTES CAUSAIS 76 Botrópico – causado por serpentes dos gêneros Bothrops e Bothrocophias (jararaca, jararacuçu, urutu, cruzeira, caissaca). É o de maior importância e distribuição dentre os acidentes ofídicos no Brasil. Crotálico – ocasionado por serpentes do gênero Crotalus (cascavel). No país é representado apenas pela espécie Crotalus durissus. Laquético – provocado por serpentes do gênero Lachesis (surucucu- pico-de-jaca, surucucu-de--fogo, surucutinga). No país é causado somente pela espécie Lachesis muta. Elapídico – causado por serpentes dos gêneros Micrurus e Leptomicrurus. O gênero Micrurus (coral verdadeira) é o principal representante de importância médica da família Elapidae no Brasil. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 77 Acidente botrópico – Manifestações locais: dor, edema e equimose, bolhas com conteúdo seroso ou sero-hemorrágico podem surgir e originar áreas de necrose, que, juntamente com infecção secundária, constituem as principais complicações locais e podem levar à amputação e/ou déficit funcional do membro. Manifestações sistêmicas: sangramentos em pele e mucosas são comuns (gengivorragia, equimoses a distância do local da picada); hematúria, hematêmese e hemorragia em outras cavidades. Hipotensão pode ser decorrente de sequestro de líquido no membro picado ou hipovolemia consequente a sangramentos, que podem contribuir para o desenvolvimento de insuficiência renal aguda. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 78 Acidente laquético – As manifestações locais e sistêmicas são indistinguíveis do quadro botrópico. A diferenciação clínica se faz quando – nos acidentes laquéticos – estão presentes alterações vagais (náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, hipotensão, choque). Surucucu MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 79 Acidente crotálico – As manifestações locais: dor e edema são usualmente discretos e restritos ao redor da picada. Eritema e parestesia são comuns. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 80 Acidente crotálico – manifestações sistêmicas: manifestações neuroparalíticas com progressão crânio-caudal, iniciando-se por ptose palpebral, turvação visual e oftalmoplegia. Distúrbios de olfato e paladar, ptose mandibular e sialorreia podem ocorrer com o passar das horas. Essas manifestações neurotóxicas regridem lentamente, porém são reversíveis. Raramente pode haver gengivorragia e outros sangramentos discretos. A insuficiência renal aguda é a principal complicação e causa de óbito. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 81 Acidente elapídico – manifestações locais: Manifestações locais – dor e parestesia na região da picada são discretos, não havendo lesões evidentes. Manifestações sistêmicas – fácies miastênica ou neurotóxica (comum ao acidente crotálico). As possíveis complicações são decorrentes da progressão da paralisia da face para músculos respiratórios. CONDUTAS 82 Manter a vítima em repouso; Lave a ferida com água e sabão; Não se deve amarrar ou fazer torniquete; Não cortar a ferida; Dê bastante líquido a vítima; Transporte urgente para o hospital mais próximo ou se possível de referência. Se possível, levar o animal para identificação. TRATAMENTO 83 Referências bibliográficas NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS. PHTLS - Atendimento pré-hospitalar ao traumatizado. 9. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2020. p. 762. DAVID SZPILMAN & DIRETORIA SOBRASA 2018-22. Afogamento – Boletim epidemiológico no Brasil 2020. Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático SOBRASA – Publicado on-line em: http://www.sobrasa.org, junho 2020. American Heart Association. Destaques das diretrizes de RCP e ACE de 2020 da American Heart Association. 2020. Disponível em: https://cpr.heart.org/- /media/cpr-files/cpr-guidelines- files/highlights/hghlghts_2020eccguidelines_portuguese.pdf. BRASIL, Fundação Nacional de Saúde. Manual de diagnóstico e tratamento de acidentes por animais peçonhentos. 2ª ed. - Brasília: Fundação Nacional de Saúde, 2001. 84 Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação- Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde: volume único [recurso eletrônico]/ Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. 3ª. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019. LIMA JÚNIOR, E. M.; PICOLLO, N. S.; MIRANDA, M. J. B.; et al. Uso da pele de tilápia (Oreochromis niloticus), como curativo biológico oclusivo, no tratamento de queimaduras. Rev. Bras. Queimaduras, v. 16, n. 1, p. 10-17, 2017. 85
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