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ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS, PARASITÁRIA E AUTOIMUNES

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ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS, 
PARASITÁRIAS E AUTOIMUNES
PROFA. DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Camila Cristiane Moreschi
Danielly de Oliveira Nascimento
Fernando Sachetti Bomfim
Patrícia Garcia Costa
Renata Rafaela de Oliveira
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5
1. FUNÇÃO RENAL ........................................................................................................................................................6
1.1 ANATOMIA RENAL ..................................................................................................................................................6
1.2 FISIOLOGIA RENAL ................................................................................................................................................ 7
1.2.1 FLUXO SANGUÍNEO RENAL ................................................................................................................................ 7
1.2.2 FILTRAÇÃO GLOMERULAR ................................................................................................................................8
1.2.3 FUNÇÃO TUBULAR .............................................................................................................................................8
2. TESTES PARA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL. ...................................................................................................9
2.1 URINÁLISE ..............................................................................................................................................................9
2.2 UREIA .....................................................................................................................................................................9
URINÁLISE
 PROFA. DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS, 
PARASITÁRIAS E AUTOIMUNES
4WWW.UNINGA.BR
2.3 CREATININA ...........................................................................................................................................................9
2.4 DEPURAÇÃO DE CREATININA ..............................................................................................................................9
3. URINÁLISE ............................................................................................................................................................... 10
3.1 COLETA DA AMOSTRA ........................................................................................................................................... 10
3.2 EXAME FÍSICO DA URINA .................................................................................................................................... 11
3.2.1 COR ....................................................................................................................................................................... 11
3.2.2 ASPECTO............................................................................................................................................................. 13
3.2.3 DENSIDADE ........................................................................................................................................................ 13
3.2.4 EXAME QUÍMICO DA URINA ............................................................................................................................. 14
3.2.5 PH ...................................................................................................................................................................... 14
3.2.6 PROTEÍNAS ....................................................................................................................................................... 14
3.2.7 GLICOSE ............................................................................................................................................................. 15
3.2.8 CORPOS CETÔNICOS ........................................................................................................................................ 15
3.2.9 BILIRRUBINA .................................................................................................................................................... 16
3.2.10 UROBILINOGÊNIO ............................................................................................................................................ 16
3.2.11 SANGUE .............................................................................................................................................................. 16
3.2.12 NITRITO ............................................................................................................................................................ 17
3.2.13 LEUCÓCITOS .................................................................................................................................................... 17
3.3 EXAME MICROSCÓPICO ..................................................................................................................................... 17
3.3.1 HEMÁCIAS ........................................................................................................................................................... 18
3.3.2 LEUCÓCITOS ..................................................................................................................................................... 19
3.3.3 CÉLULAS EPITELIAIS ....................................................................................................................................... 19
3.4.4 CILINDROS .........................................................................................................................................................20
3.4.5 CRISTAIS ............................................................................................................................................................22
3.4.6 MUCO .................................................................................................................................................................233.4.7 BACTÉRIAS .........................................................................................................................................................23
3.4.8 OUTROS ELEMENTOS ......................................................................................................................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................24
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Sejam bem-vindos à disciplina de Análises Microbiológicas, Parasitárias e Autoimunes. 
Durante as quatro unidades abordaremos diversas áreas do diagnóstico laboratorial, perpassando 
pela urinálise, culturas microbiológicas, exames parasitológicos de fezes e sangue e diagnóstico 
imunológico. 
Na Unidade 1, iniciaremos abordando um dos líquidos biológicos mais utilizados para 
o diagnóstico de doenças e disfunções, a urina. A urina é considerada o início da medicina 
laboratorial, e antigamente, muitas vezes era o único parâmetro utilizado para o diagnóstico. 
A urina apresenta diversas características que a tornam uma amostra ideal, como o 
fato de ser de fácil obtenção, coleta não dolorosa ou incômoda na maioria das vezes e nela são 
encontradas informações sobre diversas funções metabólicas. Sua análise é um método barato e 
que pode servir não apenas para descobrir principais distúrbios renais, mas também distúrbios 
metabólicos e hepáticos. 
Assim, nesta unidade, abordaremos as principais características relativas à função renal e 
detalharemos a urinálise que é o principal exame utilizado para avaliar a função renal e de outros 
órgãos. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. FUNÇÃO RENAL
Para conseguirmos entender as avaliações realizadas na urinálise, precisamos inicialmente 
relembrar a estrutura, função e fisiologia dos rins. De forma geral, os rins apresentam como 
funções: a) eliminar resíduos metabólicos e substâncias químicas que são ureia, creatinina, ácido 
úrico, bilirrubina, medicamentos, toxinas, entre outros; b) reter nutrientes e substâncias que serão 
reutilizadas pelo organismo como as proteínas, aminoácidos, água, glicose, cálcio, entre outros; 
c) regular o equilíbrio ácido básico e hidroeletrolítico; d) regular a pressão arterial; e) sintetizar 
hormônios: destacam-se eritropoetina, renina, 1,25-hidroxicolecalciferol, prostaglandinas. 
1.1 Anatomia Renal 
Figura 1- Estrutura do rim. Fonte: Anatomia do corpo (2021).
Os rins são órgãos que apresentam um formato parecido com um grão de feijão e que 
apresentam peso aproximado de 150g em um homem adulto. Após um corte longitudinal é 
possível verificar duas regiões, uma camada externa (córtex) e uma camada interna (medula), 
como vemos na Figura 1. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 2 - Estrutura do néfron. Fonte: Info Escola (2021).
O néfron é a unidade básica do funcionamento dos rins, sendo que cada rim apresenta 
aproximadamente um milhão de néfrons, os quais são responsáveis pelos processos que envolvem 
a fisiologia dos rins. Cada néfron é composto pelas seguintes unidades básicas: glomérulo, túbulos 
contorcidos proximais (TCP), alça de Henle (AH), túbulos contorcidos distais (TCD) e tubo 
coletor (TC) (Figura 2).
No córtex são encontrados os glomérulos, os túbulos contorcidos proximais e distais. 
Já na medula encontram-se alças de Henle e os tubos coletores. Esses últimos drenam o líquido 
através das pirâmides da pelve renal para os cálices, em seguida, a urina é drenada para o ureter 
e dos ureteres chega até a bexiga a estrutura. 
1.2 Fisiologia Renal 
O processo de formação da urina envolve quatro processos: fluxo sanguíneo renal, 
filtração glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular. 
1.2.1 Fluxo sanguíneo renal 
O sangue chega aos rins através da artéria renal e através das arteríolas aferentes atinge 
os néfrons para ser filtrado nos glomérulos. A saída do glomérulo acontece através das arteríolas 
eferentes. A variação entre o tamanho das arteríolas aferentes e eferentes é o que gera a pressão 
hidrostática necessária para que a filtração glomerular aconteça. 
Depois de sair pelas arteríolas eferentes, o sangue circula através dos capilares peritubulares 
e nos vasos retos, passando muito perto dos túbulos proximais e distais, o que faz com que seja 
possível a troca de substâncias, seja para reabsorção ou secreção. Já os vasos retos são adjacentes 
às alças de Henle, local de ocorrência da maioria das trocas de água e sais entre o sangue e a 
medula renal. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.2.2 Filtração glomerular 
A primeira etapa de filtração do sangue inicia nos glomérulos, grosseiramente falando, 
os glomérulos funcionam como uma peneira na qual substâncias com peso molecular maior 
que 60.000 ficam retidas e as menores conseguem passar. Como dito anteriormente, a diferença 
de pressão entre as arteríolas aferentes e eferentes favorece a filtração glomerular. Além disso, a 
membrana dos glomérulos é carregada negativamente, ou seja, irá repelir moléculas que também 
têm carga negativa como as proteínas. 
O sistema renina-angiotensina-aldosterona também contribui para a filtração glomerular. 
Ele é ativado quando ocorrem alterações na pressão sanguínea e nos níveis plasmáticos de sódio. 
Quando os níveis de sódio plasmáticos estão baixos, ocorre a redução da retenção de água, 
diminuindo, assim, o volume sanguíneo e consequentemente a pressão sanguínea. 
O filtrado glomerular é quase idêntico ao plasma, com a diferença de conter quantidade 
diminuída de proteínas. A sua composição vai mudando conforme os mecanismos de reabsorção 
e secreção acontecem.
1.2.3 Função tubular 
Os túbulos são responsáveis tanto pela reabsorção de substâncias que foram filtradas no 
glomérulo, ou seja, passaram pela membrana semipermeável, quanto pela secreção de substâncias 
que não passaram pelo filtrado. 
O túbulo contorcido proximal recebe o filtrado glomerular que contém muitas 
substâncias essenciais ao organismo, além de metabólitos e resíduos tóxicos. Dessa forma, os 
TCP são responsáveis pela reabsorção de: cerca de 25% da água, sódio e cloretos filtrados; toda 
glicose filtrada até o limiar de reabsorção; quase todos os aminoácidos, vitaminas e proteínas; 
quantidades variáveis de íons diversos (cálcio, magnésio, potássio); 98 a 100% do ácido úrico. 
A água, a ureia e os cloretos são reabsorvidos de forma passiva (sem gasto de energia), já 
outras substâncias são reabsorvidas ativamente, ou seja, com gasto de energia. 
Nos TCP também são secretados íons hidrogênio, histamina e medicamentos como a 
penicilina. E principalmente na alça de Henle e no TC acontecerá a regulação do equilíbrio ácido 
básico com a secreção de íons hidrogênio e de água. 
O limiar renal é a concentração plasmática de uma substância no qual o transporte 
ativo para reabsorção tubular para. Dessa forma, quando a concentração de 
uma substância atinge níveis anormalmente altos no plasma, a capacidade de 
reabsorção dos túbulos é ultrapassada e essa substância aparece na urina. O limiar 
da glicose, por exemplo, é de 160 a 180 mg/dL, ou seja, quando as concentrações 
de glicose sanguínea ultrapassam esses valores, ela passa a ser eliminada na 
urina, podendo servir de indícios de Diabetes.
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2. TESTES PARA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL.
Diversos testes podem ser utilizadospara avaliação da função renal, sabendo que cada 
um apresenta um objetivo específico será abordado os principais testes com breves descrições, 
em relação a urinálise, esta será abordada com mais detalhes. 
2.1 Urinálise 
É um exame de rotina, não invasivo, também conhecido como parcial de urina, ou urina I. 
Ele fornece diversas informações gerais a respeito do funcionamento dos rins e do trato urinário 
inferior. 
2.2 Ureia 
A ureia é o principal composto nitrogenado (não proteico) encontrado no sangue. Ela é 
filtrada pelos glomérulos nos rins, e sobre reabsorção passiva nos túbulos (até 70%). A dosagem 
de ureia no sangue pode fornecer muitas informações a respeito do funcionamento renal. A ureia 
quando em valores aumentados são chamados de azotemias e podem estar relacionados, entre 
outros fatores, às doenças como insuficiência renal aguda ou crônica, glomerulonefrite, ou até 
obstruções do trato urinário. 
2.3 Creatinina
A creatinina é excretada pelos rins, em velocidade constante e em valores proporcionais à 
massa muscular da pessoa, uma vez que ela é formada nos músculos a partir da creatina. 
A creatinina é filtrada pelos glomérulos e normalmente não é reabsorvida nos túbulos. 
Valores altos de creatinina no sangue estão sempre associados com uma função renal anormal, 
especialmente na filtração glomerular. 
2.4 Depuração de Creatinina 
A depuração ou “clearance”, corresponde ao volume de plasma que é filtrado nos 
glomérulos por minuto no que tange a substância que é totalmente excretada e não é reabsorvida. 
Sendo assim, essa dosagem é utilizada para avaliar a filtração glomerular. Essa dosagem apresenta 
diversas vantagens, uma vez que a creatinina tem produção constante e não sofre influência da 
dieta, sendo, portanto, filtrada e não reabsorvida. É normalmente utilizado a urina de 24 horas 
para isso. 
Uma abordagem simples a respeito da insuficiência renal e do 
exame de creatinina pode ser vista no vídeo: Saiba de seus rins 
estão doentes. Disponível em: 
https://youtu.be/jOIcaY8-Vcc. Acesso em 10 jan. 2021
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3. URINÁLISE
3.1 Coleta da Amostra
A coleta da amostra é uma das etapas mais importantes para que os resultados da urinálise 
sejam fiéis e confiáveis. 
O recipiente para a coleta deve ser limpo, seco e de boca larga. Lembrando que os frascos 
devem ser corretamente identificados com o nome do paciente, data e hora da coleta. 
Para a coleta da amostra o paciente deve ser instruído a realizar a higienização da 
região genital, no ato de urinar é preciso desprezar o primeiro e último jato de urina, coletando 
o jato médio. Esse procedimento é importante, pois o primeiro jato de urina normalmente é 
contaminado com muitas células e algumas bactérias da microbiota. Normalmente, é utilizada a 
coleta da primeira urina da manhã, uma vez que ela é mais concentrada e pode refletir melhor o 
funcionamento dos rins. Em relação a pacientes hospitalizados ou com dificuldades para realizar 
a micção espontânea para a coleta podem ser utilizados cateteres que cheguem até a bexiga 
passando pela uretra. 
Em se tratando de recém-nascidos e crianças com pouca idade são utilizados coletores 
de plástico com adesivos que se fixam à região genital da criança. Para minimizar as chances de 
contaminação da amostra, o coletor deve ser trocado a cada trinta minutos, e realizada uma nova 
higienização local, caso a criança não tenha urinado. 
Se a indicação do exame for para a coleta de urina de 24 horas, esta terá o intuito de 
analisar o volume e a concentração de determinados analitos e consiste na coleta de toda a urina 
eliminada nesse período. A urina que for sendo coletada durante o dia deve ser mantida sob 
refrigeração para que se preserve as características da amostra.
Caso a necessidade seja de uma amostra que represente exatamente o que está acontecendo 
na bexiga, sem que haja contaminação pelas vias urinárias, a coleta é ideal é a punção suprapúbica. 
Esta consiste na inserção de uma agulha que atinja a bexiga, por ser uma técnica totalmente 
estéril, todos os microrganismos, caso sejam visualizados, estavam realmente dentro da bexiga. 
A amostra de urina deve ser entregue ao laboratório o mais rápido possível e deve ser 
analisada dentro de no máximo uma ou duas horas. Caso não seja possível analisá-la neste prazo, 
a amostra deve ser armazenada sob refrigeração e se a mesma amostra de urina for utilizada para 
a cultura microbiológica, ela deve ser refrigerada até o momento do cultivo. 
Quando houver necessidade de uso de conservante, ele deve ser capaz de inibir o 
crescimento microbiano, preservar os elementos urinários e não interferir nos testes químicos. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A urina não preservada pode apresentar diversas alterações que foram resumidas no 
Quadro 1. 
Analito Alteração Causa
Cor Modificada/escurecida Oxidação ou redução de metabólitos
Aspecto Turva Crescimento bacteriano e precipitação de material amorfo
Odor Aumentado Multiplicação bacteriana ou metabolização da ureia para amônia
pH Aumentado
Metabolização da ureia para amônia por 
bactérias produtoras de uréase/ perda de 
CO2
Glicose Reduzida Glicólise e consumo bacteriano
Cetonas Reduzidas Volatilização e metabolismo bacteriano
Bilirrubina Reduzida Foto-oxidação 
Urobilinogênio Reduzido Oxidação 
Nitritos Aumentados Multiplicação de bactérias redutoras de ni-trato
Eritrócitos, leucócitos e cilindros Reduzidos Desintegração
Bactérias Aumentadas Multiplicação 
Quadro 1- Alterações na urina não preservadas. Fonte: A autora.
3.2 Exame Físico da Urina
O exame físico da urina inclui a determinação da cor, aspecto e gravidade específica ou 
densidade. 
3.2.1 Cor
Normalmente, a urina tem cor amarela, isso acontece devido a excreção de três pigmentos: 
o urocromo (amarelo), uroeritirina (vermelho) e urobilina (laranja). A intensidade da cor está 
relacionada diretamente com a concentração da amostra, ou seja, quanto maior a ingestão de 
líquidos mais clara é a urina, quanto menor a ingestão de líquidos mais escura é a cor da urina. 
A coloração da urina também pode ser influenciada por substâncias ingeridas como 
corantes alimentares ou medicamentos. Além disso, outras colorações diferentes do amarelo 
podem indicar algumas patologias. Uma descrição das principais alterações de cor pode ser 
visualizada no Quadro 2. 
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Cor Causa Correlação Clínico/Laboratorial
Incolor Ingestão recente de fluídos Comumente observada com amostras aleatórias
Amarela pálida
Poliúria ou diabetes insípidus
Diabetes mellitus
Amostra aleatória diluída
Volume de 24 horas elevado. 
Elevada gravidade específica e resultado positivo para 
glicose
Consumo recente de fluídos
Amarela escura Amostra concentrada
Pode ser normal após exercício extenuante ou na primeira 
amostra da manhã
Desidratação pela febre ou queimadura
Âmbar/Laranja
Bilirrubina
Acriflavone
Fenazopiridina (Pyridium)
Nitrofurantoína
Espuma amarela, quando agitada, e resultado positivo para 
bilirrubina
Teste negativo para bile é possível fluorescência verde
Drogas comumente usadas para infecções urinárias
Pode ter espuma laranja e pigmento laranja denso que 
podem interferir com as leituras das tiras reagentes
Amarela-verde Bilirrubina oxidada Espuma colorida na urina ácida e resultados falso-negativos para bilirrubina
Verde Infecção por Pseudomonas Urocultura positiva
Azul-verde Amitriptilina/Metocarbamol Medicamentos
Rosa/Vermelha
Eritrócitos
Hemoglobina
Mioglobina
Porfirinas
Beterraba
Rifampicina
Contaminação menstrual
Urina turva com resultados positivos da análise química de 
hemoglobina e eritrócitosvisíveis microscopicamente
Urina límpida com resultados positivos de hemoglobina, 
hemólise intravascular
Lesão muscular
Negativo para hemoglobina
Detectada sob luz ultravioleta
Alimentos
Medicamentos
Amostra turva com eritrócitos, muco e coágulos
Marrom/Preta
Hemoglobina oxidada/
metemoglobina
Derivados do fenol/Argirol/
Metildopa ou levodopa/
Metronidazol
Visto em urinas ácidas um tempo após a coleta; resultado 
positivo da análise química para hemoglobina
Medicamentos/antissépticos
Quadro 2 - Coloração da urina, possíveis correlações clínico-laboratoriais. Fonte: A autora.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3.2.2 Aspecto
A urina recém-emitida deve apresentar-se clara e transparente. Com o passar do tempo 
ela começa a ficar turva, devido a presença de muco e precipitação de cristais. Em situações 
anormais, a urina pode estar turva devido a presença de leucócitos, bactérias, hemácia, cilindros, 
cristais, entre outras substâncias. No Quadro 3 é possível observar situações patológicas de 
turvação da urina e no Quadro 4 situações não patológicas. 
Eritrócitos
Leucócitos
Bactérias
Fungos
Células epiteliais não escamosas
Cristais anormais
Linfa
Lipídeos
Quadro 3 - Causas patológicas de turvação na urina. Fonte: A autora (2021).
Células epiteliais escamosas
Muco
Fosfatos, carbonatos e uratos amorfos
Sêmen, espermatozoides
Contaminação fecal
Meio de contraste radiográfico
Cremes vaginais
Talco
Quadro 4 - Causas não patológicas de turvação na urina. Fonte: A autora (2021).
3.2.3 Densidade
A densidade normal da urina varia de 1,010 a 1,030 e ela indica a concentração de sólidos 
que estão solubilizados na urina. A densidade é um bom marcador para avaliar a concentração 
da urina e consequentemente o estado de hidratação do paciente. 
A densidade pode ser dosada através das tiras reativas (método químico que será descrito 
nos próximos tópicos) ou através de um densitômetro ou refratômetro. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
3.2.4 Exame químico da urina
O exame químico da urina é realizado através de tiras reagentes, se trata de um método 
simples e rápido. Para a realização dessa parte do exame é necessário que a amostra de urina atinja 
temperatura ambiente para que não ocorram interferências. O método consiste, basicamente, em 
mergulhar uma tira reativa colorida na urina e comparar as cores que se formam ao misturar-se 
com as cores de referência. O kit, que pode ser comprado, poderá ser visualizado na Figura 3 e a 
descrição dos parâmetros avaliados pelo exame químico estes serão descritos abaixo:
 
Figura 3 - Exame químico da urina. Fonte: MD Saúde (2021).
3.2.5 pH 
A avaliação do pH irá mostrar a capacidade dos rins em manter a concentração dos íons 
hidrogênio. O pH normal da urina recém eliminada é em torno de 6,0. 
Sabe se que a determinação do pH também é útil para identificação de cristais que serão 
visualizados no exame microscópico do sedimento urinário. Alguns cristais normalmente são 
encontrados em urina ácida e alguns em urinas alcalinas. Em caso de urinas muito ácidas o 
indicativo pode ser dentre eles: dieta rica em proteínas e algumas frutas, Diabetes mellitus, 
doenças respiratórias e o uso de alguns medicamentos. Em situação de urinas alcalinas estas 
podem indicar alcalose metabólica, vômitos excessivos ou uma dieta rica em verduras. 
3.2.6 Proteínas 
As proteínas estão presentes na urina, porém em quantidades pequenas, o equivalente 
a 150 mg/24 horas ou 10 mg/dL. Essa pequena quantidade de proteínas que, normalmente, é 
eliminada na urina corresponde basicamente à proteína Tamm-Horsfall. Em relação às proteínas 
com peso menor que 60.000 daltons estas são filtradas pelos glomérulos, mas são quase totalmente 
reabsorvidas pelos túbulos. A albumina possui 67.000 daltons de peso molecular, e parte dela 
chega até o filtrado glomerular e a maior parte reabsorvida nos túbulos. 
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Dessa forma, o fato de as proteínas aparecerem aumentadas na urina pode ser indicativo 
de estar havendo aumento da permeabilidade da membrana do glomérulo ou diminuição da 
reabsorção tubular. 
A eliminação de quantidades aumentadas de proteínas na urina recebe o nome de 
proteinúria. A identificação química, normalmente, se dá através da identificação de albumina 
na urina, uma vez que ela é a proteína que mais é eliminada na urina nesses casos. A proteinúria 
pode ser classificada como: 
Proteinúria pré-renal: a eliminação de proteínas em excesso não apresenta relação
com os rins. Ela pode estar relacionada à produção excessiva de proteínas de baixo 
peso molecular, que passarão pelo glomérulo, como por exemplo a proteínas de Bence Jones, 
no mieloma múltiplo; ou devido ao aumento da pressão hidrostática, que força a passagem 
de substâncias pela membrana do glomérulo, o que pode estar acontecendo em pessoas com 
hipertensão arterial ou insuficiência cardíaca congestiva, por exemplo. 
b) Proteinúria glomerular: decorrente de doenças glomerulares, como glomerulonefrite 
e síndrome nefrótica. Nesse caso, quanto maior a lesão renal, maior será a perda de proteínas. 
c) Proteinúria tubular: em doenças como pielonefrite, necrose tubular, em casos de 
intoxicação por metais pesados, entre outros, ocorre lesão dos túbulos, fazendo com que eles não 
sejam capazes de reabsorver completamente as proteínas filtradas. 
d) Proteinúria pós renal: é o tipo de proteinúria decorrente de problemas nas vias urinárias 
baixas, como em infecções/inflamações de bexiga (cistite) ou uretrites. Nesses casos ocorrem 
aumento da mobilização de proteínas devido ao exsudato inflamatório. 
Resultados falso-positivos podem ser observados em urinas muito alcalinas (pH acima 
de 9,0) ou com amostra contaminadas com detergentes e alcaloides em geral. Já resultados falso-
negativos estão relacionados com proteinúria de Bence-Jones, presença de outras proteínas que 
não sejam albumina e grande concentração de sais.
 
3.2.7 Glicose 
A glicose, como já relatado, é uma substância que é filtrada pelos glomérulos e é 
reabsorvida totalmente pelos túbulos até atingir o limiar renal. A glicosúria é o aparecimento de 
glicose na urina e acontecerá em casos em que a glicose sanguínea ultrapasse o limiar. 
Essa dosagem passa a ser, especialmente, útil para monitorar paciente diabéticos. 
Além disso, a glicosúria também pode acontecer em casos de lesões renais que comprometam 
a reabsorção tubular com o uso de alguns medicamentos, como os corticoides, entre outras 
situações. 
É importante ressaltar que resultados falso-negativos podem acontecer na presença de 
altas concentrações de vitamina C (ácido ascórbico), aspirina, corpos cetônicos, ou até quando 
existir falha na conservação da urina, o que favorecerá o consumo da glicose por bactérias. 
3.2.8 Corpos cetônicos
São produtos do metabolismo de lipídios que compreendem aos ácidos acetoacético, 
betahidroxibutírico e a acetona. A cetonúria está muito relacionada com o diabetes na qual, 
muitas vezes, existe lipólise e também pode acontecer em inanição, dietas, após exercícios físicos 
intensos, entre outros. 
Entre as possíveis interferências, resultados falso-positivos podem aparecer com o uso 
de determinados medicamentos, como L-dopa e fenolftaleína; já resultados falso-negativos 
acontecem devido à má conservação da urina, uma vez que os corpos cetônicos são substâncias 
voláteis. 
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3.2.9 Bilirrubina 
A bilirrubina normalmente aparecerá na urina quando sua concentração plasmática 
ultrapassar o limiar renal e nãofor mais reabsorvida. Nesse caso, estamos falando de bilirrubina 
direta, que foi conjugada e tornou-se hidrossolúvel, sendo capaz de chegar até os rins. Esse 
aumento pode ser decorrente de hepatites, colestases e cirrose. A presença de bilirrubina na 
urina, ou bilirrubinúria = confere à urina uma cor amarela intensa ou âmbar. 
Entre as interferências, resultados falso-positivos podem acontecer devido a utilização 
de outras substâncias coradas; já os resultados falso-negativos também são decorrentes da má 
conservação da urina, uma vez que a bilirrubina é fotossensível, e se degrada com a exposição à luz, 
além disso, a presença de quantidades elevadas de ácido ascórbico e bactérias que decomponham 
a bilirrubina também podem causar resultados falso-negativos. 
3.2.10 Urobilinogênio
O urobilinogênio também está relacionado com a bilirrubina. Ele é um pigmento biliar 
formado pela ação de bactérias sobre a bilirrubina direta. Uma parte desse pigmento chega nos 
rins é filtrado pelos glomérulos e eliminado na urina com concentrações próximas a 1,0 mg/
dL. Em distúrbios que aumentem a quantidade de bilirrubina, como doenças hemolíticas, entre 
outras, são responsáveis pelo aumento da eliminação de urobilinogênio. 
Entre as possíveis interferências, também podemos citar como falso-positivos o uso 
de substâncias coloridas e falsos-negativos podem acontecer com altas concentrações de ácido 
ascórbico, de bactérias e principalmente a má conservação, uma vez que o urobilinogênio, assim 
como a bilirrubina, é degradado pela luz. 
3.2.11 Sangue
O sangue pode aparecer na urina de duas formas: na forma de hemácias íntegras, o que 
recebe o nome de hematúria, ou de hemoglobina cujo o nome será hemoglobinúria. 
A hematúria pode estar relacionada aos cálculos renais, glomerulonefrite, tumores, 
traumatismos, pielonefrite, entre outras situações que façam com que hemácias íntegras sejam 
liberadas no trato urinário. Já a hemoglobinúria está relacionada a situações de lise de hemácias, 
seja no trato urinário ou não. 
A diferenciação entre a presença ou não de hemácias íntegras acontecerá no exame 
microscópico do sedimento urinário, que será abordado na sequência desse material. 
Entre as interferências que podem causar resultados falso-positivos temos a contaminação 
menstrual, detergente oxidantes nos frascos de coleta e peroxidases (vegetais ou microbianas) e 
também níveis elevados de ácido ascórbico e infecções graves do trato urinário podem levar a 
resultados falso-negativos. 
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3.2.12 Nitrito 
A pesquisa de nitrito tem por função principal a detecção precoce de infecções do trato 
urinário. Diversas bactérias, especialmente as Gram negativas, tem capacidade de reduzir nitrato 
em nitrito. Dessa forma, resultados de nitrito positivos, podem indicar a presença de tais bactérias. 
Como interferências, amostras mal conservadas podem apresentar resultados falso-
positivos, uma vez que bactérias contaminantes da amostra podem proliferar-se. Já resultados 
falso-negativos podem acontecer quando uma infecção é causada por leveduras ou bactérias 
Gram positivas, as quais normalmente não transformam nitrato em nitrito. Poderá também ser 
em urinas com pH abaixo de 6,0, ou ainda com o consumo de grandes quantidades de ácido 
ascórbico. 
3.2.13 Leucócitos 
A pesquisa de leucócito é extremamente útil para diagnosticar infecções e processos 
inflamatórios no trato urinário. Assim como a pesquisa de hemácias, os leucócitos, caso presentes, 
poderão ser vistos no exame microscópico do sedimento urinário. Porém, o exame químico é 
capaz até de identificar leucócitos que possam ter sido degradados. 
Resultados falso-positivos podem acontecer devido a contaminação com agentes 
oxidantes fortes e falso-negativos na presença de grandes quantidades de glicose e proteínas na 
amostra. 
3.3 Exame Microscópico 
O exame microscópico do sedimento urinário é realizado com a finalidade de detectar 
e identificar os elementos insolúveis que possam estar presentes na urina. Ele é realizado após a 
centrifugação da amostra de urina utilizando o sedimento. 
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3.3.1 Hemácias
As hemácias normalmente não atravessam os néfrons íntegros, como já dito anteriormente, 
elas aparecerão na urina em casos de lesões, traumatismos, infecções, entre outras situações. No 
exame microscópico elas aparecerão como discos incolores (Figura 4). É considerado normal o 
aparecimento de até 1000 hemácias/mL de urina. As Hemácias, no exame microscópico, aparecem 
como pequenos discos incolores, como pode ser visto nas setas 
Figura 4 - Hemácias no exame microscópico. Fonte: Biomedicina Padrão (2021).
[A forma como as hemácias são vistas no exame microscópicos 
também é muito importante para o diagnóstico de diversas 
doenças renais. Maiores informações e detalhes sore esse 
assunto podem ser encontrados no texto de MEHL, L.S., 
GREGÓRIO, P.C., MACIEL, R.A.P.: A importância do diagnóstico de 
dimorfismo eritrocitário na hematúria. Anais do EVINCI-UniBrasil, 
v. 1, n.4, p. 120-131, 2016. Disponível em:
http://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/anaisevinci/article/
viewFile/860/836.
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3.3.2 Leucócitos 
Como já descrito anteriormente, os leucócitos estarão presentes em processos inflamatórios 
e infecciosos. Esses leucócitos aparecem no exame microscópico como células arredondadas, 
maiores que as hemácias, que possuem grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados (Figura 5). 
Os valores de referência podem variar entre alguns laboratórios, mas normalmente aceita-se que 
sejam visualizados até 7.000 ou 10.000 leucócitos/mL de urina. 
Figura 5 - Leucócitos no exame microscópico de sedimento urinário. Fonte: Atlas de Urinálise (2021).
3.3.3 Células epiteliais 
Alguns tipos de células epiteliais podem aparecer normalmente no sedimento urinário. 
Três tipos de células podem ser encontrados, sendo elas: epiteliais escamosas, epiteliais 
transicionais e células dos túbulos renais. 
As células epiteliais escamosas são as mais frequentes, sua presença é pouco significativa. 
São células provenientes da vagina ou uretra, e muitas vezes aparecem na urina por contaminação 
de uma coleta malfeita, por não ter sido feita uma boa higienização prévia ou não foi desprezado 
o primeiro jato de urina. Essas células apresentam formato retangular ou arredondado e núcleo 
central (Figura 6). É considerado normal o aparecimento de até 10.000 células/mL.
 
Figura 6 - Células epiteliais escamosas em exame de sedimento urinário. Fonte: Atlas de Urinálise (2021).
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As células epiteliais transicionais, também chamadas de caudadas, são originárias da 
pelve renal, do cálice, do ureter e da bexiga. São menores, esféricas, caudadas ou poliédricas, com 
núcleo central (Figura 7). Quantidades pequenas dessas células podem ser encontradas na urina 
em condições normais e podem estar aumentadas em casos de cauterização ou cicatrização. As 
células do epitélio renal também podem estar presentes em quantidades pequenas no sedimento 
urinário normal decorrente da descamação de células velhas e em quantidades aumentadas, 
normalmente indicam doença renal ativa ou lesão tubular. Elas se apresentam como células 
arredondadas, com núcleo redondo e excêntrico (Figura 7). 
Figura 7 - Células da pelve renal (à direita) e células do epitélio renal (à esquerda) em exame de sedimento urinário. 
Fonte: Aprendendo Saúde (2021).
3.4.4 Cilindros 
Os cilindros são os únicos elementosexclusivamente renais encontrados no sedimento 
urinário. Eles formam-se na luz do TCD, possibilitando assim, uma visão microscópica do 
que acontece no interior dos néfrons. Dessa forma, os cilindros tomam forma daquilo que está 
presente no filtrado no momento da sua formação, podendo ser hemácias, leucócitos, células, 
bactérias, entre outros elementos (Figuras 9 e 10). 
O componente básico dos cilindros é a glicoproteínas de Tamm-Horsfall que é secretada 
pelas células tubulares. Algumas situações fisiológicas podem favorecer o aparecimento de 
cilindros no sedimento urinário, como exercícios físicos intensos, aumento da acidez urinária, 
entre outros, porém de forma geral os cilindros não devem aparecer na urina. 
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O Quadro 5 mostra os principais tipos de cilindros e as situações em que eles podem ser 
encontrados na urina. 
Tipo de 
cilindro Características Origem e significado clínico
Hialinos Incolores e pouco refringentes
Os mais frequentes, constituídos principalmente por proteína 
de Tamm-Horsfall. Elevado em exercício físico intenso, 
desidratação e estresse emocional. Em número elevado 
glomerulonefrite, pielonefrite, doença renal crônica.
Hemáticos
Refringentes, cor amarelo-
marrom. Podem conter 
hemácias integras
Indicam sangramento proveniente do interior do néfron. Sua 
presença relaciona-se principalmente com glomerulonefrite.
Leucocitários
Refringentes, contém 
grânulos e núcleos 
multilobulados. 
Significa infecção ou inflamação no interior dos néfrons. 
Aparecem na pielonefrite, glomerulonefrite.
Epiteliais Contém células tubulares com núcleo redondo. 
Formados de células epiteliais tubulares sem muita matriz 
proteica. Em presença de lesão tubular, as células tubulares onde 
as fibrilas da proteína Tamm-Horsfall se prendem soltam-se com 
o cilindro. Pielonefrite e glomerulonefrite.
Granulosos Possuem grânulos. 
Aparecem após estresse e exercício físico vigoroso. Nos 
processos patológicos, os grânulos podem representar 
desintegração de cilindros celulares ou leucocitários devido à 
estase urinária.
Céreos
Refringentes, com textura 
rígida, largo, com fendas 
laterais, amarelados e 
opacos. 
Indicam extrema estase urinária devido a processo tubular 
grave. Resultante da degeneração proteica em túbulos que 
permaneceram longo tempo sem funcionar. A água vai sendo 
reabsorvida e o cilindro transforma-se numa massa desidratada, 
como cera.
Gorduroso
Refringentes, contendo 
gotículas gordurosas 
marrom-amareladas. 
Formados pela agregação de gotículas lipídicas livres à matriz 
proteica. Encontrados juntamente com corpos adiposos ovais na 
síndrome nefrótica.
Quadro 5 - Tipos de cilindros, características, origem e significado clínico. Fonte: A autora (2021).
Figura 9 - Cilindro hemático a direita e leucocitário a esquerda. Fonte: Atlas de Urinálise (2021). 
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Figura 10 - Cilindros em exame de sedimento urinário. A - Hialino; B – Hialino com gordura; Hialino/Granular; 
D – Celular; E – Celular/Granular; F – Granular; G – Celular fino; H – Celular/céreo; I – Céreo. Fonte: Biomedicina 
Padrão (2021).
3.4.5 Cristais 
Os cristais são elementos bastante comuns na urina. Sua identificação é muito importante 
para avaliar se representam ou não anormalidades. Eles são formados pela precipitação de sais 
da urina quando submetidos a alterações de pH, de temperatura ou concentração, tornando-os 
insolúveis. A determinação do pH urinário é muito importante, pois auxilia na identificação das 
substâncias que estão precipitadas. 
Entre os cristais normais de urina ácida destacam-se: uratos, oxalato de cálcio, ácido úrico. 
Entre os cristais normais de urina alcalina encontram-se: fosfatos, biurato de amônio, carbonato 
de cálcio. 
Já entre os cristais anormais, podemos citar os de origem medicamentosa e os de origem 
metabólica (cistina, tirosina, leucina, colesterol e bilirrubina). É importante ressaltar que os 
cristais anormais, ou patológicos são em sua maioria cristais de urina ácida. O Quadro 6 mostra 
as situações em que esses cristais anormais podem estar presentes, e na Figura 11 é possível 
ver alguns cristais em exames microscópicos do sedimento urinário da esquerda para a direita 
teremos os cristais de ácido úrico, cristal de fosfato triplo e cristal de bilirrubina 
Cristal Correlação clínico-laboratorial
Medicamentosos
Sulfadiazina, sulfametoxasol, ampicilina, aspirina, contraste radiológico, etc. É importante 
que sejam identificados. Caso não seja possível, relatar a presença de substância não 
identificada e sugerir que seja um medicamento.
Cistina Urina ácida. Indicam um defeito metabólico no transporte tubular de aminoácidos. Pacientes apresentam tendência para a formação de cálculos.
Tirosina Quando presentes podem indicar doença hepática grave.
Leucina Urina ácida. Podem indicar doenças hepáticas e defeitos do metabolismo de aminoácidos.
Colesterol Sua presença pode ser indicativa de síndrome nefrótica
Bilirrubina Doenças hepáticas onde o nível de bilirrubina plasmática está alto.
Quadro 6 - Cristais anormais e principais correlações clínico laboratoriais. Fonte: A autora.
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Fígura 11- Cristais na urina. Fonte: Lacvet UFRGS (2021).
3.4.6 Muco 
É o material proteico produzido por células do sistema urogenital e não é considerado 
clinicamente significativo. No microscópio são visualizados como estruturas filamentosas com 
baixo índice de refração. 
3.4.7 Bactérias 
A urina quando está normal não deve apresentar bactérias. A presença das bactérias pode 
indicar contaminação com material da própria microbiota ou uma infecção. Após a visualização 
de bactérias, a bacterioscopia através da coloração de Gram pode ser realizada para classificar 
essa bactéria de acordo com as suas afinidades morfotintoriais. 
3.4.8 Outros elementos 
Outros elementos podem ser visualizados na urina, como leveduras, parasitas, 
espermatozoides, e até alguns artefatos que podem ser encontrados devido condições inadequadas 
de coleta, como pelos, tecidos, etc. 
O encontro de espermatozoides em urinas de mulheres não deve ser relatado, uma 
vez que é algo antiético. Já em urinas masculinas, depende do procedimento padrão de cada 
laboratório, mas pode ser importante relatar, visto que em algumas situações pode indicar 
distúrbios ejaculatórios. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Encerramos aqui a unidade I com o estudo de um dos exames mais realizados em todos 
os laboratórios de análises clínicas, a urinálise. 
Foi possível entender quais são as fases que compõem esse exame tão simples, mas tão 
rico em resultados, e que pode auxiliar no diagnóstico de diversas patologias. 
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U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................27
1. IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA ...............................................................................................................................28
2. IDENTIFICAÇÃO DE BACILOS GRAM NEGATIVOS DA FAMÍLIA ENTEROBACTERIACEAE ...............................28
2.1 SISTEMA R/B .........................................................................................................................................................29
2.1.1 PROVA DA OXIDASE .............................................................................................................................................302.1.2 TRÍPLICE AÇÚCAR FERRO (TSI): .....................................................................................................................30
3. IDENTIFICAÇÃO DE BACILOS GRAM NEGATIVOS NÃO FERMENTADORES DE GLICOSE ...............................32
3.1 PRIMEIROS INDÍCIOS DE QUE UM ISOLADO DESCONHECIDO É UM NÃO-FERMENTADOR .......................32
3.1.1 IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR ............................................................................................................................32
4. IDENTIFICAÇÃO DE COCOS GRAM POSITIVOS ...................................................................................................34
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS
 PROFA. DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS, 
PARASITÁRIAS E AUTOIMUNES
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5. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE INFECÇÕES BACTERIANAS DO TRATO URINÁRIO ..................................35
5.1 TÉCNICA DE CULTURA PARA CONTAGEM DE COLÔNIAS ................................................................................35
5.1.1 TÉCNICA DA INOCULAÇÃO COM PIPETA (TÉCNICA POR DILUIÇÕES) .........................................................36
5.1.2 TÉCNICA DE “POUR PLATE” ..............................................................................................................................36
5.1.3 TÉCNICA DA ALÇA CALIBRADA .........................................................................................................................36
5.1.4 ESCOLHA DO VOLUME DA ALÇA CALIBRADA ..................................................................................................37
5.2 MEIO DE CULTURA E CONDIÇÕES DE INCUBAÇÃO .........................................................................................37
5.3 INCUBAÇÃO ...........................................................................................................................................................38
5.4 INTERPRETAÇÃO ..................................................................................................................................................38
5.5 REPORTE DE RESULTADOS .................................................................................................................................38
6. TESTE DE SENSIBILIDADE AOS ANTIMICROBIANOS POR DISCO-DIFUSÃO ...................................................39
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................40
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INTRODUÇÃO
O diagnóstico microbiológico pode ser utilizado para as mais diversas amostras, uma 
vez que seu objetivo é diagnosticar a presença ou não de uma bactéria que possa estar causando 
infecção. 
Dentro deste contexto, cada amostra ou material pode apresentar suas particularidades 
dentro no cultivo e interpretação dos resultados. 
Nessa unidade abordaremos a identificação das principais famílias de bactérias, a 
detecção de microrganismos em amostra de urina, que é um dos exames de cultura mais 
utilizados e realizados por todos os laboratórios clínicos e abordaremos também um pouco sobre 
o antibiograma por disco difusão. 
É importante ressaltar muitos laboratórios utilizam metodologias automatizadas para a 
identificação das espécies de microrganismos, porém é necessário conhecer as particularidades 
da identificação das principais famílias e do cultivo das principais amostras para que se possa 
compreender e interpretar os possíveis resultados. 
 
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1. IDENTIFICAÇÃO BACTERIANA
Entre as bactérias mais comumente relacionadas com patologias humanas, a grande 
maioria pode ser classificada em Gram positiva ou Gram negativa de acordo com as características 
da sua parede celular. Dessa forma, uma das primeiras técnicas empregadas é a coloração de Gram, 
pois dessa forma, já é possível classificar a bactéria pelas suas características morfotintoriais, ou 
seja, saber se ela é um bacilo, coco, cocobacilo etc., e se é Gram positiva ou Gram negativa. 
Conhecer essas características é fundamental para direcionar a identificação da família, gênero 
ou espécie bacteriana. 
A coloração de Gram consiste em cobrir o esfregaço com cristal violeta por 1 minuto, 
escorrer o corante, cobrir com lugol por 1 minuto, lavar em água corrente de baixa pressão, 
descorar com álcool-cetona (tempo delicado) por 5 a 10 segundos, lavar em água corrente de 
baixa pressão, corar com fucsina por 30 segundos, lavar em água corrente de baixa pressão, deixar 
secar ao ar e realizar a leitura em microscópio em objetiva de imersão. Interpretação: As bactérias 
Gram positivas aparecem coradas em azul-escuro e as Gram negativas em rosa. 
2. IDENTIFICAÇÃO DE BACILOS GRAM NEGATIVOS DA FAMÍLIA 
ENTEROBACTERIACEAE
Os bacilos Gram negativos pertencentes à família Enterobacteriaceae são microrganismos 
frequentemente isolados de amostras clínicas enviadas aos laboratórios de microbiologia. 
Atualmente, dispomos de vários esquemas para a identificação das enterobactérias podendo estes 
ser fornecidos aos laboratórios clínicos em kits comerciais. Anteriormente, a identificação das 
espécies de Enterobacteriaceae era realizada com a utilização de fluxogramas, entretanto, não 
estão sendo utilizados com frequência, pois sistemas compactos numéricos de perfis e dados de 
referência computadorizados foram bastante difundidos.
Com o emprego dos sistemas de identificação tornou-se possível definir “biotipos” no 
qual muitas espécies bacterianas conhecidas podem ser subagrupadas. Os números de biotipos 
estão baseados em dados obtidos a partir da análise de milhares de reações bioquímicas e 
a biotipificação é uma valiosa ajuda para reconhecer grupos bacterianos, pois durante uma 
investigação epidemiológica ou quando se estuda a fonte de infecções cruzadas nos hospitais. A 
análise dos biotipos de algumas espécies bacterianas pode levar a uma melhor interpretação acerca 
de como a variação das características de identificação pode estar relacionada com diferenças 
conhecidas quanto a virulência de diferentes cepas.
Para relembrar como é feita e como funciona a coloração de Gram, 
você pode acessar o vídeo: “Coloração de Gram”. Disponível em: ,
https://www.youtube.com/watch?v=mF3jAU6Dy4I.
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No comércio brasileiro, existem sistemas computadorizados de identificação baseada 
em combinações de provas bioquímicas organizadas em kits compactos de utilização direta 
de substrato (BAC-TRAY, API-20, BBL-CRYSTAL), como também, kits que empregam meios 
de cultura (LABORCLIN, BIOPROV, PROBAC, NEWPROV). Existem ainda os sistemas 
automatizados (MICROSCAN, VITEK, PHOENIX). Em todos os casos os parâmetros usados 
são muito semelhantes. Assim sendo, a escolha de um deles é uma questão de preferência pessoal.
É importante lembrar que um bom diagnóstico microbiológico não depende somente 
de uma série de características diferenciais e que o sistema de identificação não é um dispositivo 
infalível. O microbiologista deve integrar os dados bioquímicos às características coloniais (cor, 
tamanho, textura, odor, reações hemolíticas), à coloração de Gram, aos caracteres morfológicos 
e, se disponíveis, às reações sorológicas, para então efetuar uma identificação final de forma 
confiável.
O microbiologista deve conhecer os princípios das provas bioquímicas empregadas no 
laboratório a fim de que qualquer inconsistência bioquímica, problemas com culturas mistas ou 
técnicas errôneas possam ser rapidamente conhecidas e corrigidas. 
Nesta unidade estão apresentadasas provas bioquímicas básicas de um sistema de 
identificação conhecido como R/b, utilizado para a identificação de bacilos Gram negativos 
pertencentes à família Enterobacteriaceae. O mecanismo bioquímico aqui apresentado será 
sempre o mesmo, independente do sistema utilizado.
As características comuns da família Enterobacteriaceae são:
a) São bacilos Gram negativos;
b) Crescem bem em meios comuns de cultura, como ágar MacConkey;
c) São oxidase negativa (Exceção: Plesiomonas shigelloides);
d) Fermentam a glicose com ou sem produção de gás.
2.1 Sistema R/b
A identificação de enterobactérias por esse método utiliza um sistema de identificação 
bioquímica (R/b) que é composto por 6 tubos. Estas provas, quando positivas, devem ser 
consideradas numericamente pelo valor a elas expresso e depois de somadas, estas resultam em 
um número de 4 algarismos que corresponde ao biótipo o qual deve ser procurado num catálogo 
para a determinação do provável micro-organismo isolado.
Nem todos os biotipos sugerem uma identificação precisa e simples, alguns requerem 
provas complementares. Pode-se liberar um resultado, com confiança, quando a chance do 
micro-organismo em questão for acima de 95 %.
Figura 1 - Esquema de leitura e definição de espécies da família Fonte: Enterobacteriaceae (2021).
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2.1.1 Prova da oxidase
Esta prova tem por objetivo determinar a presença da enzima oxidase (citocromo 
oxidase). É uma etapa determinante da identificação dessa família, uma vez que a grande 
maioria das bactérias dessa família são oxidase negativa. Assim, quando essa prova é negativa, o 
diagnóstico é direcionado para as próximas provas de identificação. O mecanismo dessa reação é 
baseado no fato de que os citocromos são hemeproteínas que agem como o último elo na cadeia 
da respiração aeróbia, por transferir elétrons (Hidrogênio) para o oxigênio, com a formação de 
água. O sistema citocromo ocorre em organismos aeróbios, microaerofílicos e em anaeróbios 
facultativos, podendo estar associado nestes casos à enzima oxidase. 
A prova da oxidase é empregada para investigar aqueles microrganismos que apresentam 
ou não essa enzima ou que são anaeróbios obrigatórios (sem enzima). O teste utiliza certos 
reagentes (corantes) tais como o dicloridrato de tetrametil-fenilenodiamino, que substituindo o 
oxigênio atua como aceptor artificial de elétrons. O corante no estado reduzido é incolor, contudo, 
na presença da proteína citocromo oxidase e do oxigênio atmosférico é oxidado tomando uma 
coloração escura. A prova é positiva quando ocorre o desenvolvimento de coloração púrpura e 
negativa quando não há o desenvolvimento de cor. 
2.1.2 Tríplice açúcar ferro (TSI): 
Assim como a oxidase a tríplice açúcar ferro é uma prova determinante na identificação 
de bactérias da família Enterobacteriaceae. Ela tem por função determinar a habilidade de um 
micro-organismo em utilizar glicose e ou lactose e sacarose com ou sem a produção de gás; 
evidenciar, ainda, a produção de gás sulfídrico (H2S) incorporados a um meio basal. O meio 
de TSI é empregado comumente em bacteriologia para a identificação preliminar (triagem) das 
enterobactérias. Todas as bactérias da família Enterobacteriaceae devem fermentar glicose. 
A utilização dos açúcares presentes no meio de TSI pode ocorrer aerobicamente na 
superfície ou anaerobicamente em profundidade, ou até mesmo simultaneamente, dependendo 
do potencial enzimático do micro-organismo em questão. Basicamente, encontramos no meio de 
TSI os três modelos de fermentação abaixo apresentados:
Apenas a fermentação da glicose (básico/ácido). A superfície alcalina (vermelha) indica 
a ocorrência da degradação oxidativa da glicose. Após aproximadamente 18 horas de incubação, 
a glicose é totalmente consumida devido a sua baixa concentração (0,1%) e o micro-organismo 
começa então a utilizar as peptonas, presentes no meio, para o seu crescimento. O catabolismo 
das peptonas resulta na liberação da amônia (NH3), responsável pela alcalinização da superfície 
do meio de cultura. A profundidade do meio permanece amarela devido a prévia fermentação 
da glicose com produção de ácidos relativamente estáveis. Portanto, o pH da base se torna mais 
ácido que o da superfície do meio onde ocorreu a oxidação do açúcar.
Fermentação da lactose, sacarose e glicose (ácido/ácido). Alguns microorganismos têm 
a capacidade de usar todos os açúcares presentes, resultando na acidificação da superfície e da 
base. Tanto a lactose como a sacarose estão presentes em concentrações 10 vezes maiores do que 
a glicose; portanto, após 18 horas de incubação a glicose é consumida, mas existem ainda grandes 
quantidades dos outros dois açúcares. Dependendo do tempo de incubação, a superfície pode 
se apresentar alcalina devido a depleção da lactose e sacarose com consequente utilização das 
peptonas presentes no meio.
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A não fermentação da lactose, sacarose ou glicose (básico/básico). Certas bactérias, 
principalmente bacilos Gram negativos não entéricos, são incapazes de fermentar os açúcares 
presentes no TSI. O desenvolvimento destes micro-organismos ocorre devido a degradação das 
peptonas. A reação básico/básico é resultado da degradação tanto aeróbica quanto anaeróbica 
das peptonas.
Os gases produzidos no meio de TSI são CO2 e H2 e as bactérias produtoras são chamadas 
aerogênicas. No caso da não formação de gases são chamadas anaerogênicas. 
O meio de TSI evidencia a presença de bactérias produtoras de gás sulfídrico (H2S) que 
são resultantes da reação em duas etapas:
a) Primeira etapa: a bactéria num ambiente ácido degrada o tiossulfato de sódio (substrato) 
com a produção de gás sulfídrico que é um gás incolor e invisível.
b) Segunda etapa: o H2S reage com o sulfato ferroso existente no meio (revelador) 
formando o sulfeto ferroso que é um composto insolúvel, responsável pela coloração negra que 
aparece no meio de TSI. É importante observar que a produção de H2S implica na produção de 
ácido mesmo que a coloração amarela não possa ser observada.
MIO (motilidade/indol/ornitina): tem por finalidade determinar se um microrganismo 
é móvel ou imóvel, se tem habilidade de produzir indol a partir da molécula de triptofano e 
se tem ou não a habilidade de descarboxilar o aminoácido ornitina (o mesmo vale para o 
aminoácido lisina) com a consequente alcalinização do meio de cultivo pela formação da amina 
correspondente. 
Para a motilidade, é considerada positiva quando o microrganismo móvel, se difunde 
ao redor da linha da picada apresentando um aspecto de uma nuvem difusa. Já no resultado 
negativo, o microrganismo imóvel cresce apenas ao longo da linha de semeadura.
Para o indol, ele é considerado positivo quando após a adição do reativo de Kovacs, 
na superfície do meio, ocorre formação de um anel vermelho e será negativo, quando não há 
desenvolvimento de cor. 
Para a ornitina/lisina, o resultado positivo é caracterizado pela coloração púrpura e 
negativo pela coloração amarela. 
Citrato de Simons: Tem por objetivo determinar se um microrganismo é capaz de 
utilizar o citrato como única fonte de carbono. O resultado é considerado positivo quando ocorre 
crescimento bacteriano (com ou sem alteração da cor do meio para azul) e negativo quando há 
ausência de crescimento bacteriano. 
Fermentação de açúcares: Determina a habilidade de um microrganismo em fermentar 
um carboidrato específico. Normalmente utiliza-se uma base neutra (Exemplo: MBA) e adiciona-
se o açúcar a ser testado. Um dos mais utilizados é a rhamnose. O resultado é caracterizado 
com positivo se houver fermentação e consequente acidificação do meio (coloração amarela) e 
negativo quando não houver fermentação e o meio ficar alcalino (coloraçãovermelha). 
Fenilalanina: Determina a habilidade do microrganismo em desaminar a fenilalanina 
com a consequente modificação do meio de cultura e formação de ácido fenilpirúvico. Para a 
interpretação deve ser adicionada solução de cloreto férrico diretamente no tubo inoculado, 
desta forma, desenvolvimento de coloração verde escura é considerado positivo e a ausência de 
desenvolvimento de cor será o negativo. 
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3. IDENTIFICAÇÃO DE BACILOS GRAM NEGATIVOS NÃO 
FERMENTADORES DE GLICOSE
Bacilos Gram negativos não fermentadores de glicose (BGN-NF) vêm gradativamente 
adquirindo importância na bacteriologia clínica, representando importantes agentes de infecções, 
principalmente em pacientes imunocomprometidos. Entretanto, a identificação bioquímica 
deste grupo de micro-organismos é bastante complexa, principalmente devido às dificuldades 
taxonômicas.
O principal problema inerente ao uso de muitos dos sistemas compactos para a identificação 
de não fermentadores é a tendência desses micro-organismos apresentarem atividade bioquímica 
fraca ou tardia, o que produz reações falso-negativas. O microbiologista deve ter uma experiência 
considerável para interpretar certas reações incompletas ou fracas, que podem ocorrer durante o 
uso desses sistemas. 
Existem também os sistemas automatizados capazes de identificar bacilos não entéricos 
em concordância variando de 71% a 92% com os métodos convencionais. 
3.1 Primeiros Indícios de que um Isolado Desconhecido É um Não-
Fermentador
Pode-se suspeitar que um BGN desconhecido pertença ao grupo de não-fermentadores 
quando se observa uma ou mais das seguintes características:
a) Ausência de evidências de fermentação de glicose - Reação básica/básica (ápice e base alcalinos) 
em TSI ou ágar ferro de Kligler;
b) Reação de citocromo oxidase- positiva - Os Não Fermentadores podem ser oxidase + ou -. 
Se a bactéria for oxidase + podemos excluir a família Enterobacteriaceae (exceção do gênero 
Plesiomonas spp).
c) Dificuldade de desenvolver-se em meio de Mac Conkey (Não Fermentadores podem crescer 
ou não em meio de Mac Conkey., entretanto, se não houver crescimento neste meio podemos 
excluir a família Enterobacteriaceae).
3.1.1 Identificação preliminar
Baseia-se em: morfologia celular, utilização da glicose, atividade de citocromo-oxidase e 
motilidade.
a) Morfologia Celular: Confeccionar esfregaços a partir da colônia isolada, corar pela técnica de 
Gram e observar a morfologia: Bacilo, Coco ou Cocobacilo.
b) Prova da Utilização da Glicose: Semear em 2 tubos de meio OF (Hugh e Leifson) glicose 
ou MEVAG glicose vedando um dos tubos com vaselina estéril. As tampas de rosca devem ficar 
levemente fechadas. Incubar a 30 - 35º C por 24 - 48 horas.
c) Atividade do citocromo - oxidase: Utilizando alça de platina colocar a bactéria sobre um 
papel de filtro. Gotejar o reativo de tetrametil-p-fenileno-diamina HCl 1%, ou utilizar tiras de 
oxidase comercial. O aparecimento de cor azul dentro de 10 segundos indica prova positiva.
d) Motilidade: Exame direto (gota pendente): uma alçada da suspensão bacteriana, obtida de 
cultivo com crescimento ativo em caldo a 25º C durante 6 a 24 horas, é colocada no centro de uma 
lamínula que será invertida sobre a concavidade de uma placa escavada.
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Examinar com objetiva de 40 X a motilidade deve ser diferenciada do movimento 
browniano e das correntezas de fluido causadas pela pressão da lâmina. Na verdadeira motilidade 
os organismos trocam de posição em relação a eles mesmos, enquanto no movimento browniano 
e nas correntezas de fluido eles podem parecer ativos, porém estão sempre na mesma posição em 
relação aos outros organismos.
e) Inoculação em meio de cultura: Usa-se um meio semissólido de ágar com teor de ágar 
não superior a 0,3%, para não impedir a difusão, depois inocular os 4 mm superiores do meio 
e incubar à temperatura ambiente ou 25ºC. Realizar leitura inicial dentro de 4 a 6 horas e outra 
leitura após 24-48 horas a fim de detectar cepas móveis de crescimento lento. Se a motilidade é o 
único critério para identificar uma espécie, torna-se necessário a coloração flagelar.
Os principais gêneros de bactérias, não fermentadoras da glicose e causadores de 
patologias em humanos, podem ser classificados, preliminarmente, baseados nas provas acima, 
como pode ser observado no Quadro 1, abaixo, onde: V – variável:
 
Gênero
Morfologia 
celular
Oxidase Motilidade
Oxidação de 
glicose
Pseudomonas Bacilar + + V
Burkholderia Bacilar + + +
Stenotrophomonas Bacilar - + V
Brevundimonas Bacilar + + +
Comamonas Bacilar + + V
Alcaligenes Bacilar + + -
Acinetobacter Cocobacilar - - V
Moraxella Cocobacilar + - -
Quadro 1 - Classificação preliminar de bactérias não fermentadoras da glicose, baseada em morfologia celular, 
oxidase, motilidade e oxidação de glicose. Fonte: A autora.
Para identificação bioquímica de bactérias não fermentadoras de glicose, em nível de 
espécies, deve ser seguidos fluxogramas de identificação baseados na morfologia observada na 
coloração de Gram. 
Conforme o Quadro 1, é possível observar que tanto o gênero Stenotrophomonas 
quanto Acinetobacter são oxidase negativa, característica marcante das bactérias 
da família Enterobacteriaceae. Dessa forma, muitas vezes ao se deparar com 
um desses gêneros, é comum o diagnóstico ser direcionado para o sistema R/b 
(Enterobactérias), porém ao realizar o teste do tubo de TSI, elas não fermentariam 
a glicose (característica fundamental para ser da família Enterobacteriaceae) e 
dessa forma, o diagnóstico deveria ser então direcionado para o das bactérias não 
fermentadoras.
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4. IDENTIFICAÇÃO DE COCOS GRAM POSITIVOS
Os cocos Gram positivos (CGP) estão disseminados na natureza e podem ser isolados do 
ambiente ou como habitantes comensais da pele, das mucosas e de outras partes do corpo dos 
seres humanos e animais. A ubiquidade dessas bactérias na natureza dificulta, em certas ocasiões, 
a interpretação de seu isolamento de amostras de pacientes, a não ser que existam manifestações 
clínicas aparentes de processo infeccioso. O isolamento desses micro-organismos a partir de 
amostras deve ser sempre correlacionado com o quadro clínico do paciente antes que se possa 
estabelecer o seu papel no processo infeccioso.
A maioria dos cocos Gram positivos recuperados de culturas aeróbias pode ser 
diferenciados com as provas bioquímicas diferenciadas de dois fluxogramas. Desta forma, para 
facilitar a identificação dos principais cocos Gram positivos aeróbios envolvidos em infecções 
humanas, podemos didaticamente dividi-los em: catalase positiva, representados principalmente 
pelos Staphylococcus spp. e, em catalase negativa, representados principalmente pelos Streptococcus 
spp. e Enterococcus spp.
Assim como a oxidase é uma prova chave para os bacilos Gram negativos e a catalase 
a prova chave para os cocos Gram positivos. A prova bioquímica tem por objetivo verificar 
a presença da enzima catalase que está presente na grande maioria das bactérias aeróbias ou 
anaeróbias facultativas e que contém o complexo citocromo. Usualmente, os microrganismos que 
não contém citocromos também não possuem catalase. Grande parte das bactérias anaeróbias 
possuem peroxidase em vez de catalase. Na decomposição da molécula de água oxigenada “in 
vitro” uma molécula atua como substrato reduzido e a outra como um doador. O substrato 
reduzido pelos átomos de hidrogênio cedidos pelo doador dá como resultado um substrato 
reduzido (H20) e um doador oxidado (gás). A técnica consiste em colocar uma porção do cultivo 
bacterianoem uma lâmina limpa e desengordurada e em seguida adicionar uma gota de água 
oxigenada a 3%, e o resultado positivo será evidenciado pela formação imediata de bolhas de gás 
e o negativo pela ausência de bolhas de gás. 
Após o resultado da prova da catalase, é possível direcionar para qual fluxograma será 
utilizado na identificação, se para os catalases positiva ou negativa. 
[Para conhecer os fluxogramas e as provas bioquímicas para 
a diferenciação entre as espécies de cocos Gram positivos, é 
possível acessar: http://www.ifcursos.com.br/sistema/admin/
arquivos/06-41-02-esquemadeidentificaca0bacteriana1.pdf 
Acesso em : Jan 2021]
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5. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE INFECÇÕES BACTERIANAS DO 
TRATO URINÁRIO
De acordo com o CUMITECH-2B de 1998, a decisão de como a amostra de urina seria 
cultivada depende do modo de coleta e dos sinais e sintomas clínicos do paciente, mostrando a 
necessidade de comunicação entre o clínico e o laboratório.
Para decidir qual é a melhor técnica a ser empregada para a cultura é importante definir 
em qual categoria a urina a ser processada se enquadra se rotina, vigilância ou especial. Para estas 
categorias temos a seguintes observações: 
a) Na Rotina: casos de infecções do trato urinário não complicadas, em adultos capazes 
de colher urina por micção espontânea.
b) Vigilância: em idosos e pacientes com cateter de demora.
c) Especial: cultura anterior falha, tratamento incompleto ou ineficaz ou ainda na suspeita 
de patógenos não usuais, pode ser usada coleta por punção supra púbica. 
Apesar de algumas bactérias causarem a maioria das infecções do trato urinário (ITU), 
muitos outros e diferentes organismos são possíveis patógenos do trato urinário. Alguns destes 
gêneros podem ser encontrados normalmente colonizando a pele do trato gênito-urinário e as 
células epiteliais da parede da uretra.
A estratégia para um protocolo efetivo de cultura de urina permite isolamento dos 
patógenos mais prováveis e distingue estes de micro-organismos de colonização, entretanto 
protocolos para laboratórios individuais devem ser estabelecidos baseados em cooperação mútua 
entre médico e microbiologista.
Tipo de 
cultura
Inóculo e meio de cultura Crescimento UFC/mL Interpretação
Rotina 0,001mL (1µL) AS e MC (CLED)
Um isolado ≥ 104
Dois ou mais isolados ≥ 105
Identificação e 
antibiograma
Vigilância 0,001mL (1µL) AS e MC (CLED)
Um isolado ≥ 104
Dois ou mais isolados ≥ 105
Identificação e 
antibiograma
Especial
0,001mL (1µL) e 0,01 mL (10µL) AS e 
MC (CLED)
Se necessário incubar mais de 2 dias
Um ou dois isolados – a 
partir de 102
Identificação e 
antibiograma
Quadro 2 - Diretrizes, indicações e métodos para cultura dos vários tipos de urina segundo o Cumitech-2B. Fonte: 
A autora. 
5.1 Técnica de Cultura para Contagem de Colônias 
A contagem de colônias deve ser feita através de técnicas de espalhamento em superfície 
(Inoculação com pipeta ou alça calibrada) ou “pour plate”. Em todos os métodos a urina deve ser 
bem homogeneizada antes de ser semeada nos meios adequados.
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5.1.1 Técnica da inoculação com pipeta (técnica por diluições)
Inocular 0,1 mL de uma diluição de urina em água destilada estéril a 1:100 na superfície de 
uma placa de Petri contendo meio de cultura para então distribuir este inoculo uniformemente, 
com auxílio de uma alça estéril (Alça de Drigalski) ou bastão de vidro, sobre a superfície total do 
meio contido na placa. Esta técnica pode dar separações inadequadas de colônias em contagens 
muito superiores a 100.000 bactérias por mL. Incubar as placas em estufa a 35 - 37ºC por 18 - 24 
horas. Se houver crescimento, conta-se as colônias da placa e multiplica-se por 1000 expressando 
o resultado em número de colônias por mL de urina.
5.1.2 Técnica de “Pour Plate”
Esta é considerada a técnica clássica para cultura de urina. Quando bem realizada fornece 
resultados confiáveis. No processo de realização desta técnica deve-se preparar diluições de urina 
1:100 e 1:1000 em água destilada estéril, acrescentar 1,0 mL de cada uma dessas diluições em 
tubos contendo 20 mL de ágar simples fundido e resfriado à aproximadamente 50ºC, agitando 
suavemente para assegurar a homogeneização e imediatamente após essas ações os conteúdos 
dos tubos devem ser envasados para duas placas de Petri estéreis, feito isso, deixa-se solidificar 
o ágar das placas e incubar em estufa bacteriológica a 35 - 37ºC por 18 - 24 horas. Se houver 
crescimento, multiplicar o número de colônias da primeira placa por 100 e da segunda placa por 
1000 para que se obtenha o número de colônias por mL de urina.
5.1.3 Técnica da alça calibrada
Essa técnica é bastante utilizada por conseguir resultados satisfatórios, além de ser prática 
e econômica. Consiste na utilização da alça calibrada as que carreiam 0,001 mL (1µL) e 0,01 mL 
(10µL) que são as mais empregadas. 
A alça adequada, quando flambada e resfriada, é mantida verticalmente e imersa logo 
abaixo da superfície da urina homogeneizada; logo após a alça é movimentada para cima e para 
baixo, então a alçada de urina é depositada na superfície do meio de cultivo (CLED, ágar sangue, 
meios seletivos diferenciais) fazendo uma estria de um lado a outro da placa, a seguir o material 
é espalhado por toda a placa em apenas uma direção. Todos esses procedimentos proporcionam 
uma separação que permite a contagem de colônias na faixa de importância clínica e a seleção de 
colônias isoladas para estudos taxonômicos subsequentes.
Se houver desenvolvimento de colônias, observar o tipo de colônia e o número e fazer a 
contagem multiplicando por 1000 se a alça utilizada para a semeadura foi de 1µL e por 100 se 
a alça foi de 10µL. O volume dispensado pelas alças calibradas pode mudar com o uso repetido 
devido a deformação, corrosão ou acúmulo de material incinerado. 
As alças devem ser regularmente inspecionadas para confirmar se ainda são circulares e 
se os anéis estão íntegros. As alças calibradas não devem ser usadas para semeadura de rotina ou 
para outros espécimes a não ser que seja necessária uma quantificação (Alça calibrada não deve 
ser passada pelo álcool-areia).
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5.1.4 Escolha do volume da alça calibrada
A definição de qual alça utilizar se 1µL ou 10µL deve ser norteada conforme Quadro 
2. Entretanto, em nossa realidade diária nem sempre obtemos as informações necessárias para 
seguir o protocolo contido nesse quadro (CUMITECH realidade americana), então podemos 
definir o volume da alça calibrada por uma triagem realizada através da coloração de Gram da 
gota de urina não centrifugada. 
Para a realização desta triagem, uma gota de 10µL da amostra de urina homogeneizada 
será depositada sobre uma lâmina utilizando-se uma alça calibrada
de 10µL, após a secagem a lâmina será corada pelo Gram e analisada. Se >1 bactéria/
campo de imersão em óleo for observada, a alça calibrada escolhida será de
1µL e se ao contrário a <1 bactéria/campo de imersão em óleo for observada, então a alça 
será de 10µL.
A realização desta triagem auxilia, também, na escolha do meio de cultura a ser empregado 
através da morfologia e reação ao Gram do microrganismo presente.
5.2 Meio de Cultura e Condições de Incubação
Infelizmente não existe uma melhor maneira de fazer cultura de todos os tipos de urina, 
então o ideal seria que a técnica e o meio fossem selecionados com base na população de pacientes 
e suspeita clínica (tabela 1).
O ágar CLED (Cistina-Lactose-Eletrólitos Deficiente) é o mais utilizado por favorecer o 
crescimento de bacilos Gram negativos e de cocos Gram positivos, além de

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