líquidos em quantidades suficientes para saciar a sua sede. Entretanto, líquidos em excesso devem ser evitados, pois não aumentam a produção de leite, podendo até diminuí-la. Quanto ao retorno ao trabalho: Praticar a ordenha do leite (de preferência manualmente) e congelar o leite para usar no futuro. Iniciar o estoque 15 antes do retorno ao trabalho; Amamenta com frequência quando estiver em casa, inclusive à noite; Evitar mamadeiras, oferecer a alimentação por meio de copo ou colher; Durante as horas de trabalho, esvaziar as mamas por meio da ordenha e guardar o leite no congelador, levando para a casa e oferecendo à criança no mesmo dia ou no dia seguinte ou congelar. O leite pode ser conservado em geladeira por 12 horas e no freezer ou congelado por 15 dias; O leite deve ser descongelado em banho-maria fora do fogo. Antes de oferece-lo à criança, deve ser agitado suavemente para homogeneizar a gordura. Promovendo acompanhamento das equipes de apoio durante os primeiros meses dez aleitamento materno exclusivo (AME); A comunicação é indispensável para se identificar as dificuldades, construir vínculo com as nutrizes e estabelecer um plano de cuidado. Compreender e considerar as crenças, conhecimentos e vivências dos pais, incentivando as condutas positivas, permitem que as mães se sintam capazes de amamentar seus filhos promovendo a autonomia e evitando o desmame precoce. Consultas de pré-natal Durante o acompanhamento pré-natal, quer seja em grupo, quer seja no atendimento individual, é importante dialogar com as mulheres, abordando os seguintes aspectos: Planos da gestante com relação à alimentação da criança; Experiências prévias, mitos, crenças, medos, preocupações e fantasias relacionados com o aleitamento materno; Importância do aleitamento materno; Vantagens e desvantagens do uso de leite não humano; Importância da amamentação logo após o parto, do alojamento conjunto e da técnica (posicionamento e pega) adequada na prevenção de complicações relacionadas à amamentação; 6 Possíveis dificuldades na amamentação e meios de preveni-las. Muitas mulheres “idealizam” a amamentação e se frustram ao se depararem com a realidade; Comportamento normal de um recém-nascido; Vantagens e desvantagens do uso de chupeta. O exame das mamas é fundamental, pois por meio dele podem-se detectar situações que poderão exigir uma maior assistência à mulher logo após o nascimento do bebê, como, por exemplo, a presença de mamilos muito planos ou invertidos e cicatriz de cirurgia de redução de mamas. Mitos! A “preparação” das mamas para a amamentação, tão difundida no passado, não tem sido recomendada de rotina. A gravidez se encarrega disso. Manobras para aumentar e fortalecer os mamilos durante a gravidez, como esticar os mamilos com os dedos, esfregá-los com buchas ou toalhas ásperas, não são recomendadas, pois na maioria das vezes não funcionam e podem ser prejudiciais, podendo inclusive induzir o trabalho de parto. O uso de conchas ou sutiãs com um orifício central para alongar os mamilos também não são eficazes. A maioria dos mamilos curtos apresenta melhora com o avançar da gravidez, sem nenhum tratamento. Os mamilos costumam ganhar elasticidade durante a gravidez e o grau de inversão dos mamilos invertidos tende a diminuir em gravidezes subsequentes. Em mulheres com mamilos planos ou invertidos, a intervenção logo após o nascimento do bebê é mais importante e efetiva que intervenções no período pré-natal. Informações importantes! O uso de sutiã adequado ajuda na sustentação das mamas, pois na gestação elas apresentam o primeiro aumento de volume. Se ao longo da gravidez a mulher não notou aumento nas suas mamas, é importante fazer acompanhamento rigoroso do ganho de peso da criança após o nascimento, pois é possível tratar-se de insuficiência de tecido mamário. Após o parto, nos primeiros dias, a saída do leite é pequena, menor que 100 ml/dia. No quarto dia, a nutriz pode produzir, em média, 600 ml/dia de leite. A quantidade de leite produzido nas primeiras semanas de amamentação varia, uma vez que depende do volume e da frequência com que a criança mama (quanto maior a quantidade de mamadas, maior será a produção de leite). Uma nutriz com AME produz cerca de 800 ml/dia no sexto mês de lactação, produzindo mais leite do que a quantidade necessária para a criança. Recomenda-se que a criança seja amamentada sem restrições de horários e de tempo de permanência na mama. É o que se chama de amamentação em livre demanda. Nos primeiros meses, é normal que a criança mame com frequência e sem horários regulares. Em geral, um bebê em aleitamento materno exclusivo mama de oito a 12 vezes ao dia. O mais importante é que a mãe dê tempo suficiente à criança para ela esvaziar adequadamente a mama. Dessa maneira, a criança recebe o leite do final da mamada, que é mais calórico, promovendo a sua saciedade e, consequentemente, maior espaçamento entre as mamadas. O esvaziamento das mamas é importante também para o ganho adequado de peso do bebê e para a manutenção da produção de leite suficiente para atender às demandas do bebê. A introdução inadequada de alimentos complementares provoca consequências como o desmame precoce, alergias, diarreia, obesidade, desnutrição, doenças crônicas, baixo ritmo de crescimento e estabelecimento de hábitos alimentares não adequados, logo que nos primeiros meses de vida são constituídas as preferências alimentares que irá acompanha até a fase adulta. Além de promover uma maior estabilidade para a saúde das crianças, o ato de amamentar promove o fortalecimento dos laços afetivos entre mãe e bebê, gerando satisfação para ambos e trazendo bem- estar. O Ministério da Saúde contraindica o uso de álcool durante o período de amamentação, pois a ingestão de doses iguais ou superiores a 0,3g/kg de peso pode reduzir a produção láctea, dificultando o aleitamento materno exclusivo. O consumo de álcool pela nutriz pode também modificar o aroma e o sabor do leite materno, levando à redução da sua ingestão pelo lactente. O consumo elevado de álcool pela mãe pode inclusive gerar sonolência, atraso no crescimento e diminuição do ganho de peso no bebê. Estima-se que a ampliação da amamentação possa prevenir 823.000 mortes de crianças e 20.000 mortes por câncer de mama a cada ano. Países de alta renda têm menor duração da amamentação do que países de baixa e média renda. Entretanto, mesmo nos países de baixa e média 7 renda, apenas 37% das crianças menores de 6 meses são exclusivamente amamentadas. As crianças que são amamentadas por mais tempo têm menor morbidade e mortalidade, menos maloclusão dentária, e maior inteligência do que aquelas que são amamentadas por períodos mais curtos ou não são amamentadas. Esta desigualdade persiste até mais tarde na vida. Evidência crescente também sugere que a amamentação pode proteger contra o excesso de peso e diabetes mais adiante na vida. Globalmente, as prevalências mais altas de ama- mentação aos 12 meses foram encontradas na África Subsaariana, no Sul da Ásia e em partes da América Latina (Figura 1). Na maioria dos países de alta renda, a prevalência é inferior a 20%. Observamos diferenças importantes – por exemplo, entre Reino Unido (<1%) e Estados Unidos da América (EUA) (27%), e entre Noruega (35%) e Suécia (16%). A capacidade da microbiota de regular respostas no hospedeiro durante a infância depende das espécies bacterianas individuais, que modulam a polarização das células-T e a regulação imune, as respostas metabólicas, a adipogênese e, possivelmente, até mesmo o desenvolvimento do cérebro e das funções cognitivas. Padrões anormais de colonização têm um efeito deletério em longo prazo na homeostase imune e metabólica.