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Doses de N - Professor

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Origem e mineralogia dos solos brasileiros com ênfase no estado de Rondônia[footnoteRef:1] [1: Tema do trabalho como requisito para avaliação parcial da disciplina de Morfogênese e classificação dos solos, ministrada pelo Prof. Dr. Anderson Cristian Bergamin.] 
Ariele Ereira Dias, Leonam de Brito Moreira, Matheus Vinicius Cardoso Scherrer de Sousa[footnoteRef:2] [2: Acadêmicos do III Período do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Rondônia, Campus de Rolim de Moura – RO.] 
RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo avaliar os solos de Rondônia, que originalmente, estava coberto pela Floresta Amazônica que o manteve protegido. Apesar da baixa fertilidade natural, apresentava produtividade relativa alta, devido principalmente à reciclagem de nutrientes e à preservação da matéria orgânica. Em nível categórico mais representativo do estado de Rondônia no quesito solos, são os Latossolos, que ocupam em torno de 58%, sendo 26% de Latossolo Vermelho-amarelo, 16% de Latossolo Vermelho e 16% de Latossolo Amarelo. Os Argissolos e Neossolos ocupam 11% do território, os Cambissolos ocupam 10% e os Gleissolos ocupam 9%. As demais classes de solos ocupam o restante da área, 1%. Está descrito detalhadamente cada solo e sua melhor atuação para o manejo de acordo a bibliografia local. 
Palavra-chave: Solos de Rondônia; Gênese, Reciclagem de nutrientes.
INTRODUÇÃO
	O solo que classificamos é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso planeta, contêm matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e, eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas. 
Quando examinados a partir da superfície, consistem em seções aproximadamente paralelas, organizadas em camadas e/ou horizontes que se distinguem do material de origem inicial, como resultado de adições, perdas, translocações e transformações de energia e matéria, que ocorrem ao longo do tempo e sob a influência dos fatores clima, organismos e relevo. Os horizontes refletem os processos de formação do solo a partir do intemperismo do substrato rochoso ou de sedimentos de natureza diversa. As camadas, por sua vez, são pouco ou nada afetadas pelos processos pedogenéticos, mantendo, em maior ou menor proporção, as características do material de origem.
A gênese do solo constitui, portanto, um processo natural onde o material originário, sofre transformações físicas, químicas, mineralógicas e biológicas por ações modificadoras controladas pelos fatores climáticos, topográficos, biológicos e o tempo. A natureza do material parental está de certo modo, intimamente relacionada ao caráter da rocha primitiva (IPEAN, 1972).
CARACTERÍSTICAS GERAIS DE RONDÔNIA
	Rondônia é uma das 27 unidades federativas do Brasil, está localizado na região Norte (Amazônia Ocidental), possui 52 municípios e ocupa uma área de 23,76 milhões de ha. Rondônia é o 3º estado mais populoso e o mais denso da região Norte, sendo o 23º mais populoso do Brasil.
O clima no estado é tropical quente e úmido, com medias de chuvas entre 1400 a 2600 mm por ano, apresentando chuvas intensas nos meses de outubro a abril e meses com menos de 50 mm por mês entre junho e agosto. A temperatura do ar nos meses mais frios é, em média, superior a 18ºC e nos meses mais quentes fica entre 30 e 35 C, com media geral variando entre 24 a 26ºC. A umidade relativa do ar varia de 80% a 90% no verão e em torno de 75%, no outono e inverno (SEDAM, 2012). O relevo é suavemente ondulado, contendo 94% do território com altitudes de 100 e 600 metros, a economia é baseada na pecuária de corte e leite, na agricultura.
A maior parte dos solos no Estado de Rondônia, originalmente, estava coberta pela Floresta Amazônica que os mantinha protegidos. Apesar da baixa fertilidade natural, apresentavam produtividade relativa alta, devido principalmente à reciclagem de nutrientes e à preservação da matéria orgânica, a qual proporciona ao solo boa qualidade, devido à suas características físicas, químicas e biológicas, formando assim um sistema equilibrado e eficiente.
CLASSES DE SOLOS
	As principais ordens de primeiro nível categórico, mais representativas do estado de Rondônia são os Latossolos, que ocupam em torno de 58%, sendo 26% de Latossolo Vermelho-amarelo, 16% de Latossolo Vermelho e 16% de Latossolo Amarelo. Os Argissolos e Neossolos ocupam 11% do território cada um deles, os Cambissolos ocupam 10% e os Gleissolos ocupam 9%. As demais classes de solos ocupam o restante da área, 1%.
Latossolos
Solos constituídos por material mineral, apresentando horizonte B latossólico, imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte A, muito profundo, ácido, textura geralmente muito argilosa; apresentam sequencia de horizontes A, AB, BA, Bw. Apresenta as subordens Latossolo Brunos, Latossolo Vermelho, Latossolo Amarelo e Latossolo Vermelho-Amarelo, com transição entre horizontes de clara a difusa. Apesar de apresentar limitações de caráter químico, são solos com boas qualidades físicas e estão localizados em relevos planos, possibilitando a mecanização. Esta classe de solo é indicada para agricultura intensiva.
Latossolo Vermelho
Os Latossolos Vermelhos identificados e caracterizados na região compreendem solos minerais, profundos e bem drenados, com horizonte B latossólico de coloração com matriz 2,5YR ou mais vermelhos na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (EMBRAPA, 1999), sob um horizonte A moderado de textura variando de franco-siltosa a argilosa.
As principais características morfológicas e físicas desses solos são coloração bruno-escura a bruno avermelhado-escura no horizonte A e vermelha no horizonte B. A estrutura varia de fraca pequena granular no horizonte A e blocos subangulares e granular no horizonte B nos solos de textura argilosa. A consistência varia de friável a muito friável quando úmido; não plástica a plástica e não pegajosa a pegajosa quando molhado. A textura no horizonte B varia de media a muito argilosa, com teores de fração argila nos solos muito argilosos (AMARAL;MELO; OLIVEIRA, 2000).
Latossolo Amarelo
A ocorrência de hematita estaria associada a possível gênese dos Latossolos amazônicos, os quais teriam sido formados, segundo diversos autores (IRION, 1978 e 1984; LUCAS et al., 1989; COSTA, 1991; HORBE e COSTA 1997), a partir da destruição de crostas ferruginosas lateríticas formadas em períodos mais secos.
Sob clima tropical úmido e vegetação de floresta, estas crostas ou couraças têm sido intemperizadas por processos de hidratação, redução e lixiviação, com transformação parcial da hematita em goethita (BEAUVAIS e TARDY, 1993). Nos estádios mais avançados deste processo, é provável que a hematita esteja completamente ausente. Por isso, os Latossolos Amarelos da região são frequentemente desprovidos de hematita na fração argila, como tem sido observado por diversos autores (SOMBROEK, 1966; KITAGAWA e MÖLLER, 1979; IRION, 1984; MÖLLER, 1986).
Argissolos
Os Argissolos são solos bastante expressivos em Rondônia, abrangendo aproximadamente 40% da área do estado, constituindo a ordem mais importante e mais extensa entre os solos brasileiros depois dos Latossolos. São solos que possuem como característica marcante a presença de horizonte B textural imediatamente abaixo do horizonte A ou E. Podem apresentar argila de atividade baixa ou com atividade superior ou igual a 20 cmolc kg-1 de argila conjugada com saturação por bases baixa ou caráter alítico na maior parte do horizonte B (EMBRAPA, 2006). 
Esses solos ocorrem em diversas condições de relevo, sendo neles comum a presença de cascalhos, pedregosidade e, até mesmo, rochosidade, quando desenvolvidos em relevo montanhoso. Tais características limitam tanto seu uso agrícola como não agrícola. Os Argissolos são divididos em quatro unidades no segundo nível categórico (subordens), Argissolo acinzentado (PAC), Argissoloamarelo (PA), Argissolo vermelho (PV) e Argissolo Vermelho-amarelo (PVA), sendo os de maiores ocorrências no estado, o Argissolo vermelho (PV) e o Argissolo Vermelho-amarelo (PVA).
Argissolo vermelho (PV) 
São solos minerais não hidromórficos, com matiz 2,5YR ou mais vermelho, ou matiz 5YR e valores e cromas iguais ou menores que 4 na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (EMBRAPA, 2006). Apresentam horizonte B textural e argila de atividade baixa (Tb), ou seja, capacidade de troca catiônica inferior a 27 cmolc kg-1 de argila, sem correção para carbono. Apresentam estrutura em blocos envolvidos por películas de argila (serosidade) originadas pela translocação, em suspensão, de argila do horizonte A para o B, e conteúdo de argila no horizonte B maior que o horizonte suprajacente (ADAMY et al., 2010).
Constituem solos como elevada relação hematita/goethita, com conteúdos mais elevados de Fe2 O3. A presença de gradiente textural e a menor condutividade hidráulica do horizonte B nos Argissolos podem, durante uma chuva forte, determinar rápida saturação do horizonte superficial, de textura mais leve, associada à redução da infiltração da água na superfície do solo. Tais feições favorecem o desenvolvimento de enxurrada com energia suficiente para arrastar partículas do solo ao longo da pendente. Assim, também pode ocorrer perda da coesão entre partículas do solo e o caminhamento lateral do fluxo de água acima do horizonte B menos permeável, contribuindo para um processo de erosão (OLIVEIRA, 2005). 
Os Argissolos Vermelhos ocorrem, principalmente, nos municípios de Ariquemes, Theobroma, Ouro Preto do Oeste, Cacaulândia, Jaru, Ministro Andreazza, Presidente Médici, Cacoal, Nova Brasilândia do Oeste, Rolim de Moura, Santa Luzia do Oeste, Chupinguaia e Colorado do Oeste.
Argissolo vermelho-amarelo (PVA) 
Englobam solos minerais não hidromórficos, com horizonte B textural de cores mais amarelas que o matiz 2,5YR e mais vermelhas que o matiz 7,5YR na maior parte dos primeiros 100 cm do horizonte B (inclusive BA) e distinta diferenciação entre os horizontes no tocante a cor, estrutura e, principalmente, textura (EMBRAPA, 2006). São profundos, com argila de atividade baixa, horizonte A do tipo moderado e texturas média/argilosa e arenosa/média. Eventualmente, ocorre textura cascalhenta, tanto superficialmente quanto em subsuperfície.
A drenagem desses Argissolos é boa, inclusive naqueles indivíduos de textura cascalhenta, evidenciada pela coloração vermelho-amarelada, tendendo a vermelho à medida que se aproxima do horizonte C. A presença de horizonte B textural é um fator negativo em termos de erosão do tipo superficial. Assim, aspectos relacionados ao gradiente textural, à mudança textural abrupta, ao tipo de estrutura e à permeabilidade, dentre outros, influenciam sua maior erodibilidade. (ADAMY et al., 2010).
Em sendo os solos mais representativos, distribuem-se praticamente em quase todo o estado de Rondônia, destacando-se nos municípios de Porto Velho, Nova Mamoré, Buritis, Campo Novo de Rondônia, Monte Negro, Governador Jorge Teixeira, Guajará-Mirim, Pimenta Bueno, Machadinho do Oeste, Vale do Anari, Vale do Paraíso, Ministro Andreazza, Mirante da Serra, Alvorada do Oeste, Alto Alegre dos Parecis, Chupinguaia, Corumbiara, Colorado do Oeste, Vilhena e Espigão do Oeste.
Neossolos
Compreende solos constituídos por material mineral, ou por material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de características inerentes ao próprio material de origem, como maior resistência ao intemperismo ou composição químico-mineralógica, ou por influência dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos (MARINHO, 2014).
Ocorrem principalmente em áreas de influencia do rio Abunã, apresentam-se geralmente associados à Gleissolos. Devido a grande quantidade de matéria orgânica apresentam alta fertilidade, porem, geralmente com acidez elevada, e possuem as mesmas restrições ao uso que os Gleissolos.
Cambissolos
Os Cambissolos ocupam 4% de área total do estado sobre as unidades geomorfológicas depressão no estado de pimenta Bueno e do rio Guaporé, desenvolvem- se principalmente, no solo que ainda é encontrado em estagio intermediário com alterações físicas e químicas não estão muito avançados com os teores de minerais primários facilmente intemperizáveis da fração argila de média a alta.
Gleissolos
São solos constituídos por material mineral com horizonte glei imediatamente abaixo de horizonte A ou de horizonte histico com menos de 40 cm de espessura. Não apresentam horizonte plintico ou vertico, acima ou coincidente com horizonte glei, nem qualquer tipo de horizonte B diagnostico acima do horizonte glei (AMARAL; MELO; OLIVEIRA, 2000).
Ocorrem no leito dos igarapés de maior porte e principalmente nas áreas de influencia do rio Abunã. Geralmente, apresentam alta fertilidade natural e grandes restrições ao uso agrícola, pois passam a maior parte do ano com grande quantidade de agua. Sua utilização implica em um manejo eficiente da agua (drenagem).
REFERÊNCIAS
CAMARGO, F. A. O.; ALVAREZ, V. H.; BAVEYE, P. C. G. J. G. Brazilian soil science: from its inception to the future, and beyond. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v. 34, n. 3, p. 589-599, 2010.
CARNEIRO, M. A. C.; SOUZA, E. D.; PAULINO, H. B. Pós-graduação em Ciência do Solo no Brasil. Boletim Informativo da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.36, n. 2, p. 20-23, 2011.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA .Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 5.ed. rev. ampl. Rio de Janeiro, Embrapa Solos, 2018. 590 p.
LIMA, N.H. Gênese, química, mineralogia e micromorfologia de solos da Amazônia Ocidental. Viçosa, UFV, 2001, 176p.
MARINHO, E.L.L. Vulnerabilidade natural à perda de solos no entorno da reserva biológica do Jaru. Ji-Paraná, 2014 52 f. : 30cm
ROVEDDER,M.P.A.; ALMEIDA, M.C.; ARAUJO, M.M.;TONETTO,S.T.; SCOTTI, V.S.M. Relação solo-vegetação em remanescente da floresta estacional decidual na Região Central do Rio Grande do Sul. In. Ciência Rural, vol. 44n. 12, 2014

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