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Contabilidade Intermediária 1ª edição 2017 Contabilidade Intermediária Presidente do Grupo Splice Reitor Diretor Administrativo Financeiro Diretora da Educação a Distância Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas Gestora do Instituto da Área da Saúde Gestora do Instituto de Ciências Exatas Autoria Parecerista Validador Antônio Roberto Beldi João Paulo Barros Beldi Claudio Geraldo Amorim de Souza Jucimara Roesler Henry Julio Kupty Marcela Unes Pereira Renno Regiane Burger Alexandre Prates Deiseane Veiga Moreira Jhenyfer Fonseca Duarte Renato Rosa da Rocha Rosana Lara Lúcio Flávio Bicalho *Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. 44 Sumário Unidade 1 Demonstrações Contábeis ............................................6 Unidade 2 Balanço patrimonial ....................................................23 Unidade 3 Demonstrações do Resultado do Exercício ...............41 Unidade 4 Imposto de Renda e Contribuição social ..................58 Unidade 5 Lucros, Participações e Dividendos ...........................73 Unidade 6 Reservas e Demonstração das Mutações e do Patrimônio Líquido ......................................................92 Unidade 7 Demonstração do Fluxo de Caixa ............................109 Unidade 8 Notas Explicativas ......................................................126 5 Palavras do professor Olá, seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade Intermediária. Mas afinal o que é Contabilidade Intermediária? Qual a importân- cia desta disciplina para a sua atuação cotidiana como profissional contábil? Ao escolher o curso de Ciências Contábeis, cada um fez esta esco- lha profissional baseado na sua história pessoal de vida. Este desejo que você possui de se tornar um futuro contador o motiva a estar agora lendo este material educativo que eu, enquanto professor, a partir de conhecimentos adquiridos ao longo de minha vida em contato com outros professores ou mediadores, me possibilita dis- ponibilizá-los para você. Esta relação que agora estabelecemos de compartilhar o conhe- cimento se dá cotidianamente dentro e fora do meio acadêmico, mediada presencialmente ou virtualmente. Portanto, nessa relação com profissionais da área contábil sempre estamos ora apreen- dendo, ora ensinando. A disciplina Contabilidade Intermediária te capacitará para revisar as demonstrações contábeis, os registros e as transações de uma empresa, cuja finalidade é assegurar a segurança das informações e proporcionar credibilidade as demonstrações financeiras e con- tábeis. Está preparado para este desafio? Consegue se visualizar como um profissional apto para revisar as demonstrações contábeis de uma empresa? Então, vamos lá! Esta disciplina está dividida em oito uni- dades de aprendizagem, nas quais vamos refletir sobre o conceito e a função da Contabilidade Intermediária e sua importância, de forma que este conhecimento possa nos ajudar a melhor exercer a nossa profissão. Seja bem-vindo e bom curso! 1 6 Unidade 1 Demonstrações Contábeis Para iniciar seus estudos As demonstrações contábeis, também conhecidas como demonstrações financeiras, são relatórios contábeis necessários para análise econômico- -financeira de uma organização. Para que a análise possa refletir os resultados da empresa, é necessário que o contador tenha plena convicção dos números apresentados nessas demonstrações, bem como observar se todos os procedimentos reco- mendados pelas normas vigentes foram seguidos pela empresa. Objetivos de Aprendizagem • Mostrar os relatórios contábeis exigidos de acordo com a legislação vigente. • Apresentar as principais alterações ocorridas na Lei nº 6.404/76 e Lei nº 6.385/76, por meio da Lei nº 11.638/2007. • Elencar os lançamentos necessários para a apuração de resultados. 7 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis 1.1 Apresentação das demonstrações contábeis mais relevantes para uso nos processos de contadoria financeira As demonstrações contábeis, assim denominadas pela Lei nº 6.404/76, são relatórios elaborados com base na escrituração financeira exercida pela empresa. A Resolução do Conselho Federal de Contabilidade nº 1.185/2009, em seu item 9, menciona que “as demons- trações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desemprenho da entidade”. Seus principais objetivos são: Proporcionar a um grande número de usuários informações sobre a posição patrimonial e financeira da empresa; Informar a posição do caixa da empresa e seu desempenho; Demonstrar como os gestores aplicam os recursos da empresa; Apresentar seu resultado na tomada de decisão, conforme disciplina em seus artigos 176 a 178 da Lei nº 6.404/76. Figura 1.1: Demonstrações contábeis. Fonte: 12425218 (123RF). O art. 176 da Lei nº 6.404/76 determina que, ao fim de cada exercício social, a empresa elabore os seguintes relatórios contábeis/financeiros: • Balanço patrimonial • Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados (DLPA) • Demonstração do resultado do exercício (DRE) • Demonstração do fluxo de caixa (DFC) • Demonstração do valor adicionado (DVA) 8 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis No entanto, segundo o art. 86, parágrafo 2º desta mesma lei, as empresas são dispensadas de elaborar as DLPA, caso ela elabore o demonstrativo das mutações do patrimônio líquido (DMPL). É importante salientarmos, também, que a DVA só está obrigatória para sociedades anônimas que tenham capi- tal aberto e para companhias com capital fechado, mas que tenham patrimônio líquido de R$ 2 milhões. Esta empresa também está dispensada da elaboração do DFC (FRANCO, 1985). Qual é a finalidade de termos tantas demonstrações contábeis financeiras obrigatórias para as empresas? A Lei nº 6.404/76 também menciona as seguintes situações quanto às demonstrações contábeis: • Em cada exercício, elas serão publicadas e também deverão ser indicados os valores do exercício anterior. • Poderão ser agrupados contas contábeis semelhantes, pequenos saldos, agregados – desde que seus valores não ultrapassem 0,1 (um décimo) do valor do grupo. • Elas devem ser acompanhadas por notas explicativas. • Aquelas que são de companhias abertas deverão ser auditadas por contadores independentes que sejam registrados na CVM. • As que forem elaboradas em consonância aos princípios de contabilidade aprovados pelo CFC deverão especificar natureza, data e período a que se referem. • Elas precisarão ser transcritas no livro-diário ou em um livro próprio reservado para esse fim. CVM - Comissão de Valores Mobiliários. CFC - Conselho Federal de Contabilidade. A Lei nº 6.404/76 ainda determina no art. 289 que: • As sociedades anônimas de capital aberto são obrigadas a publicar as demonstrações contábeis anualmente em publicação oficial da União ou do Estado ou do Distrito Federal, conforme a sede da companhia, ou em outro jornal de grande circulação editado na mesma localidade. • A CVM poderá ainda determinar que as demonstrações contábeis sejam feitas e também publicadas em jornal de grande circulação nas localidades que as ações da companhia estejam sendo negociadas. • As publicações das demonstrações contábeis deverão ser expressas em reais. • Também podem ser disponibilizadas as demonstrações contábeis na internet. 9 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis De acordo com o artigo 175 da Lei das Sociedades por Ações, quem define a data de encerramento das demons- trações contábeis é o estatuto da empresa; contudo, na prática, é adotado o exercício financeiropela legislação fiscal, ou seja, de 1 de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. CVM - Comissão de Valores Mobiliários. CFC - Conselho Federal de Contabilidade. 1.2 Balanço patrimonial O balanço patrimonial tem por finalidade demonstrar, de forma qualitativa e quantitativa, a situação patrimonial e financeira da empresa. Essa demonstração deve ser estruturada de acordo com o art. 178 da Lei no 6.404/76 e seguindo também os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Além disso, as companhias abertas e demais entidades devem obedecer ao Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1). Figura 1.2: Balanço Patrimonial. Fonte: 17209742 (123RF). CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. 10 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis Ele é uma demonstração contábil obrigatória, sendo que essencialmente sua apresentação é de forma sintética com ordenação de saldos monetários de todos os valores que integram o patrimônio da empresa em determi- nada data, ou seja, as contas contábeis (ativo, passivo e patrimônio líquido) com seus respectivos valores, de modo que seja permitida uma análise patrimonial e financeira da empresa. 1.2.1 Ativo O Ativo compreende os bens e direitos da empresa, portanto, suas aplicações. Seus componentes são com o fim a que se destinam, que geralmente varia conforme o objetivo social da empresa. Aqui, as contas são elencadas em ordem decrescente de grau de liquidez: inicialmente a conta-caixa, por repre- sentar a moeda em espécie de posse da empresa e assim sucessivamente para as demais contas deste grupo, sempre obedecendo ao prazo em que o bem ou os direitos se convertem em moeda (liquidez). Figura 1.3: Contas de ativo. Fonte: 48804840 (123RF). 1.2.1.1 Classificação do ativo Segundo o artigo 178, § 1º, da Lei nº 11.941/09, a conta de ativo é dividida nos seguintes grupos: Ativo circulante Em síntese, são classificados aqui: os bens, os direitos (que podem ser convertidos em dinheiro durante o ciclo operacional da empresa) e as despesas do exercício seguinte (art. 179, I, Lei nº 6.404/76). Ele possui os seguintes subgrupos: disponibilidades, direitos realizáveis e despesas do exercício seguinte. Ativo não circulante São classificados aqui: os bens e direitos (que não são tão facilmente convertidos em dinheiro durante o ciclo operacional da empresa). Ele possui os seguintes subgrupos: realizável em longo prazo, investimentos, ativo imo- bilizado e ativo intangível. 11 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis 1.2.2 Passivo No passivo, representamos as obrigações da empresa, tanto com terceiros quanto para os sócios da empresa. Podemos dizer que nele são compreendidas as origens de recursos. Figura 1.4: Contas de passivo. Fonte: 42056923 (123RF). Aqui, as contas são dispostas em ordem decrescente de exigibilidade, ou seja, quanto menor o prazo de venci- mento das obrigações nele contidos, mais no início do grupo esta conta deve ser classificada. Segundo o art. 178, § 2º, Lei nº 11.941/09, ele é classificado nos seguintes grupos: • Passivo circulante: é onde estão classificadas as obrigações da empresa cujo pagamento se espera que ocorra dentro do exercício social da empresa. • Passivo não circulante: é onde estão classificadas as obrigações da empresa cujo vencimento do título esteja inserido após o exercício social, ou seja, geralmente se referem aos mesmos itens classificados no passivo circulante, mas com vencimento em prazo superior ao exercício seguinte. • Patrimônio líquido: é onde está representada a diferença entre o valor do ativo e do passivo (valor contábil) da empresa. Segundo o art. 179, § 2º, da Lei nº 11.638/07, ele é dividido nos seguintes subgrupos: capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria, lucros ou prejuízos acumulados. 12 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis Figura 1.5: Exemplo de balanço patrimonial. Fonte: http://www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=323. 1.3 Demonstração do resultado do exercício Para entendermos este demonstrativo, temos que passar alguns conceitos do que é nele demonstrado. O demonstrativo do resultado do exercício representa a diferença entre as receitas recebidas pela empresa menos as despesas em um determinado período: • Ocorre lucro quando as receitas forem maiores que as despesas (R > D). • Ocorre prejuízo quando as receitas forem menores que as despesas (R < D). • É nulo quando as receitas forem iguais as despesas (R = D). Para saber mais sobre Tax Contabilidade, acesse: <http://www.tax-contabilidade.com.br/ matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=323>. http://www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=323 http://www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=323 http://www.tax-contabilidade.com.br/matTecs/matTecsIndex.php?idMatTec=323 13 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis Figura 1.6: Resultado do exercício financeiro (lucro-prejuízo). Fonte: 44487995 (123RF). 1.3.1 Diferenças entre receita e despesa Receita Podemos defini-la conforme o texto que consta no item 4.25 do Pronunciamento Conceitual Básico do CPC (R1): [são os] aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do Patrimônio Líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade. Ela surge no curso das atividades que a empresa exerce geralmente e pode ser designada por uma variedade de nomes, tais como: vendas, honorários, juros, dividendos, royalties e aluguéis. Despesa Podemos conceituá-la conforme expressa a alínea b do item 4.25 do Pronunciamento Conceitual Básico do CPC (R1): [são os] decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou incrementos em passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade. Diante do exposto, podemos dizer que a demonstração do resultado do exercício demonstra como ocorre a for- mação do resultado do exercício, mediante confronto entre as contas de receitas contra as contas de custos e as despesas incorridas no exercício (JUND, 2007). Essa demonstração deve ser apresentada na posição vertical e discriminando seus componentes de forma orde- nada. A demonstração do resultado do exercício apresentará as receitas do período, independentemente se foram recebidas ou não, e as despesas – independentemente se foram pagas ou não (MAUTZ, 1985). Nas normas brasileiras pelo CPC, quanto à estrutura da demonstração do resultado do período, nos itens 81 ao 105 do pronunciamento técnico CPC 26 (R1), que manteve a obrigatoriedade de elaboração e divulgação da 14 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis demonstração do resultado do exercício prevista na legislação societária, foi substituído o título da demonstra- ção para a expressão “do exercício” por “do período”. Assim, esse componente das demonstrações contábeis passará a ser denominado de demonstração do resultado do período. De acordo com o item 82 e com o item 98 do Pronunciamento Técnico CPC 26 (R1), a demonstração do resultado do período deve divulgar, no mínimo, as seguintes operações: • Receitas • Custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços prestados • Lucro bruto • Despesas com vendas • Despesas gerais e administrativas • Outras despesas e receitas operacionais • Resultado de investidas pelo método de equivalência patrimonial • Ganhos e perdas de capital • Resultados antes das receitas e despesas financeiras • Despesas financeiras • Receitas financeiras • Resultado antes dos tributos sobre o lucro • Despesa com tributos sobre o lucro • Resultado líquido do período Figura 1.7: Exemplo de demonstração do resultado do exercício. Fonte: http://euadministrador.com/como-saber-se-deu-lucro-demonstracao-do-resultado-em-8-simples-passos/.15 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis 1.4 Demonstração das mutações do patrimônio líquido - DMPL A Lei nº 11.638/07 tornou obrigatória a apresentação da DMPL, completando o conjunto de demonstrações contábeis a serem publicadas pelas empresas. Essa demonstração tem como objetivo principal demonstrar as transformações ocorridas no patrimônio líquido das empresas durante o exercício contábil. A entidade deve apresentar na DMPL: a. O resultado abrangente do período, separando o montante total atribuído aos proprietários da empresa controladora e o montante correspondente à participação dos não controladores. b. Para cada componente do patrimônio líquido, as alterações nas políticas contábeis e as correções dos erros. c. Para cada componente do patrimônio líquido, conciliação do saldo no início e no final do período, demonstrando as mutações decorrentes: • Do resultado líquido; • De cada item dos outros resultados abrangentes; • De transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário (integralizações e as distribuições realizadas, bem como modificações nas participações societárias que não implicaram a perda do controle da empresa). A empresa deve apresentar na DMPL os dividendos reconhecidos como distribuição de lucro aos proprietários durante o período contábil. As alterações no patrimônio líquido da empresa devem refletir o aumento ou a redu- ção nos seus ativos durante o período. A elaboração da DMPL sempre tem origem nas transformações ocorridas no patrimônio líquido, demonstrando quais contas sofreram alteração e os respectivos montantes, ou seja, o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as reservas de lucros, as ações ou cotas em tesouraria, os prejuízos acumulados, se legalmente admitidos os lucros acumulados. O patrimônio líquido é o elemento mais importante na análise patrimonial, pois suas transformações impactam diretamente no lucro dos sócios, além de identificar as mutações ocorridas na empresa. 16 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis Figura 1.8: Exemplo de DMPL. Fonte: www.bb.com.br A elaboração da DMPL é facultativa pelas empresas, mas, de acordo com o art. 186, parágrafo 2º, da Lei das S/A, a DLPA poderá ser incluída nesta demonstração (VAINI, 1992). Em resumo, a DMPL é uma demonstração que é mais completa e abrangente do que a DLPA, já que sua movi- mentação afeta todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício social. 1.5 Demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados - DLPA A DLPA demonstra as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados, portanto, no patrimônio líquido. De acordo com o art. 186, § 2º, da Lei nº 6.404/76, a empresa “poderá, à sua opção, incluir a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados nas demonstrações das mutações do patrimônio líquido”. A DLPA é obrigatória para as sociedades limitadas e outros tipos de empresas, conforme menciona a legislação do Imposto de Renda (art. 274 do RIR/99), e deverá conter: • Os saldos iniciais do período e ajustes dos períodos anteriores • Os lucros do exercício • As transferências de reservas, dividendos e lucros incorporados ao capital 17 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis Figura 1.9: Exemplo de DLPA. Fonte: http://gerenciamentopme.blogspot.com.br. 1.6 Demonstrativo do fluxo de caixa – DFC O objetivo do DFC é buscar informações sobre as entradas e saídas de uma empresa (fluxo de caixa e equivalen- tes). Se usado com as demais demonstrações contábeis existentes, o DFC fornece muitas informações que permitem avaliar as mudanças nos ativos da empresa e sua capacidade em mudar estes montantes Figura 5.10: Exemplo de demonstrativo de fluxo de caixa. Fonte: http://www2.unafisco.org.br/tributacao http://www2.unafisco.org.br/tributacao 18 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis A conta-caixa corresponde ao dinheiro em espécie e aos depósitos bancários; os equivalentes de caixa são apli- cações financeiras de curto prazo e estão sujeitas à mudança de valor; os fluxos de caixa são as entradas e saídas das contas-caixa e equivalentes de caixa. Os exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais são: a. Recebimentos de caixa – podem ocorrer: • Pela venda de mercadorias e prestação de serviços; • Pelo recebimento de royalties, honorários, comissões e outras receitas; • Pelo recebimento de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; • Decorrentes de contratos recebidos e mantidos para negociação imediata. b. Pagamentos de caixa – podem ocorrer: • Decorrentes de pagamento a fornecedores de mercadorias e serviços; • Decorrentes de pagamentos de caixa a empregados ou por conta de serviços prestados; • Pelo pagamento de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; • Pelo pagamento de impostos sobre a renda; • Pelo pagamento de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura. • Pela aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros Ativos não circulantes: são recebimentos resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo. Os exemplos de fluxos de caixa resultantes das atividades de financiamento são: • Caixa recebido pela emissão de ações e integralização de capital social; • Pagamentos a sócios e/ou investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade; • Amortização de empréstimos e financiamentos; • Pagamentos de arrendamentos mercantis financeiros (MAUTZ, 1985). Existem ainda operações de financiamento e investimento que não afetam o caixa. Isso ocorre quando há, simul- taneamente, um financiamento e um investimento. Como exemplo, podemos citar um financiamento de longo prazo para aquisição de um ativo imobilizado de igual valor. É preciso ressaltar que, antes de apurar o efetivo fluxo de caixa, o contador deve fazer as reclassificações neces- sárias no balanço patrimonial para que as informações geradas no DFC não fiquem distorcidas (IBRACON, 1988). Para saber mais sobre a Unafisco Sindical, acesse: <http://www2.unafisco.org.br/tributa- cao/41/report03.htm>. http://www2.unafisco.org.br/tributacao/41/report03.htm http://www2.unafisco.org.br/tributacao/41/report03.htm 19 Contabilidade Intermediária | Unidade 1 - Demonstrações Contábeis 1.7 Demonstração do valor adicionado – DVA O objetivo principal da DVA é verificar a riqueza gerada pela entidade e sua respectiva distribuição para governo, funcionários, bancos e sócios (VAINI, 1992), além de reconhecer o valor agregado da empresa – contribuindo para a formação do Produto Interno Bruto (PIB). Alguns modelos de balanços sociais incluem a DVA como forma de fornecer informações socioeconômicas aos usuários da informação contábil. Tanto a DVA quanto o balanço social são cada vez mais utilizados pelas empre- sas brasileiras para divulgarem tais informações, além dos impactos sociais e ambientais. Alguns cuidados devem ser observados na sua construção, pois, apesar de possuir nomenclaturas muito pareci- das com as apresentadas pela DRE, podem causar interpretações equivocadas. Cabe salientar que ela se tornou uma publicação obrigatória com o advento da Lei nº 11.638/07, que alterou a Lei nº 6.404/76 (MOTTA, 1988). Figura 1.11: Exemplo de DVA. Fonte: http://www2.unafisco.org.br/tributacao/41/report03.htm. http://www2.unafisco.org.br/tributacao/41/report03.htm 20 Considerações finais Nesta unidade, você viu quais são os principais demonstrativos contábeis, suas aplicações e seus objetivos. Aprendeu a identificar algumas contas que são demonstradas nestes demonstrativos. E, por fim, verificou a importância delas para os sócios e acionistas das empresas. Referências bibliográficas 21 CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas e Procedimentos de Contadoria. 3. ed. Rio de Janeiro: CFC, 1991. FRANCO, H.; MARRA, E. Contadoria Contábil. São Paulo: Atlas,1985. IBRACON. Princípios Contábeis: Normas e Procedimentos de Contadoria. São Paulo: Atlas, 1988. JUND, S. Contadoria. 9. ed. Rio de Janeiro: Impetus/Campus, 2007. JUND FILHO, S. L. Contadoria: Conceitos, Normas, Técnicas e Procedimen- tos. 6. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2004. MAUTZ, R. K. Princípios de Contadoria. São Paulo: Atlas, 1985. 2. v. MOTTA, J. M. Contadoria: Princípios e Técnicas. São Paulo: Atlas, 1988. VAINI, L. C. O Contador do Futuro. Revista Brasileira de Contabilidade, Bra- sília, n. 81, p. 33-36, dez. 1992. 23 2Unidade 2 Balanço patrimonial Para iniciar seus estudos Queridos alunos, sejam todos bem-vindos à nossa segunda unidade de estudos! Em sequência ao nosso aprendizado sobre contabilidade inter- mediária, na Unidade 2, você aprenderá sobre o Balanço patrimonial e terá a oportunidade de aprofundar os seus estudos a respeito desse importante demonstrativo contábil. Estudaremos o conceito do balanço patrimonial e a sua aplicabilidade, aprendendo sobre a sua estrutura. Você também poderá compreender a importância e a finalidade desse demonstrativo contábil-financeiro. Abordaremos um dos principais demonstrativos com o qual é possível identificar em determinado período a composição dos bens, direitos e obrigações das empresas, independen- temente de seu porte ou atividade. Objetivos de Aprendizagem • conhecer o conceito de balanço patrimonial; • importância e finalidade do Balanço Patrimonial; • estrutura do balanço patrimonial. 24 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial 2.1 Balanço patrimonial: conceito e características A ciência contábil considerada como um instrumento de controle patrimonial permite através de suas técni- cas e estudos e, de acordo com os princípios fundamentais e as normas brasileiras de contabilidade, evidenciar a composição dos bens, direitos e obrigações das empresas em determinado momento, por meio do balanço patrimonial, que reflete a posição financeira e a patrimonial, normalmente no período de um ano com data de fechamento e publicação em 31 de dezembro de cada ano, ou então, em um período prefixado. Aprofunde seu aprendizado por meio das Normas Brasileiras de Contabilidade, consultando o site: <http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade>. Seja no final de cada ano ou em período determinado, o balanço patrimonial apresenta-se pela sua posição estática. Pelo sentido de instrumento de controle patrimonial, evidenciado através de registros e relatórios, ou seja, a evidenciação dos fatos ocorridos no cenário das empresas, ele permite capacitar aos usuários as informações econômicas e financeiras sobre os resultados apurados, embasando para as tomadas de decisões necessárias no âmbito empresarial. Para a evidenciação dos fatos ocorridos no cenário das empresas, é necessário atentar-se quanto aos princípios fundamentais de contabilidade e, em específico, quanto ao princípio da entidade. Pelo sentido de ciência contábil, que tem por objeto de estudo o patrimônio das entidades, no qual se ressalta a importância de dois aspectos que se vinculam ao conceito de riqueza: • aspecto qualitativo: refere-se ao conjunto de bens, direitos e obrigações, ou seja, o patrimônio das empresas; • aspecto quantitativo: refere-se aos valores monetários que representam esse patrimônio. Seja de modo qualitativo (bens, direitos e obrigações) ou de modo quantitativo (valores monetários), os fatos que movem as empresas passam a participar do seu patrimônio através dos lançamentos contábeis, formando a sua estrutura, por meio das origens dos recursos e das aplicações que foram realizadas com eles. http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade 25 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial Assim, destacam-se os principais componentes do patrimônio: Figura 2.1: Quadro com a Composição do Patrimônio. Legenda: Composição do Patrimônio. Fonte: Coelho e Lins (2010, p. 47). O ativo se trata do conjunto de bens e direitos de uma empresa, e geram perspectivas de benefícios presentes ou futuros. São de propriedade da empresa e possuem valores mensuráveis, considerando-se: • bens: dinheiro (moeda), máquinas e equipamentos, veículos, terrenos, instalações, etc.; • direitos: valores em conta bancária, valores a receber de clientes, ações, títulos de crédito, etc. O passivo, também conhecido por exigibilidade, se trata do conjunto de obrigações da empresa para com ter- ceiros, também de valores mensuráveis como: contas a pagar, fornecedores, impostos a pagar, financiamentos, empréstimos, etc. Para aquisição de determinados bens como máquinas e equipamentos no intuito de proporcio- nar benefícios econômicos para as empresas, é viável a aquisição de financiamentos ou emprés- timos com essa finalidade, ocasionando aumento das obrigações para com os terceiros? 26 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial Aplicando-se uma simples equação do valor residual dos ativos depois de deduzidos os passivos, resulta-se no patrimônio líquido das empresas: ATIVO (menos) PASSIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO O patrimônio líquido evidencia os recursos aplicados nas empresas pelos seus proprietários (sócios, acionistas ou proprietários de empresas individuais), ou seja, o capital social investido no início para engrenar as atividades das empresas. Além do capital aplicado inicialmente, os proprietários de empresas podem realizar aportes, acres- cendo o capital social. Também outra conta importante que compõe o patrimônio líquido das empresas são os lucros ou prejuízos acumulados, que apresentam o resultado das empresas. Basicamente, o patrimônio líquido apresenta os recursos provenientes dos proprietários das empresas, ou seja, o capital próprio que, juntamente com o passivo, que apresenta as obrigações das empresas para com terceiros, ou seja, o capital de terceiros, formam o conjunto das obrigações das empresas: CONJUNTO DE OBRIGAÇÕES DAS EMPRESAS CAPITAL DE TERCEIROS Passivo CAPITAL PRÓPRIO Patrimônio Líquido Diante desse contexto, conforme propõe Ludícibus e Marion (2010), torna-se simples o entendimento de por que o ativo será sempre igual ao passivo, visto que as empresas só podem aplicar o que possuem de origens e que, a expressão “balanço” origina-se do equilíbrio: ativo é igual ao passivo somado ao patrimônio líquido; ou ainda da igualdade: aplicações de recursos igual a origens de recursos, conforme demonstrado abaixo: Figura 2.2: Quadro representativo de equação patrimonial. Legenda: Equações patrimoniais. Fonte: Elaborado pelo autor, 2017. Sintetizando, podemos conceituar balanço patrimonial como sendo o: • demonstrativo contábil que evidencia de modo estático a situação financeira e patrimonial das empresas, por meio da equação patrimonial cujo ativo (aplicações dos recursos) é igual à soma do passivo com o patrimônio líquido (origem dos recursos). 27 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial Para a evidenciação dos fatos que envolvem a situação financeira e patrimonial das entidades, os registros contábeis necessitam seguir um ordenamento e padronização, também é preciso estar atento quanto aos princípios contábeis, já que este é essencial para a prática contábil. Evidenciara situação financeira e patrimonial das empresas, e zelar para que as informações sejam as mais com- pletas possíveis, possibilita aos usuários das informações contábeis condições embasadas para as tomadas de decisão. (Coelho e Lins, 2010). 2.2. A estrutura do balanço patrimonial A lei nº 6.404/76 pela sua proposta elevou a contabilidade nacional em comparação aos outros países. Mesmo assim, com a globalização e desenvolvimento das sociedades, ela necessitou de renovação, sendo apresentada pela lei nº 11.638/2007 e as modificações da lei nº 11.941/2009, as quais propõem melhores práticas contábeis para apresentação dos relatórios, principalmente, quanto às questões internacionais. Entenda mais sobre as propostasapresentadas pela lei nº 6.404/76 e as leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009, consultando os links: <<http://www.planalto.gov.br>>. <http://www.cvm. gov.br/legislacao/leis/lei6404.html> Mesmo sendo a lei nº 6.404/76 direcionada para as sociedades anônimas, ela pode ser aplicada também para as demais sociedades e empresas individuais. http://www.planalto.gov.br http://www.cvm.gov.br/legislacao/leis/lei6404.html http://www.cvm.gov.br/legislacao/leis/lei6404.html 28 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial De acordo com a lei nº 11.638/2007 e lei nº 11.941/2009, a estrutura do balanço patrimonial assim se apresenta: Figura 2.3: Quadro com a composição do Balanço Patrimonial Legenda: Composição do Balanço Patrimonial Fonte: Ludícibus (2010, p. 3). A apresentação das contas na estrutura do balanço patrimonial precisa, necessariamente, ser disposta de modo ordenado e uniforme, possibilitando análise apropriada, interpretando a situação financeira e patrimonial das empresas. A lei nº 6.404/76, através dos seus artigos 178 a 182, define a disposição das contas: • para o ativo: a classificação em ordem decrescente de grau de liquidez, ou seja, primeiro as contas que mais rapidamente se tornam conversíveis em disponibilidades como caixa e bancos, seguindo-se pelas contas a receber, estoques, etc.; • para o passivo: a classificação em ordem decrescente de prioridade de pagamento das exigibilidades, ou seja, classificadas conforme a obrigação que ocorre antes. 2.2.1 Estrutura do ativo Ativo circulante: formado pelas disponibilidades, direitos que se transformarão em recursos financeiros, durante o exercício social seguinte e as aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte, sendo classificados em subgrupos: • disponibilidades: são os itens mais líquidos, como caixa, bancos e aplicações de liquidez imediata; • investimentos temporários: são itens que se tornam disponíveis em curto prazo, como aplicações em letras de câmbio, depósitos em prazo fixo, RDB (recibos de depósitos bancários), CDB (certificados de depósitos bancários); • créditos: são valores ainda não recebidos decorrentes de vendas ou prestação de serviços, nomeados como clientes, duplicatas a receber; valores a receber; 29 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial • estoques: são as mercadorias a serem revendidas ou que compõem os produtos em fabricação, como mercadorias, matérias-primas, produtos, material de consumo; • despesas antecipadas: são as despesas contraídas antecipadamente e, ainda, não consumidas e que se realizam dentro de um ano, como os prêmios de seguros. • outros créditos: são valores antecipados para determinados pagamentos, como adiantamentos a empregados, adiantamentos a fornecedores. No mercado financeiro há diversos tipos de investimentos como as letras de câmbio, depósi- tos a prazo fixo, RDB (recibos de depósitos bancários) e CDB (certificado de depósitos bancá- rios). Conheça mais sobre o Mercado Financeiro acessando o site: <http://www.bcb.gov.br>. Ativo não- circulante: são os direitos realizáveis após o final do exercício social subsequente (mais de 365 dias), vendas realizadas a prazo e que serão recebidas após o exercício seguinte (mais de 365 dias): • realizável em longo prazo: são os valores a receber de prazo superior a 365 dias, contados a partir da data do encerramento do exercício social; logo, tratam-se de valores de menor liquidez, como as contas de adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas, diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia que não constituam negócios usuais na exploração do objeto da companhia.(COLEHO; LINS, 2010, p. 101) • investimentos: tratam-se das participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, as quais não são classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção das atividades das empresas, como as contas de ações em outras companhias, imóveis para aluguel, terrenos para expansão e obras de arte.Fonte: Coelho e Lins (2010, p. 101) • imobilizado: são os direitos sobre bens corpóreos, destinados à manutenção das atividades das empresas, ou ainda, exercidos com essa finalidade como as contas de veículos, máquinas e equipamentos, imóveis, computadores; • intangível: são os direitos sobre bens incorpóreos, também destinados à manutenção das atividades das empresas, ou ainda, exercidos com essa finalidade como as contas de marcas e patentes, direitos autorais, fundos de comércio. No âmbito da engenharia civil, alguns Investimentos são nomeados como obras de arte por se tratarem de construções civis específicas, que necessitam de maior precisão como as construções de pontes, viadutos e túneis. Glossário http://www.bcb.gov.br 30 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial 2.2.2 Estrutura do passivo Passivo circulante: é formado por todas as contas de obrigações com prazo de vencimento até o final do exer- cício seguinte. Não há divisão interna e apresenta apenas as obrigações das empresas, inclusive financiamen- tos, como: contas a pagar, dívidas com fornecedores de mercadorias ou matérias-primas, impostos a recolher, empréstimos bancários com vencimento nos próximos 360 dias, provisões de férias e de 13º. salário, etc.; Passivo não-circulante: também nomeado como exigível em longo prazo. Trata-se das dívidas da empresa que serão liquidadas com prazo superior a um ano, como financiamentos de longo prazo, títulos a pagar de longo prazo. Figura 2.4: Equilíbrio entre aplicações e origens de recursos. Legenda: Representação do equilíbrio entre aplicações e origens de recursos. Fonte: 20958895 (123RF) 2.2.3 Estrutura do patrimônio líquido O patrimônio líquido representa os investimentos dos proprietários das empresas por meio do capital social mais o lucro acumulado no decorrer dos anos de operação das empresas, e que não foram distribuídos aos sócios (proprietários). Os subgrupos do patrimônio líquido apresentam-se por: • reservas de capital: representa o ágio na emissão de ações, ou quando o subscritor de ações que exceder o valor nominal e a parte do preço que ultrapassar a importância destinada à formação do capital social; • ajustes de avaliação patrimonial: as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valores atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da avaliação a valor justo, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, conforme casos previstos na lei ou em normas expedidas pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários;(COLEHO; LINS, 2010, p. 104) • reservas de lucros: são valores formados pela apropriação de lucros das empresas como reserva legal, reservas estatutárias, reservas para planos de investimentos, reservas para contingências; 31 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial • ações em tesouraria: referem-se às ações que foram emitidas e recompradas pela própria empresa, em geral como forma de obter ações para os programas de incentivo de empregados, ou ainda, para prover os acionistas das empresas; • prejuízos acumulados: representam os valores negativos acumulados pelas empresas, ou seja, o quanto da apuração dos resultados, a empresa apresentou prejuízo. Quando o resultado apurado das empresas for eventualmente de saldo positivo, ou seja, o lucro do exercício que não for distribuído aos sócios ou acionistas, este deverá ser destinado para o grupo reservas de lucros, conforme dispõe a Lei nº 6.404/76 e a instrução da comis- são de valores mobiliários (IN CVM 469/2008). 2.2.4. O balanço patrimonial Figura 2.5: Composição do balanço patrimonial BALANÇO PATRIMONIAL ATIVO PASSIVO Circulante Circulante Disponível xxxx Fornecedores xxxx Clientes xxxx Obrigações Sociais xxxx Outros Créditos xxxx Obrigações Fiscais xxxx Estoques xxxx Obrigações Diversas xxxx Despesas antecipadas xxxx Não-Circulante Realizável em longo prazo xxxx Exigível emlongo prazo xxxx Créditos xxxx Empréstimos xxxx Estoques longo prazo xxxx Financiamentos xxxx Parcelamento de tributos xxxx 32 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial Investimentos xxxx PATRIMÔNIO LÍQUIDO Imobilizado xxxx Capital Social xxxx Intangível xxxx Reservas de Capital xxxx Ajustes Avaliação Patrim. xxxx Reservas de Lucros xxxx Ações em Tesouraria xxxx Prejuízos Acumulados xxxx TOTAL DO ATIVO xxxx TOTAL DO PASSIVO xxxx Legenda: Quadro com a representação da composição do balanço patrimonial Fonte: Oliveira, (2013, p. 38). No quadro a seguir, apresenta-se um exemplo de balanço patrimonial encerrados em dois exercícios sociais dife- rentes para melhor análise horizontal. Figura 2.6: Exemplo de balanço patrimonial. Ativo 31/12/X5 31/12/X6 Circulante Caixa e equivalentes a Caixa 100.000,00 30.000,00 Aplicações Financeiras 20.000,00 70.000,00 Clientes 1.000.000,00 500.000,00 Estoques 2.000.000,00 1.900.000,00 Total Circulante 3.120.000,00 2.500.000,00 Não-Circulante Realizável a Longo Prazo Aplicações Financeiras 20.000,00 10.000,00 Depósitos Judiciais 30.000,00 80.000,00 Partes Relacionadas 100.000,00 10.000,00 150.000,00 100.000,00 Investimentos 2.000.000,00 1.900.000,00 33 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial Imobilizado 400.000,00 300.000,00 Intangíveis 130.000,00 100.000,00 Total Não Circulante 2.680.000,00 2.400.000,00 Total 5.800.000,00 4.900.000,00 Passivo 31/12/X5 31/12/X6 Circulante Empréstimos 800.000,00 500.000,00 Fornecedores 950.000,00 700.000,00 Salários e Encargos a pagar 80.000,00 50.000,00 Impostos e Contribuições 70.000,00 30.000,00 Total Circulante 1.900.000,00 1.280.000,00 Não-Circulante Financiamentos 120.000,00 80.000,00 Adiantamentos Partes Relacionadas 400.000,00 320.000,00 Total Não-Circulante 520.000,00 400.000,00 Patrimônio Líquido Capital Social 2.000.000,00 2.000.000,00 Reservas 1.300.000,00 1.100.000,00 Ajustes de Avaliação Patrimonial 80.000,00 120.000,00 Total do Patrimônio Líquido 3.380.000,00 3.220.000,00 Total 5.800.000,00 4.900.000,00 Legenda: Exemplo de balanço patrimonial. Fonte: COLEHO; LINS, (2010, p. 105 e 106). 34 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial 2.3 Importância e finalidade do Balanço Patrimonial Com base no Comitê de Pronunciamentos Contábeis, o objetivo das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, bem como o desempenho e as mudanças na posição financeira das empre- sas, e que sejam úteis a um grande número de usuários em suas avaliações e tomadas de decisão (CPC, 2017). Aprenda mais acessando na íntegra os Pronunciamentos emitidos pelo CPC (Comitê de Pro- nunciamentos Contábeis) acessando o site: <http://www.cpc.org.br/CPC> e entenda melhor a aplicabilidade das práticas contábeis e suas demonstrações. Outro objetivo relevante dos demonstrativos contábeis é o de apresentar os resultados da administração na ges- tão das empresas, como também a capacidade na prestação de contas quanto aos recursos que foram aplicados, ou seja, de onde os recursos vieram e onde os recursos foram aplicados. A posição patrimonial e financeira das empresas é muito bem demonstrada pelo balanço patrimonial, por repre- sentar por meio da equação de equilíbrio entre ativo (conjunto de bens e direitos), passivo e patrimônio líquido (conjunto de obrigações). http://www.cpc.org.br/CPC 35 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial O balanço patrimonial é uma importante fonte de informações para as mais diversas necessidades de toma- das de decisão, sempre presentes no âmbito empresarial, como também para os mais diversos interessados nas informações contábeis, sejam para embasamento de questões de investimentos ou questões de financiamentos, conforme demonstrado nos quadros a seguir: Figura 2.7: Estrutura do ativo e decisão de investimento. Decisão de Investimento ATIVO Questões a serem respondidas ATIVO CIRCULANTE Caixa e bancos Contas a receber Estoques Outros ATIVO NÃO-CIRCULANTE Realizável em longo prazo Investimentos Imobilizado Intangível Onde estão aplicados os recursos financeiros? Quanto está aplicado em ativo circulante? Quanto em ativos permanentes? Em quais? Qual a melhor composição dos ativos? Qual o risco do investimento? Qual o retorno do investimento? Quais as novas alternativas de investimentos? Em quais novos ativos investir? Como maximizar a rentabilidade dos investimentos existentes? O que deve ser descartado, reduzido ou eliminado, por não acrescentar valor? Legenda: Estrutura do ativo e decisão de investimento. Fonte: LEMES JUNIOR; RIGO; CHEROBIN, (2010, p. 8). 36 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial Figura 2.8: Estrutura do passivo e patrimônio líquido e decisão de i. Decisão de Financiamento PASSIVO Questões a serem respondidas PASSIVO CIRCULANTE Fornecedores Empréstimos e financiamentos Outros PASSIVO NÃO-CIRCULANTE Exigível a longo prazo Financiamentos PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Reservas de capital Ajustes de avaliação Reservas de lucros Ações em tesouraria Prejuízos acumulados Qual a estrutura de capital? De onde vêm os recursos? Qual a participação de capital próprio? Qual a participação de capital de terceiros? Qual o perfil do endividamento? Qual o custo de capital? Como reduzi-lo? Quais as fontes de financiamento utilizadas e seus respectivos custos? Quais deveriam ser substituídas ou eliminadas? Qual o risco financeiro? Qual o sincronismo dos vencimentos das dívidas e a geração de meios de pagamentos? Legenda: Estrutura do passivo e patrimônio líquido e decisão de investimento. Fonte: LEMES JUNIOR; RIGO; CHEROBIN, (2010). A administração de recursos financeiros é constantemente abordada por questionamentos que envolvem as com- posições de saldos apresentados através do balanço patrimonial e sejam quais forem as tomadas de decisões, os principais envolvidos podem apropriar-se dessas importantes e viáveis informações. O balanço patrimonial, ana- lisado pela comparação de vários exercícios sociais, possibilita respostas mais precisas a esses questionamentos. Sintetizando, o balanço patrimonial como instrumento de gestão nas tomadas de decisões é fundamental para os usuários das informações contábeis, estejam pela posição interna ou externa nas empresas, conforme destaca Costa Junior, in: Lemes Junior (2010, p. 45 e 46): No processo gerencial das empresas é muito importante que os administradores se utilizem de suas demonstrações contábeis para permitir a comparação não só com as próprias demonstra- ções contábeis de períodos anteriores, como também com as demonstrações contábeis de outras empresas do mesmo setor, e de outras entidades como fornecedores, instituições financeiras, clientes, visando solidificar o conhecimento daqueles que são parceiros de sua empresa no pro- cesso de condução dos negócios. A finalidade do balanço patrimonial é embasar os principais envolvidos pela apresentação estática da situação patrimonial e financeira das empresas. 37 Contabilidade Intermediária | Unidade 2 - Balanço patrimonial As alterações apresentadas pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009, bem como os Pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC -, ocasionaram mudanças significativas para os aspectos do balanço patrimonial. Com o evento da globalização e o acelerado desenvolvimento da sociedade, a contabilidade das empresas, obri- gatoriamente, necessitou estruturar-se para o atendimento das normas internacionais de contabilidade, apresen- tadas conforme IFRS (International Financial Reporting Standard) e IASB (International Accounting Standard Board). Para o atendimento das normas internacionais de contabilidade pode o profissional contábil isentar-se do conhecimento de língua estrangeira? Atualmente, o cenário de desenvolvimento econômico é emergente e a dinâmicada modernidade requer res- postas rápidas e assertivas na identificação de pontos relevantes para a apresentação de resultados imediatos, conforme menciona Coelho e Lins (2010, p. 6): É nesse ambiente abrangente, complexo, instável e de muita competição em todos os níveis que a contabilidade precisa atingir o seu objetivo social de, a partir das informações coletadas, registra- das, organizadas e evidenciadas em relatórios e demonstrativos, ajudar as pessoas, tanto físicas quanto jurídicas a decidirem sobre os novos rumos que pretendem empreender às suas ações. Neste sentido, e no contexto mundial a finalidade das informações apresentadas por meio do balanço patrimo- nial supera a técnica de atender apenas às exigências das autoridades fiscais, e adquire um novo perfil dentro das empresas; especialmente, para a aplicabilidade de seus principais interessados: orientar o planejamento e a execução dos negócios nos dias atuais. (Costa JR, apud Lemes JR, 2010, p. 46). 38 Considerações finais Revisando: nesta Unidade 2, você teve a oportunidade de conhecer mais sobre a composição das aplicações e origens de recursos das entidades através da evidenciação dos registros contábeis no balanço patrimonial, bem como a sua estrutura conforme as disposições apresentadas pelas leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009 e os pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), compreendendo o conceito de balanço patrimonial. Através do estudo da estrutura de composição do balanço patrimonial, o seu conhecimento ampliou-se para as questões de análise das con- tas que formam o demonstrativo, podendo dessa forma, haver melhor e maior aplicabilidade nas práticas contábeis, interpretando os dados para os mais variados interessados. Em sequência aos seus estudos, você também conheceu sobre a impor- tância e finalidade do balanço patrimonial, compreendendo sobre a sua necessidade no cenário emergente das empresas em contexto mundial. Você ainda teve a oportunidade de melhorar o entendimento e a com- preensão da superação da finalidade básica da contabilidade em prestar informações aos principais interessados, mas de também proporcionar a interpretação dos dados evidenciados no balanço patrimonial. Referências bibliográficas 39 BRASIL. Comissão de valores mobiliários. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br>. Acesso em: 27 maio 2017. ______. Comissão de valores mobiliários. Lei 6404/76. Disponível em:<http://www.cpc.org.br/CPC>. Acesso em: 27 maio 2017. CFC. Conselho Federal de contabilidade. Disponível em: <http://cfc.org.br/ tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade>. Acesso em:27 maio 2017. Acesso à Informação em <http://www.cvm.gov.br/legislacao/leis/ lei6404.html>. Acessado em: 28 maio 2017. COELHO, Claudio Ulysses Ferreira; LINS, Luiz dos Santos. Teoria da Con- tabilidade: Abordagem Contextual, Histórica e Gerencial. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2010. FIPECAFI (coord.); IUDÍCIBUS, Sérgio de. et at. Manual de Contabilidade Societária: Aplicável a todas as sociedades. De acordo com as Normas Internacionais e do CPC. São Paulo. Atlas, 2010. IUDÍCIBUS, Sérgio de. MARION, José Carlos. Contabilidade Comercial: Atualizado conforme Lei nº 11.638/2007 e Lei nº 11.941/2009. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LEMES JUNIOR, Antônio Barbosa. RIGO, Claudio Miessa. CHEROBIM, Ana Paula Mussi Szabo. Administração Financeira: Princípios, Fundamentos e Práticas Brasileiras. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade Tributária. In: Noções de Contabilidade. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. http://www.planalto.gov.br http://www.planalto.gov.br http://www.cpc.org.br/CPC http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade http://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade http://www.cvm.gov.br/legislacao/leis/lei6404.html http://www.cvm.gov.br/legislacao/leis/lei6404.html 3 41 Unidade 3 Demonstrações do Resultado do Exercício Para iniciar seus estudos Olá, alunos! Sejam bem-vindos à nossa terceira unidade de Contabilidade Intermediária, na qual estudaremos sobre a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). Espero que os estudos apresentados possam ser bem aproveitados e utilizados durante todo o percurso acadêmico de vocês. Nesta unidade, será mostrado o objetivo da Demonstração do Resultado do Exercício, sua importância dentro da contabilidade, seus componen- tes e os critérios para a elaboração dessa demonstração importantíssima para a análise dos resultados. Ótimo estudo! Objetivos de Aprendizagem • Conceito da Demonstração do Resultado do Exercício; • Importância e finalidade da Demonstração do Resultado do Exercício; • Principais componentes da Demonstração do Resultado do Exercício; • Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício. 42 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício 3.1Conceito – Demonstração do Resultado do Exercício A Demonstração do Resultado do Exercício, também conhecida como DRE, é uma demonstração contábil que foi regulamentada pela Lei 6.404/1976, em seu Art. 187. Seu objetivo é apresentar o resultado de um determinado período de forma vertical em uma ordem dedutível. Normalmente, ela é elaborada no encerramento de cada exercício (uma vez ao ano), atendendo ao regime de competência, em uma ordem de dedução das receitas para as despesas. Dessa forma, constituem-se de forma resumida as operações ocorridas durante o exercício, para se mostrar o lucro ou o prejuízo ocorrido. Pela legislação, as empresas de capital aberto são obrigadas a publicar a DRE com demonstrativos e notas expli- cativas, além de algumas informações mais detalhadas do que as sociedades limitadas. Como exemplo de Iudí- cibus e Martins: Figura 1: Exemplo de DRE de Empresa de Capital Aberto . Legenda: Demonstração do Resultado do Exercício. Fonte: IUDÍCIBUS; MARTINS, 2010, p. 98. Entenda mais sobre essa demonstração no site dos pronunciamentos contábeis, CPC 26: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos>.. http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos 43 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício 3.2 Composição da Demonstração do Resultado do Exercício O Resultado do Exercício refere-se ao período em que a empresa apura se teve lucro ou prejuízo quanto às ativi- dades desenvolvidas. A demonstração que apresenta esses resultados é a DRE, obrigatória conforme o Art. 187 da Lei 6.404/1976. Sua composição vem das contas de resultados, que são trazidas em forma de grupos sintéticos e ordenadas por uma estrutura, para facilitar a visualização, o entendimento e análise das receitas e despesas e dos lucros gerados no período. O demonstrativo consiste em uma ordem básica: Figura 2: Demonstrativo do Resultado do Exercício. Legenda: Demonstração do Resultado do Exercício. Fonte: MARION, 2009, p. 98. Ele pode ser apresentado de forma detalhada, conforme as empresas de capital aberto, ou de maneira mais resumida, para que o usuário externo possa compreendê-lo. Tal demonstração pode propor análises, estimar variações do resultado e servir de base para orçamentos. Por isso, para fins de análise, sempre são publicadas com mais de um exercício. As empresas que não são S.A. podem apresentar uma DRE mais detalhada, cabendo ao con- tador analisar o desenvolvimento da atividade e mostrar aos usuários como é importante desenvolver esse demonstrativo e como ele pode auxiliar no planejamento econômico.. 44 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício 3.3 Estrutura e Elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício A DRE pode ser elaborada de forma simples e resumida para a empresa do lucro presumido ou até do lucro real, dependendo de sua atividade e movimentação econômica. Mas as empresas de capital aberto são obrigadas a elaborar a forma completa e detalhada, exigida pela legislação das sociedades anônimas. Ao iniciar a elaboraçãode uma DRE, primeiramente deve-se certificar de que todos os lançamentos no diário e a razão estão encerrados. Além disso, não pode haver nenhuma alteração ou inclusão de novos fatos durante a apuração do lucro, pois isso pode impactar o trabalho que será realizado. Portanto, após verificar o encerramento das contas, devemos começar a classificá-las na estrutura da DRE, con- forme o modelo de estrutura exemplificado a seguir: Figura 3: Tabela com a estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício. Legenda: Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício. Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 408. 45 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício 3.3.1 Conceito e Composição da Receita Bruta Receita bruta é toda venda ou prestação de serviço realizada, cujo valor compõe os impostos embutidos, os des- contos incondicionais e as devoluções ou algum resultado auferido no período, mesmo que não seja relacionado à sua atividade principal (não inclusos abatimentos concedidos ou vendas canceladas). Para fins de apuração do imposto de renda, a partir do dia 1º de janeiro de 2015, a legislação tributária alterou o conceito de receita bruta, na Lei 12.973/2014, em seu Art. 2: Art. 2. O Decreto - Lei no 1.598 de 26 de dezembro de 1977, passa a vigorar com as seguintes alterações: [...] Art. 12. A receita bruta compreende: I – o produto da venda de bens nas operações de conta própria; II – o preço da prestação de serviços em geral; III – o resultado auferido nas operações de conta alheia; e IV – as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não compreendidas nos incisos I a III. (<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-014/2014/lei/l12973.htm 15.06.2017>.). Nesse novo conceito, foram incluídas as “receitas não compreendidas nos incisos I a III”, ou seja, tudo aquilo que não for parte dos incisos anteriores, mas que compreende geração de receitas, deverá ser considerado receita bruta e incluído para fins de tributação. Para entender melhor a receita bruta e a sua composição na DRE, analise o seguinte exemplo: “A empresa Mineira Motocicletas S.A. tem, por sua atividade, venda de peças de motos mais o serviço de mecâ- nica para consertar as motos que chegam com defeito. No período de 2015, a empresa vendeu R$ 100.000,00 em peças. Ela teve R$ 12.000,00 de ICMS sobre a venda e faturou, com prestação de serviços de mecânica, R$ 50.000,00, com R$ 2.500,00 de ISS. Porém, de todas as peças vendidas, R$ 10.000,00 eram peças com algum defeito de fábrica, que foram devolvidas.” Devoluções não devem ser lançadas na mesma conta da receita, e sim em uma conta redu- tora. Portanto, não excluímos as devoluções da linha de receita bruta. Isso ocorrerá em outro momento. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del1598.htm 46 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício A receita bruta da Mineira Motocicletas S.A. será: Figura 4: Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício. Legenda: Exemplo da Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 408. (Adaptado pelo autor.) 3.3.2 De que se compõem as Deduções da Receita As deduções da receita são compostas por: • Impostos incidentes sobre a venda ou prestação do serviço: atualmente são ICMS, ISS, PIS, COFINS e IPI, geralmente aplicado em indústrias. O PIS e a COFINS são considerados deduções da receita, pois sua base de cálculo é sobre o faturamento, ou seja, a receita bruta. • Devolução de vendas e cancelamento do serviço prestado: casos em que, após uma venda, a entrega está em desacordo com o pedido, ou o pedido chega ao destino avariado (quebrado, caixa com lacre rompido etc.). Geralmente nesses casos são feitas devoluções ou há a desistência da compra dentro do prazo estabelecido. Deve-se contabilizar em conta de resultado específica, no grupo das receitas, as chamadas contas redutoras. Segue exemplo de como ela é apresentada no balancete: Figura 5: De que se compõem as deduções da receita . Legenda: Exemplo de como é demonstrado no balancete as contas redutoras. Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 381. (Adaptado pelo autor.) As contas redutoras têm a função de reduzir o saldo do grupo ao qual elas pertencem no balanço patrimonial. Podem ser encontradas no Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido e Resul- tado. No plano de contas, ela geralmente vêm com sinal negativo. 47 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício • Desconto Incondicional: é permitido deduzir da receita bruta. O que é, então, desconto incondicional? É aquele desconto que já vem na nota fiscal, seja de venda ou prestação de serviço, e não depende de nenhum evento futuro para que ocorra. É importante observar que existe também o desconto condicional (geralmente vem nos boletos de pagamento), para o qual há uma condição para ocorrer. Até determinada data de pagamento, o comprador tem o desconto de 5% ou 10% (o que estiver estipulado no documento). Esse tipo de desconto não é dedutível da receita bruta, portanto deve-se prestar muita atenção em qual está sendo apresentado. • Ajuste de valor presente: Com a alteração dada pela Lei 12.973/2014, entraram para dedução da receita bruta os valores gerados referentes ao ajuste de valor presente, com relação às operações vinculadas na receita bruta. Portanto, os casos que tiverem esse ajuste devem ser considerados dedução. Olhando na prática, o que aprendemos sobre a dedução da receita bruta em nossa DRE. Vamos analisar nosso exemplo: Na nossa Mineira Motocicletas S.A., como mencionamos anteriormente, sua receita no período foi de R$ 100.000,00, e os impostos sobre as vendas foram de R$ 14.500,00. Houve um cancelamento de venda no valor de R$ 10.000,00 e, durante o ano, teve um total de descontos incondicionais de R$ 2.500,00. Portanto, nossa DRE agora ficará assim: Figura 6: Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício . Legenda: Exemplo da Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício. Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 408. (Adaptado pelo autor.) Para aprofundar o conhecimento quanto ao ajuste do valor presente, recomenda-se ler o CPC 12 e, na Lei 12.973/2014, todo o artigo 2º e suas alterações. Sites: <http://www.cpc. org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos> e <http://www.planalto.gov.br/cci- vil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm>. http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm 48 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício Portanto, chegamos à nossa receita líquida, que é: Figura 7: Composição Resumida de Receita Líquida. Legenda: Composição Resumida de Receita Líquida. Fonte: Próprio autor. 3.3.3 Custo sobre as Vendas e Lucro Bruto O custo sobre as vendas são as despesas diretamente ligadas à prestação do serviço ou à venda da mercadoria. Para que possa proporcionar a geração de receita, Marion diz: O custo do produto ou serviço é tão relevante para a entidade que há uma contabilidade espe- cífica para tratar esse assunto: a Contabilidade de Custos (hoje, mais do que nunca, há uma pre- ocupação em reduzir custos para tornar o produto mais competitivo e mais rentável). (MARION, 2009, p. 97). O custo de uma empresa é tão complexo e tão importante para formação de preço e geração de lucros, que existe uma parte da contabilidade voltada exclusivamente para seu estudo: a Contabilidade de Custo. Aqui vamos só entender basicamente o que é o custo e como ele é apresentado na DRE. Dando continuidade à Demonstração de Resultado da Mineira Motocicletas S.A., o custo do período foi de R$ 42.000,00, que ficará evidenciado da seguinte maneira: Figura 8: Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício. Legenda: Exemplo da Composição do Demonstrativodo Resultado do Exercício. Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 408. (Adaptado pelo autor.) Após apurarmos os impostos sobre vendas e devoluções e o custo da atividade, chegamos ao Lucro Bruto. É a partir daí que vamos pagar as despesas administrativas, remunerar funcionários e sócios, além de outras despe- sas geradas pela empresa. 49 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício 3.4 Composições das Despesas na DRE Quando chegamos ao Lucro Bruto, iniciamos a inclusão das nossas contas de despesas, que são classificadas pelas despesas operacionais (administrativas, venda e pessoal) e outras despesas e receitas financeiras: • Despesas Operacionais Administrativas: são aquelas que surgem para o bom funcionamento da empresa e de sua estrutura administrativa, como água, luz, internet e manutenção do prédio. • Despesas com Vendas: são as despesas com publicidade e propaganda, os salários dos vendedores (podendo ser alocados), os brinde • Despesas com Pessoal: são as despesas com a folha de pagamento, como salário, férias, décimo terceiro, encargos sobre a folha, além de gastos com material de segurança e prêmio aos colaboradores. Despesas Financeiras/Receita Financeira: são as despesas financeiras e as receitas financeiras, que fazem uma compensação de uma com a outra. Podemos dizer que gera um resultado financeiro dentro da nossa DRE. As despesas financeiras são aquelas taxas pagas aos bancos, como os juros. Já para a conta da Receita Financeira, entram os rendimentos das aplicações financeiras. Para exemplificar como são apuradas as despesas em nossa DRE, voltamos ao cálculo do resultado da Mineira Motocicletas S.A., durante o ano em que apresentou as seguintes despesas operacionais: Ao chegar ao Lucro Bruto, como conseguimos saber a capacidade da empresa de pagar nas primeiras despesas para gerar sua receita. Em seu local de trabalho, é feito esse tipo de aná- lise? Como futuro contador, você será a pessoa encarregada de ver a saúde financeira da empresa através dessa demonstração, entre outras. Fique atento!. A despesa com folha de pagamento também pode ser apurada como custo nas deduções na receita, atendendo aos critérios da Contabilidade de Custo, que será estudada mais adiante. FIM DO FIQUE ATENTO!. 50 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício Figura 9: Despesas Operacionais (empresa X). Legenda: Despesas Operacionais (empresa X). Fonte: Próprio autor. Vamos incluir essas despesas no conjunto de despesas operacionais em nossa DRE, na qual irá compor o Lucro Bruto. Figura 10: Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício. Legenda: Exemplo da Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício. Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 408. (Adaptado pelo autor.) Chegamos ao nosso Lucro Operacional. Nesse momento, ao analisar nossa DRE, vemos o desempenho da empresa, pois ela já deduziu os impostos da venda do seu produto e serviço, o custo de mercadorias e serviços e os cancelamentos. Além disso, pagou as despesas operacionais para que sua empresa continue em bom fun- cionamento e dê continuidade às suas atividades. Agora podemos analisar a situação econômica da empresa durante o ano e se os objetivos relacionados a lucros, vendas e redução das despesas foram atingidos, além de poder planejar o orçamento do próximo ano. 51 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício 3.5 Apurações dos Impostos, Lucro Líquido e suas destinações Por determinação da Legislação do Imposto de Renda, as empresas de capital aberto e as empresas obrigadas à tributação pelo Lucro Real devem calcular o seu imposto de renda e contribuição social com base em seu lucro líquido. Existem outros tipos de regimes tributários no Brasil, com legislação específica e particularidades. São eles: • Lucro Presumido: apuração do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre faturamento. • Simples Nacional: regime tributário para empresas de pequeno e médio porte. • Lucro Arbitrado: quando a empresa apura o Imposto de Renda e a Contribuição Social com estimativa. Os arbitramentos são para casos específicos. A nossa empresa exemplo está calculada com base no lucro real. Portanto, vamos apurar os impostos incidentes sobre o lucro líquido. Figura 11: Apurações dos impostos, lucro líquido e suas destinações. Legenda: Exemplo de cálculo do Imposto de Renda e Contribuição Social – Lucro Real. Fonte: Próprio autor. Para aprofundar seus conhecimentos quanto às regras de apuração do imposto de renda sobre lucro real, leia os Arts. 249 e 250 do Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm>.. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3000.htm 52 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício Por fim, nossa Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Mineira Motocicletas S.A. fica assim: Figura 12: Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício . Legenda: Exemplo da Composição do Demonstrativo do Resultado do Exercício. Fonte: RIBEIRO, 2010, p. 408. (Adaptado pelo autor.) O lucro líquido é o valor disponível aos donos ou acionistas da empresa. Eles que irão definir o destino desse lucro. Nos casos das empresas que não são de capital aberto, geralmente o lucro é dividido entre os sócios. Já as empresas de capital aberto devem atender aos critérios definidos pela Lei 6.404/1976, nos Arts. 193 ao Art. 203, que abordam as destinações do lucro. Algumas delas apresentadas a seguir. Destinações do Lucro: • Reserva Legal; • Reserva Estatutárias; • Reservas para Contingência; • Reservas de Incentivos Fiscais; • Reserva de Capital; • Dividendos. 53 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício Para visualizarmos melhor a demonstração de resultado de uma empresa de capital aberto, podemos analisar as demonstrações da empresa Natura Cosméticos S.A., do exercício de 2014; especificamente a sua DRE: Figura 13: Demonstração de Resultado da Empresa Natura Cosméticos S.A. Legenda: Demonstração de Resultado da Empresa Natura Cosméticos S.A. Fonte: <http://natu.infoinvest.com.br/ptb/s-20-ptb-2016.html>. A terminologia DIVIDENDOS, significa dividir, separar; é a parte do lucro que será distribuída entre os acionistas. . http://natu.infoinvest.com.br/ptb/s-20-ptb-2016.html 54 Contabilidade Intermediária | Unidade 3 - Demonstrações do Resultado do Exercício A demonstração de resultado nos permite analisar a evolução da empresa através dos comparativos de anos. Conforme a DRE da empresa Natura, foram apresentados alguns índices, como o lucro líquido por ação, e infor- mações resumidas e demonstradas para auxiliar os seus usuários, como o resultado para suas controladas. Tudo mostrado sempre em comparativo entre os exercícios. A DRE vem para somar com a contabilidade. Ela não deve ser encarada somente como uma demonstração obri- gatória por lei, e sim como uma ferramenta gerencial que dará o suporte necessário para a orientação nas toma- das de decisão e para o planejamento dentro da empresa. Corresponde a uma demonstração inalterada, como Marion cita em seu livro: A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é a forma científica, perfeita, de apuração de resultado (lucro ou prejuízo), baseando-se no regime ou princípio de competência (Princípio de Competência dos Exercícios). (MARION, 2009, p. 109). Por sua vez, Iudícibus e Martins definem a demonstração do resultado do exercício como: A Demonstração do Resultado do Exercício, elaborada simultaneamente com o Balanço Patrimo- nial, constitui-se no relatório sucinto das operações realizadas pela empresa durante determi- nado período de tempo; nela sobressai um dos valores mais importantes às pessoas interessadas, o resultado líquido do período, o lucro ou o prejuízo. (IUDÍCIBUS; MARTINS, 2010, p. 189). 55 Consideraçõesfinais Nesta unidade, você pôde conhecer mais sobre a DRE: seu conceito, sua forma de elaboração e suas regras, conforme a Lei 6.404/1976 e as alte- rações pela Lei 11.638/2007. Além disso, foi mostrado cada componente integrante dessa demonstração. Foram apresentadas explicações sobre: receita bruta, custos e despesas, orientação dos regimes tributários, regras do imposto sobre a renda e sua aplicabilidade nos demonstrativos de resultado. Além disso, você acom- panhou a desenvolvimento de uma demonstração do resultado, por meio do exemplo da empresa Mineira Motocicletas S.A., que, citando informa- ções fictícias, mostrou na prática essa elaboração. Também vimos uma DRE publicada da Natura Cosméticos, que pôde nos orientar com informações reais como é composta uma DRE das empresas de capital aberto. O aprendizado trazido nesta unidade teve por finalidade capacitar você para interpretar, elaborar e analisar as demonstrações de resultado de forma correta durante todo o ensino, além de conscientizar sobre a importância dele perante as obrigações contábeis e seu conceito social, econômico e financeiro para as empresas. Referências bibliográficas 56 COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC 26. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamen- tos>. Acesso em: 15 jun. 2017. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC 12. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamen- tos>. Acesso em: 15 jun. 2017. IUDÍCIBUS, S.; MARTINS, E. Contabilidade Introdutória. ed. 11. Adaptado às Normas Internacionais de Contabilidade Atualizada de acordo com as Leis nº 11.638/07 e nº 11.941/09. São Paulo: Editora Atlas S.A. 2010. MARION, J. Contabilidade Básica. Atualizado conforme a Lei nº 11.638/07, MP, nº 449/08 (Lei nº 11.941/09) e Pronunciamentos do CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis). ed. 10. São Paulo: Editora Atlas. 2009. RIBEIRO, O. Contabilidade Geral. Atualizado conforme Lei nº 11.638/2007 e Medida Provisória nº 449/2008, convertida na Lei 11.941/2009. ed. 6. São Paulo: Editora Saraiva. 2010. NATURA – Demonstrações Financeiras. Disponível em: <http:// natu.infoinvest.com.br/ptb/s-20-ptb.html?idioma=ptb>. Acesso em: 17 jun. 2017. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 6.404/1976. Disponível em: <www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 16 jun. 2017. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 11.638/2007. Disponível em <www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em 15 jun. 2017. PALÁCIO DO PLANALTO. Lei nº 12.973/2014. Disponível em <www.pla- nalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm>. Acesso em 15 jun. 2017. http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos http://natu.infoinvest.com.br/ptb/s-20-ptb.html?idioma=ptb http://natu.infoinvest.com.br/ptb/s-20-ptb.html?idioma=ptb http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12973.htm 4 58 Unidade 4 Imposto de Renda e Contribuição social Para iniciar seus estudos O Imposto de Renda e a contribuição social sobre o lucro líquido são tribu- tos previstos na Constituição Federal de 1988 de competência da União. É de grande importância que você compreenda o funcionamento des- ses tributos, que incidem sobre o lucro das empresas. É primordial uma escrituração contábil adequada à necessidade da legislação tributária e correta, evitando possíveis sanções e a perda de patrimônio por parte da empresa. Vamos juntos percorrer os detalhes desses tributos e calculá-los por meio dos exemplos que apresentaremos nessa aula. Objetivos de Aprendizagem • Estudar sobre os regimes de tributação 59 Contabilidade Intermediária | Unidade 4 - Imposto de Renda e Contribuição Social 1.1 Introdução O Imposto de Renda e a contribuição social sobre o lucro líquido são impostos previstos na Constituição Federal com competência da União para institui-los e cobrá-los, sendo regulamentados respectivamente pelo Decreto 3000, de 26 de março de 1999, e pela Lei nº 7.689/88. Após a elaboração das demonstrações contábeis, a empresa deve apurar o Imposto de Renda com base no lucro real, lucro presumido, lucro arbitrado e efetuar sua contabilização a título de provisão para o Imposto de Renda. Veja orientações emanadas pelo Fipecafi et al. (2010, p. 317): O encargo com o imposto de renda deve ser reconhecido e contabilizado no próprio período da ocorrência do lucro a que se refere, embora seja pago em período seguinte ao de sua apuração e declarado oficialmente no exercício fiscal seguinte. Veja que o Imposto de Renda deve ser contabilizado dentro do próprio período em que foi apurado, como provi- são. O mesmo tratamento deverá ser adotado com relação à contribuição social sobre o lucro líquido. O lançamento é simples: credita-se uma conta de passivo e debita-se uma conta de resultado separadamente para cada um dos dois impostos. 4.2 Imposto de Renda pessoa jurídica Figura 4.1: Renda e proventos de qualquer natureza. Fonte: br.123rf.com = 44492375 O Imposto de Renda, mais especificamente o imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, é um tributo de competência para instituição e cobrança da União, previsto na Constituição Federal de 1988 em seu art. 153, inciso III: 60 Contabilidade Intermediária | Unidade 4 - Imposto de Renda e Contribuição Social Art. 153. Compete a União instituir impostos sobre: Importação de produtos estrangeiros Exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados; Renda e proventos de qualquer natureza; [...]. O imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza é regulado pelo Decreto nº 3.000, de 26 de março de 1999, também conhecido como Regulamento do Imposto de Renda ou simplesmente RIR/99. Esse regulamento trata sobre o Imposto de Renda devido tanto pelas empresas (Imposto de Renda pessoas jurídicas) quanto pelas pessoas (Imposto de Renda pessoas físicas). Nesta unidade, trataremos apenas sobre o primeiro. A base de cálculo do Imposto de Renda está prevista no art. 219 do RIR/99: Art. 219. A base de cálculo do imposto, determinada segundo a lei vigente na data de ocorrência do fato gerador, é o Lucro Real (Subtítulo III, presumido (Subtítulo IV) ou arbitrado (Subtítulo V), correspondente ao período de apuração. A base de cálculo do Imposto de Renda, de acordo com o dispositivo que citamos anteriormente, é o lucro real, o lucro presumido e o lucro arbitrado, sendo esses os regimes de tributação a que estão sujeitas as empresas. Não podemos deixar de mencionar o parágrafo único desse mesmo artigo no qual deixa claro que todos os ganhos devem integrar a base de cálculo do imposto: Parágrafo Único. Integram a base de cálculo todos os ganhos e rendimentos de capital, qualquer que seja a denominação que lhes seja dada independentemente da natureza, da espécie ou da existência de título ou contrato escrito, bastando que decorram de ato ou negócio que, pela sua finalidade tenha os mesmos efeitos do previsto na norma especifica de incidência do imposto. Quanto aos períodos de apuração da base de cálculo do imposto, eles serão trimestrais e encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro, salvo nos casos dos § 1º e 2º do art. 220 do RIR/99, quando deverá ser apurada a base de cálculo na data do evento. Veja os dispositivos da legislação a seguir: § 1º Nos casos de incorporação, fusão ou cisão, a apuração da base de cálculo do imposto devido
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