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AMÁLGAMAS DENTÁRIOS

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LARA CARVALHO MORAES
AMÁLGAMAS DENTÁRIOS
INTRODUÇÃO
Início do séc. XIX – Início da utilização do AD como material restaurador – moedas de prata espanholas ou mexicanas misturadas com mercúrio.
Início do séc. XX – G. V. Black. – Desenvolvimento do AD – determinação das propriedades dos AD para que seu desempenho fosse mais previsível.
Atualmente – Confronto entre a aplicação tradicional do AD com ou novos materiais (resinas compostas e cimento de ionômero de vidro) – Redução do uso do AD, transição até sua extinção (Convenção de Minamata 2013).
VANTAGENS
1. DurabilidadeFonte: Google Imagens
Fonte: Google Imagens
2. Relação custo-benefício (mais barato)
3. Simplicidade técnica: rápida e previsível (manipulação simples)
DESVANTAGENSPROPRIEDADES MUITO DIFERENTES DO DENTE
1. Estética deficiente (cor diferente da estrutura dentária)
2. Falta de adesão as estruturas dentais
3. Frágil e sujeito a corrosão (trincas e fraturas)
4. Toxicidade do Hg
5. Alta condutividade térmica
6. Efeitos galvânicos
ESTRUTURA 
COMPOSIÇÃO
Formado por uma mistura de MERCÚRIO LÍQUIDO com METAL(IS) – Prata, Estanho, Cobre, Zinco. Mercúrio é líquido na temperatura ambiente e reage facilmente com metais como prata, estanho e cobre, produzindo materiais sólidos, ou seja, uma massa moldável para esculpir.
Diferentes amálgamas dentários: a liga metálica pode VARIAR em composição e forma; os fabricantes de AD utilizam-se dessas variantes para produzir diferentes composições. Ex: Convencional (mais barata), com zinco, rica em cobre.
A LIGA
Mistura de PRATA (Ag), ESTANHO (Sn), COBRE (Cu), ZINCO (Zn) e, às vezes, MERCÚRIO (Hg) (pré-amalgamação). 
Ag é o constituinte principal. 
Ag está presente com Sn na forma do composto Ag-Sn (fase y).
	Componentes
	Ag
	Sn
	Cu
	Zn
	 %
	40-70
	17-30
	2-40
	0-2
Ag – maior resistência; menor deformação plástica; maior expansão tardia.
Sn – reduz a expansão de presa da Ag; facilita a mistura da liga com o Hg.
Cu – maior dureza e resistência; menor o CREEP (escoamento visco elástico ao longo do tempo) e a corrosão -> melhora da liga!
Zn – menor oxidação; maior a sua sensibilidade à contaminação por saliva ou umidade.
Mercúrio reage com Prata (grande afinidade), formando uma estrutura sólida, causando expansão (aumento de volume) –> reação de presa.
MORFOLOGIA
A liga é usada na forma de pó: há variações no tamanho e na forma das partículas (esféricas ou limalha).
Formato esférico e tamanhos diferentes -> maior empacotamento (preenchimento da cavidade, ausência de poros)!
Formato irregular e tamanhos diferentes.
Fase dispersa: dois formatos de partículas.
Composição única: um formato de partícula.
CLASSIFICAÇÃO DAS LIGAS
1. QUANTO À COMPOSIÇÃO: Alto ou baixo teor de Cu; com ou sem ZN.
2. QUANTO À FORMA DAS PARTÍCULAS: Limalha; esférica.
3. QUANTO AO NÚMERO DE FASES A CONSTITUIÇÃO DO PÓ DA LIGA: Fase dispersa; composição única.
FORMA DE APRESENTAÇÃO
1. Recipiente com pó da liga e de mercúrio líquido (proibido 1/1/2019).
2. Cápsulas pré-dosadas.
VANTAGENS:
Ausência de contato da equipe com o Hg(l) livre.
Manipulação mecânica (amalgamador) mais eficaz.
Proporção Hg/liga controlada pelo fabricante.
Necessidade de menos Hg para reagir com a liga.
REAÇÃO DE PRESA OU ENDURECIMENTO DO AMÁLGAMA
A reação de presa entre a liga Ag–Sn e o mercúrio é iniciada pela mistura vigorosa dos dois ingredientes. 
Essa mistura provoca a dissolução da camada externa das partículas da liga no mercúrio, formando duas novas fases sólidas em temperatura ambiente.
Nem todas as partículas da liga se dissolvem no mercúrio. A estrutura final é composta por um núcleo de fase y, unida por uma matriz predominante de y1, entremeada por y2.
· CRISTALIZAÇÃO 
Crescimento de cristais.
Alteração dimensional a partir da interligação Hg-Liga:
1. Expansão devido ao crescimento dos cristais das fases Ag-Hg e Sn-Hg e/ou Cu-Sn (chamada Expansão de presa ou de Cristalização)
2. Expansão ou contração por erros no processo:
Ligas de Zn tem alta expansão de presa quando contaminadas por água ou saliva.
Alta pressão de condensação (pressão excessiva) do amálgama no interior da cavidade dental conduz a contração da massa.
· COM BAIXO TEOR DE Cu:
Reação descrita acima. 
Y – liga Ag-Sn: resquício de liga não dissolvida, quando há menor Hg usado.
Y1 – composto Ag-Hg: maior afinidade, maior resistência.
Y2 – composto Sn-Hg: menor afinidade, instável e de fácil corrosão, ligação fraca -> principal problema do amálgama!
Problema: 
↑ [] Sn-Hg = ↑ corrosão
↓ Hg na manipulação = ↑ [] Ag-Sn (sem reagir) e ↓ Sn-Hg, logo há menos corrosão
Importância das cápsulas pré-dosadas!
· COM ALTO TEOR DE Cu:
A primeira reação é a mesma das ligas tradicionais, mas esta é seguida por uma segunda reação:
O amálgama final continha pouca ou nenhuma fase γ2.
Aumento do teor de cobre da liga modificou a reação de presa, sendo benéfica.
Consequências:
Alta resistência à compressão;
Presa mais rápida para alcançar sua resistência total;
Redução do creep; e
Suscetibilidade reduzida à corrosão.
PROPRIEDADE DOS AMÁLGAMAS
Variam em função da proporção entre as fases y, y1, y2.
1. FALTA DE RESISTÊNCIA E TENACIDADE
Materiais restauradores muito frágeis, com baixa resistência à tração. Restauração deve ser capaz de suportar cargas mastigatórias. Deficiência na resistência pode levar ao valamento marginal da restauração ou até mesmo à fratura.
A forma de lidar com isso é usar o material como um bloco, evitando aplicação em áreas muito delgadas (preparo cavitário mais profundo).
O amálgama não conserva a estrutura dental. Pequenas lesões de cárie, o uso do amálgama dentário pode ser contraindicado por ser muito destrutivo ao tecido dentário. 
2. FALTA DE ADESÃO 
Necessidade do uso de desenhos cavitários retentivos, grande quantidade de esmalte ou dentina perfeitamente hígidos é removida.
Para minimizar o desgaste, a adesão é obtida pela combinação de um sistema adesivo dentinário e cimento resinoso, que são colocadas antes do amálgama dentário.
3. ESCOAMENTE E CREEP (FLUÊNCIA)
CREEP é a deformação plástica por escoamento visco elástico sob a aplicação de forças ao longo do tempo (estáticas ou dinâmicas) – deformação do amálgama.
Escoamento do centro para as laterais, empurrando o material para fora, deixando o centro fino, o que pode causar fraturas – oclusão cúspide-fossa.
Maior CREEP, maior deterioração marginal.
Consequências:
Fraturas marginais (do dente ou da restauração)
Desadaptação marginal (fendas – acúmulo de placa)
Infiltração marginal (bactérias) – cárie recorrente*
*a cárie recorrente é considerada a razão mais comum para a substituição da restauração de amálgama (correspondendo a 70% das substituições).
4. CORROSÃO 
Degradação progressiva de materiais por reação química ou eletroquímica com o meio.
Os amálgamas se corroem no ambiente oral - saliva. 
O processo de corrosão é associado, principalmente, à fase γ2 (Sn-Hg). 
A fase γ2 é consideravelmente mais eletronegativa que as fases γ e γ1. Isso significa que, na presença de uma solução eletrolítica (saliva), a fase γ2 atua como anodo da célula de oxidação e, de forma gradual, se dissolve. 
Importante: 
↑ Cu = ↓ corrosão – Cu tem mais afinidade pelo Sn, formando Sn-Cu, do que o Hg; evitando formação de Sn-Hg (↓ y2)
Consequências:
Manchamento dental – infiltração de íons de Ag nos túbulos dentinários (tatuagem por amálgama)
Maior porosidade
Mais fraturas marginais
Liberação de subprodutos Ag + Hg
Diminuição das propriedades mecânicas
Fonte: Google Imagens
5. ALTA CONDUTIVIDADE E DIFUSIVIDADE TÉRMICAS
Metal - a condutividade térmica dos amálgamas dentários é muito alta. Rápida transmissão dos estímulos até a polpa, causando sensibilidade (água gelada -> fenda marginal -> túbulos dentinários).
Preparo cavitário envolvendo o uso de vernizes ou forradores.
6. ALTA EXPANSÃO TÉRMICA
Alto coeficiente de expansão térmica se comparado com o do dente, podendo gerar: fraturas marginais, fissuras e trincas.
 
7. EEITOS GALVÂNICOS
Duas restaurações metálicas com metais de diferentes graus de eletronegatividadesão colocadas próximas uma da outra em um meio eletricamente condutor (saliva), é possível que se estabeleça uma célula galvânica.
As correntes resultantes podem causar desconforto aos pacientes ou deixar um forte gosto metálico na boca ou acelerar a corrosão.
MERCÚRIO
Mercúrio é uma substância altamente tóxica e demanda o máximo de cuidado.
As principais fontes de exposição ao mercúrio provêm de: derramamento acidental; pouca higiene ao manipular o mercúrio; contato direto com o mercúrio; e confecção de novas restaurações e remoção das antigas.
O efeito nocivo potencial mais sério é do vapor de mercúrio, e a fonte mais significante desse vapor é o derramamento do mercúrio durante o procedimento operatório. O uso de amálgama em cápsulas pode minimizar esse risco.
Sinais de envenenamento por mercúrio podem ser: tremor nas pernas, coceiras, erupções cutâneas, perspiração excessiva, taquicardia, febre de baixas temperaturas intermitentes, irritabilidade, alteração da personalidade, insônia, cefaleia, hipertensão, fadiga crônica e disfunção neurológica.
O mercúrio das restaurações contamina o ambiente e contribui com a carga total de mercúrio na comunidade – bioacumulativo.
SELEÇÃO E USO DO AMÁLGAMA DENTÁRIOINFLUÊNCIAS NO RESULTADO FINAL
VARIÁVEIS CONTROLADAS PELO FABRICANTE: a composição; o tamanho; e o formato da partícula da liga.
VARIÁVEIS CONTROLADAS PELO PROFISSIONAL: proporcionamento da liga e mercúrio*; trituração*; condensação; e escultura e polimento.
*Cápsulas pré-dosadas.
*Amalgamadores - é essencial para assegurar a mistura plástica e uma completa amalgamação.
Fonte: Google Imagens

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