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Direito do consumidor As origens constitucionais do CDC Muito ao revés, sua origem é constitucional, o que lhe confere muito maior força e autoridade. Assim é que, logo no artigo 5º, que trata dos direitos e deveres individuais e coletivos, determinou-se que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor. Ao discipliná-la, a Constituição Federal, em seu artigo 170, incluiu no inciso V a defesa do consumidor como sendo inerente à existência digna, conforme os ditames da justiça social. Mas para que estes comandos não se perdessem, esquecidos pela burocracia legislativa, o constituinte, no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, assim ordenou, em seu artigo 48: Princípios do direito do consumidor 1- P. da preservação da dignidade humana No Código de Defesa do Consumidor, como não poderia deixar de ser, ele emerge cristalino, do seu artigo 4º, segundo o qual a Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores e o respeito à sua dignidade. A vedação expressa das cláusulas abusivas, fulminando-as com a sanção da nulidade, é outro eficiente mecanismo de proteção da dignidade do consumidor. 2- P. do reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor Enquanto o Código Civil, viga mestra do direito privado, parte do pressuposto da igualdade entre as pessoas, ainda que apenas formal, e a todas trata igualmente, o Código de Defesa do Consumidor se coloca em posição oposta, reconhecendo que as partes são desiguais. Tratá-las igualmente seria a perpetuação da desigualdade. A vulnerabilidade do consumidor é evidente, e sentida há muitos séculos, como procuramos demonstrar no início deste livro. Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existências dignas, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: V - defesa do consumidor; Art. 1°, CDC- O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias. Art.48 ADCT- O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade...... Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: I - Reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo; 3-P. da boa-fé Após o advento do Código do Consumidor e do Código Civil de 2002, objetivou-se a boa-fé, que se transformou em dever jurídico, regra obrigatória de conduta, e não apenas uma exortação ética. Para se ter ideia da evolução do conceito, basta dizer que a boa-fé se inseriu no novo Código Civil, assumindo três funções fundamentais, que também estão presentes no Código do Consumidor, como a seguir se verá. A primeira é hermenêutica, a que se refere o artigo 113 do Código Civil, segundo o qual a interpretação dos negócios jurídicos se fará pelas regras da boa- fé e dos costumes do lugar da celebração. A segunda é contratual, que representa regra de conduta obrigatória para as partes, a ser cumprida em todo e qualquer contrato, e em todas as suas fases. É o que se depreende da leitura do artigo 422 do Código Civil. E na terceira, a boa-fé assume o papel de força equilibradora da equação econômica dos negócios jurídicos, como se anuncia no artigo 478 do mesmo Código, que trata da resolução dos contratos por onerosidade excessiva. Ao elencar as cláusulas abusivas, em seu artigo 51, o Código nelas inclui, no inciso IV, as que estabeleçam obrigações consideradas iníquas e que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé e equidade. 4- P. da transparência o dever de informar, que recai sobre os ombros dos fornecedores, para que os consumidores possam decidir, com segurança e pleno conhecimento, se lhes interessa, ou não, celebrar o contrato e quais os riscos que está disposto a suportar. Já no artigo 4º, antes referido, que trata da Política Nacional de Consumo, faz-se referência expressa à transparência e harmonia que devem presidir as relações de consumo. A publicidade, a que alude o artigo 36, deve ser veiculada de tal forma que o consumidor possa fácil e imediatamente a identificar como tal, o que significa a transparência da mensagem. E diante da possibilidade de o fornecedor malicioso violar o dever de transparência, redigindo cláusulas nebulosas, reticentes, sibilinas, o melhor antídoto fornecido pelo Código está em seu art. 47, segundo o qual as cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. 5- P. da informação No art. 6º, entre os direitos básicos do consumidor se incluiu, no inciso III, a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem. Em se tratando de produto industrial, terá que vir acompanhado de impressos apropriados redigidos no idioma nacional. Há produtos que trazem riscos inerentes de dano a quem os utiliza, como defensivos agrícolas, armas, facas, serras elétricas e muitos outros. Nestes casos, em que o consumidor ficava entregue à própria sorte, terá agora o fornecedor, de maneira Art 4°, III - harmonização dos interesses dos participantes das relações de consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170, da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas relações entre consumidores e fornecedores; Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os seguintes princípios: ostensiva e adequada, que informar a respeito de sua nocividade ou periculosidade. Aliás, convém lembrar que a informação inadequada ou incompleta se equipara à vício do produto ou do serviço, gerando responsabilidade civil do fornecedor. 6-P da segurança Não se permite, sob pena de severas sanções, que alguém coloque no mercado produtos e serviços defeituosos ou perigosos. Aqueles que trazem risco inerente, como antes anotado, deverão conter a informação adequada e completa quanto a ele e a maneira de evitá-lo ou minimizá-lo. 7- P. da confiança O consumidor confia que o produto ou o serviço que lhe são oferecidos são seguros e correspondem à qualidade descrita pelo fornecedor. Confia que as informações que lhe foram prestadas são verdadeiras, completas e adequadas, e que, se apesar disso, sobrevier um dano, ele será integralmente reparado. É a confiança que confere credibilidade ao mercado de consumo, incentivando e aquecendo a demanda. Ninguém se disporia a adquirir um produto, ou contratar um serviço, se suspeitasse não serem verdadeiras as informações do fornecedor, ou que tivesse ele algumdefeito. 8- P. da equidade Segundo o artigo 7º, os direitos previstos no Código não excluem outros, especialmente os que derivem dos princípios gerais de direito, analogia, costumes e equidade, ou seja o CDC anda junto com os outros códigos. No artigo 51, inciso IV, considera-se abusiva e, consequentemente, nula a cláusula que estabelece obrigações consideradas iníquas e que sejam incompatíveis com a equidade e boa-fé. Relação jurídica de consumo Consumidor Como interpretar o que será um destinatário final, o que é absolutamente necessário para identificar uma relação jurídica subsumida ao regime do Código do Consumidor? Existem duas teorias: 1- Teoria maximalista ou objetiva destinatário final deve ser interpretada da maneira mais ampla, bastando que a pessoa, natural ou jurídica, que adquire o produto ou contrata o serviço os retire da cadeia de produção em que estavam inseridos Ex:O comerciante de eletrodomésticos que adquire geladeiras ou televisores, do fabricante, para vendê-los, em sua loja, não será um destinatário final, pois, embora tenha retirado os produtos da cadeia de produção, não os excluiu também da cadeia econômica. Mas o advogado que compra livros jurídicos para melhor desempenhar sua atividade profissional será um destinatário final, assim como o médico que adquire instrumentos cirúrgicos, necessários às cirurgias que irá realizar. 2- Teoria finalista ou subjetiva onde qualquer pessoa que adquiriu ou consumiu o produto é considerada consumidor Corrente finalista mitigada ou temperada? O entendimento atual, adotado pelo STJ, que admite a incidência das regras do Código do Consumidor para pequenas empresas ou profissionais liberais, que se encontram em Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo. situação de vulnerabilidade, como já tínhamos ressalvado acima. Consumidor por equiparação É a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja participado das relações de consumo. Equiparam-se, assim, aos consumidores todas as vítimas dos fatos do consumo, ou seja, dos danos por eles causados (artigo 17), assim como as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas (artigo 29). Fornecedor A pessoa jurídica pode ser pública ou privada, o que confirma que também se considera o Estado como um dos maiores prestadores de serviços, e que não poderia se alforriar das obrigações e responsabilidades impostas pelo Código. Alude, ainda, o art. 3º aos entes despersonalizados, também denominados pessoas formais, e que não ostentam personalidade jurídica, embora sejam dotadas de legitimidade ad causam e ad processum, como são os exemplos da família, da massa falida, do condomínio, do espólio ou dos grupos de consórcio. Ex: Camelôs, Estes entes, acima referidos, não adquirem personalidade própria ou autônoma, ou porque não reúnem os pressupostos legais para se constituírem, como é o caso das chamadas sociedades de fato, ou porque lhes falta a affectio societatis, que é o amálgama formador da personalidade jurídica. Atividades exercidas pelo fornecedor: Produção: é entendida como a atividade genérica que cria um produto Montagem: representa, apenas, a sua conclusão, com a colocação final de suas peças ou componentes, para realizar o todo. A referência à construção: está mais ligada à realização de obras, tal como acontece na incorporação imobiliária ou a empreitada. Transformação: é conceito ainda mais restrito, significando a criação de um produto novo que surge de outro antes existente, tal como acontece na confusão, comistão ou adjunção. A distribuição: é resultado da massificação da produção e do consumo. Obs: Nem todo empresário é fornecedor, pois fornecedor pode ser um ente despersonalizado. Os objetos da relação de consumo São os produtos e serviços Na compreensão popular produto é tudo que resulta do processo de produção ou fabricação, mas também no conceito técnico devem ser incluídos os de natureza agrícola, desde que tenham sofrido transformação em decorrência do trabalho humano ou mecânico. Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Prévio conhecimento do conteúdo do contrato Tem uma clausula que possibilite dupla interpretação, então vai ser a interpretação mais favorável ao consumidor. 1-Princípio da autonomia privada ou autonomia da vontade Deve ser livre a vontade de contratar, não se pode ter vicio e nem coação ao pactuar 2- Princípio da equivalência material Ambas as partes são iguais 3- Principio da força obrigatória do contrato Pacta sunt servanda- O contrato faz lei entre as partes. 4-Princípio da relatividade dos efeitos do contrato Contrato só gera obrigação para as pessoas que assinam o contrato. Exceção: Estipulação em favor de terceiro, pois nele se pode fazer um contrato onde se estabelece vantagem para outa pessoa. EX: Um contrato de seguro de vida. 5- Princípio da função social O contrato segue as regras gerais da função social 6- Principio da boa-fé objetiva Art. 46, CDC- Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. 422, “Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé Classisifcação dos contratos 1- Bilaterais e unilaterais Unilateral: consiste no contrato em que só uma da parte tem a obrigação, enquanto a outra apenas concorda com os termos, como no caso do contrato de doação pura. Bilateral: é o contrato no qual há prestação e contraprestação estipulada entre as partes, como no contrato de compra e venda. 2- Quanto a onerosidade : Onerosos e Gratuitos Gratuito: dá-se quando apenas uma das partes tem vantagem em razão da manifestação de vontade da outra parte, como o contrato de mútuo simples (empréstimo de bem fungível). Oneroso comutativo: configura-se pela prestação mútua e já estabelecidas consequências do cumprimento ou não do contrato, tendo cada parte uma obrigação para com a outra já determinada. 3- Quando a forma: Consensuais e Reais Reais: são contratos em que só serão considerados firmados com da entrega da coisa objeto do negócio jurídico, como no contrato de mútuo. Consensual: são aqueles contratos que se consideram formados pela simples oferta e aceitação. 4- Comutativos e Aleatórios comutativo - sabe se os efeitos do contrato desde o momento da assinatura até sua conclusão final. Aleatório vem de álea = sorte ou incerteza. Direitos básicos do consumidor Como é possível perceber,a proteção ao consumidor, parte mais fraca das relações jurídicas de consumo, é um comando constitucional, ou seja, o constituinte, diante das contumazes e ilimitadas violações aos direitos dos consumidores, dispôs que é dever do Estado promover a sua defesa, e que este é um princípio da ordem econômica e, como tal, cabia ao Congresso Nacional elaborar um Código que satisfizesse integralmente estas necessidades. o art. 5º, XXXII, que dispõe que o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; o art. 170, V, que reza que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre-iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: [...] defesa do consumidor; e o art. 48 do Ato Disposições Constitucionais Transitórias, que prevê que o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor. Direitos básicos em espécie 1- Proteção da vida, saúde e segurança do consumidor O direito à proteção da vida, saúde e segurança do consumidor tem, inequivocamente, como objetivo o resguardo da sua incolumidade física em face de riscos provocados por produtos ou serviços, especialmente aqueles considerados perigosos ou nocivos. impõe-se aos fornecedores o dever de zelar pela segurança dos consumidores, adotando diversas medidas que assegurem a máxima proteção à vida, saúde e segurança destes, como, por exemplo, fazendo alertas nos rótulos, nas embalagens, nas propagandas e em todos os demais meios capazes de informar aos consumidores dos riscos a que eles estão sujeitos caso seja inobservado o dever de segurança pelos fornecedores, responderão eles objetivamente pelos danos que causarem. Modernamente, tem sustentado a doutrina que a responsabilidade dos fornecedores se fundamenta na teoria da qualidade, a qual exige dos produtos e serviços uma qualidade-adequação e uma qualidade-segurança, pelo o que se vislumbrariam duas espécies de vício: o de qualidade por inadequação e o de qualidade por insegurança 2- Educação acerca do adequado consumo e liberdade de escolha e igualdade de contratação O segundo direito básico do consumidor explicitado no diploma consumerista é aquele que assegura a liberdade de escolha e igualdade na contratação, mediante a educação e divulgação acerca do consumo adequado dos produtos e serviços. Nesta, devem as pessoas aprender as noções fundamentais do que é ser um cidadão, aí englobando os seus direitos e deveres básicos. Trata-se, pois, de um dever também imposto ao Estado.14 Assim, compete a todos os agentes, sejam eles públicos ou privados, transmitir às pessoas essas noções. Especificamente no campo do direito do consumidor, cabe ao Estado e aos fornecedores, por meio de campanhas e propagandas educativas, informar e explicitar sobre o adequado consumo de produtos e serviços, possibilitando aos consumidores exercer livremente o seu poder de escolha e decisão acerca da necessidade e da utilidade de se consumir, ou não, determinado produto ou serviço. Por fim, o art. 6o, II, do CDC prevê, ainda, o direito básico à igualdade nas contratações, assegurando a proibição de práticas discriminatórias ao consumidor, no tocante, por exemplo, à sua idade, cor, condição social, crença religiosa e, até, opção sexual. Isso significa que um consumidor, no momento de contratar, não pode sofrer discriminações, ou seja, não pode receber tratamento diferenciado sem uma causa jurídica que a justifique, pelo simples fato de ter, por exemplo, mais ou menos idade, ou esta ou aquela cor de pele. 3- Informação clara e transparente sobre produtos e serviços Trata-se de direito que decorre da boa-fé, princípio que deve nortear todas as relações, sejam elas jurídicas ou não. A boa-fé, outrora subjetiva, e agora objetiva, ao contrário do que muitos pensam, não é uma inovação do Código de Defesa do Consumidor. Esses deveres anexos, exemplificativamente, são os deveres de informação, de transparência, de lealdade, de cooperação, de cuidado, de sigilo e de não concorrência desleal, e sua não observância consiste naquilo que a doutrina convencionou chamar de violação positiva do contrato, ou cumprimento defeituoso ou imperfeito. Um terceiro e não menos importante exemplo é aquele especificamente dirigido aos contratos de concessão de crédito e financiamento. Nesses casos, o consumidor se encontra em posição ainda maior de desvantagem, e isso porque, necessitando de dinheiro – bem inequivocamente essencial para a sobrevivência da pessoa –, recorre aos comerciantes do crédito e, muitas vezes, dada a sua necessidade, acaba se sujeitando a inúmeras condições degradantes. Por essa razão, impõe o art. 52 do diploma consumerista que o fornecedor informe, prévia e adequadamente, sobre o preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional, o montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros, os acréscimos legalmente previstos, o número e periodicidade das prestações, e a soma total a pagar, com e sem financiamento. Art 6°, III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 4- Proteção contra publicidade enganosa e abusiva e contra praticas ou clausulas abusivas Nesse dispositivo o legislador trouxe inúmeros direitos do consumidor, notadamente aqueles que visam protegê-lo de práticas enganosas e abusivas que viciem a sua liberdade de escolha e decisão na compra de bens, bem como daquelas cláusulas contratuais que submetam o consumidor a uma condição de desproporcional desvantagem, lesando-o em benefício dos fornecedores. Publicidade enganosa: A publicidade enganosa é aquela que, nos termos do § 1° do art. 37 do Código de Defesa do Consumidor, contém informação falsa, seja total, seja parcialmente, ou que, de qualquer forma, induza o consumidor a erro. Publicidade abusiva É discriminatória ou incita à violência, explora o medo ou a superstição, aproveita-se da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa a sua saúde ou segurança. 5- Reequilíbrio econômico-financeiro do contrato Por essa razão, o Código de Defesa do Consumidor, em seu artigo 6º, V, assegura às partes, por meio do Poder Judiciário, pelo dirigismo contratual – que nada mais é do que a intervenção do Estado nos contratos – a modificação de cláusulas que, em seu nascedouro, já estabeleçam prestações desproporcionais, e a revisão daquelas que, no decorrer da relação, por fatos supervenientes, o tornem excessivamente oneroso. Lesão A lesão é tratada no Código Civil, em seu art. 157, como um defeito do negócio jurídico que leva à sua invalidação. Segundo o mencionado dispositivo, ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Onerosidade excessiva No tocante à onerosidade excessiva, é ela também prevista no Código Civil em seu art. 478, o qual prevê que nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. 6- Reparação integral dos danos Art. 37. É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráterpublicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; 7- Acesso aos órgãos judiciários e administrativos 8- Facilitação da defesa de seus direitos na esfera judicial, inclusive com a inversão do ônus da prova Consiste ele, em verdade, na garantia constitucional que assegura às partes o direito de influenciar no resultado da demanda, ou seja, é por meio do contraditório que a parte, tendo conhecimento dos fatos processuais, poderá agir, ou até quedar-se inerte, alterando o seu resultado, ou permitindo que o resultado do processo seja o mesmo daquele já previsto. 9- Adequada e eficaz prestação de serviços públicos VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Art 7°, Parágrafo único. Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo. Dos produtos e serviços e da responsabilidade pelo fato e pelo vicio do produto e do serviço A responsabilidade civil pressupõe um dano causado a terceiros, resultado da violação ao Direito, e que tem como consequência a obrigação de se reparar. Por estar no âmbito das relações privadas, tal responsabilidade refere-se à ofensa a um interesse particular. Deste modo, a reparação tem cunho patrimonial e visa à restituição do equilíbrio entre as partes envolvidas. A responsabilidade civil surge, então, para restabelecer a harmonia e o equilíbrio violados pelo dano. A responsabilidade é o dever jurídico de reparação do dano sofrido pelo seu responsável direto ou indireto. Tem como objetivo, portanto, garantir o direito do ofendido, a partir do ressarcimento do dano por ele sofrido, além de funcionar como sanção civil, pois é decorrente da ofensa a uma norma jurídica. Importante destacar que antes mesmo do advento no Código Civil de 2002, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) já havia adotado como regra nas relações consumeristas a responsabilidade civil objetiva, dispensando a concepção de culpa como pressuposto para a sua configuração. Vigora no Direito do Consumidor, portanto, a teoria do risco, apoiando-se na máxima de que o dever de indenização surge de qualquer lesão sofrida pelo consumidor, independente de culpa do fornecedor. A responsabilidade surge exclusivamente do nexo de causalidade existente entre o consumidor, o produto e/ou serviço e o dano, ressalvadas as hipóteses de exclusão da responsabilidade previstas na própria legislação especial. Exceção a essa regra é a responsabilidade do profissional liberal, por falhas na prestação de serviço, que será apurada mediante a verificação de culpa, conforme dispõe o art. 14, §4º do CDC. Nessa situação, a responsabilidade é subjetiva e não segue as mesmas regras das demais relações de consumo. Ex. a pessoa sofre um dano dentro de um hospital praticada por um medico, a responsabilidade do hospital é objetiva, logo você vai ver a conduta do medico/hospital, o dano que você sofreu e correlação entre eles. Intensificado esses 3 elementos terá a responsabilidade objetiva. O que tange o médico a responsabilidade é subjetiva, além de analisar esses 3 elementos tem que analisar a culpa. (negligencia/imprudência/imperícia) depois de analisar os elementos ai terá a responsabilidade do medico. OBS: analisar os casos isoladamente. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. § 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Os elementos a serem comprovados na responsabilidade objetiva nos termos do Código de Defesa do Consumidor são: →Defeito ou vício do produto ou serviço; →Evento danoso (eventus damni) ou prejuízo causado ao consumidor; →Relação de causalidade entre o defeito/vício e o evento danoso/prejuízo. Quanto à responsabilidade civil no ordenamento brasileiro temos o art. 186 do CC: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. No sistema jurídico brasileiro, quanto à responsabilidade civil, faz-se necessário que fique provada a culpa do agente, a fim de que o mesmo tenha que ressarcir pelos prejuízos causados. Daí diz-se que esta responsabilidade civil é subjetiva. Pelo art. 927 do CC, tal responsabilidade impõe que aquele que causou o dano tem o dever de repará- lo: Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar dano a outrem, fica obrigado a repará- lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos, especificados em lei, ou quando a atividade desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Para a caracterização da responsabilidade civil é imprescindível a prova da culpa, exceto quando houver disposição legal permitindo a responsabilização objetiva, conforme afirma Venosa (2003, p. 16): “[...] a teoria da responsabilidade objetiva não pode, portanto, ser admitida como regra geral, mas somente nos casos 2 CDC, “Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem independentemente da existência de culpa pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadassobre sua utilização e riscos. § 1º O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I – sua apresentação; II – o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III – a época em que foi colocado em circulação.” 3 CDC, Dois modelos de responsabilidade a) Por vícios de qualidade ou quantidade dos produtos ou serviços b) Por danos causados aos consumidores, como acidentes de consumo Exemplo: Se um consumidor adquire um veículo que apresenta um defeito no sistema de freios, a revendedora do veículo, na qualidade de fornecedora imediata, é Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. § 1° O produto é defeituoso quando não oferece a segurança que dele legitimamente se espera, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - sua apresentação; II - o uso e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi colocado em circulação. responsável pela reparação do vício, sujeitando-se, se não o fizer, às sanções previstas no § 1º do art. 18 do CDC (substituição do produto, restituição da quantia paga ou abatimento do preço). Nesse caso, o Código faz alusão à responsabilidade por vícios do produto. No entanto, se em razão do aludido vício o consumidor atropela uma pessoa, provoca uma colisão ou danifica um imóvel, diríamos que o vício suscitou um dano, isto é, prejudicou terceiros, e, assim sendo, o fabricante do veículo, não mais o comerciante, nos termos do art. 12 do CDC, é que deverá reparar os danos materiais e morais sofridos pelo consumidor. Responsabilidade objetiva O esquema clássico da responsabilidade civil por danos está sujeito ao temperamento do art. 186 do Código Civil, fundado na configuração da culpa em sentido subjetivo. O dano causado só é indenizável quando o agente age com negligência ou imprudência. Responsáveis pelas perdas e danos Art 12 ° do CDC- O dispositivo – segundo a doutrina corrente e na esteira das normas previstas na Diretiva nº 374/85 – contempla as três categorias clássicas de fornecedores: a) o fornecedor real: compreendendo o fabricante, o produtor e o construtor; b) o fornecedor: presumido, assim entendido o importador de produto industrializado ou in natura; c)o fornecedor aparente, ou seja, aquele que apõe seu nome ou marca no produto final Modalidades de defeitos dos produtos a) defeito de concepção, também designado de criação, envolvendo os vícios de projeto, formulação, inclusive design dos produtos; b) defeito de produção, também denominado fabricação, envolvendo os vícios de fabricação, construção, montagem, manipulação e acondicionamento dos produtos; c) defeito de informação ou de comercialização, que envolve a apresentação, informação insuficiente ou inadequada, inclusive a publicidade, elemento faltante no elenco do art. 12. Inovações tecnologias Causas excludentes Inciso I exemplo: seriam aqueles relacionados com o furto ou roubo de produto defeituoso estocado no estabelecimento, ou com a usurpação do nome, marca ou signo distintivo, cuidando-se, nesta última hipótese, da falsificação do produto. § 2º O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ter sido colocado no mercado. § 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar: I - que não colocou o produto no mercado; II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste; III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. Art. 13. O comerciante é igualmente responsável, nos termos do artigo anterior, quando: I - o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não puderem ser identificados; II - o produto for fornecido sem identificação clara do seu fabricante, produtor, construtor ou importador; III - não conservar adequadamente os produtos perecíveis. O art 14 é diferente do art 12, pois no 14 diz respeito aos serviços Mutatis mutandis, valem as considerações já feitas no sentido de que a responsabilidade se aperfeiçoa mediante o concurso de três pressupostos: a) defeito do serviço; b) evento danoso; e c) relação de causalidade entre o defeito do serviço e o dano. Dentre os acidentes de consumo mais frequentes nesta sede, podemos arrolar: -defeito nos serviços relativos a veículos automotores; -defeito nos serviços de guarda e estacionamento de veículos; -defeito nos serviços de hotelaria; -defeito nos serviços de comunicação e transmissão de energia elétrica. Serviço defeituoso O serviço presume-se defeituoso quando é mal apresentado ao público consumidor (inc. I), quando sua fruição é capaz de suscitar riscos acima do nível de razoável expectativa (inc. II), bem como quando, em razão do decurso do tempo, desde a sua prestação, é de se supor que não ostente sinais de envelhecimento (inc. III). Profissionais liberais Advogados, médicos e outros prestadores de serviços solitários, só será responsabilizado quando mostrada a sua imprudência, imperícia ou negligência Parágrafo único. Aquele que efetivar o pagamento ao prejudicado poderá exercer o direito de regresso contra os demais responsáveis, segundo sua participação na causação do evento danoso. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. § 1° O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes, entre as quais: I - o modo de seu fornecimento; II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam; III - a época em que foi fornecido. § 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro. § 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa. Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam- se aos consumidores todas as vítimas do evento. Responsabilidade por vício do produto ou defeito Redução ou ampliação do prazo de saneamento No entanto, deverá tomar o cuidado de não deixar que se escoem os prazos decadenciais previstos no art. 26, a saber: - 30 dias, tratando-se do fornecimento de produtos não duráveis; - 90 dias, tratando-se do fornecimento de produtos duráveis. Imediatização das reparações Se não for possível a substituição do bem de mesma espécie? Produtos IN NATURA Entende-se por produto in natura o produto agrícola ou pastoril, colocado no mercado de consumo sem sofrer qualquer processo de industrialização, muito embora possa ter sua apresentação alterada em função de embalagem ou acondicionamento. § 6° São impróprios ao uso e consumo: I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos,fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação; Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor. § 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial. § 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo. § 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor. III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Vícios de quantidade permite ao consumidor, diante do vício de quantidade, substituir o produto viciado por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço. Ex: os feirantes são fornecedores imediatos Vícios de serviço Reexecução por terceiros Consertos e reparações Se não o fizer, ficará caracterizada não só a impropriedade do serviço prestado, como também a inadequação da peça utilizada como componente do produto final, rendendo ensejo à aplicação das sanções previstas nos arts. 18 ou 20, com vistas à reposição da peça ou reexecução do serviço prestado. Mas o consumidor, por medida de economia, poderá autorizar, expressamente, a reutilização de componentes, afastando a incidência desta norma. Art. 19. Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - o abatimento proporcional do preço; II - complementação do peso ou medida; III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo, sem os aludidos vícios; IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos. § 1° Aplica-se a este artigo o disposto no § 4° do artigo anterior. § 2° O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais. Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível; II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III - o abatimento proporcional do preço. § 1° A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente capacitados, por conta e risco do fornecedor. Art. 21. No fornecimento de serviços que tenham por objetivo a reparação de qualquer produto considerar-se-á implícita a obrigação do fornecedor de empregar componentes de reposição originais adequados e novos, ou que mantenham as especificações técnicas do fabricante, salvo, quanto a estes últimos, autorização em contrário do consumidor. Responsabilidade do poder público O art. 22 faz remissão às empresas – rectius empresas públicas – concessionárias de serviços públicos, entes administrativos com personalidade de Direito Privado, mas por extensão é aplicável às sociedades de economia mista, fundações e autarquias, posto que omitidas, sempre que prestarem serviços públicos. Ignorância dos vícios Na ordem civil, o alienante está de boa—fé quando ignora o vício ou o defeito que afeta a coisa alienada. Caracteriza-se a má-fé quando tem conhecimento do defeito oculto. Numa e noutra hipótese, a sanção é diversa, pois, se está de boa-fé, restituirá somente o valor recebido, mais as despesas contratuais. Do contrário, deverá restituir o valor recebido, com perdas e danos (cf. art. 443 do Código Civil). Garantia de boa qualidade Esse dever jurídico implica – do ponto de vista do consumidor – a garantia de adequação do produto ou serviço que, nos termos do art. 24, independe de termo expresso, pois decorre do magistério da lei. Cláusulas de exoneração As estipulações exonerativas são mais frequentes nas hipóteses de fornecimento de serviços. As empresas de guarda e estacionamento de veículos costumam advertir seus usuários de que não se responsabilizam pelos valores ou objetos pessoais deixados no interior dos respectivos veículos. Todos os envolvidos são solidários para a ocorrência do dano Danos Danos materiais – são os prejuízos reais que você sofre. Restabelecimento/ ressarcimento. Reparação daquilo que tinha. Ex.: Comprou um carro para andar com taxista, pago 50mil, um desavisado bate no meu carro, levo para o concerto e dar 20mil para concerto. Esse é meu prejuízo, meu dano real. Dano moral - abalos psicológicos – será discutido em juízo. tem aspecto de compensar . Compensar o prejuízo causado. Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos. Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código. Art. 23. A ignorância do fornecedor sobre os vícios de qualidade por inadequação dos produtos e serviços não o exime de responsabilidade Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor. Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite, exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.§ 1° Havendo mais de um responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela reparação prevista nesta e nas seções anteriores. § 2° Sendo o dano causado por componente ou peça incorporada ao produto ou serviço, são responsáveis solidários seu fabricante, construtor ou importador e o que realizou a incorporação. Lucro cessante- lucros que deixo de ganhar em decorrência do ato ilícito praticado. Ex.: tua renda é o taxi, o carro ficara 20 dias na oficina, pega a media dos meses que ganho calcula a media que ganha a diária. Danos emergentes – diminuição no teu patrimônio decorrente ao ato ilícito. Ex.: Depois que um carro é batido e concertado ele perdeu o valor para revenda. Danos por ricochete – São prejuízos causados a terceiros estranhos a relação jurídica. Ex.: bateu no meu carro e eu acabei batendo em outro carro. Ex²: uma mulher gravida é abusada por seu gerente o que acaba ocorrendo a perda do bebe, o pai da criança pode entrar em ação pois também sofreu o prejuízo. Decadência e prescrição Exceção: Súmula 477 do STJ, que dispõe: “A decadência do art. 26 do CDC não é aplicável à prestação de contas para obter esclarecimentos sobre cobrança de taxas, tarifas e encargos bancários”. Termo inicial de decadência Vícios ocultos e decadência Vício oculto, a contrário sensu, é aquele que não se visualiza de pronto e, portanto, de difícil constatação (v.ġ., o defeito no sistema elétrico de qualquer aparelho ou máquina industrial). Causa obstativas Causas suspensivas são aquelas que sobrevêm e paralisam o tempo decorrido si et in quantum, isto é, enquanto perduram os seus efeitos. Terminada a suspensão, o prazo retoma o seu curso, com aproveitamento do tempo anteriormente decorrido. As causas interruptivas, quando se instalam, inutilizam todo o tempo anteriormente decorrido, de tal sorte que, verificado o evento interruptivo, a decadência recomeça a fluir, a partir dessa data. Prescrição Art. 26. O direito de reclamar pelos vícios aparentes ou de fácil constatação caduca em: I - trinta dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos não duráveis; II - noventa dias, tratando-se de fornecimento de serviço e de produtos duráveis. § 1° Inicia-se a contagem do prazo decadencial a partir da entrega efetiva do produto ou do término da execução dos serviços. § 3° Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar evidenciado o defeito. § 2° Obstam a decadência: I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca; II - (Vetado). III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento. Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria. Prescrição é a perda de entrar com uma ação, exigir a pretensão Decadência é a perda do direito material Desconsideração da personalidade jurídica A personalidade jurídica como já ressaltei foi criada para satisfazer legítimas necessidades humanas, a pessoa jurídica e o princípio da separação patrimonial a ela inerente, foram, no limiar da história sendo desviados de sua finalidade, possibilitando que, por detrás de sua estrutura, escondessem-se pessoas e patrimônios para fins abusivos e fraudulentos. A desconsideração da personalidade jurídica vale pra mim dentro do “contrato”(ver aula 49:30 min) Ex.: a empresa me causa um dano, entro com processo a empresa alega que está falida, eu peço a desconsideração da personalidade jurídica. Ai vai para o dono ou sócio me ressarci. Ela não ataca o instituto da pessoa jurídica, mas o mal uso que dele se faz. Por isso não se anula a personalidade jurídica, mas, apenas, diante do caso concreto, suspende-se o véu societário para, enxergando-se por detrás do mesmo, atingir os responsáveis por atos abusivos ou fraudulentos. Há duas teorias para desconsideração a) Teoria maior É válida para todas as áreas do direito , precisa demonstra a questão objetiva ,precisa mostrar o Desvio de finalidade e Confusão patrimonial. Característica: abuso de personalidade b) Teoria menor É valido para o CDC. Basta mostra que a empresa não quer pagar. Característica: abuso de poder, personalidade...Art.28, principalmente §5°. Conforme é cediço, a pessoa jurídica é distinta da pessoa dos seus sócios, não apenas no aspecto subjetivo, mas também no tocante à questão patrimonial (aspecto objetivo) segundo a qual os bens da sociedade não se confundem com o patrimônio dos respectivos sócios. Aliás, Hipóteses matérias de incidência Desconsidera quando houver: →Abuso de direito → Excesso de poder →Infração da lei, fato ou ato ilícito →Violação dos estatutos ou contrato social →Falência, estado de insolvência →Inatividade da pessoa jurídica → Quando de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Obs: É uma faculdade do juiz determinar a desconsideração Desconsiderada a pessoa jurídica do fornecedor, quem deverá ser responsabilizado pela reparação dos vícios ou pelo ressarcimento dos prejuízos causados ao consumidor? O §1° que foi vetado, mas pode ser invocado a título de dúvida determina que efetivação da responsabilidade da pessoa jurídica recaia sobre o acionista controlador, o sócio majoritário, os sócios-gerentes, os administradores societários e, no caso de grupo societário, as sociedades que o integram Agrupamentos societários De todo modo, devemos considerar que o grupo de sociedades é constituído pela sociedade controladora e suas controladas, ou seja, por sociedades que detêm o controle acionário, ditas sociedades de comando, e por suas filiadas. o consumidor lesado poderá prosseguir na cobrança contra as demais integrantes, em via subsidiária. Sociedades consorciadas O consórcio, nos termos do art. 278 e segs. da Lei das Sociedades Anônimas, é mera reunião de sociedades que se agrupam para executar um determinado empreendimento. O consórcio não tem personalidade jurídica e, em princípio, as consorciadas somente se obrigam em nome próprio, sem previsão de solidariedade (cf. § 1º do referido diploma). Sociedades coligadas Tratando-se de sociedades que se associam a outras, mas que conservam a respectiva autonomia patrimonial e administrativa, o Código somente admite sua responsabilidade na ocorrência de culpa, vale dizer, em caráter excepcional, quando ficar demonstrado que participaram do evento danoso ou incorreram em vício de qualidade ou quantidade por negligência ou imprudência. Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. § 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 3° As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código. § 4° As sociedades coligadas só responderão por culpa. ReexamePráticas abusivas Condicionamento do fornecimento de produto o fornecedor nega-se a fornecer o produto ou serviço, a não ser que o consumidor concorde em adquirir também um outro produto ou serviço. É a chamada venda casada. A solução também é aplicável aos brindes, promoções e bens com desconto. O consumidor sempre tem o direito de, em desejando, recusar a aquisição quantitativamente casada, desde que pague o preço normal do produto ou serviço, isto é, sem o desconto. Recusa de atendimento à demanda do consumidor Veja-se o caso do consumidor que, a pretexto de ter passado cheque sem fundos em compra anterior, tem a sua demanda, com pagamento à vista, recusada. Ou, ainda, o motorista de táxi que, ao saber da pequena distância da corrida do consumidor, lhe nega o serviço. Fornecimento não solicitado § 5° Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas: I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos; II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes; III - enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço; o consumidor recebe o fornecimento como mera amostra grátis, não cabendo qualquer pagamento ou ressarcimento ao fornecedor, nem mesmo os decorrentes de transporte. Aproveitamento da hipossuficiência do consumidor Exigência de vantagem excessiva basta que o fornecedor, nos atos preparatórios ao contrato, solicite vantagem dessa natureza para que o dispositivo legal tenha aplicação integral. Serviços sem orçamento e autorização do consumidor Se o serviço, não obstante a ausência de aprovação expressa do consumidor, for realizado, aplica-se, por analogia, o disposto no parágrafo único do art. 39, ou seja, o serviço, por não ter sido solicitado, é considerado amostra grátis, uma liberalidade do fornecedor, sem qualquer contraprestação exigida do consumidor. Divulgação de informações negativas sobre consumidor Por exemplo, não é lícito ao fornecedor informar seus companheiros de categoria que o consumidor sustou o protesto de um título, que o consumidor gosta de reclamar da qualidade de produtos e serviços, que o consumidor é membro de uma associação de consumidores ou que já representou ao Ministério Público ou propôs ação. Produtos ou serviços em desacordo com as normas técnicas Recusa de venda direta Elevação de preço sem justa causa- Preço abusivo A regra, então, é que os aumentos de preço devem sempre estar alicerçados em justa causa, vale dizer, não podem ser arbitrários, leoninos ou abusivos. Parágrafo único. Os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento. IV - prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir- lhe seus produtos ou serviços; V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva; VI - executar serviços sem a prévia elaboração de orçamento e autorização expressa do consumidor, ressalvadas as decorrentes de práticas anteriores entre as partes; VII - repassar informação depreciativa, referente a ato praticado pelo consumidor no exercício de seus direitos; VIII - colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou serviço em desacordo com as normas expedidas pelos órgãos oficiais competentes ou, se normas específicas não existirem, pela Associação Brasileira de Normas Técnicas ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro); IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados em leis especiais; X - elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços. Reajuste diverso do previsto em lei ou contrato Inexistência ou deficiência de prazo para o cumprimento da obrigação Basta que se lembrem os casos dos contratos imobiliários em que se fixa um prazo certo para a conclusão das obras a partir do início ou término das fundações. Só que para estes não há qualquer prazo. O dispositivo é claro: todo contrato de consumo deve trazer, necessária e claramente, o prazo de cumprimento das obrigações do fornecedor. Superlotação em estabelecimentos comerciais ou serviços Falta de orçamento como prática abusiva Nenhum serviço pode ser fornecido sem um orçamento prévio; tal já havia sido previsto no art. 39, VI. E não cabe o mero “acerto” verbal, de vez que o dispositivo fala em “entrega” do orçamento ao consumidor. O orçamento deve conter, necessariamente, informações sobre: a) o preço da mão de obra, dos materiais e equipamentos; b) as condições de pagamento; c) a data de início e término do serviço. Validade da proposta de preço Orçamento como verdadeiro contrato Serviços de terceiro Se, ao contrário, o orçamento é omisso a tal respeito, o consumidor, por isso mesmo, não assume qualquer ônus extra, cabendo ao fornecedor principal arcar com os encargos acrescidos XI - Dispositivo incluído pela MPV nº 1.890-67, de 22.10.1999, transformado em inciso XIII, quando da conversão na Lei nº 9.870, de 23.11.1999 XIII - aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido. (Incluído pela Lei nº 9.870, de 23.11.1999) XII - deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigação ou deixar a fixação de seu termo inicial a seu exclusivo critério. XIV - permitir o ingresso em estabelecimentos comerciais ou de serviços de um número maior de consumidores que o fixado pela autoridade administrativa como máximo. Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início e término dos serviços. § 1º Salvo estipulação em contrário, o valor orçado terá validade pelo prazo de dez dias, contado de seu recebimento pelo consumidor. § 2° Uma vez aprovado pelo consumidor, o orçamento obriga os contraentes e somente pode ser alterado mediante livre negociação das partes. § 3° O consumidor não responde por quaisquer ônus ou acréscimos decorrentes da contratação de serviços de terceiros não previstos no orçamento prévio. Tabelamento de preços Preços devem estar tabelados. Duas são as opções do consumidor: a) a restituição da quantia paga em excesso; b) o desfazimento do negócio. Art. 41. No caso de fornecimento de produtos ou de serviços sujeitos ao regime de controle ou de tabelamento de preços, os fornecedores deverão respeitar os limites oficiais sob pena de não o fazendo, responderem pela restituição da quantia recebida em excesso, monetariamente atualizada, podendo o consumidor exigir à sua escolha, o desfazimento do negócio, sem prejuízo de outras sanções cabíveis. Da cobrança dedívidas O consumidor é abordado, das mais variadas formas possíveis, em seu trabalho, residência e lazer. Utiliza-se toda uma série de procedimentos vexatórios, enganosos e molestadores. Seus vizinhos, amigos e colegas de trabalho são incomodados. Não raras vezes vem ele a perder o emprego em face dos transtornos diretos causados aos seus chefes. As humilhações, por sua vez, não têm limites. Perdas e danos Repetição do debito com valor igual ou em dobro + Juros e correções Uma vez que o procedimento do cobrador (o próprio fornecedor ou empresa de cobrança) cause danos ao consumidor, moral ou patrimonial, tem este direito à indenização. É a regra do art. 6º, VII. Identificação do fornecedor Do banco de dados e cadastros de consumidores Os arquivos de consumo – e entre eles, notadamente, os bancos de dados – representam uma das manifestações da sociedade de consumo, isto é, da velocidade que esta imprime nas relações contratuais e econômicas em geral. Melhor dizendo, trata-se, a um só tempo, de manifestação e condicionante da sociedade de consumo, pois é provável que sem tais organismos não teríamos o crédito facilitado e massificado, um dos pilares dessa forma de organização do mercado fragmenta-se em três outros direitos específicos. Tem, portanto, composição tríplice: a) direito de acesso às informações arquivadas; b) direito de acesso às fontes do registro; c) direito de acesso à identificação dos destinatários, isto é, as pessoas, físicas ou jurídicas, comunicadas do conteúdo do assentamento. Linguagem dos arquivos de consumo Exatamente para facilitar seu entendimento pelo consumidor e evitar danos à sua posição no mercado, os arquivos de consumo devem estar redigidos em linguagem transparente e que reflita a realidade exatamente como é, nem mais, nem menos. Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. Parágrafo único. O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável. Art. 42-A. Em todos os documentos de cobrança de débitos apresentados ao consumidor, deverão constar o nome, o endereço e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas – CPF ou no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ do fornecedor do produto ou serviço correspondente. Art. 43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas respectivas fontes. § 1° Os cadastros e dados de consumidores devem ser objetivos, claros, verdadeiros e em linguagem de fácil compreensão, não podendo conter informações negativas referentes a período superior a cinco anos. Comunicação ao consumidor não basta que a anotação seja verdadeira. É preciso comunicá-la ao consumidor, para que ele, ciente da mesma, não passe pela situação vexatória de tomar conhecimento através de terceiro, recusando conceder-lhe, em razão dela, o pretendido crédito. Sanções administrativas São particularmente úteis no controle dos arquivos de consumo a multa, a suspensão do fornecimento do serviço (prestação de informações), a suspensão temporária de atividade e a cassação de licença do estabelecimento ou da atividade. Sanção penal estabelece o art. 72: “Impedir ou dificultar o acesso do consumidor às informações que sobre ele constem em cadastro, banco de dados, fichas ou registros: Pena – Detenção de seis meses a um ano ou multa.” Direito a correção Instrumentos processuais O consumidor negativado tem a seu dispor um leque de opções processuais de defesa, de caráter constitucional e ordinário. Ex: Habeas data e tutela de urgência Arquivos estatais Direito ao acesso de arquivos A divulgação, como já dito, limita-se a estampar alguns dados básicos sobre a conduta do fornecedor. Abrese, então, a possibilidade de consulta à totalidade das informações arquivadas. § 3° O consumidor, sempre que encontrar inexatidão nos seus dados e cadastros, poderá exigir sua imediata correção, devendo o arquivista, no prazo de cinco dias úteis, comunicar a alteração aos eventuais destinatários das informações incorretas. § 2° A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando não solicitada por ele. § 4° Os bancos de dados e cadastros relativos a consumidores, os serviços de proteção ao crédito e congêneres são considerados entidades de caráter público. § 5° Consumada a prescrição relativa à cobrança de débitos do consumidor, não serão fornecidas, pelos respectivos Sistemas de Proteção ao Crédito, quaisquer informações que possam impedir ou dificultar novo acesso ao crédito junto aos fornecedores. § 6º Todas as informações de que trata o caput deste artigo devem ser disponibilizadas em formatos acessíveis, inclusive para a pessoa com deficiência, mediante solicitação do consumidor. Art. 44. Os órgãos públicos de defesa do consumidor manterão cadastros atualizados de reclamações fundamentadas contra fornecedores de produtos e serviços, devendo divulgá-lo pública e anualmente. A divulgação indicará se a reclamação foi atendida ou não pelo fornecedor. § 1° É facultado o acesso às informações lá constantes para orientação e consulta por qualquer interessado. § 2° Aplicam-se a este artigo, no que couber, as mesmas regras enunciadas no artigo anterior e as do parágrafo único do art. 22 deste código. Prazo máximo as informações do cadastro de fornecedores não poderão ser mantidas por “período superior a cinco anos, contado da data da intimação da decisão definitiva Vide art. 43, §1°
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