Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CENTRO UNIVERSITÁRIO SÃO LUCAS DISCIPLINA: DOENÇAS TROPICAIS DOCENTE: Prof. Dr. Rui Rafael Durlacher DISCENTES: Alice Silva, Huda Lima, Luíz Santos, Mônica Neres, Sarah Freire e Thayslane Barbosa. CASO CLÍNICO 1 ALB, masculino, 50 anos, pardo, agricultor, admitido no CEMETRON com história de adenomegalia inguinal bilateral iniciada há 11 meses, seguida de dor e inchaço testicular esquerdo. Há sete meses apresentou adenomegalia generalizada, alguns linfonodos coalescentes, dolorosos. Surgiram também pequenas lesões ulceradas no pé esquerdo e abdome. Foi tratado empiricamente em sua cidade de origem, sem melhora. Progressão do quadro, realizada orquiectomia esquerda 30 dias antes da internação, com resultado histopatológico de processo inflamatório. Encaminhado ao CEMETRON para esclarecimento diagnóstico. Ao exame físico, hipocorado, eupneico. Múltiplos nódulos subcutâneos, fibroelásticos, móveis, alguns fistulizados. Orquiectomia à esquerda, com cicatriz apresentando secreção. Nas extremidades, dor à compressão da ulna esquerda e tuberosidade anterior da tíbia esquerda, com edema em punho esquerdo e calor local. Radiografia de tórax, punhos e joelhos evidenciou infiltrado pulmonar bilateral e lesões líticas em tíbia esquerda e ulna esquerda. Diante desta situação, responda às seguintes questões: 1 – Cite pelo menos três hipóteses diagnósticas para os casos Paracoccidiomicose: (forma crônica – do adulto) Devido ao fato de que o paciente iniciou os sintomas há 11 meses, tendo o surgimento de outros quadros típicos da paracoco como linfonodomegalia, lesões ulceradas, acometimento ósseo, infiltrado pulmonar etc. Além disso, um fato muito importante na anamnese desse paciente é o fato de que ele é agricultor tendo em vista que o grande fator de risco para a aquisição da infecção são as profissões relacionadas ao manejo do solo contaminado com o fungo. Brucelose: Paciente é um trabalhador rural e apresenta infecção sistêmica com diversos espectros clínicos. Tendo em vista que ALB evidencia esplenomegalia, linfadenopatia e edema escrotal. Ademais evidencia esplenomegalia, linfadenopatia, lesões cutâneas e edema escrotal. Como também o envolvimento osteoarticular, sendo complicação mais comum observada em até metade dos casos de Brucelose. Tuberculose: Por causa da presença de nódulos subcutâneos, fibroelásticos e móveis, adenomegalia generalizada, alteração no exame radiológico e apresenta outros órgãos ou tecidos envolvidos, como baço, ossos e órgãos genitais. 2 – Como podemos confirmar ou descartar tais hipóteses? Paracoccidiomicose: confirma-se através do diagnóstico clínico, radiológico, tomografia computarizada e laboratorial, como o micológico por meio de raspado de lesões tegumentares, secreções ganglionares e escarro. Em caso de dúvidas utiliza-se o cultivo do material examinado, a inoculação em animais suscetíveis ou a reação de imunofluorescência, com soros hiperimunes marcados com fluoresceína. Além disso, pode-se realizar o diagnóstico histopatológico que é feito em fragmentos de tecidos biopsiados, corados por HE e prata, que cora a parede de fungos. A avaliação histopatológica permite o diagnóstico de PCM e determinar a gravidade do quadro, em função do tipo de granuloma observado (compacto em pacientes com imunidade celular preservada e frouxo nos que apresentam intenso comprometimento imune celular). E também o diagnóstico sorológico, foram desenvolvidos vários testes sorológicos para detecção de anticorpos anti-P. brasiliensis, tais como a reação de fixação do complemento, a reação de precipitação em tubos, a reação de IDD em gel de ágar, a contraimunoeletroforese (CIE), a reação de imunofluorescência indireta e os métodos imunoenzimáticos. Além destes pode ser feito exames complementares, como exame citológico de escarro e de lavado brônquico, hemograma (a eosinofilia é talvez a alteração hematológica mais característica da PCM), níveis séricos de mucoproteínas, α1-glicoproteína ácida e proteína C. Ademais a eletroforese de proteínas séricas, no qual observa-se diminuição dos níveis de albumina e elevação, muitas vezes intensa, dos níveis da gamaglobulina. Brucelose: pode-se descartar através do diagnóstico clínico, testes laboratoriais e radiológicos. Além disso a cultura, a sorologia ou o ensaio de reação em cadeia da polimerase (PCR). Hemograma completo, velocidade de hemossedimentação (VHS), proteína C-reativa e testes de função hepática. Tuberculose: afasta-se a hipótese por meio da história e exame clinico, exame microscópico direto – baciloscopia direta, teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB), cultura para micobactéria, identificação e teste de sensibilidade. Também pode ser por meio de aspirado por agulha e/ou ressecção ganglionar, para realização de exames bacteriológicos e histopatológicos. Diagnóstico por imagem: radiografia de tórax e tomografia computadorizada de tórax. Mas ainda, o diagnóstico pela prova tuberculínica. CASO CLÍNICO 2 RF, JMS e NC, 34, 45 e 61 anos, todos do sexo masculino, apresentavam no primeiro dia de exame longa história de sintomas (6 a 12 meses). RF relatou tosse produtiva de longo período, dor de cabeça e coreia; JMS relatou perda de peso importante, adenomegalia, paresia e parestesia de membros inferiores e tosse seca; e NC relacionada com tosse seca, lesão oral e hemiparesia direita. Todos os pacientes foram examinados diversas vezes e submetidos a exame clínico e complementar antes de chegarem ao CEMETRON. Após chegada ao centro de referência estadual, as imagens tomográficas evidenciaram lesões pseudotumorais hipodensas de diferentes tamanhos, proporcionais aos sintomas no cerebelo e hemisfério cerebral parietal com efeito de massa e edema perifocal. Os pacientes se recuperaram dos sintomas sistêmicos e neurológicos dentro de dois meses de tratamento específico. Os casos estão sendo conduzidos em consultas ambulatoriais com melhora clínica e tomográfica significativa. Diante desta situação, responda às seguintes questões: 1 – Cite pelo menos três hipóteses diagnósticas para os casos Paracoccidioidomicose disseminada; Tuberculose extrapulmonar, Sarcoidose disseminada e Histoplasmose disseminada progressiva; Toxoplasmose disseminada; Neurocisticercose. 2 – Como podemos confirmar ou descartar tais hipóteses? As quatro primeiras hipóteses diagnósticas elencadas possuem grande semelhança de manifestações clínicas, configurando-se, portanto, como diagnósticos diferenciais para os sintomas apresentados. Por serem doenças sistêmicas que inicialmente acometem os pulmões e vias respiratórias, é justificável a tosse seca nos pacientes, além disso, verifica-se longo histórico de sintomas dos três pacientes que sugere uma imunodeficiência e consequentemente um estágio crônico, pode-se citar também as dores de cabeça que são comuns aos três diagnósticos, bem como a adenomegalia, pois, por se tratar de uma infecção por micro-organismos, estão sujeitos aos processos inflamatórios e desencadeamento do aumento dos linfonodos, lesões cutâneas e orais também são comuns, principalmente em indivíduos imunossuprimidos, além disso, os três pacientes também apresentam sintomas neurológicos, que são agravamentos possíveis para essas quatro patologias. Contudo, nos agravamentos neurológicos da histoplasmose não se evidenciam lesões pseudotumorais, diferentemente dos casos de Tuberculose, Sarcoidose e Paracoccidioidomicose, que podem cursar com aparecimento de granulomas e consequente aumento da pressão intracraniana e deficiências motoras e sensitivas sistêmicas. Não obstante, é interessante pontuar a ocorrência de Síndrome de Guillain Barré causada a partir da infecção por Mycobacterium tuberculosis, que se caracteriza por déficits motores, abolição de reflexos profundos, parestesia e alterações discretasda sensibilidade, entretanto, a presença de granulomas presentes tanto pela Paracoccidioidomicose quanto pela Tuberculose e Sarcoidose também podem cursar com deficits motores e sensitivos, sendo os resultados laboratoriais o critério padrão para diagnostico correto. A hipótese de toxoplasmose é levada em consideração também supondo-se uma imunodeficiencia nos três pacientes, visto que em pessoas imunocompetentes raramente se apresentará um quadro de neurotoxoplasmose e a disseminação da mesma nos outros sistemas do corpo como o respiratorio e as cadeias linfáticas. A toxoplasmose acometendo o sistema neurologico levará ao aparecimento de lesões intracranianas maciças e encefalite, cursando com cefaleia, febre e, algumas vezes, deficits neurológicos focais, com perda motora ou sensorial, paralisia de par craniano, dentre outro sintomas, encaixando-se no perfil sintomatológico dos pacientes apresentados. Não obstante, a Toxoplasmose disseminadas também pode evoluir com pneumonite, que pode progredir rapidamente para consolidação e provocar insuficiência respiratória, o que explicaria também os sintomas respiratórios dos paciente. Diante do achado de lesões pseudotumorais pode-se também levantar a hipótese de que os paciente apresentem neurocisticercose, levando-se em consideração a condição socioeconomica e fazendo uma análise dos hábitos alimentares dos pacientes esse quadro pode ser levado também em consideração, visto que a presença dos cistos no cérebro pode cursar com processo inflamatório que gere aumento da pressão intracraniana e consequentes deficits neurológicos. A partir das suposições a cima, os pacientes devem ser submetidos a testes e exames para conclusão do diagnóstico, sendo os seguintes indicados abaixo: Histoplasmose – histopatologia e culturas; teste de antígeno. Tuberculose – coloração álcool-ácido resistente, análise microscópica e cultura micobacteriana das amostras de secreções e tecidos e, quando disponível, testes baseados em ácido nucleico; Teste cutâneo tuberculínico (PPD) e ensaio de liberação de interferon gama (IGRA). Sarcoidose – biópsia; exclusão de outras doenças granulomatosas. Paracoccidioidomicose – micológico direto; cultura e/ou histopatologia. Toxoplasmose – exames sorológicos; no comprometimento do sistema nervoso central, TC ou ressonância magnética (RM) e punção lombar; avaliação histopatológica das biópsias; ensaios baseados em PCR do sangue, líquor e tecido. Neurocisticercose – testes sorológicos no líquor e no soro e, ocasionalmente, biópsia do cisto. CASO CLÍNICO 3 JAO, 54 anos, agricultor, tabagista, natural da Bahia, procedente da zona rural do município de Porto Velho. Foi admitido apresentando adenomegalia cervical há oito anos, com fistulização há 6 meses e piora do quadro, apresentando tosse, lombalgia intensa e passando a deambular com dificuldade uma semana antes da internação. Ao exame físico evidenciou-se presença de adenomegalia com fistulização em região cervical bilateral, submandibular, axilar bilateral e inguinal direita, com presença de secreção serossanguinolenta. O paciente evoluiu com dificuldade de extensão de membro inferior direito passando a adotar posição antálgica. Foi realizada ressonância magnética que evidenciou múltiplas coleções no músculo psoas à direita. Paciente foi submetido à drenagem do abscesso. Diante desta situação, responda às seguintes questões: Diante desta situação, responda às seguintes questões: 1 – Cite pelo menos três hipóteses diagnósticas para os casos Tuberculose extrapulmonar: Os sinais padrões são variados e depende do órgão acometido, podendo afetar os gânglios ou a pleura, por exemplo. Sendo frequente a associação da tuberculose extrapulmonar à pulmonar. Como o paciente apresenta tosse e adenomegalia cervical, axilar e inguinal, poderia suspeitar de tal patologia. Paracoccidioidomicose: Pode se suspeitar dessa patologia devido o paciente ser agricultor e apresentar tosse e adenomegalia com fistulização, além de múltiplas coleções no músculo psoa. Toxoplasmose: A presença clínica de linfonodomegalia cervical é típica da toxoplasmose ganglionar, e pode persistir por muitos meses sem manifestar outros sintomas ou sinais da doença. 2 – Como podemos confirmar ou descartar tais hipóteses? Adenomegalia cervical: tuberculose extrapulmonar, paracoco, toxoplasmose. Adenomegalia com fistulização: tuberculose extrapulmonar, paracoco. Múltiplas coleções no músculo psoas à direita: paracoco. Abscesso: paracoco, turberculose extrapulmonar. Tuberculose extrapulmonar: O diagnóstico pode ser feito pelo material coletado na punção aspirativa para visualização do bacilo no microscópico e realização da cultura com teste de sensibilidade (exame bacteriológico), assim como pode ser solicitado o exame histopatológico, e para auxiliar o diagnóstico pode ser utilizado a tomografia computadorizada, broncoscopia, ultrassonografia e ressonância magnética. Paracoccidioidomicose: Com o material colhido na drenagem do abcesso e dos linfonodos, pode-se fazer o exame micológico direto ou exame histopatológico que poderá confirmar ou descartar o PCM através do encontro de elementos fúngicos sugestivos. Além desse exame pode ser realizada a cultura para determinar a espécie P. brasiliensis/P. lutzii. O exame de radiografia do tórax pode auxiliar caso apresente o sinal da asa de borboleta ou infiltrado micronodular difuso, que são sugestivos para paracoco. Toxoplasmose: O diagnóstico pode se dá por exames sorológicos (imunofluorescência indireta e ELISA para IgG e IgM), avaliação histopatológica das biópsias e teste de PCR em sangue, líquor ou líquido amniótico. REFERÊNCIAS http://www.drrobertoelias.com.br/tratamentos/adenomegalia- cervical#:~:text=Causas%20Infecciosas&text=e%20as%20infec%C3%A7%C3%B5es- ,A%20infec%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20uma%20importante%20causa%20d e%20adenomegalia%20cervical%2C%20destacando,doen%C3%A7a%20da%20arranha dura%20do%20gato. http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=919#:~:text=DISCUSS%C3 %83O%3A%20A%20tuberculose%20ganglionar%20acomete,endurecida%20e%20que %20podem%20fistulizar. http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=919#:~:text=DISCUSS%C3%83O%3A%20A%20tuberculose%20ganglionar%20acomete,endurecida%20e%20que%20podem%20fistulizar http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=919#:~:text=DISCUSS%C3%83O%3A%20A%20tuberculose%20ganglionar%20acomete,endurecida%20e%20que%20podem%20fistulizar http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=919#:~:text=DISCUSS%C3%83O%3A%20A%20tuberculose%20ganglionar%20acomete,endurecida%20e%20que%20podem%20fistulizar https://www.acoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp- content/uploads/2016/01/Tuberculose-Extrapulmonar.pdf http://www.sbmt.org.br/medtrop2016/wp-content/uploads/2016/12/9986-Relato-de- caso-Paracoccidioidomicose-disseminada-....pdf https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as- infecciosas/protozo%C3%A1rios- extraintestinais/toxoplasmose#:~:text=Testes%20de%20PCR%20para%20DNA,de%20t oxoplasmose%20durante%20a%20gesta%C3%A7%C3%A3o. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde : volume único [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. – 3ª. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2019. SHIKANAI-YASUDA, Maria Aparecida et al . II Consenso Brasileiro em Paracoccidioidomicose - 2017. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília , v. 27, n. spe, e0500001, 2018 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2237- 96222018000700200&lng=en&nrm=iso>. access on 10 Feb. 2021. https://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/1270/toxoplasmose.htmhttp://www.sopterj.com.br/wp- content/themes/_sopterj_redesign_2017/_educacao_continuada/curso_tuberculose_3.pd f https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as- infecciosas/protozo%C3%A1rios-extraintestinais/toxoplasmose?query=toxoplasmose https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios- neurol%C3%B3gicos/infec%C3%A7%C3%B5es- encef%C3%A1licas/infec%C3%A7%C3%B5es-helm%C3%ADnticas-no- c%C3%A9rebro?query=cisticercose https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as- infecciosas/fungos/paracoccidioidomicose?query=paracoccidioidomicose PEZZI, Brenda Zappelini et al. SÍNDROME DE GUILLAIN BARRÉ COMPLICANDO QUADRO DE TUBERCULOSE PULMONAR: RELATO DE CASO. FAG JOURNAL OF HEALTH (FJH), v. 1, n. 3, p. 286-292, 2019. MONFREDINI, Nayme et al. Histoplasmose Cerebral: Relate of Case. (P5. 143). 2018. SCHONELL, ME; GILLESPIE, WJ; MALONEY, AFJ Sarcoidose cerebral. Jornal britânico de doenças do peito , v. 62, n. 4, pág. 195-199,1968.
Compartilhar