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125Desenvolvimento Pessoal e Organizacional UNIDADE DE ESTUDO 4 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS/ NEGOCIAÇÃO/ FORMAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES/ GESTÃO DE PESSOAS E SEUS SUBSISTEMAS INTRODUÇÃO Conflitos fazem parte da realidade de qualquer pessoa e de qualquer negócio, ou seja, são inerentes a nós e ao ambiente de trabalho. No entanto, é importante que os conflitos sejam administrados de forma saudável para que não causem prejuízos às pessoas envolvidas tampouco à organização. Conflitos disfuncionais causam desgaste nas equipes e pulverizam a energia que poderia ser canalizada à produtividade. É fundamental ter a capacidade de lidar com uma situação de conflito, o que envolve negociação, em seus muitos estilos, como modo de resgatar maior harmonia e cooperação coletiva na empresa. Com o conteúdo da Unidade 4, pretendemos auxiliá-lo a entender o conflito, sua natureza, bem como analisar um processo de conflito, com resultados funcionais e disfuncionais e suas consequências para nossa vida; e a entender o conceito e os aspectos relevantes da negociação, sobretudo sua importância para a resolução eficaz de conflitos. A Unidade ainda pretende auxiliá-lo na definição de equipe, bem como identificar os tipos de equipe e suas principais características. Vamos apresentar os fundamentos de equipes de alto desempenho e analisar a importância do desenvolvimento do ser humano para as equipes de trabalho; entender o processo das equipes voltadas para resultados e compreender as questões de significado, cooperação, pertencimento e interdependência, que são fatores essenciais para uma equipe de alto desempenho. Iremos ajudá-lo na compreensão da importância da diversidade em uma equipe de trabalho e como entender o funcionamento de uma equipe pode levá-lo a vitórias em seu ambiente organizacional, consolidando cada vez mais a realização do seu projeto de vida. Por fim, a Unidade pretende auxiliá-lo a compreender a Gestão de Pessoas e seus subsistemas, a importância da implantação de ações de capacitação e desenvolvimento coerentes com um modelo de Gestão de Pessoas adotado pela empresa e alinhado à sua cultura organizacional. Vamos apresentar a estrutura do modelo sistêmico e o novo modelo de Gestão de Pessoas, auxiliando a entender a educação corporativa como uma estratégia para as empresas que pretendem desenvolver pessoas e manter o sucesso em um mercado competitivo. 126 Rossana Cristine Floriano Jost 1 O QUE É CONFLITO? Conflito é um “processo que começa quando uma parte percebe que a outra parte afetou ou está perto de afetar, negativamente, algo pela qual a primeira parte se interessa” (ROBBINS, 1998, p. 274). Para o autor, um conflito deve ser percebido pelas duas partes. Se nenhuma delas está ciente do conflito, então ele não existe. Em outras palavras, conflito é questão de consenso! De acordo com Wagner III e Hollenbeck (1999), conflito implica em oposição e confronto e pode ocorrer entre indivíduos ou grupos nas organizações, sobretudo quando as partes obstruem o progresso uma da outra, na busca por metas e objetivos almejados. Nas empresas, a dinâmica entre as equipes deveria ser cooperativa e harmoniosa, mesmo em meio a opiniões divergentes, o que poderia oportunizar grande aprendizado. No entanto, os ambientes de trabalho são transformados em verdadeiros ringues organizacionais, local em que os conflitos explodem a um mínimo sinal, num confronto de força e poder em que todos – dificilmente o contrário – saem perdendo. O curioso é que, algumas vezes, no auge de um conflito negativo, as pessoas esquecem as verdadeiras razões do embate. Mas porque estamos brigando, mesmo? Nem sei mais... Qual a natureza do conflito? Este será o assunto do próximo tópico. 1.1 NATUREZA DO CONFLITO O conflito é algo que pode surgir da experiência de frustração de uma ou ambas as partes, ressalta Hampton (1991 apud MARTINELLI; ALMEIDA, 1998, p. 47). A parte frustrada interpreta a situação, projetando as consequências à outra, adotando um comportamento que condiz com sua interpretação do fato e não com o fato em si. As coisas podem não ser exatamente como ela está percebendo. Por sua vez, a outra parte reage a este comportamento, com base nas suas percepções da situação, que podem ser completamente diferentes das da outra parte. 127Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Vamos imaginar uma situação real: estou frustrada porque pensei que uma pessoa furou a fila na minha frente e, por isso, a insulto. Ela, por sua vez, ofende-se com meu insulto, sentindo-se ultrajada, afinal, ela saiu da fila rapidamente para jogar um papel na lixeira. E então, ela me devolve os insultos e… bem, não é difícil imaginar o final dessa história. Moral da história: uma série de frustrações pode ocorrer em virtude da má interpretação ou mesmo incompreensão dos interesses ou das necessidades do outro (MARTINELLI; ALMEIDA, 1998). O fato é que cada um coloca seus interesses acima do outro. A partir da bibliografia, condensamos algumas possíveis origens do conflito, no quadro a seguir: QUADRO 1 – Possíveis origens do conflito Discordância Metas e métodos Disputa por recursos escassos Interdependência de tarefas Ambiguidades de papéis Políticas obscuras Comunicação ineficaz Mudanças Medo Insegurança Ansiedade Diferenças Personalidade Percepções Valores Exigências Experiências Crenças Perda de Confiança Razão real Razão percebida Reconstrução demorada Civilidade Respeito e empatia Cordialidade Solidariedade Resistência à Realidade Não aceitação da realidade Expectativas com os relacionamentos Experiências frustrantes Estresse Pessoal Mais Estresse... Nota: tabela elaborada a partir das palavras-chave filtradas da bibliografia desta Unidade. FONTE: A autora (2019) 128 Rossana Cristine Floriano Jost A discordância e as diferenças são as campeãs dos “motivos para se começar um conflito”. A discordância implica em fatores aparentemente cotidianos que podem representar o estopim para muitas discussões. Metas ultrajantes, estabelecidas muitas vezes por pessoas completamente distantes da realidade do trabalho; métodos enraizados e cristalizados, impostos por membros da equipe que teimam em mantê-los, por vaidade ou mesmo por medo do novo, ainda que estejam ultrapassados e não atendam mais às necessidades da empresa. Ou, ainda, aquela conhecida situação: “o meu jeito de fazer é melhor do que o seu”. Um outro ponto de conflito diz respeito à seguinte questão: você sabe quando conhecemos o real nível de cooperação e lealdade entre os membros de uma equipe? Reduza suas benesses. Sem dúvida, em épocas de recursos escassos, não são poucos os motivos para se iniciar uma guerra no ambiente de trabalho. As pessoas costumam não lidar bem com a escassez. Elas querem “garantir o seu”, pensam individualmente e não costumam se preocupar com os efeitos da escassez na equipe. Um elemento da discordância presente nos seguintes diálogos (ou parte deles) também se configura como fagulha de conflito. É mais ou menos assim: “... eu não consegui entregar este relatório no prazo porque fulano não me passou as informações necessárias…” ou “... atrasamos a entrega dos produtos porque a distribuidora também atrasou…” ou, ainda, “... a nota do aluno está incompleta no Portal da Faculdade porque o professor ainda não a lançou no sistema…”. Você já se deparou com alguma situação semelhante? Estas falas – dentre outras milhões – representam um possível (e certeiro) motivo para iniciar um conflito. Tarefas que dependem umas das outras, nem sempre funcionam como as precisas engrenagens de uma máquina, ainda que as empresas busquem convulsivamente isso. Pessoas são variáveis muito complexas inseridas em um ambiente e, quando o resultado do trabalho de uma afeta negativamente o trabalho de outra, o controle pode escapar por entre os dedos da administração. Outrocomponente da discordância reside nas regras não claras e nas ambiguidades de papéis. Veja esta fala: “... puxa, quando convém, eu sou coordenador. Da mesma forma que, quando convém, também sou considerado apenas operacional. Quando acontece alguma reunião importante e que tem a ver com minha área, eu não sou chamado. Aí, as novas regras surpreendem a todos, inclusive a mim. Não sei o que sou aqui, em verdade…”. Isso pode representar descaso com o membro da equipe, o que também pode engendrar sentimentos de desconfiança, frustração e raiva. Mais um típico cenário vulnerável a conflitos é aquele representado por empresas com salas de reuniões costumeiramente fechadas. Ou mesmo a sala do chefe (qualquer chefe), que se fecha e assim permanece na maior parte do tempo. Isso, por si só, não representaria um gatilho para um conflito, mas aliado a um clima de mistério, de decisões não comunicadas, de regras não claras, de ações invasivas, certamente deixariam as pessoas tensas e inseguras. Ao mínimo sinal percebido (e não real), as reações poderiam ser desastrosas. Mas a campeã do grupo da discordância é a comunicação ineficaz, seguramente. Poderíamos esgotar a Unidade 4 somente com este assunto, palco para tantas situações de conflitos. Contudo, filtramos algumas situações especiais para compartilhar com você. 129Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Uma diretoria isolada, que passa horas sentada à sua mesa, viajando ou planejando uma estratégia para alguma coisa “muito importante”, sem interesse em conhecer a realidade de sua equipe (provavelmente é ela quem determina as metas ultrajantes citadas anteriormente). Pois bem, esta diretoria, quando apresenta algo à equipe, seja um novo projeto ou mesmo alguma comunicação formal, pode ser interpretada das mais diversas formas, inclusive muito distanciadas da verdade (que pode ser louvável, inclusive), o que dificulta o fluxo da mensagem entre os níveis estratégico/tático e o operacional. Canais de comunicação inexistentes ou inadequados também geram muita confusão e mal-entendidos, impactando na comunicação presente e futura, podendo até chegar a extremos como evidências para demissões e processos judiciais. Mas somente ter canais de comunicação compatíveis não é garantia efetiva de qualidade da comunicação na empresa, tampouco segurança de um bom relacionamento entre os membros da equipe. É preciso considerar o ser humano, o “olho no olho”, o valor que as duas partes representam no momento. Muitos conflitos podem ser resolvidos, simplesmente, quando olhamos nosso “oponente” diretamente nos olhos e isso, sem dúvida, otimiza a solução de problemas, qualificando a tomada de decisão. O segundo grupo de razões para se iniciar um conflito é aquele que diz respeito às diferenças. Aqui entram os acontecimentos e as peculiaridades mais comuns no cotidiano de uma equipe de trabalho, como: personalidades distintas – “ele(a) sempre foi assim, não adianta argumentar!”; percepções – “mas eu acho que…”; valores – “minha família é muito unida”; crenças – “isso não é aceitável na minha religião”; experiências – “se você não quer meu conselho de colega, mais antigo na casa, então… boa sorte!”; as exigências – “você não é pago para pensar, faça e pronto!”. Outro grupo de motivos para se iniciar um conflito são as mudanças. A ansiedade provo- cada pelo medo do desconhecido pode ser tão intensa, que, além de paralisar a pessoa, facil- mente pode transformá-la em uma frágil alavanca prestes a soltar um caminhão de pedras. A insegurança frente a uma situação nova nos torna mais vulneráveis que de costume, sobretudo quando não temos familiaridade com ela. “Sinto-me com borboletas na barriga”, #quemnunca? O próximo grupo a ser trabalhado nos leva a uma reflexão: ... quanto tempo se leva para construir confiança? Muitos anos? Poucos anos? Meses? Dias? Horas? E quanto tempo se leva para destrui-la? Muitos anos? Poucos anos? Meses? Dias? Horas? Segundos talvez…. 130 Rossana Cristine Floriano Jost Este item é tão delicado quanto importante para identificar a natureza do conflito. A perda da confiança é, de longe, um processo infinitamente mais rápido do que a conquista da confiança. Levamos muito tempo para construir confiança, a respeito de várias coisas, como questões relacionadas conosco (nosso nome, competências etc.) ou a outras pessoas (amizades, parcerias etc.). E tudo isso pode ser destruído em frações de segundos, por razões não necessariamente reais. O curioso aqui é que a razão percebida por alguém é mais comum para se iniciar um conflito do que a realidade efetiva dos fatos, porque depende unicamente da imaginação das partes, em um universo incontável de possibilidades. A civilidade, ou melhor, a falta dela também pode ser um indício de conflito. Em “tempos líquidos”, como destaca Bauman (2001), quando emerge o individualismo, a fluidez e a efemeridade das relações, os valores perdem a definição e as circunscrições morais se tornam obsoletas, com regras não claras e que assumem qualquer forma de acordo com a situação e que todo mundo faz o que quer, a possibilidade de conflitos no cotidiano é bastante alta. Nesta liquidez de valores, onde fica o olhar para o outro? Onde fica, por exemplo, a empatia, a capacidade de perceber o outro como um sujeito de emoções e que também pode estar em um dia ruim? Vivemos em um tempo de falta de cordialidade entre as pessoas, sobretudo aquelas que nos acompanham no dia a dia, mergulhando muitas vezes – ainda que sem querer – em um poço de incivilidade. Em um tempo que nada foi feito para durar, inclusive o engajamento com o trabalho, vínculo com os colegas, a própria convicção quanto à profissão, não é difícil de entender os conflitos intra e interpessoais gerados pelo contexto. Como afirma Bauman (2001), é um tempo em que as formas de vida contemporâneas são incapazes de manter a mesma identidade, ou seja, não existem mais parâmetros de comportamento. As duas últimas naturezas do conflito aqui abordadas são a resistência à realidade e o estresse pessoal. A não aceitação da realidade pode nos deixar “à beira de um ataque de nervos”, por não suportar frustrações. Pessoas insatisfeitas com seu momento vigente de vida tendem a contrariar tudo e to- dos, a ver apenas o lado ruim dos fatos, a se vitimizar, enfim, a resistência à realidade é uma dimensão séria do conflito e que demanda muito cuidado. Muitas vezes, subimos muito nossa expectativa com os relacionamentos – de qualquer ordem – o que nos deixa a mercê de uma queda proporcional à altura desta expec- tativa. Decepções e frustrações acontecem todos os dias e não saber lidar com elas pode disparar um ciclo de conflitos perigoso e, mui- to provavelmente, com tendência a nunca ter fim. A maioria das pessoas não perdoa uma decepção, muitas vezes maldizendo aquela experiência frustrante e, com isso, perdendo a oportunidade de aprender com a lição. 131Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Por certo, isso tudo é crescimento, mas dá trabalho, não é? Por último, o estresse pessoal é o caminho mais rápido para o conflito, sobretudo dentro de uma mesma equipe. A sensação de irritação, medo, preocupação, frustração etc., motivada por quaisquer razões, reconhecidas ou não, leva a pessoa a um estado extremo físico e emocional, independente da razão de tais sensações serem legítimas ou não. Na maioria das vezes, o estado interno do indivíduo é que rege sua reação a algum acontecimento externo. Nunca se sabe o contexto de vida ou o momento presente de vida do indivíduo – uma crise, uma perda, uma ruptura importante etc. – que, somado à situação profissional, pode também ser o estopim da bomba. #quemnunca No entanto, uma situação de conflito pode não ser necessariamente ruim. O que faz a diferença é a forma como ela é encarada, ou seja, positivamente ou negativamente, como aborda o próximo tópico. 1.2 O PROCESSO DO CONFLITO Todo conflito é um processo, ou seja, leva tempopara se desenrolar, e não um evento que ocorre de uma hora para outra e depois desaparece (WAGNER III; HOLLENBECK, 1999, p. 284). Esse processo é composto por 5 estágios, explica Robbins (1998, p. 275), quais sejam: 1.2.1 Oposição ou Incompatibilidade Potencial É por onde começa o conflito, ou seja, as condições favoráveis à sua criação. Por exemplo, quando alguém manifesta uma oposição verbal ou mesmo quando “paira no ar” uma incompatibilidade iminente (ainda que se trate de um conflito não manifesto). 1.2.2 Cognição e Personalização Aqui não há prenúncios, ou seja, a oposição e a incompatibilidade já foram manifestadas. Como já dito, é preciso que haja consenso para que exista um conflito. Robbins (1998, p. 277) explica que o conflito percebido pode não ser real. Exemplo: “Sandra tem um desacordo com Maria, mas nem por isso fica tensa ou ansiosa, tampouco deixa de ter afeto por ela. Não existe emoção envolvida”. Por outro lado, quando o conflito é no nível do sentimento, as coisas se complicam um pouco, pois é difícil não deixar a raiva, a ansiedade, a tensão, a frustração e a hostilidade tomarem conta do coração. Quando um conflito é visível, é mais fácil delinear um conjunto de acordos possíveis, destaca Robbins (1998). 1.2.3 Intenções As intenções dizem respeito à decisão de agir de uma pessoa, definindo o propósito de cada parte. Por exemplo, a parte A, conforme explica Robbins (1998, p. 277), tem que deduzir a intenção da parte B e responder ao seu comportamento. No entanto, não se pode confundir intenção com comportamento, pois nem sempre o comportamento reflete exatamente as intenções de uma pessoa. 132 Rossana Cristine Floriano Jost O autor destaca a competição, ou seja, quando uma pessoa procura satisfazer seus próprios interesses acima dos demais ou a colaboração, que, ao contrário da competição, representa a vontade de satisfazer totalmente os interesses de ambas as partes, focando unicamente na resolução do problema. Também faz parte do campo das intenções a evitação, quando uma das partes procura evitar o conflito, distanciando-se do fato e a acomodação, quando uma das partes prefere apaziguar a outra, priorizando os interesses desta e desvalorizando os seus próprios interesses. Por último, o compromisso, momento em que não há vencedor ou perdedor claro, pois cada parte desistiu de alguma coisa, como no exemplo: “... Paloma reivindicou aumento de R$ 1.000, ameaçando sair da empresa em pleno fechamento de mês. Os gestores, pressionados pela ocasião, ofereceram R$ 450. Ela aceitou…”. Nenhuma das partes teve seu interesse totalmente satisfeito, ainda que a negociação tenha sido concluída. Aliás, como lidar com o “compromisso”, ao longo dos dias futuros? No exemplo, como ficaria a relação entre as duas partes? 1.3 COMPORTAMENTO Quando o conflito se encaminha a uma fase final, ele está totalmente visível. Aqui entram as declarações, ações e reações feitas pelas partes do conflito, como nos explica Robbins (1998, p. 278). Em verdade, os comportamentos conflitantes são artifícios para tornarem verdadeiras as intenções de cada parte, as quais muitas vezes podem desviar-se das intenções originais. 1.4 RESULTADOS Toda ação gera consequências – boas ou ruins. Em um processo de conflito, os resultados podem originar conflitos funcionais ou disfuncionais, conforme apresentado a seguir. 1.4.1 Conflitos Funcionais e Disfuncionais Existem duas formas de encarar os conflitos: uma positiva e outra negativa. Follet e Hampton (apud MARTINELLI; ALMEIDA, 1998, p. 46) entendem que “não devemos ter medo do conflito, porém devemos reconhecer que existe um modo destrutivo e um modo 133Desenvolvimento Pessoal e Organizacional construtivo de proceder em tais momentos”. Tornar o conflito saudável ou não dependerá da forma como o encaramos. Uma pessoa que consegue vislumbrar o conflito apenas como algo prejudicial tende a evitá-lo sempre ou minimizar seus efeitos. Por outro lado, uma pessoa que encara o conflito de maneira positiva procura extrair o melhor dessa situação – aprendizagem e enriquecimento pessoal – sobretudo porque se permite considerar opiniões e visões diferentes das suas, comentam Martinelli e Almeida (1998). É preciso filtrar os aspectos positivos oriundos de um conflito. Sim, eles existem, acredite! Desta maneira, podemos entender que um conflito pode ser funcional, a menos que impeça o progresso de uma das partes rumo às metas desejadas. Neste caso, ele é chamado de: conflito disfuncional. O conflito é funcional (WAGNER III; HOLLENBECK, 1999, p. 284) quando exerce efeitos positivos e serve como uma bandeira vermelha que sinaliza uma necessidade de mudança. O conflito funcional busca: 1. Amenizar tensões sociais: discussão e dissipação de desacordos, entendimento dos assuntos. 2. Propiciar a oportunidade de reajustar a alocação de recursos. 3. Servir como fonte de motivação para a busca de mudanças. 4. Incentivar a mobilização de energia. 5. Ajudar a fornecer um senso de identidade e propósito. 6. Esclarecer as diferenças e os limites entre indivíduos ou grupos. 7. Buscar criativamente alternativas. Por sua vez, o conflito disfuncional pode: 1. Impedir o progresso. 2. Trazer conclusões precipitadas e descabidas sobre os motivos, as atitudes e as intenções do outro. 3. Reduzir o contato entre as pessoas. Romper relacionamentos. 4. Pulverizar energia. 5. Distorcer comunicação. Alguns participantes podem falar apenas com quem gostam ou com quem concorda com eles. 6. Ocorrer tomadas de decisão de baixa qualidade, desacertadas e não compartilhadas. FONTE: Wagner III e Hollenbeck (1999) 134 Rossana Cristine Floriano Jost Todo gestor deve saber lidar com o conflito, ou seja, ter capacidade para administrá-lo e nunca evitá-lo ou suprimi-lo, concluem Wagner III e Hollenbeck (1999). 1.5 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS E RESULTADOS Segundo Hampton (1991, p. 303, apud MARTINELLI; ALMEIDA, 1998, p. 54), existem quatro maneiras de administrar conflitos, distintamente, quais sejam: 1.5.1 Acomodação A acomodação pode ser considerada como um instrumento para manipular o conflito, no entanto, problemas encobertos não se resolvem por si só. A falta de atitude pode agravar o problema e, quando o caso requerer a acomodação, o autor sugere algumas técnicas, como diminuir a seriedade do problema, negá-lo ou mesmo tratá-lo com superficialidade, tudo para manter uma aparência de sociabilidade. Dependendo das circunstâncias, da cultura da empresa e mesmo do ambiente de trabalho, buscar maior sensibilidade para a manutenção da harmonia no ambiente, por meio da acomodação, pode funcionar melhor do que partir para o embate direto e irreversível. 1.5.2 Dominação A dominação, por outro lado, pode ser considerada a força do poder levada ao extremo (HAMPTON, 1991 apud MARTINELLI; ALMEIDA, 1998). Em algumas culturas, a aceitação do poder é algo mais aberto, enquanto em outras pode gerar grandes insatisfações, atritos e restrições por partes dos oprimidos no processo. Na dominação, uma parte impõe sua solução preferida à outra, pelo poder a si concebido. É uma forma rápida e decisiva, ainda que intensa, de resolver o problema. Se na acomodação o defeito é o fato de o problema ser ignorado (o que pode fazê-lo piorar), o defeito da dominação é que o dominado, por nada conseguir, pode ressentir- se. Ainda que a solução seja mais rápida, ela pode ter sido insatisfatória, sem contar a possibilidade de a parte sem poder se sentir humilhada, o que contamina a cooperação em futuros projetos. 1.5.3 Compromisso O compromisso, por sua vez, implica na concessão parcial de cada parte, que tem como principal preocupação a solução do problema. Isso pode satisfazer ambas as partes, ainda que de forma limitada, no entanto, não compromete a colaboração para futuros trabalhos ou assuntos. 135Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 1.5.4 Solução Integrativa Forma de administração de conflitos muitofavorável, pois oferece certa esperança de satisfazer completamente ambas as partes, ou seja, busca encontrar solução que sirva completamente aos interesses de cada uma. Um bom exemplo disso é o caso de duas pessoas que trabalham juntas em um mesmo espaço. Uma quer a janela aberta e a outra, fechada. A solução integrativa para ambas é a decisão das duas partes de abrir a janela do lado. Assim, quem estava com calor recebe ar fresco e quem estava com frio não tem a janela aberta na sua frente. O modo como se administra o conflito dependerá muito da personalidade ou mesmo da disponibilidade em aprender a administrá-lo de ambas as partes. Como dissemos no início desta Unidade, o conflito é uma questão de consenso (ROBBINS, 1998) e cada forma de lidar com o conflito pode ser transformada de acordo com a situação. 1.6 O QUE É NEGOCIAÇÃO De acordo com Martinelli e Almeida (1997), que elencaram inúmeros autores, são muitos os conceitos de negociação. Destacamos os principais no quadro a seguir: QUADRO 2 – Conceitos de negociação continua Negociação para Obter Vantagem “Negociação é um campo de conhecimento e empenho que visa à conquista de pessoas de quem se desejam alguma coisa” (COHEN, 1980, p. 13). Aqui nota-se certo interesse em conduzir a negociação para um lado que propicie ganhos ou vantagens à custa de prejuízo da outra parte. Uma típica negociação ganha-perde. Uso da Informação e do Poder “[...] com o fim de influenciar o comportamento dentro de uma rede de tensão” (COHEN, 1980, p. 14). O uso da informação e do poder poderá influir na direção da negociação. Novamente, trata-se de uma negociação ganha-perde. Importância da Comunicação “Negociação é um processo de comunicação bilateral, com o objetivo de se chegar a uma decisão conjunta” (FISHER; URY, 1985, p. 30). A comunicação é importante na negociação, sobretudo pela busca de uma solução conjunta, atendendo às duas partes envolvidas no processo, de maneira que todos saiam ganhando. Negociação ganha-ganha. 136 Rossana Cristine Floriano Jost QUADRO 2 – Conceitos de negociação conclusão Busca do Acordo “Negociação é o processo de comunicação com o propósito de atingir um acordo agradável sobre diferentes ideias e necessidades” (ACCUF, 1993, p. 21). Relacionada mais com a persuasão do que com o poder, a busca do acordo foca em fazer o outro lado sentir-se bem com o resultado da negociação. Relacionamento Humano “A negociação pode afetar profundamente qualquer tipo de relacionamento humano e produzir benefícios duradouros para todos os participantes” (NIERENBERG, 1981, p. 3). Todo desejo que demanda satisfação é, pelo menos, potencialmente uma oportunidade para as pessoas iniciarem o processo de negociação (MARTINELLI; ALMEIDA, 1997, p. 26). FONTE: Martinelli e Almeida (1997) Não há dúvida de que a negociação permeia quase todas as interações nos grupos. Da mão de obra que barganha com a administração à gestão que negocia com subordinados, colegas e chefes, explica Robbins (1998). Dos vendedores que negociam com clientes a compradores que também negociam com fornecedores. O fato é que dentro das equipes, as habilidades de negociação tornam-se fundamentais, sobretudo quando membros devem trabalhar com pessoas que não tem, umas com as outras, autoridade direta. 1.7 ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO Segundo Robbins (1998), existem duas abordagens para a negociação: a barganha distribuidora e a barganha integradora. 1.7.1 Barganha Distribuidora Um exemplo vale por mil palavras! Você está procurando uma casa para comprar. Procura em sites especializados, entra em contato com vários corretores. Um dia, um corretor liga para você dizendo que encontrou a casa dos seus sonhos. Você vai com ele fazer uma visita ao local. Bingo! De fato, a casa é ótima e você a quer. O proprietário diz o preço pretendido, mas você não quer pagar tanto assim. Então, vocês negociam o preço. 137Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Este é um exemplo de uma barganha distribuidora, ou seja, cada real abatido no preço da casa é um ganho ao comprador. Por outro lado, cada real a mais que o vendedor possa conseguir com o preço da casa é custo do comprador. De um lado, uma das partes ganha se o preço da casa diminuir. A outra parte, no entanto, ganha se o preço da casa se mantiver intacto. Moral da história: a essência da barganha distribuidora é negociar sobre quem ganha qual pedaço de uma mesma torta. Quando engajado na barganha distribuidora, alguém concentra seu esforço para que o oponente concorde com ele, ou chegue o mais perto possível de seu objetivo. 1.7.2 Barganha Integradora Mais um exemplo: uma representante de vendas de uma grande fabricante de lingeries acabou de fechar um pedido de R$ 300.000,00 feito por uma rede de varejo de abrangência nacional. A representante de vendas entrega o pedido ao departamento de crédito da empresa, quando é informada que a empresa não pode liberar o crédito para este cliente, por seu histórico de atraso de pagamento. Ela, naturalmente, pede uma reunião com o gerente de crédito, afinal, não pode perder esta venda. Ele também não, entretanto, não pode se responsabilizar por um valor tão grande em aberto. O que eles fazem? Uma barganha integrativa, ou seja, o gerente de crédito aprovará a venda, mas o proprietário da loja de varejo deverá oferecer uma garantia bancária, como forma de assegurar o pagamento, caso a dívida não seja paga no prazo acordado. A solução atendeu a necessidade de ambos, em um acordo tipicamente ganha-ganha. Porque preferir a barganha integradora? Porque ela constrói relacionamentos de longa duração, facilitando o trabalho conjunto no futuro (ROBBINS, 1998, p. 282). A resposta é: porque depende de algumas condições para que este tipo de negociação tenha sucesso, como a existência de abertura e honestidade das partes sobre seus interesses e sua sensibilidade quanto às necessidades da outra parte. Sem contar a capacidade de confiar uma na outra e a disposição de ser flexível, explica Robbins (1998). Se é tão bom assim, por que não existem mais barganhas integradoras na empresa? 138 Rossana Cristine Floriano Jost 1.8 O PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO Robbins (1998) classifica o processo de negociação em 5 fases, quais sejam: Preparação e planejamento Definição de regras básicas Esclarecimento e justificação Barganha e solução de problema Fechamento e implementação A primeira a coisa a fazer é descobrir a natureza do conflito, quem está envolvido e quais são suas percepções a respeito. Na preparação e no planejamento, você deve ter muito claro para si o que quer realmente com esta negociação. Coloque por escrito e não deixe nada obscurecer isso. Também é importante estabelecer os limites de resultado, ou seja, “qual o melhor dos mundos” ou o “minimamente aceitável”. Com o planejamento e estratégia definidos, chegou a hora de definir as regras básicas. Quem fará a negociação? Onde ela acontecerá? Qual o tempo estimado? Quais as limitações? E se houver um impasse, haverá um plano B? Talvez seja momento de se trocar as exigências iniciais. Isso feito, é hora de explicar tais exigências, esclarecê-las e reforçá- las. É importante informar à outra parte sobre o porquê de sua importância. Quanto mais informação no momento de esclarecimento e justificação, melhor. A barganha e a solução do problema é o momento do “toma lá dá cá” ao tentar alcançar um acordo. Concessões deverão ser feitas por ambas as partes. Por fim, o fechamento e implementação é a etapa que se deve formalizar o acordo, documentando-o, bem como desenvolver os procedimentos necessários para sua implementação e acompanhamento. Isso não significa que o fechamento do processo de negociação não possa ser um aperto de mão. Vai depender do contexto, tenha certeza. 139Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 1.9 USANDO A NEGOCIAÇÃO PARA RESOLUÇÃO DE CONFLITOS Quando se pensa em negociação, segundo Martinelli e Almeida (1999),deve-se levar em conta que sua origem está ligada a algum tipo de conflito de qualquer natureza. Um ambiente normalmente conflituoso afeta de forma negativa a motivação de uma equipe, sobretudo se isso se tornar um hábito coletivo. Clima ruim, produtividade ameaçada, menos resultados. Por outro lado, o conflito neste contexto pode se configurar como uma oportunidade de melhorar a comunicação entre os membros do grupo/empresa, uma vez que os envolvidos possam aproveitar o espaço para expor seus pontos de vista, o que pode resolver alguns mal- entendidos e/ou falhas na comunicação. Além disso, pode ajudar a criar um hábito de uma comunicação mais saudável e clara e isso, seguramente, impacta no engajamento da equipe. Saber administrar o conflito é uma competência muito importante para um líder de equipe. Usar de empatia com os dois lados e ainda assim se manter neutro para conduzir a uma solução justa e que atenda os dois lados é uma capacidade admirável de um líder que visa a obter resultados apostando no engajamento dos funcionários. Conflitos sempre sinalizarão problemas, muitas vezes causados por processos existentes na e da própria empresa. E os motivos são diversos, como pontuados nesta Unidade. Ao fazer uma negociação, nestes casos, é possível, de certa maneira, prever alguns problemas, lidar com eles, o que pode minimizar seus efeitos negativos. Por fim, é interessante aproveitar o momento do conflito – funcionalmente falando – e realizar um alinhamento das expectativas da equipe com os valores da empresa. Neste caso, as pessoas que não estiverem genuinamente alinhadas com a cultura da empresa têm a oportunidade de assim o fazer, o que impacta positiva e saudavelmente no clima, gerando satisfação e resultados positivos. E quanto àqueles “fora da curva”? 140 Rossana Cristine Floriano Jost Bem, você pode estar se perguntando quanto ao destino daqueles que não estão alinhados à cultura da empresa. Bem, o processo de seleção é natural: pessoas em desacordo com os valores da empresa podem ser mais felizes trabalhando em outra empresa, com um jeito de ser mais alinhado ao seu. Simples assim. 1.10 ADMINISTRAÇÃO DE CONFLITOS, NEGOCIAÇÃO E MEU PROJETO DE VIDA No mundo ideal, uma empresa pode viver em total harmonia. No mundo ideal, mas não no mundo real. Conflitos sempre existirão e não adianta evitá-los, como já dito antes. Mais do que nunca, é importante se preparar para lidar com essas situações de conflito, de modo a torná-las sempre oportunidades de aprendizagem para você, nesta caminhada profissional. Quando ouvimos um “não”, quando recebemos uma “porta na cara”, quando somos difamados por outras pessoas pelos corredores da empresa, ainda que isso represente uma injustiça e total falta de ética, quando uma pessoa discorda de nosso ponto de vista, quando nossas expectativas com determinada situação não são supridas, quando..., quando..., quando..., quando... Sem dúvida, este parágrafo não teria fim, dado a vasta quantidade de motivos para conflitos em nosso cotidiano. Mas cabe a nós identificarmos – ou pelo menos tentar – a origem do conflito e, sensatamente, desviá-lo a um caminho mais positivo, aprendendo com ele, transformando-o em uma excelente oportunidade de crescimento pessoal. Acreditamos em você! Agora que já abordamos os conceitos, as práticas, as implicações e soluções para os temas: conflito (origens, natureza, processos e administração) e negociação (conceitos e estratégias), abordaremos outro tema importante e interessante para a gestão das organizações: equipes (trabalho em equipe, conceitos, características, tipos, desenvolvimento, equipes de alto desempenho e diversidade). 2 TRABALHO EM EQUIPE Nada se faz sozinho nesta vida. Nada mesmo. Muito menos bem feito. Uma pessoa pode ser muito competente em algo, mas certamente não em tudo. Um trabalho em equipe é muito importante, para que o resultado seja melhor, mais eficaz, mais criativo e mais rápido. Isso só é possível quando nos valemos dos talentos de cada membro, ou seja, a diversidade de perfis em muito contribui com a realização de um trabalho de excelência. A seguir, você entenderá a importância de contratar, gerenciar, manter e desenvolver equipes fortes e de alto desempenho. Vamos lá? 2.1 CONCEITO DE EQUIPE E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Para Caproni (2002), equipes assumem diversas formas, podendo ser permanentes ou temporárias, planejadas ou improvisadas. Podem criar produtos, prestar serviços, lidar 141Desenvolvimento Pessoal e Organizacional com pessoas. Podem conter líderes formais ou mesmo informais pelos interesses mútuos, sem contar que podem ser autogerenciadas. Membros de equipes podem se reunir cotidianamente no mesmo tempo e lugar ou trabalhar virtualmente, sem se encontrar pessoalmente, usando o computador para interagir. Qualquer que seja sua finalidade ou forma, equipes são “indivíduos interagindo interdependentemente para a realização de metas organizacionais comuns” (CAPRONI, 2002, p. 238). As características de uma equipe, segundo Caproni (2002), envolvem: 01 02 03 04 05 06 Dependência de pessoas e recursos externos: os membros têm consciência que precisam de informações, recursos e apoio de outros grupos da organização. Características de uma equipe Limites claros: os membros podem identificar quem é ou não da equipe. Tarefas comuns: os membros têm tarefas comuns a realizar e compartilham responsabilidades pelos resultados da equipe. Atribuições diferenciadas dos membros: contribuição pessoal de cada membro para a equipe. Autonomia: os membros têm autonomia sobre a forma como desempenham suas tarefas. Responsabilidade coletiva: feedback e recompensas a toda equipe, sem exceções. FONTE: Caproni (2002) 142 Rossana Cristine Floriano Jost 2.2 DIFERENÇA ENTRE EQUIPE E GRUPO Um grupo é uma reunião de pessoas com um ou mais objetivos em comum, que sofre a influência do ambiente, do próprio grupo e do indivíduo. Isso pode explicar, de certa maneira, porque alguns grupos chegam ao nível de equipe e outros não, explica Macedo (2007). O grupo é influenciado pelo ambiente, ou seja, tipo de organização, estratégias organizacionais, decisões gerenciais sobre sua formação ou extinção, facilidades e dificuldades, entre outros, o que pode impactar positiva ou negativamente. Além disso, é influenciado por si próprio, ou seja, seu tamanho, sua missão, ideologia de seus membros, sinergia, afinidade de valores, crenças, diferenças, consenso, entre outras incontáveis variáveis que impactam na obtenção de resultados. Por fim, o grupo é influenciado pelo indivíduo, ou seja, um conjunto de traços de personalidade dos integrantes, conhecimento, valores, interesses e experiência que, quando combinados com outros indivíduos, em muito contribui para a construção de sua identidade grupal. Estas três influências combinadas fornecem ao grupo um padrão de comportamento que é orientado tanto para a execução da tarefa quanto para sua continuidade, sugere Macedo (2007). Quando ambos estão em equilíbrio, o grupo começa a ser capaz de trabalhar em equipe, o que resulta em um padrão elevado de desempenho da execução da atividade e na satisfação dos componentes, conclui o autor. A equipe, por sua vez, é a evolução do grupo, gerando sinergia positiva por meio de um esforço coordenado (ROBBINS, 1998; CAPRONI, 2002; MACEDO, 2007). Para Caproni (2002), uma equipe bem sucedida desenvolve sua própria cultura e normas de liderança, compartilhando suas características. Membros de uma equipe de alto desempenho “tendem a desenvolver um propósito coletivo” para além daquilo que a organização estabeleceu (CAPRONI, 2002, p. 238), dando espaço para cada membro “demonstrar e alavancar seus talentos específicos”. Além disso, membros de equipes tendem a ter mais autonomia sobre a forma como realizam seu trabalho, com expectativa de aprendizado e realização pessoaldo que as pessoas que trabalham em grupos, conclui a autora. 143Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 2.3 TIPOS DE EQUIPES A literatura nos traz uma série de formatos de classificação de equipes, com base em diversos fatores. Uma delas diz respeito aos objetivos da equipe, segundo Robbins (1998, p. 182), quais sejam: Equipes solucionadoras de problemas: são equipes dentro das quais os membros partilham ideias, oferecendo sugestões de como processos e métodos de trabalho podem ser melhorados. O contraponto é que esse tipo de equipe raramente consegue implementar de forma unilateral quaisquer das ações sugeridas, principalmente pela falta de envolvimento dos membros em decisões e processos relacionados ao trabalho. Equipes autogerenciadas: neste tipo de equipe, os membros assumem a responsabilidade daquilo que, antigamente, cabia aos supervisores, ou seja, planejamento, controle do andamento do trabalho, tomadas de decisões operacionais, resoluções diferentes, entre outras funções. Em uma equipe autogerenciada os seus membros selecionam e avaliam a si próprios, em uma perspectiva de 360 graus. O contraponto, conforme Robbins (1998, p. 183), é que, ainda que as pessoas tendam a ter um nível mais alto de satisfação no trabalho, elas demonstram “proporções mais altas de absenteísmo e rotatividade” do que membros que trabalham em uma estrutura mais convencional. Equipes de funcionalidade cruzada: neste caso, empregados de mesmo nível e de áreas diferentes reúnem-se para realizar uma tarefa. Esta categoria de equipe ganhou espaço em meados dos anos 1980, com as fábricas automotivas, como Toyota, Honda, Nissan, BMW, GM, Ford e Crysler (ROBBINS, 1998, p. 183). As equipes de funcionalidade cruzada surgiram como uma forma de permitir que pessoas de áreas diferentes em uma organização troquem informações, desenvolvam ideias e resolvam problemas em conjunto. As palavras-chave aqui são a diversidade e a complexidade. O contraponto deste tipo de equipe está relacionado com a quantidade de tempo que as pessoas demandam para adquirir confiança umas nas outras. FONTE: Robbins (1998, p. 182) 144 Rossana Cristine Floriano Jost Limongi-França (2006, p. 49) classifica as equipes a partir de outras perspectivas, como algumas apresentadas a seguir: ▪ Equipes por grau de autoridade: leves, pesadas ou autônomas (grau de autoridade leve, pesado ou com autonomia). ▪ Equipes por composição profissional: funcionais, multifuncionais e interinstitucionais (fornecedores, clientes e parceiros). ▪ Equipes pela natureza das tarefas: Solução de problemas. x Execução de tarefas previamente planejadas. Trabalho intelectual. Trabalho operacional. Solução sequencial de problemas. Solução integrada de problemas. Alta incerteza de resultados. Baixa incerteza de resultados. Divisão detalhada de trabalho. Divisão não muito clara de trabalho. Grande escala e escopo. Média ou pequena escala e escopo. Alta exigência da coordenação. Baixa exigência da coordenação. Alto grau de dependência entre tarefas. Baixo grau de dependência entre tarefas. Necessidade alta de interação entre os membros. Necessidade baixa de interação entre os membros. Alta exigência de nível de desempenho. Baixa exigência de nível de desempenho. ▪ Equipes por tamanho: número de pessoas que constituem a equipe. ▪ Equipes por composição hierárquica: equipes compostas somente por gerentes de alto nível; equipes compostas por diversos níveis gerenciais; equipes compostas pelo nível operacional da empresa; equipes formadas pelos níveis gerencial e operacional. ▪ Equipes por duração: equipes que são criadas para desenvolver e implementar determinado projeto; equipes que têm prazo definido para realizar alguma ação; ou equipes permanentes. ▪ Equipes virtuais: são equipes encontradas com uma frequência crescente nas empresas, apontando a tendência da virtualização de determinadas tarefas, ou mesmo determinadas funções, legitimando essa como forma de trabalho, destaca Limongi- França (2006, p. 48). Não só pela impossibilidade operacional – muitas vezes – de contato presencial entre os membros da equipe ou entre as equipes, a virtualização se tornou opção interessante para a produtividade das empresas. Cada vez mais os centros urbanos se tornam mais movimentados e com trânsito formado por grandes 145Desenvolvimento Pessoal e Organizacional gargalos, o que promove perda de um tempo que poderia ser aproveitado para atingir resultados de forma mais ágil e menos custosa. A tecnologia, principal incentivadora do processo das equipes virtuais, criou uma rede global com enorme potencial para atividades colaborativas com menor custo. Ainda que os benefícios sejam indiscutíveis, alguns autores destacam determinados problemas neste tipo de equipe. As atividades realizadas por equipes virtuais devem ter uma metodologia bem estruturada e clara. A comunicação entre os membros deve facilmente encontrar fluxo, ou seja, precisa ser explícita e contínua, para não se tornar “desordenada, subjetiva e dispersa” explica Limongi-França (2006, p. 49). Além disso, é preciso ter e mente que as diferenças culturais, bem como de horários também deverão ser levadas em conta na formação de uma equipe virtual. O fato de os membros trabalharem isolados na maior parte do tempo parece gerar frustração e um sentimento de vazio no fluxo das decisões. A autora ainda comenta que não é incomum altas taxas de desistência dos membros de equipes virtuais. 2.4 ESTÁGIOS DE DESENVOLVIMENTO DE EQUIPES Um objetivo, um trabalho ou mesmo uma situação imprevista, segundo Macedo (2007, p. 129), podem pressupor uma reunião com várias pessoas. Alguns fatores, como “abertura à participação, estímulo à criatividade e o envolvimento coletivo numa determinada situação” pode transformar esta reunião em grupos e os grupos em equipes. Para o autor, tais interações se formam e evoluem da seguinte maneira: Reunião de pessoas: Definição e divisão de uma tarefa: cada um faz a sua parte, sem se importar com o desempenho do grupo, como um todo. Por exemplo, é mais ou menos quando uma turma se divide em grupos para desenvolver um trabalho solicitado pelo professor. Os componentes não interagem entre si, criando verdadeiros “Frankensteins”. Formação do grupo: Aqui, o processo é similar à reunião de pessoas, mas as pessoas podem dividir e otimizar recursos e informações. Os ganhos poderão ser distribuídos, mas ainda não há preocupação com o coletivo. Transformação do grupo em equipe: As pessoas estão comprometidas com uma missão e objetivos comuns, cooperando umas com as outras, com forte relação de confiança e parceria. Evolução para uma equipe de alto desempenho: Trata-se de um estágio de fortalecimento da equipe. Além das características citadas no estágio anterior, existe a real preocupação com o desenvolvimento e crescimento do outros membros. A questão é superar os resultados da equipe, como uma equipe de alto desempenho. 146 Rossana Cristine Floriano Jost 2.5 FUNDAMENTOS DE EQUIPES DE ALTO DESEMPENHO Quem nunca participou de um grupo de trabalho que parecia inútil? Quem nunca pensou “o que estou fazendo aqui?” pelo menos em algum momento de sua vida, por exemplo, durante uma interminável reunião extremamente improdutiva. Tempo desperdiçado, hein? Por outro lado, nós também já participamos – pelo menos uma vez – de reuniões revigorantes, as quais procuramos vigorosamente contribuir com uma finalidade maior, sentindo entusiasmo por estarmos trabalhando com aquelas pessoas e por ver concretamente o resultado de nosso trabalho. Isso, sim, faz todo o sentido para nós,não é mesmo? Você sabe porque alguns grupos de trabalho nos cansam e outros nos revigoram? Caproni (2002) tem alguns argumentos sobre esta questão. Ela explica que um grupo de trabalho com potencial para se transformar em uma equipe de alto desempenho busca solucionar problemas complexos de forma coletiva, ou seja, nenhuma pessoa tem, isoladamente, todo o conhecimento, habilidades, experiências, entre outros, para resolver tal magnitude de problemas. A palavra-chave de uma equipe de alto desempenho é a sinergia, segundo a autora. A sinergia ocorre “quando o desempenho coletivo supera o potencial do indivíduo mais competente do grupo” (CAPRONI, 2001, p. 241). A autora comenta que, em grupos menos eficazes, os recursos individuais são mal empregados e o esforço coletivo muitas vezes “não resultam em qualidade melhorada” (CAPRONI, 2001, p. 241). Uma equipe de alto desempenho é alicerçada em cinco fundamentos, como apresentado por Caproni (2002, p. 242), quais sejam: Propósito claro e cativante Metas e avaliações de desempenho Pessoas Processos orientados para resultados Prática e disciplina 147Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Um propósito claro e cativante embasa o senso de direção, inspiração e ímpeto de uma equipe de alto desempenho, unindo “mentes, corações e ações dos membros” (CAPRONI, 2002, p. 242), ao redor da motivação dos membros em alcançar uma meta comum, persistindo e resistindo frente às dificuldades. As metas e avaliações de desempenho são desenvolvidas por equipes de alto desempenho, que, a partir de finalidades mensuráveis, avaliam seu progresso. É importante salientar que a equipe de alto desempenho permite que cada membro veja sua contribuição para a realização das metas, o que amplia suas habilidades, sem contar com a obtenção de pequenas vitórias, fundamentais para a autoconfiança e comprometimento da equipe (CAPRONI, 2002). As pessoas, em uma equipe de alto desempenho, estão longe de serem perfeitas. É pouco comum uma pessoa reunir em si todas as habilidades técnicas para a solução dos problemas. No entanto, pessoas com as habilidades identificadas contribuem junto às demais que, por sua vez, possuem outras habilidades e todas juntas encontram meios de preencher as lacunas. Os processos orientados para resultados pressupõem necessidades dos membros da equipe em: (i) desenvolver interpretação compartilhada das metas da equipe; (ii) identificar oportunidades e problemas múltiplos; (iii) gerar soluções; (iv) fazer concessões; (v) concordar com as decisões; (vi) implementar soluções; e (vii) avaliar as consequências das decisões, conforme elenca Caproni (2002, p. 245). Por fim, é preciso prática e disciplina, uma vez que equipes de alto desempenho rotineiramente refletem seu desempenho, ou seja, identificam as habilidades que precisam para ter sucesso em suas realizações. Elas encaram seus sucessos e seus fracassos como pontos importantes de aprendizagem, sobretudo como preencher lacunas de habilidades. 2.6 A DIVERSIDADE NAS EQUIPES DE TRABALHO Uma equipe de alto desempenho, por natureza, privilegia seus membros como um todo, bem como o objetivo comum tanto já como a ser alcançado. Ela encara novas demandas e desafios, com inovação e grande senso de pertencimento a um todo, o que aqui vale mais que a simples soma das partes. Quando as equipes são formadas por pessoas diferentes, em história de vida, em experiência, em formação, em cultura, ela possui um grande diferencial competitivo. Estamos falando da diversidade, pauta empresarial em todo o mundo e adotada como estratégia pelas organizações, sobretudo pelos resultados positivos em termos de inovação, criatividade, competitividade (saudável) face às diferenças da força de trabalho. Mais do que respeitar as diferenças, é preciso saber lidar com um ambiente que comporta tantos tipos pessoais e profissionais distintos. Ultrapassar as questões de preconceito é abrir não só a cabeça, mas uma oportunidade de grande aprendizado a todas as pessoas envolvidas. 148 Rossana Cristine Floriano Jost Entretanto, administrar a diversidade em uma equipe não é tarefa das mais fáceis, principalmente pelas novas perspectivas oferecidas para as diversas situações e que nem sempre se mostram familiares, o que torna mais difícil para a gestão “unificar a equipe e alcançar acordos” explica Robbins (1998, p. 188). Por outro lado, equipes que introduzem a diversidade aumentam a probabilidade de identificar soluções mais criativas e acertar nas escolhas das alternativas. Ainda que a diversidade possa ser prejudicial, em parte, à coesão do grupo, o autor esclarece que, se a cultura organizacional ou mesmo as normas da própria equipe apoiarem a diversidade, então torna-se um todo com mais chances (muito mais!) de sucesso, até alcançando, de certa maneira, a coesão e tudo de melhor que ela oferece. O quadro a seguir representa a consolidação das vantagens e desvantagens da diversidade nas equipes de trabalho, conforme perspectiva de Robbins (1998, p. 188): QUADRO 3 – Vantagens e desvantagens da diversidade Vantagens Desvantagens Perspectivas múltiplas Ambiguidade Maior abertura para novas ideias Complexidade Multiplas interpretações Confusão Criatividade aumentada Falha de comunicação Flexibilidade aumentada Dificuldade em alcançar um acordo único Habilidades de solução de problemas aumentada Dificuldade em concordar sobre ações específicas FONTE: Adler (apud ROBBINS, 1998, p. 188) 2.7 TRABALHO EM EQUIPE E MEU PROJETO DE VIDA Ok, mas em que tudo isso pode ajudar no meu projeto de vida? 149Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Como dissemos, nada se faz sozinho. Tenha certeza que, no caminho trilhado por você para atingir seus objetivos de vida, você vai se deparar com muitas pessoas, você inclusive pode precisar da ajuda delas, bem como elas da sua. Qualquer que seja sua realidade, para executar qualquer ação dentro de um ambiente profissional, é preciso contar com o apoio de outras pessoas e se deste apoio surgirem equipes de trabalho, tenha certeza que você terá muito a ganhar! Pessoas diferentes em uma equipe, se bem gerenciadas, podem trazer grandes vantagens à empresa como um todo. Já pensou na qualificação do seu trabalho, pela simples razão de que aprendeu uma forma melhor de executar determinado processo? O que você aprendeu ninguém pode tirar de você, acredite! Outra vantagem em participar de equipes, sobretudo as equipes de alto desempenho, é aquela sensação de dever cumprido, de solução para um problema complexo, em que todos (inclusive você) contribuíram. O problema foi solucionado mais rápido, com a melhor alternativa e você ganhou a experiência constituída pelas experiências de todos os participantes. Em cada desafio você cresce mais um pouco, aprende e ensina mais um pouco, muda a experiência mais um pouco, constrói seu robusto histórico profissional mais um pouco. Um trabalho em equipe é muito bom não só para a empresa, mas para quem dela faz parte. Aproveite cada momento de interação com a equipe da qual você faz ou venha a fazer parte. Estamos torcendo sempre pelo seu sucesso! Ao finalizarmos essa viagem pelas equipes – o desafio de unir pessoas para um objetivo comum – vamos aprofundar mais um pouco a abordagem sobre pessoas. No próximo tópico vamos analisar a Gestão de Pessoas: o processo de capacitar pessoas, os modelos e processos de gestão, o treinamento e o desenvolvimento. E concluiremos com uma análise da educação corporativa e seus objetivos. Mãos à obra! 3 GESTÃO DE PESSOAS E SEUS SUBSISTEMAS: INTRODUÇÃO Vamos contextualizar neste tópico o processo de capacitação e desenvolvimento na estrutura dos processos de Gestão de Pessoas em uma empresa. Compreenderemos a importância da implantação de ações de capacitação e desenvolvimento coerentes com um modelo de Gestão de Pessoas adotado pela empresa e alinhado à sua cultura orga- nizacional. Entenderemosa educação corporativa como uma estratégia para as empresas que pretendem desenvolver pessoas e manter o sucesso em um mercado competitivo. 3.1 GESTÃO DE PESSOAS A área de Recursos Humanos, denominada atualmente de Gestão de Pessoas, caracteriza-se cada vez mais como um elemento importante no complexo desafio de dirigir organizações ao sucesso. 150 Rossana Cristine Floriano Jost Inseridas em um mercado aparentemente contraditório no qual as empresas necessitam concretizar seus objetivos estratégicos e os profissionais buscam desenvolver seus potenciais e realizar-se pessoalmente, a Gestão de Pessoas passa a ser compreendida como: “Um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-las ao longo do tempo” (DUTRA, 2002, p. 17). Políticas – “Princípios e diretrizes que balizam decisões e comportamentos da organização e das pessoas em sua relação com a organização” (DUTRA, 2002, p. 17). Práticas – “Diversos tipos de procedimentos, métodos e técnicas utilizados para a implementação de decisões e para nortear as ações no âmbito da organização e em sua relação com o ambiente externo” (DUTRA, 2002, p. 17). Expectativas – as expectativas de uma empresa referem-se, por exemplo: à produtividade, ao comprometimento, à contribuição; e as das pessoas referem-se ao desenvolvimento, à valorização e ao crescimento. A partir do que acontece na sua empresa, se você já trabalha, ou de outra empresa na qual trabalha alguém que você conheça, reflita sobre os seguintes aspectos: a) Como a empresa desenvolve, treina, capacita, seleciona, remunera e promove as pessoas? b) Você analisa que essas e outras ações de Gestão de Pessoas são coerentes entre si? Ou são desenvolvidas muitas vezes por modismo ou comodismo da empresa? c) As pessoas são valorizadas por aquilo que efetivamente realizam? d) Os programas de treinamento e capacitação realmente desenvolvem pessoas? São direcionados para aperfeiçoar as competências que a empresa efetivamente precisa e valoriza? Muitas práticas e modelos de capacitação e desenvolvimento, assim como demais ações de Gestão de Pessoas são lançadas no mercado como novidades ou soluções mágicas para todos os problemas relacionados ao quadro de colaboradores. Mas, muitas vezes, não se aplicam à real necessidade ou cultura da empresa ou são mal implantadas, tornando-se verdadeiras armadilhas por se transformarem apenas em custos e não agregarem valor para a organização. Por isso, vamos reforçar a importância de que o processo de capacitação seja alinhado à estratégia e coerente com as demais práticas e cultura da empresa para alcançar resultados efetivos. 151Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 3.2 MODELO E PROCESSOS DE GESTÃO DE PESSOAS A necessidade de desenvolver pessoas, de estimular uma cultura de aprendizagem organizacional e de criar e compartilhar conhecimentos em uma empresa é um fator prioritário pela importância do Capital Humano na gestão de negócios que precisam sobreviver na Era da Informação. Nesse cenário, a área de Capacitação e Desenvolvimento ganha novo enfoque e passa a ter uma perspectiva estratégica pela sua missão de estimular a aprendizagem individual, dos grupos e, consequentemente, da organização como um todo. Para isso, cada empresa deve ter uma compreensão da realidade que será feita a partir de seus valores, crenças, enfim, sua cultura organizacional. Esses fatores servirão de parâmetro para definir diretrizes e ações que realizará para mobilizar o comportamento das pessoas. A maneira pela qual uma empresa se estrutura para “gerenciar e orientar o comportamento humano” é definida como Modelo de Gestão (FISCHER, 2002). IM PO RT A N TE Dutra (2002) destaca que muitos problemas são resultado de resquícios tayloristas que ainda impregnam os modelos de gestão utilizados em muitas empresas. Modelo de Gestão Taylorista e Modelo de Gestão Tradicional Taylorista – modelo de gestão com referência às ideias de Taylor, cujas práticas e políticas tinham o controle das pessoas como maior preocupação, colocando o indivíduo em uma posição passiva no cenário organizacional (DUTRA, 2002). Tradicional – modelo de gestão com foco no controle e não no desenvolvimento ou empoderamento das pessoas. Não privilegia a participação dos funcionários, mas sua atividade tem foco nos instrumentos e não nos processos, assim como nos interesses da empresa em não conciliar com os interesses das pessoas. Suas ações são desarticuladas e não estratégicas. 3.3 PREMISSAS CONCEITUAIS PARA NOVOS MODELOS DE GESTÃO DE PESSOAS Dutra (2002) propõe algumas premissas que servem de base de apoio à construção de modelos de gestão mais congruentes com as necessidades e características do nosso cenário atual. 152 Rossana Cristine Floriano Jost FIGURA 1 – Modelos de gestão No modelo tradicional e taylorista, as práticas de gestão de pessoas valorizavam o controle das pessoas, traduzidas em, por exemplo, preocupar-se mais em preencher todas as vagas disponibilizadas para um treinamento e cobrar as presenças do que em acompanhar o aprendizado adquirido; em estabelecer os objetivos e conteúdos a serem trabalhados nos mesmos programas de forma centralizadora do que em promover um levantamento ou discussão para identificação de interesses e necessidades de cada área. A nova realidade organizacional, que necessita do comprometimento das pessoas, pede práticas de gestão de pessoas que estimulem a participação e um papel ativo por parte das pessoas. Essa é uma das maiores mudanças conceituais para novo modelo, no qual “as pessoas passam a ser agentes de sua própria gestão, em conjunto com a empresa”. Não achar que procedimentos ou instrumentos por si só são capazes de resolver os problemas na gestão de pessoas. Os modelos tradicionais privilegiam os instrumentos mais do que os processos e implantam modismos sem trabalhar a cultura e os valores e crenças da organização. Novos modelos devem propor a discussão e construção das ferramentas de forma coadjuvante, participativa, baseada em simplicidade, flexibilidade e transparência. A busca da satisfação mútua é importante e a conciliação de expectativas e interesses deve ser continuamente desenvolvida. Os modelos tradicionais estabelecem propostas conceituais burocráticas e rígidas. É mais frequente do que deveria vermos na prática que a área de capacitação está totalmente separada da remuneração ou promoção. Uma área estimula um comportamento (por exemplo: inovação ou trabalho em equipe) e as demais áreas valorizam outros (por exemplo: adequação à hierarquia, capacidade de relacionamento político ou centralização). Além da integração, é fundamental que a área de capacitação e as demais áreas estejam ligadas às estratégias organizacionais e de negócio (por exemplo: nem todas as estratégias, negócios e culturas organizacionais solicitam e absorvem a competência de inovação, por mais que seja um fator valorizado atualmente). 01 Foco no desenvolvimento ao invés de foco no controle 02 Foco no processo em vez de foco nos instrumentos 03 Foco no interesse conciliado ao invés de apenas foco no interesse da empresa 04 Foco no modelo integrado e estratégico em vez de focar no modelo constituído por partes descoordenadas entre si FONTE: Dutra (2002) 153Desenvolvimento Pessoal e Organizacional A partir de sua experiência, direta ou indireta, qual Modelo de Gestão você acha que predomina em nossas organizações? 3.4 ESTRUTURA DO MODELO SISTÊMICO E SUBSISTEMAS DE RH O modelo sistêmico mais tradicionalmente usado pelas empresas estrutura, geralmente, os processos de Gestão de Pessoas (ou Recursos Humanos, como também são denominados) por meio de subsistemas. Esses subsistemas são, também, conhecidos com Subsistemas de ARH (ou Subsistemas de Administração de Recursos Humanos) e estão detalhados a seguir:FIGURA 2 – Modelo sistêmico de processos de gestão de pessoas Recrutamento Seleção de Pessoal Desenho Organizacional e de Cargos Análise e Descrição de Cargos Avaliação de Desempenho Recompensas e Remuneração Benefícios e Serviços Capacitação e Desenvolvimento Gestão do Conhecimento e Gestão de Competências Programa de Mudanças Plano de Carreira Administração do Clima Organizacional Higiene e Segurança do Trabalho Relações Sindicais Sistema de Informação Gerencial Banco de Dados AGREGAR PESSOAS APLICAR PESSOAS RECOMPENSAR PESSOAS DESENVOLVER PESSOAS MANTER PESSOAS MONITORAR PESSOAS PR O C ES SO S D E G ES TÃ O D E PE SS O A S FONTE: Chiavenato (2004, p. 14, adaptado) 154 Rossana Cristine Floriano Jost Os processos da estrutura sistêmica apresentados na FIG. 2 podem ser descritos da seguinte forma: Subsistemas: ▪ Processos de Agregar Pessoas – também chamado de processo de provisão ou suprimento de pessoas. São as ações que incluem novas pessoas na empresa, e, portanto, de Recrutamento e Seleção. ▪ Processos de Aplicar Pessoas – definem o que as pessoas vão fazer na empresa, desenham e acompanham as atividades que elas vão desempenhar, e incluem os processos de Descrição de Cargos, Avaliação de Desempenho e Desenho Organizacional. ▪ Processos de Recompensar Pessoas – processos que têm como objetivo estimular as pessoas e buscar satisfazer as necessidades individuais. Incluem remuneração, recompensas, benefícios e serviços sociais. ▪ Processos de Desenvolver Pessoas – usados para capacitar e estimular o desenvolvimento profissional e pessoal dos colaboradores. Aqui estariam os Programas de Desenvolvimento e Capacitação de Pessoas juntamente com Gestão do Conhecimento, Gestão de Competências, Plano de Carreira e de Mudanças. ▪ Processos de Manter Pessoas – são os processos que visam criar condições ambientais e psicológicas satisfatórias para os colaboradores como Administração do Clima, Higiene e Segurança do Trabalho, Qualidade de Vida e Relações Sindicais. ▪ Processos de Monitorar Pessoas – processos usados para acompanhar as atividades e verificar resultado. Incluem Banco de Dados e Sistema de Informações Gerenciais. Para Chiavenato (2016), a Administração de Recursos Humanos (ARH) pode e deve ser abordada sistemicamente, conforme mostra a figura a seguir. FIGURA 3 – Administração de recursos humanos e seus subsistemas • Desenho de cargos • Descrição e análise de cargos • Avaliação do desempenho humano Administração de Recursos Humanos Subsistema de provisão de recursos humanos Subsistema de manutenção de recursos humanos Subsistema de aplicação de recursos humanos Subsistema de desenvolvimento de recursos humanos Subsistema de monitoração de recursos humanos FONTE: Chiavenato (2016, p. 2) 155Desenvolvimento Pessoal e Organizacional Cada um desses subsistemas trata de assuntos específicos, como mostra o quadro a seguir: QUADRO 4 – Assuntos abrangidos pelos subsistemas de ARH Subsistemas Assuntos abrangidos Provisão ▪ Planejamento de recursos humanos. ▪ Recrutamento de pessoal. ▪ Seleção de pessoal. Aplicação ▪ Desenho de cargos. ▪ Descrição e análise de cargos. ▪ Avaliação do desempenho humano. Manutenção ▪ Compensação. ▪ Benefícios sociais. ▪ Higiene e segurança. ▪ Relações sindicais. Desenvolvimento ▪ Treinamento e desenvolvimento de pessoas. ▪ Desenvolvimento organizacional. Monitoração ▪ Banco de dados e sistemas de informação. ▪ Auditoria de recursos humanos. FONTE: CHIAVENATO, 2016, p. 3. Na figura a seguir podemos observar o detalhamento da base da política de recursos humanos, segundo Chiavenato (2016). 156 Rossana Cristine Floriano Jost FIGURA 4 – Bases da política de recursos humanos continua Provisão de recursos humanos Aplicação de recursos humanos Manutenção de recursos humanos Pesquisa de mercado de recursos humano Análise e descrição de cargos Administração de salários Recrutamento Planejamento e alocação de recursos humanos Plano de benefícios sociais Seleção Plano de carreiras Higiene e segurança do trabalho Integração Avaliação do desempenho Relações sindicais Políticas de: • Pesquisa e análise do mercado de recursos humanos • Onde recrutar (fontes de recrutamento) • Determinação dos requisitos básicos da força de trabalho (requisitos intelectuais, físicos, responsabilidades envolvidas e condições de trabalho) para o desempenho do papel • Avaliação e classificação de cargos visando ao equilíbrio salarial interno • Pesquisas salariais visando ao equilíbrio salarial interno • Política salarial • Como recrutar (técnicas de recrutamento) • Prioridade do recrutamento interno sobre o externo • Determinação da quantidade de recursos humanos necessária e alocação desses recursos em termos de posicionamento em cargos dentro da organização • Planos e sistemáticas de benefícios sociais adequados à diversidade de necessidades dos participantes da organização • Planos e mecanismos (centralizados e descentralizados) de integração de novos participantes no ambiente interno da organização • Planos e sistemáticas para contínua avaliação da qualidade e adequação dos recursos humanos • Critérios e normas de procedimentos sobre relações com empregados e com sindicatos • Critérios de seleção e padrão de qualidade • Grau de descentralização das decisões acerca da seleção de pessoal • Técnicas de seleção • Determinação da sequência ótima das carreiras, definindo as alternativas de oportunidades possíveis dentro da organização • Critérios de criação e desenvolvimento das condições físicas ambientais de higiene e segurança que envolvem os cargos 157Desenvolvimento Pessoal e Organizacional FIGURA 4 – Bases da política de recursos humanos conclusão Treinamento Banco de dados Desenvolvimento de recursos humanos Sistemas de informação Desenvolvimento organizacional Auditoria de recursos humanos • Diagnóstico e programação da preparação e reciclagem constante dos recursos humanos para o desempenho dos cargos • Registros e controles para a devida análise quantitativa e qualitativa dos recursos humanos disponíveis • Aplicação de estratégias de mudança visando a saúde e excelência organizacional • Critérios de avaliação e adequação permanentes das políticas e dos procedimentos de recursos humanos • Aprimoramento a médio e longo prazos dos recursos humanos disponíveis, visando à contínua realização do potencial existente em posições mais elevadas na organização • Meios e veículos de informação adequados às decisões sobre recursos humanos Desenvol- vimento de recursos humano Monitoração de recursos humano FONTE: CHIAVENATO, 2016, p.5 3.5 ESTRUTURA PROPOSTA PARA O NOVO MODELO DE GESTÃO DE PESSOAS O modelo proposto por Dutra (2002) sugere a estruturação dos processos de Gestão de Pessoas a partir do seguinte formato: FIGURA 5 – Processos e práticas de gestão de pessoas PROCESSOS DE MOVIMENTAÇÃO PROCESSOS DE DESENVOLVIMENTO PROCESSOS DE VALORIZAÇÃO Atração e Captação Internalização Transferências Promoções Expatriação Capacitação e Desenvolvimento Sistema de Gestão de Carreira Gestão de Desempenho Remuneração Premiação Serviços e Facilidades PROCESSOS DE GP PRÁTICAS DE GP FONTE: Dutra (2002, adaptado) 158 Rossana Cristine Floriano Jost Os processos citados acima contemplam as seguintes práticas: ▪ Movimentação – todas as práticas responsáveis pelos movimentos físicos das pessoas na empresa ou no mercado de trabalho, por exemplo: quando a pessoa muda de local de trabalho, de posição profissional, de empresa e de vínculo empregatício (DUTRA, 2002). Refere-se às ações de atração e captação (ou Recrutamento e Seleção), internalização (ações de integração das pessoas logo que são contratadas), transferências (movimentos das pessoas dentro da empresa que envolvemmudanças de local de trabalho), promoções, expatriação (trabalho fora do país de origem) e recolocação (movimentos das pessoas para fora da empresa). ▪ Processos de Desenvolvimento – trata das ações que visam estimular e proporcionar condições para o desenvolvimento das pessoas e da empresa. Contemplam as ações de Desenvolvimento e Capacitação de Pessoas (treinamentos, cursos e outras práticas de capacitação), juntamente com Sistemas de Administração de Carreira (diretrizes e estrutura que possibilitam à pessoa planejar a carreira dentro da empresa) e Gestão de Desempenho (acompanhamento e avaliação da performance e resultados das pessoas para a empresa ou negócio). ▪ Processos de Valorização – recompensas por resultados que visam atender necessidades e expectativas econômicas, segurança, crescimento pessoal e profissional, projeção social entre outras, por meio das ações de remuneração, premiação e demais serviços e benefícios. Essa estrutura faz parte da proposta apresentada por Dutra (2002) para um novo modelo de gestão que tem como base conceitos como os de: ▪ Entrega – que se refere a tomar decisões sobre a vida profissional de uma pessoa dentro da empresa, como remuneração ou promoção baseadas na sua atuação, realização, ou seja, na real capacidade de entrega e não apenas no cargo como ainda é hoje. Pode ser entendida como “o saber agir responsável e reconhecido, que agrega valor para a organização” (FLEURY, 2000 apud DUTRA, 2002, p. 54). ▪ Complexidade – que implica em valorizar as pessoas de acordo com a complexidade das suas atividades e tarefas, o quanto elas agregam de valor para o negócio e para o mercado. Durante muito tempo e ainda hoje muitas empresas valorizam o cargo e não a complexidade da função. Por exemplo: na área de produção, quem agrega mais valor ao negócio? Uma chefia que tenha como atividade maior o controle das pessoas ou um ajudante de produção multifuncional e polivalente? Sem dúvida, o segundo tem uma complexidade maior nas suas funções e agrega mais valor à empresa. ▪ Espaço funcional – é o resultado da relação entre complexidade e entrega. Trata da quantidade e complexidade de atribuições e responsabilidades de uma pessoa sem mudar de cargo ou posição na empresa. Ou seja, o quanto ela assume de atividades a mais por iniciativa ou competência. É o conceito que pode embasar ações que valorizem as pessoas que aumentam suas competências individuais e coletivas atendendo às necessidades da empresa. 159Desenvolvimento Pessoal e Organizacional IM PO RT A N TE O mais importante para uma empresa é definir qual modelo se aplica à sua necessidade e, coerentemente, buscar alinhar as práticas de todos os processos de gestão de pessoas às suas estratégias de negócio e cultura organizacional. Toda organização deve definir suas práticas a partir de um modelo de gestão que seja coerente com seus valores, princípios, crenças, cultura e estrutura que darão suporte às suas práticas e processos de gestão. Como é a estrutura da área de Gestão de Pessoas em sua empresa? Como se organizam e se denominam os processos dessa área? As transformações sofridas pelas organizações e pelo mercado de trabalho afetam os modelos e estruturas de Gestão de Pessoas, alterando a perspectiva de atuação e também a denominação da área de Treinamento e Desenvolvimento (como antes era tradicionalmente denominada) para capacitação e desenvolvimento. 3.6 TREINAMENTO X CAPACITAÇÃO E DESENVOLVIMENTO O treinamento profissional estabelece objetivos bem determinados e busca uma operacionalização e aplicabilidade imediata dos conteúdos trabalhados. Tende a ser limitado como processo educacional. No treinamento profissional, o processo de ensino- aprendizagem se desenvolve na perspectiva de instruir, de transmitir conhecimentos e informações, habituar e disciplinar o trabalhador às tarefas que deve desempenhar conforme sua função (PACHECO et al., 2009). Nesse sentido, é possível diferenciarmos o tradicional “treinamento”, limitado ao conhecimento técnico da tarefa da “capacitação e desenvolvimento”, como uma proposta mais completa de profissionalização, conforme nos mostra a figura a seguir. 160 Rossana Cristine Floriano Jost FIGURA 6 – Treinamento X Capacitação e Desenvolvimento “Aprender a saber fazer” Preparo específico para o desempenho de tarefas. “Aplicação de técnicas de ensino- -aprendizagem para levar o indivíduo à aquisição de conhecimentos e habilidades específicas para o desempenho imediato e satisfatório das tarefas referentes ao seu cargo ou função em uma organização” (VIEIRA, 1994, p. 177). TREINAMENTO “Aprender a saber ser” Voltado ao crescimento da pessoa em nível de conhecimento, habilidade e atitude. Aplicação de estratégias educacionais para levar o indivíduo a aperfeiçoar seu desempenho profissional, com novos conhecimentos, habilidades e atitudes desejáveis no âmbito da organização. DESENVOLVIMENTO “Aprender a saber fazer, ser capaz” Mudança de comportamento por aquisição de novos conhecimentos e técnicas. Promove a assimilação de novos conhecimentos, técnicas, atitudes que se expressem em mudanças de comportamento. CAPACITAÇÃO FO N TE: B anco d e im ag ens 123rf FONTE: Vieira (1994) Embora sejam identificadas diferenças entre treinamento, capacitação e desenvolvimento, todos os conceitos são relativos ao Processo de Capacitação e Desenvolvimento, que tem por objetivo: promover mudanças no comportamento das pessoas, construindo novos conhecimentos, habilidades e atitudes alinhadas às estratégias organizacionais. Esse objetivo é desenvolvido por meio de programas de capacitação e desenvolvimento que se apresentam organizados nas seguintes etapas: ▪ Diagnóstico – pesquisa sobre as necessidades da empresa. ▪ Planejamento ou Desenho – elaboração de objetivos, plano de ação e recursos necessários para o mesmo. ▪ Implantação – execução do plano em si. ▪ Avaliação – verificação dos resultados as ações de capacitação e desenvolvimento que foram executadas. 161Desenvolvimento Pessoal e Organizacional 3.7 EDUCAÇÃO CORPORATIVA A proposta da Educação Corporativa vem ao encontro da necessidade de capacitar colaboradores da organização continuamente, pois pode ser entendida como “um processo que sistematiza, agiliza, cria e propicia condições de efetivação das diretrizes e desenvolvimento dos negócios” (PACHECO et al., 2009, p. 30). Pode ser entendida como um conjunto estrategicamente planejado de ações que visa desenvolver, nos colaboradores de uma organização, competências (conhecimentos, habilidades e atitudes) que se encontram alinhadas com os objetivos estratégicos da organização, tornando-a mais competitiva. 3.7.1 Objetivos da Educação Corporativa I. Desenvolver as competências, o aprendizado organizacional e atingir o público interno e externo com aumento de competitividade. II. Vai além do treinamento, proporciona o desenvolvimento e a constante qualificação dos profissionais. III. Visa desenvolver conhecimentos, habilidades e atitudes nos colaboradores da organização e não apenas conhecimento técnico e instrumental. IV. Desenvolve competências e forma cidadãos para gerar o sucesso da empresa e dos clientes. V. Proporciona aprendizagem baseada na prática dos negócios. VI. Difunde crenças e valores da empresa, do ambiente de negócios e a cultura empresarial. VII. Deve possibilitar parceria com universidades e instituições de educação geral e profissional e, dessa forma, agregar valor a seus programas. VIII. Deve proporcionar aos seus colaboradores uma visão global de negócio, com um enfoque no capital intelectual. IX. Promover a gestão de conhecimento da organização. FONTE: Inácio (2016) Uma das formas de desenvolver a proposta da Educação Corporativa nas empresas é pelas Universidades Corporativas. 162 Rossana Cristine Floriano Jost CONCLUSÃO A
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