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DOCÊNCIA EM SAÚDE GESTÃO DE PESSOAS 1 Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842g Gestão de pessoas / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 239p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-360-9 1. Administração. 2. Gestão de pessoas. 3. Cultura organizacional. I. Portal Educação. II. Título. CDD 658.3 2 SUMÁRIO 1 PERSONALIZANDO A ORGANIZAÇÃO ........................................................................................ 7 1.1 SISTEMAS ................................................................................................................................. 8 1.2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL ............................................................................................... 12 1.3 CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL ................................................................................. 13 1.3.1 Cultura Organizacional .............................................................................................................. 14 1.3.2 Clima Organizacional ................................................................................................................. 15 1.4 EFICIÊNCIA E EFICÁCIA .......................................................................................................... 17 1.4.1 Missão, Visão e Valores ............................................................................................................ 19 1.4.2 Estilos de Administração ........................................................................................................... 22 1.4.3 Teoria X ..................................................................................................................................... 22 1.4.4 Teoria Y ..................................................................................................................................... 23 2 PROCESSOS GRUPAIS ................................................................................................................ 25 3 LIDERANÇA, COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E FORMAÇÃO DE EQUIPES ............................. 32 3.1 INTERAÇÃO DE PESSOAS ...................................................................................................... 33 3.1.1 Grupos e formação de equipes de alto desempenho ................................................................ 35 3.1.2 Administração de conflitos ......................................................................................................... 38 3.1.3 Liderança ................................................................................................................................... 40 3.2 COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR ................................................................................. 51 4 COMUNICAÇÃO UM PROCESSO DE INTERAÇÃO .................................................................. 57 3 4.1 COMPONENTES DA COMUNICAÇÃO .................................................................................... 57 4.1.1 Interferências que deturpam a comunicação ............................................................................. 59 4.1.2 Feedback ................................................................................................................................... 61 4.1.3 A Janela de Johari ..................................................................................................................... 64 4.2 ESTILOS INTERPESSOAIS ...................................................................................................... 66 4.3 COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL................................................................................................ 69 4.4 COMUNICAÇÃO COMO FERRAMENTA ESTRATÉGICA........................................................ 71 5 MOTIVAÇÃO DE TALENTOS HUMANOS .................................................................................. 73 5.1 O PROCESSO MOTIVACIONAL............................................................................................... 74 5.2 A TEORIA DA HIERARQUIA DAS NECESSIDADES DE A. MASLOW .................................... 77 5.3 TEORIA DOS DOIS FATORES DE HERZBERG ...................................................................... 79 5.4 TEORIA MCCLELLAND ............................................................................................................ 82 5.5 TEORIA DA EXPECTATIVA DE MOTIVAÇÃO DE VROOM ..................................................... 83 6 PSICOLOGIA DO DIREITO ADQUIRIDO ................................................................................. 85 7 GESTÃO DE PESSOAS E MOTIVAÇÃO ................................................................................. 88 7.1 PRINCIPAIS OBJETIVOS DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS ........................................... 94 7.2 INTERAÇÃO ENTRE ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS E OS OUTROS DEPARTAMENTOS ............................................................................................................................. 95 7.3 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS ............................. 96 7.4 POLÍTICAS DE GESTÃO DE PESSOAS .................................................................................. 98 7.5 ESTRUTURA DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS .............................................................. 99 7.5.1 Captação de pessoas ............................................................................................................... 101 4 7.5.2 Recrutamento ........................................................................................................................... 103 7.5.3 Fontes de recrutamento ............................................................................................................ 103 7.5.4 Seleção de pessoal .................................................................................................................. 107 7.5.5 Ferramentas de seleção ........................................................................................................... 109 8 ADEQUAÇÃO E ORIENTAÇÃO DE PESSOAS ......................................................................... 116 8.1 ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS .................................................................................. 117 8.2 PRINCIPAIS FINALIDADES DE UMA ANÁLISE E DESCRIÇÃO DE CARGOS ...................... 122 8.3 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO ............................................................................................. 129 8.4 MÉTODOS MODERNOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .............................................. 130 9 MANUTENÇÃO E RETENÇÃO DE PESSOAS ........................................................................... 131 10 PROCESSOS DE REMUNERAÇÃO, VALORIZAÇÃO E SEGURANÇA DE PESSOAS ........ 135 10.1 REMUNERAÇÃO ..................................................................................................................... 136 10.1.1 Sistemas tradicionais de remuneração ..................................................................................... 13710.1.1.1Administração de salários ...................................................................................................... 138 10.1.1.2Pesquisa salarial .................................................................................................................... 139 10.1.1.3Avaliação de cargos ............................................................................................................... 140 10.1.1.4Método de avaliação por pontos ............................................................................................ 141 10.1.2 Remuneração estratégica ......................................................................................................... 145 10.1.3 Benefícios sociais ..................................................................................................................... 146 10.2 HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO ............................................................................. 147 10.2.1 Ergonomia ................................................................................................................................ 148 10.2.2 Saúde ocupacional ................................................................................................................... 148 5 10.2.3 Segurança no Trabalho ............................................................................................................ 149 10.2.3.1Acidentes de trabalho ............................................................................................................ 150 10.2.3.2CIPA ...................................................................................................................................... 151 10.3 ESTRESSE OCUPACIONAL ................................................................................................... 152 10.3.1 Consequências do estresse no organismo ............................................................................... 153 10.3.1.1Fatores geradores de estresse no trabalho ........................................................................... 154 10.3.1.2Prevenção dos sintomas do estresse .................................................................................... 155 10.3.1.3Síndrome de burnout ............................................................................................................. 156 11 DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS ......................................................................................... 158 11.1 EDUCAÇÃO PARA ADULTOS ................................................................................................. 160 11.2 LEVANTAMENTO DAS NECESSIDADES DE TREINAMENTO – LNT ................................... 162 11.3 ANÁLISE DOS DADOS LEVANTADOS NO LNT ..................................................................... 164 11.4 REALIZAÇÃO DO TREINAMENTO .......................................................................................... 164 12 TIPOS DE TREINAMENTO DE PESSOAS ............................................................................. 167 13 ASSESSMENT MANAGEMENT .............................................................................................. 168 13.1 ASSESSMENT COMO CULTURA DE TRANSFORMAÇÃO.................................................... 176 13.2 QUATRO PILARES DO ASSESSMENT TRANSFORMADOR ................................................. 177 14 ÉTICA E TRABALHO .................................................................................................................. 185 15 MANEIRAS QUE PODEM MINIMIZAR O ESTRESSE DO DIA A DIA .................................... 192 15.1 VIVA O HOJE ........................................................................................................................... 196 15.2 SABER OUVIR ......................................................................................................................... 198 15.3 PERDOE A SI MESMO ............................................................................................................ 201 6 15.4 REDUTOR DE ESTRESSE ...................................................................................................... 204 15.5 APRENDA A DIZER NÃO SEM CULPA ................................................................................... 206 15.6 ESTEJA DISPOSTO A MUDAR ............................................................................................... 209 15.7 ELOGIE A SI MESMO .............................................................................................................. 211 15.8 EU APROVEITO O HOJE AO MÁXIMO? ................................................................................. 214 15.9 EMPATIA .................................................................................................................................. 216 15.10 PENSE E DEPOIS FALE .......................................................................................................... 219 15.11 TEORIA DOS TRÊS “S” ........................................................................................................... 222 15.12 CONSELHO: SEGUÍ-LO OU NÃO? ......................................................................................... 224 15.13 RECUPERE-SE ........................................................................................................................ 225 15.14 COMENTÁRIOS PERIGOSOS ................................................................................................ 227 15.15 PERSONALIDADES ................................................................................................................. 230 15.16 A ESCOLHA É SUA ................................................................................................................. 233 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 236 7 1 PERSONALIZANDO A ORGANIZAÇÃO As organizações são criadas pelo homem e se perpetuam através dos homens, são compostas de pessoas que assim como as empresas têm seus objetivos geralmente delineados e específicos. Esta união, empresa-homem, precisa estar em harmonia e de comum acordo – “[...] eu te ajudo a conquistar os teus objetivos e você os meus [...]”– para que este casamento renda frutos e crescimento, tanto para a empresa, aumentando seus lucros e oportunidades de negócios, quanto para o homem, trazendo satisfação de necessidades como desenvolvimento profissional, aumento do poder aquisitivo, oportunidades de desafios, etc. O comportamento do homem nas organizações depende de duas variáveis: as pessoais, como a personalidade, a motivação interna, a percepção e os valores que acredita, e as variáveis da empresa como o ambiente de trabalho, as regras, a política da empresa, os métodos de trabalho, as recompensas e punições e o grau de confiança que a empresa deposita nos funcionários. Os padrões de comportamento são responsáveis pela maneira como o homem conduz suas tarefas e interferem significativamente na dinâmica da empresa. As pessoas podem ser consideradas como alicerces da empresa e utilizam suas habilidades, capacidades, experiências e conhecimentos, como ferramentas para conseguir novos recursos e alcançar os resultados da empresa. “... eu te ajudo a conquistar os teus objetivos e você os meus...” 8 O homem coloca à disposição da empresa habilidades como executar tarefas e atividades, influenciar e modificar o comportamento dos outros e de ter ideias baseadas em seus conceitos e em sua experiência. FIGURA 1 - AS VARIÁVEIS QUE INFLUENCIAM O COMPORTAMENTO HUMANO NAS ORGANIZAÇÕES FONTE: Knapik (2004). 1.1 SISTEMAS Leia com atenção porque a definição de Sistemas é importante!É uma cadeia de ações que dá vida à empresa. O homem Personalidade Motivação interna Percepção A empresa Ambiente organizacional Regras Clima e cultura Comportamento do homem na empresa 9 A abordagem sistêmica tem origem na Biologia, no estudo dos seres vivos e em sua dependência e adaptabilidade ao meio-ambiente. A administração utiliza este conceito para explicar suas ações e interações como sendo um ser vivo. Um enfoque sistêmico possibilita ter uma visão mais abrangente do conjunto de ações da empresa e da gestão de seus recursos. É possível contextualizar as variáveis internas e externas de uma organização como interação de um todo subdividido em partes organizadas em busca de um ou mais objetivos em comum. Um sistema é um todo organizado por um conjunto de partes que se relacionam por meio de uma interdependência, tendo como meta realizar uma atividade e atingir o objetivo pelo qual o sistema foi criado. 10 FIGURA 2 - REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA Insumos Produto ou serviço final Entradas (Input) Operacionalização ou Processo Saídas (output) Retroação ou Feedback FONTE: Knapik (2004). Vamos usar um exemplo: uma indústria do segmento alimentício faz uma pesquisa e descobre que a população tem preferência por biscoitos de chocolate, então decide inovar a produção e lançar uma nova marca de biscoitos de chocolate. A empresa faz testes com novos ingredientes, desenvolve seus fornecedores, analisa os custos, contrata novos funcionários, cria a linha de produção, se preocupa com o Marketing do novo produto, treina a equipe de vendedores e lança no mercado. 11 Agora vejamos como podemos representar um sistema com este exemplo: Entradas (input) O sistema recebe insumos que podem ser: informações, energia ou recursos provenientes do ambiente externo para que sejam processados. Vamos considerar o resultado desta pesquisa como uma Entrada para a indústria, ou seja, uma informação para que a empresa decida que produto novo ela vai lançar. Outra entrada pode ser o desenvolvimento de fornecedores, ou seja, o Departamento de Compras recebe a incumbência de encontrar novos fornecedores e adquirir os recursos materiais necessários. Nestes dois exemplos de Entrada, o resultado da pesquisa faz parte de um Macrossistema: descobrir o que a população gosta, fabricar e vender um produto de grande aceitação. Já a notificação do desenvolvimento de fornecedores ao setor de compras, faz parte de um subsistema, ou seja, um sistema que está dentro de outro sistema maior. Processo (operacionalização) É a conversão de Entradas por meio de seus subsistemas. Cada Entrada tem um conjunto de subsistemas específico para processar. No exemplo citado, Processo é todo trabalho realizado para fabricar os biscoitos, como a pesquisa dos ingredientes, o cálculo dos custos, o desenvolvimento de seus fornecedores, a contratação de novos funcionários, a linha de produção, o treinamento da equipe de vendedores, etc. Saídas (output) É o resultado do processamento que devolve ao ambiente um produto, um serviço ou mesmo uma informação. No exemplo, o resultado pode ser considerado o lançamento do biscoito no mercado. 12 Retroação ou Feedback A Retroação é uma realimentação do sistema, ou seja, é uma informação que vai fazer um retorno para dizer se o sistema está ou não atingindo os resultados esperados e pode ser considerado como uma Entrada. Um exemplo de retroação é a aceitação, ou não, dos novos biscoitos de chocolate pelo mercado. Este retorno do mercado vai realimentar o sistema, informando se o produto final alcançou a aceitação desejada ou se devem ser alterados os processos para que a indústria consiga o resultado esperado. 1.2 AMBIENTE ORGANIZACIONAL Ambiente é tudo o que envolve uma organização, é o universo vasto e complexo que compõe outras empresas, organizações, grupos, etc. É do ambiente que as empresas conseguem os recursos para seu funcionamento e é para o ambiente que produzem. Os sistemas das organizações sofrem diretamente com as interferências do ambiente, principalmente com as constantes mudanças no aspecto social, político e econômico. Segundo Chiavenato (2003), o ambiente é constituído de sete variáveis: Tecnológicas: corresponde à tecnologia e ao conhecimento de como fazer parte e utilizar esta tecnologia. Representa uma das variáveis mais complexas por causa do forte impacto sobre as organizações. Políticas: é o clima político e ideológico que pode trazer instabilidade no país e como consequência nas organizações. 13 Econômicas: interfere diretamente na oferta e procura do mercado, determina o volume de produção, preços, potencial de lucro, a facilidade na obtenção de recursos materiais, etc. Legais: são as leis ou normas que regem e influenciam o comportamento das organizações como as leis tributárias, trabalhistas, civis, comerciais, etc. Sociais: as atitudes sociais e a opinião pública interferem nas organizações, aceitando ou não, determinando produtos ou serviços. As variáveis que têm mais repercussão nas empresas são as tradições culturais, o valor da família e da comunidade, as atitudes quanto à profissão, ao trabalho e à poupança, as estruturas raciais e linguísticas. Demográficas: a empresa pode analisar o mercado atual e prever o seu potencial de futuro em função de variáveis como as características da população, seu crescimento, raça, religião, distribuição geográfica, idade, sexo, etc. Ecológica: incluem condições físicas e geográficas que rodeiam as empresas (como o tipo de terreno, clima, vegetação, etc.) e sua utilização. 1.3 CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL A maioria dos autores concorda que muitas empresas ainda conservam um sistema autocrático e fechado e resistem em adotar uma administração mais moderna, mesmo com as mudanças sociais, culturais, políticas, econômicas e tecnológicas que acontecem todos os dias. Uma visão mecanicista ainda gerencia e predomina essas empresas, que não se adaptam Veja como é constituída a personalidade de uma empresa! 14 facilmente a mudanças, mesmo em um mundo que hoje defende questões como a democracia, a liberdade de expressão, a qualidade de vida, etc. Precisamos sensibilizar os empresários para a mudança dos conceitos organizacionais que premiam as empresas que valorizam seus talentos humanos e veem nas pessoas seu principal investimento e fontes de recursos e resultados. O clima e a cultura de uma empresa tem forte impacto no contexto ambiental, principalmente na imagem que a empresa tem no meio em que está inserida. 1.3.1 Cultura Organizacional A cultura organizacional é composta por regras formais e informais que direcionam a forma de agir, pensar, perceber e compartilhar das pessoas que fazem parte de uma organização e direcionam a forma como essas pessoas alcançam os objetivos da empresa. Assim como cada ser humano tem características individuais próprias, cada empresa também tem sua cultura e até mesmo algumas peculiaridades que são bem conhecidas pela sociedade. A cultura revela a personalidade da empresa por meio de seus valores, hábitos, crenças, atitudes e expectativas. Chiavenato (2003) faz uma analogia da cultura organizacional com um iceberg. A parte visível do iceberg representa os aspectos formais da Cultura Organizacional que são facilmente reconhecidos, como as políticas e diretrizes, os métodos de trabalho, a estrutura da empresa e a estrutura dos cargos. A parte inferior, oculta pela água, esconderia aspectos informais como os sentimentos, as percepções, os valores, as regras informais do grupo,etc. A sobrevivência das empresas depende muito da capacidade de adaptação e flexibilidade, diante do momento que é regido pela globalização e com tal dinamismo das mudanças. Existem empresas mais conservadoras, que mantêm uma cultura com tradições, 15 crenças e hábitos ultrapassados, como se um passado promissor fosse garantia de um sucesso duradouro. A cultura autocrática do “eu decido e dito as ordens que devem ser seguidas” está sendo substituída por uma nova cultura de gestão com enfoque em liderança, compromisso e participação “[...] a meta é esta, agora precisamos decidir quais estratégias adotar e seus indicadores de controle [...]”. 1.3.2 Clima Organizacional Clima Organizacional é o ambiente psicológico que existe dentro de um departamento ou empresa, é aquela condição interna percebida pelas pessoas e que influencia seus comportamentos. O Clima Organizacional está ligado à motivação da equipe, quero dizer, aspectos internos da organização conduzem a diferentes níveis ou tipos de motivação e dão origem a comportamentos que podem ser favoráveis e benéficos ou desfavoráveis e prejudiciais ao trabalho. É justamente em função do Clima Organizacional, que algumas empresas atraem mais, outras menos, candidatos que desejam concorrer a um posto de trabalho. Existem empresas que chamam a nossa atenção pela sua receptividade, outras pela formalidade, outras ainda pelo calor humano ou mesmo pela apatia. Não quero dizer que existe um clima ideal, mas as pessoas devem se identificar com a empresa e com o seu ambiente de trabalho para manter um alto nível de motivação. O clima organizacional influencia o desempenho das pessoas e a satisfação com o trabalho. O Clima Organizacional depende de algumas situações como a estrutura da organização, as responsabilidades, o reconhecimento por um trabalho bem executado, o apoio recebido, etc. O Clima Organizacional também está diretamente relacionado com os estilos de liderança empregados pelas chefias da empresa. As empresas consideradas as melhores para 16 se trabalhar, geralmente não têm muitas hierarquias de autoridade e nem muitas divisões internas, enfatizam e valorizam o trabalho em equipe e incentivam a liberdade, a participação, os desafios profissionais, a autonomia de decisão e as recompensas pelo trabalho bem realizado. FIGURA 3 - CLIMA E CULTURA ORGANIZACIONAL FONTE: Knapik (2004). Despertar o compromisso da equipe de trabalho com as políticas e diretrizes da empresa é um dos atuais desafios das corporações. Cultura Organizacional Clima Organizacional É composta por regras formais e informais que direcionam a forma de agir, pensar, perceber e compartilhar das pessoas que fazem parte de uma organização e direcionam a forma como essas pessoas alcançam os objetivos da empresa. É o ambiente psicológico que existe dentro de um departamento ou empresa. É aquela condição interna percebida pelas pessoas e que influencia seus comportamentos. Está ligado à motivação. 17 A personalidade da empresa é desenvolvida por um conjunto de variáveis formadas pelos estilos de administração de variáveis formadas pelos estilos de administração da organização. Podemos concluir que a personalidade da empresa é desenvolvida por um conjunto de variáveis influenciadas pelos estilos de administração organizacional. Em um período caracterizado por incertezas e mudanças imprevisíveis, as empresas precisam ser ágeis, flexíveis e criativas, e estes adjetivos organizacionais precisam da participação e do comprometimento de toda a equipe de trabalho. As empresas precisam comprometer todos os seus colaboradores com suas políticas e diretrizes e este compromisso está relacionado com conceitos sobre eficiência, eficácia, missão, valores e visão organizacional. 1.4 EFICIÊNCIA E EFICÁCIA O primeiro objetivo das empresas é a obtenção de lucro e aumentar seus recursos materiais. Para tanto, o administrador segue algumas diretrizes, como reduzir o tempo de produção, utilizando toda matéria-prima e disponibilizando o mais rápido possível a mercadoria ou serviço no mercado. Outro fator poderá ser a otimização da capacidade produtiva, aumentando o ritmo de trabalho das pessoas por meio da especialização. Ainda como estratégia de ação, poderia sensibilizar para os princípios da qualidade do produto ou serviço, ou seja, fazer o certo já na primeira vez, evitando o retrabalho. O que é mais importante, ser eficiente ou eficaz? 18 A empresa deve criar suas estratégias de ação, planejar seus passos, analisar o mercado e desenvolver seus processos para que sejam eficientes e eficazes para assegurar os resultados previstos. A eficiência consiste nos meios pelos quais se chega a um resultado, no método de trabalho e seus procedimentos para atingir um objetivo. Fazer certo, utilizando os processos adequados, com a melhor maneira de executar um trabalho que deve ser estudado e planejado. A eficácia é o objetivo alcançado, é o resultado final do trabalho. Tem relação com a satisfação das necessidades da sociedade com seus produtos ou serviços. FIGURA 4 - EFICÁCIA E EFICIÊNCIA ORGANIZACIONAL FONTE: Knapik (2004). Eficiência Eficácia Preocupa-se com os meios. Procura fazer bem e corretamente o trabalho. Busca a melhor maneira de fazer um trabalho. Foco no método de trabalho. Preocupa-se com os fins, com o resultado. Procura fazer as coisas corretas. Busca o sucesso do trabalho. Foco na obtenção de resultados. 19 1.4.1 Missão, Visão e Valores As empresas são consideradas como sistemas abertos com entradas e saídas provenientes do meio ambiente. Toda organização foi criada para atender uma ou mais necessidades deste ambiente externo, interagindo como um processo contínuo de adaptação, aprendizagem e mudanças. A Missão e a Visão da empresa estão intimamente ligadas a esta relação empresa/meio-ambiente e também obedecem a um processo contínuo de adaptação às mudanças de conceito e exigência do mercado e da globalização. Missão A Missão significa a razão de ser da empresa, a finalidade da organização em relação à sociedade. A Missão organizacional sofre as interferências da modalidade, não é estática e pode aperfeiçoar ou mudar com o tempo. O exemplo da IBM demonstra com muita clareza esta condição de adaptação. A princípio, a empresa produzia materiais de escritório, e foi vital uma adaptação ao mercado. Quem hoje compra uma máquina de datilografia com as facilidades proporcionadas pelo computador? Hoje a missão da IBM é oferecer soluções rápidas e criativas para problemas de gerenciamento da informação. A Missão organizacional envolve os objetivos principais do negócio e define com clareza o que a empresa espera e pode cobrar de seus colaboradores, definindo suas tarefas, responsabilidades e metas a serem alcançadas. Com a oficialização da Missão, a empresa “... foco de hoje... leme do amanhã...” 20 ganha identidade e presença na sociedade. Por meio de um programa eficaz de orientações e esclarecimentos da Missão Organizacional, as equipes de trabalho são estimuladas a ter iniciativa e comprometimento com os objetivos finais da organização e a empresa pode ampliar suas fronteiras. Vejamos alguns exemplos de Missão: McDonald’s: “Servir alimentos de qualidade, com rapidez e simpatia, num ambiente limpo e saudável”. Ford: “Nossa missão é atender as necessidades de transportes de nossos clientes aprimorando nossos produtos e serviços, prosperando como empresa e proporcionando retorno aos acionistas”. Citibank: “Oferecer qualquer serviço financeiro em qualquer país onde for possível fazê-lo de formalegal e rentável”. Visão A Visão organizacional tem o intuito de dar um rumo à empresa, oferecendo uma imagem do futuro que se deseja alcançar. A Visão está diretamente relacionada com os projetos estratégicos e objetivos organizacionais da empresa. Define a intenção da organização e irá modificar a Missão. Vejamos alguns exemplos de visão: TAM: “Ser a maior e mais lucrativa empresa de transportes aéreos”. Petrobras 2010: “Ser uma empresa de energia com forte presença internacional e líder na América Latina, com liberdade de atuação de uma corporação internacional e foco na rentabilidade e responsabilidade social”. Valores 21 Os Valores organizacionais têm origem em ideais, em crenças sobre o que é certo ou errado, importante ou menos importante e é conservado no grupo. Maximiliano (2004, p.512) traz um conceito de valores que os coloca no íntimo da cultura organizacional: “Os Valores compreendem crenças, preconceitos, ideologia e todos os tipos de atitudes e julgamentos compartilhados pelos integrantes da organização, a respeito de qualquer elemento interno ou externo”. FIGURA 5 - MISSÃO, VISÃO E VALORES FONTE: Knapik (2004). Visão Missão Organizacional É a razão de ser da empresa, a resposta da organização em relação a uma necessidade da sociedade. Dá um rumo à empresa, uma imagem de futuro que se pretende alcançar. Valores Organizacionais São as crenças sobre o que é certo ou errado. 22 1.4.2 Estilos de Administração A cultura organizacional está intimamente relacionada com crenças a respeito da natureza humana. As empresas são governadas de acordo com pressuposições que diferenciam as formas de administrar seus recursos. A adoção de uma dessas teorias estabelece o comportamento das pessoas dentro das empresas. Douglas McGregor, behaviorista e estudioso da teoria das organizações, formulou duas teorias opostas de administração tendo como base algumas pressuposições relacionadas com a natureza humana: a Teoria X e a Teoria Y. 1.4.3 Teoria X Esta é uma visão tradicional da Administração que predominou por muitos anos no passado, tem como base concepções distorcidas da natureza do homem. Nesta teoria, a Administração deve dirigir as pessoas, preocupar-se em incentivar e controlar suas tarefas para garantir os resultados esperados pela empresa, persuadindo, recompensando e punindo, já que o homem é um ser passivo. Esta teoria defende premissas como: O homem é motivado pelo seu salário, por incentivos financeiros. O homem tem uma atitude de dependência, precisa ser motivado e controlado pela empresa. Os interesses do homem não devem ser considerados, suas emoções são irracionais. 23 O homem é preguiçoso e deve ser estimulado. O objetivo individual geralmente se opõe aos objetivos da empresa. O homem é incapaz de autocontrole e disciplina. O homem prefere ser liderado, não gosta de responsabilidades e não tem ambições. O homem se deixa enganar com facilidade por pessoas mal intencionadas. O homem busca segurança, resiste às mudanças. 1.4.4 Teoria Y A Teoria Y é a nova concepção de administração. Tem fundamento na teoria da motivação humana e é focada em objetivos e não no controle. Nesta abordagem, Administrar é procurar oportunidades, desenvolver potenciais, remover obstáculos e incentivar o crescimento das pessoas. A empresa deve proporcionar oportunidades e condições para que as pessoas percebam e busquem seu crescimento e desenvolvimento profissional. Esta concepção defende que: O esforço físico e mental do trabalho não é necessariamente um desprazer, pode ser uma satisfação. O homem tem um autocontrole e uma autodireção do seu trabalho a serviço da empresa. O homem vai à busca de responsabilidades. A falta de ambição e o desejo de segurança são consequências da experiência de vida e não inerentes de cada um. O homem tem criatividade e imaginação na solução de problemas. O potencial intelectual do homem médio é parcialmente utilizado. 24 A Teoria Y defende uma administração participativa e democrática, preocupa-se com os valores humanos, busca uma descentralização e delegação das tarefas proporcionando menos controle e mais liberdade. Os cargos são revistos e possibilitam maiores responsabilidades nos níveis operacionais e satisfação das necessidades de estima e sociais. As pessoas têm certa participação nas decisões da empresa e também são encorajadas a fazer uma autoavaliação do seu desempenho. 25 2 PROCESSOS GRUPAIS Neste tema, procuraremos contemplar aspectos mais estritamente ligados ao que se passa em termos grupais. De qualquer forma, é importante que você pare mais uma vez para refletir sobre tudo o que viu até aqui, buscando fazer relações com outras leituras que você já tenha feito anteriormente, bem como estabelecer as possíveis ligações com situações de sua experiência pessoal, para tentar identificar o que aqui está sendo abordado de forma técnica e conceitual, pois este é o melhor caminho para uma melhor apreensão e aprendizagem do que está sendo tratado. Este trabalho tem por finalidade proporcionar elementos para que você possa pensar a respeito das situações que vive e sobre aqueles que você virá a vivenciar, tanto na vida pessoal quanto profissional, mas, sem dúvida, o interesse maior diz respeito à sua atividade de trabalho. Cabe ainda salientar que seu desempenho profissional depende de suas próprias habilidades, de suas percepções e capacidade de manejar as diversas situações do dia a dia, mas certamente depende também de aspectos que lhe são alheios, que não dependem diretamente de sua atenção, ao contrário, sua atenção é que dependerá delas. Muitas coisas dependem de você, mas muitas outras não dependem de você e sim das pessoas que o cercam e, especialmente, da constituição do grupo – e da instituição – a que você pertence. Porém, isto não significa que você está isento de responsabilidades naquilo que faz e nos resultados que produz. Isto está aqui indicado apenas para acentuar o caráter de interdependência entre sua prática e o funcionamento institucional, ou seja, o que você faz produz efeitos sobre o andamento da organização a que você pertence, mas o funcionamento próprio dessa organização também interfere naquilo que você poderá fazer e no alcance ou repercussão do que você possa fazer. 26 Assim sendo, o conhecimento que você adquire só tem valor se você o aplica. Não aplicá-lo reduz significativamente a importância que ele possa ter na sua vida. Então, o valor do conhecimento está no que você faz com ele. Pense nisso! Agora, prosseguiremos abordando o processo grupal. As relações humanas são determinadas pela conjugação dos fatores até aqui abordados. Quando se referem ao espaço organizacional, apresentam algumas particularidades importantes de considerar, principalmente para aqueles que trabalham em contextos desta natureza. Segundo Fela Moscovici (1975), é possível identificar dois níveis distintos próprios das relações interpessoais existentes nas empresas. São elas: O nível da tarefa. O nível socioemocional. São níveis que funcionam e existem de formas interdependentes, ou seja, são níveis que se influenciam mutuamente, o que significa dizer que não são excludentes, ou melhor, a existência de um não implica ausência do outro; ao contrário, são níveis que acontecem simultaneamente, cada um com suas características próprias, mas também interferindo no que se processa no outro nível. Essas considerações evidenciam que não basta competência técnica para o exercício das funções, ou seja, ela é necessária, mas não suficiente. Porém,infelizmente, as empresas ainda não têm reconhecido que apostar todas as fichas na qualificação técnica de mão de obra é um sério equívoco. Existem dois níveis de relações interpessoais nas empresas: 27 Nível da tarefa: É o nível das atividades que podem ser verificadas e observadas diretamente, ou seja, diz respeito àquilo que as pessoas fazem e realizam efetivamente em termos práticos. Pode ser verificado tanto nos grupos formais de trabalho, quanto nos informais, e o estabelecimento das atividades a serem desenvolvidas é geralmente fruto de acordos entre os participantes do grupo. Corresponde aos esforços do grupo para produzir resultados que propiciem alcançar os objetivos estabelecidos. Porém, o nível é significativamente influenciado pelo outro nível – o nível socioemocional. Assim, o resultado alcançado no nível das tarefas será maior ou menor, será mais ou menos satisfatório, dependendo do que se sucede em termos socioemocionais. Assim, a facilitação ou não do desempenho nas tarefas está intimamente relacionado com o que se passa no nível socioemocional. Nível socioemocional: É o nível relativo às sensações e sentimentos das diferentes formas possíveis, os quais podem ter existência anterior à situação vivida em grupo, e também serem ocasionadas em decorrência da convivência e das atividades próprias do grupo. Este nível é basicamente responsável pela manutenção, crescimento e amadurecimento do grupo, bem como pela produtividade e bem-estar de seus integrantes. Os sentimentos presentes no grupo podem ser de tipo positivo, como, por exemplo, reciprocidade e compartilhamento; ou do tipo negativo, como é o caso de antagonismos e inconciliáveis, antipatias e hostilidades. Em decorrência do tipo de sentimento existente no grupo, o desenvolvimento das tarefas poderá ser facilitado ou prejudicado. Os sentimentos positivos tendem a funcionar como facilitadores do nível da tarefa, ao passo que os sentimentos negativos tendem a produzir prejuízos e dificuldades ao grupo como um todo, especialmente na realização das atividades. As três dimensões dos processos grupais: Existem três dimensões a serem consideradas quanto ao processo dos grupos. São dimensões que não se excluem mutuamente, ao contrário, coexistem simultaneamente. O que ocorre é que cada uma se manifesta de forma mais evidente de acordo com as circunstâncias. As dimensões em questão são as seguintes: 28 Dimensão Intrapessoal: Diz respeito ao repertório de reações da pessoa, assim como sua motivação e pontos de vista. É a dimensão relativa dos processos que envolvem a relação do indivíduo consigo mesmo, de tal forma que Fela Moscovici (1975) a denomina de “relação eu-eu” e que é decisiva no processo grupal, pois as relações que o indivíduo estabelece com outras pessoas dependem, de maneira significativa, da forma pela qual ele se relaciona consigo próprio. Assim, o contato com o mundo e com as outras pessoas está diretamente relacionado com o modo como a pessoa se sente em relação a si mesma. Ou melhor, a possibilidade de abertura, espontaneidade, confiança e consideração nas relações está intrinsecamente vinculado ao modo como o indivíduo se vê e como se relaciona com o que vê de si mesmo. Como já vimos até aqui, o que se desenvolve no indivíduo é fruto de suas relações com outras pessoas, ou seja, das relações interpessoais. Dimensão Interpessoal: É a dimensão que tem sido denominada “relação eu- outro”. Sem dúvida, é a dimensão mais visível do processo grupal, pois é a mais aparente, no sentido de que é a mais visível e evidente. Ela envolve o que pode ser considerado como sendo o “clima emocional”, o qual se constitui de forma muito particular no interior de cada grupo. O clima que se desenvolve no grupo, influenciando o desempenho do grupo, bem como a execução das tarefas que nele se desenrolam. Ou seja, as tendências no sentido do conflito ou da integração, por exemplo, são fortemente determinadas pelo clima que se constitui no interior do grupo. Basicamente, a dimensão interpessoal pode ocorrer segundo três formas: Afetuosas: favorecem a cooperação. Superficiais: envolvem cordialidade aparente, no sentido de manter a aparência. É aquilo que denominamos “de fachada”. Conflitivas: produtoras de competitividade agressiva e hostilidade generalizada. Dimensão das Operações do Grupo: Diz respeito às manifestações e movimentos do grupo como um todo, que não são sempre identificáveis de imediato, necessitando, muitas vezes, da inferência a partir de certos elementos relativos ao desenvolvimento das tarefas, bem como a partir do que se passa em termos socioemocionais. 29 Assim, corresponde ao conjunto que constitui o grupo, suas ações, suas tendências e suas perspectivas. Segundo Fela Moscovici (1975), é Schutz o autor que formula a concepção relativa aos núcleos de necessidades que se evidenciam no processo grupal e identifica os núcleos em número de três. São necessidades que podem ser verificadas em todas as formas de relacionamento, não estão presentes de forma particularizada apenas em uma ou em outra situação de agrupamento ou de relação interpessoal. Assim, estão presentes e se manifestam em comportamentos e sentimentos para com os outros, mas também do indivíduo para consigo mesmo. Essas necessidades caracterizam etapas das relações que acontecem ao longo do desenvolvimento do grupo. São eles: Inclusão: Corresponde à fase do desenvolvimento grupal em que cada pessoa procura se situar em uma determinada posição no interior do grupo, seja no centro ou na periferia. Mas comporta também a tentativa de vislumbrar as possibilidades de unir-se aos demais ou, ainda, o que pode deles esperar. Assim, envolve localização de tipo “dentro ou fora” do grupo, ou seja, sentir-se aceito pelo grupo ou ficar à margem, podendo participar efetivamente dos acontecimentos ou permanecer afastado. Nos grupos que se encontram em fase inicial de constituição costuma haver maior dificuldade de inclusão, o que irá se configurar de uma forma mais específica apenas mediante o desenvolvimento do grupo. A expectativa predominante é de ser bem acolhido. Há um temor de ser ignorado ou excluído. Corresponde à expectativa de poder ser importante para o grupo. Controle: É o processo de tomada de decisões, de estabelecimento de liderança e de posições de poder. Comporta a necessidade de esclarecer quanto à possibilidade de que as decisões aconteçam ou não em conjunto. Porém, existem variações disso em cada indivíduo. Em alguns, há o desejo de exercer autoridade e controle sobre os outros. Em outros, há 30 necessidade de ser controlado e poupado das responsabilidades. A definição das posições relativas de poder costuma ser compartilhada de comum acordo entre os membros do grupo, o que propicia certo equilíbrio ao funcionamento do grupo. Afeição / Abertura: É a fase do processo grupal em que se abrem as possibilidades se expressar emoções. Diz respeito tanto aos sentimentos positivos e carinhosos quanto aos negativos e hostis. Como ambos os sentimentos são possíveis de serem manifestados de aproximação, ou seja, até onde ir para receber carinho e a partir de onde seria rejeitado ou maltratado. Costuma ser caracterizada alegoricamente como “abraço psicológico”. Com isso, é possível evidenciar que os indivíduos expressam necessidades em suas relações com outros indivíduos. Isto é, as relações entre pessoas carregam no seu interior as necessidades e os interesses mais íntimos dos indivíduos. O curioso é que, frequentemente, nem o próprio indivíduo chega a identificar que está transmitindo suas necessidades e preferências mais particulares. 31 FIGURA 6 FONTE: Disponível em: <http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photo-groups-of-people-image14590815>. Acesso em: 31 out. 2010. http://www.dreamstime.com/register?jump_to=http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photo-groups-of-people-image14590815 32 3 LIDERANÇA, COMPETÊNCIAS GERENCIAIS E FORMAÇÃO DE EQUIPES Você acredita que liderança e gerenciamento eficazes impulsionam uma equipe para o sucesso? A convivência com os outros, especialmente no ambiente de trabalho, não é fácil, e o desafio é transformar essa dificuldade em uma oportunidade de contato interpessoal que promova o crescimento e o amadurecimento emocional. Como trabalhar bem em equipe? Como administrar, de forma positiva, os conflitos do dia a dia? Como entender a ótica dos outros e fazer-se entender? Por que a minha equipe, mesmo capacitada, não produz o quanto deveria? Qual o administrador que já não se fez algumas dessas perguntas pelo menos uma vez? As pessoas comunicam-se, aproximam-se, afastam-se, sentem aversões, carinho, medo, sentimento de ameaça, de segurança, etc. Existe uma infinidade de reações e sentimentos, conscientes ou inconscientes, que derivam da mente humana e constituem o complexo processo de interação entre os homens. A gestão de pessoas deve considerar esses aspectos de relacionamento na formação e na condução de equipes de trabalho. Gerenciar pessoas vai além do direcionamento de competência técnicas, pois deve levar em consideração também aspectos comportamentais, personalidade e emoções que formam os TALENTOS HUMANOS. O QUE SÃO TALENTOS HUMANOS? 33 O termo TALENTOS HUMANOS é mais moderno, justo e carinhoso do que RECURSOS HUMANOS. As empresas não estão erradas em considerar as pessoas como recursos, porque, na realidade, elas são recursos, ou seja, são “instrumentos” para a organização conseguir atingir seus resultados. A princípio uma empresa não contrata seus colaboradores por caridade, mas porque ela precisa das pessoas, de seus esforços, conhecimentos e experiências. Acreditamos, porém, que considerar as pessoas como talentos portadores de emoções, desejos e aspirações desencadeia uma atmosfera de aceitação, de crença em suas capacidades de conquistar resultados e de se relacionar, bem como no potencial de aprendizagem. 3.1 INTERAÇÃO DE PESSOAS Por que é importante na gestão de pessoas e equipes considerar aspectos como relacionamento interpessoal, personalidade e emoções? O tempo todo, as pessoas estão interagindo umas com as outras, por meio de um olhar, de um sorriso, da postura corporal de aproximação ou de defesa, de um gesto espontâneo ou intencional. Toda interação passa uma mensagem, comunica algo aos outros, seja em linguagem verbal, seja em linguagem não verbal. É comum alguém se deixar guiar pela primeira impressão quando conhece uma pessoa. Esse contato inicial está condicionado por diversas experiências anteriores, fatores psicológicos e preconceitos internalizados, que criam um clima favorável ou desfavorável para ambos os lados da interação e condicionam um comportamento de aceitação ou de afastamento. 34 Quem alguma vez não disse: “Eu não imaginava que você fosse assim?”, “Puxa, mas você, hein, parecia tão calminho?”, “Antes eu tinha uma imagem tão diferente de você!”, “Mas você pensava isso de mim?”. Quantas vezes uma pessoa pode ser vítima de impressões equivocadas ou, então, ter ela mesma uma imagem irreal de outras. É frequente que a impressão a respeito dos outros indivíduos mude quando passamos a conhecer um pouco mais sobre eles. Porém, para isso, é necessário dar uma chance para que aconteça e não rotulá-los ou diagnosticá-los, colocando um ponto final na percepção, sem dar uma chance para confirmar ou modificar aquela primeira impressão. Flexibilidade e maturidade emocional nos relacionamentos interpessoais são as qualidade que estão sendo exigidas dos profissionais no mundo do trabalho, a fim de se amenizarem os conflitos e de criarem condições para a instauração de um clima favorável ao desenvolvimento e à motivação de talentos humanos nas organizações, tendo em vista o comprometimento da equipe com a busca de resultados da empresa. É possível afirmarmos que as relações interpessoais e o clima psicológico do grupo influenciam o ambiente de trabalho, criando uma esfera agradável e estimulante, ou desagradável e inibidora, ou mesmo neutralizando a criatividade? Sem dúvida! E os gestores da empresa e a equipe de trabalho dependem dessas competências relacionais para conquistar a sinergia de esforços na busca do sucesso dos resultados da organização. As implicações da personalidade e das emoções das pessoas na prática dos gestores são descritas por Robbins (2004). Estes não devem negligenciar as emoções e precisam descobrir nas pessoas suas características de personalidade, adequando-as aos postos de trabalho, a fim de inserir a pessoa certa no lugar certo. A personalidade, para Robbins (2004), é o resultado de estímulos que recebemos do ambiente (família, sociedade, escola, igreja, etc.) e, ainda, dos fatores hereditários, que são moderados e modificados pelas situações e pelo autoconhecimento. Elaboramos a figura abaixo para exemplificar o que o autor apresenta: 35 FIGURA 7 - FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE FONTE: Knapik (2004). As pessoas trazem seus traços de personalidade para as equipes de trabalho, características pessoais que vão interagir com as de outras pessoas diferentes, com traços de personalidade similares ou mesmo opostas. Essa interação é facilitada, ou não, por essas características pessoais, que interferem no processo de percepção de si mesmo, dos outros e do ambiente. A percepção é pessoal, única e subjetiva, resultado das experiências vivenciadas e codificadas. As relações interpessoais sofrem interferências das nossas percepções, e o processo de autoconhecimento que podemos desenvolver para saber lidar com as nossas emoções e limitações, ajuda a lidar com as emoções e as limitações dos outros. 3.1.1 Grupos e formação de equipes de alto desempenho Hereditariedade Personalidade 36 Um grupo é uma reunião de duas ou mais pessoas que interagem frente a um objetivo. Trabalhar em equipe atende à necessidade individual de inserção em grupos e enfrentamento de desafios e à necessidade organizacional de atingir resultados e objetivos que garantam a continuidade da organização. Obedecemos a um impulso, a um desejo de contato, de agregação, de proximidade e aprovação. A natureza do homem busca interação com grupos sociais: de estudo, trabalho, lazer, familiar, etc. O grupo interage com o ambiente, sobre o qual atua como um agente de mudanças; ao mesmo tempo, é influenciado pelo ambiente e pela cultura em que está inserido. Nos grupos, os seus integrantes exercem papéis diferentes e complementares. Afirma Jalowitzki (1998) que, independente do grupo ou grupos de que uma pessoa faça parte, as necessidades de participar de grupos podem ser caracterizadas em três níveis, conhecidas como necessidades de INCLUSÃO, CONTROLE e AFLIÇÃO, descritas a seguir. Inclusão: é a necessidade de estar em um grupo ou de estar só, de buscar um contato suficiente para estar na companhia dos outros ou de manter o isolamento. Nesta fase, o nosso integrante experimenta uma necessidade (que é diferente para cada pessoa) de ser aceito pelos outros, de ser apreciado e considerado. Controle: é o esforço que a pessoa faz para determinar até que ponto deseja exercer controle no grupo ou abrir mão disso e permitir ser ensinado, amparado e guiado. São definidas as responsabilidades, quem exerce poder no grupo, as lideranças, etc. Afeição: nesta fase, prevalece o desejo de manter um envolvimento harmonioso, afetuoso e de confiança no grupo. Outra abordagem para o estudo do desenvolvimento dos grupos é o que trazemWagner e Hollenbeck (2003), que acreditam ser esse um processo do qual emergem aspectos informais com identidade e propósito, sendo que, à medida que o grupo de desenvolve, seus membros modificam seus papéis e definem regras. 37 Segundo os autores, o processo de desenvolvimento tende a seguir quatro etapas: iniciação, diferenciação, integração e maturidade. Primeira fase – INICIAÇÃO: é caracterizada por incertezas e insegurança. No início, os integrantes conversam sobre assuntos neutros, e à proporção que se sentem mais à vontade, passam a discutir assuntos mais voltados aos objetivos do grupo. Segunda fase – DIFERENCIAÇÃO: surgem diferenças de opinião, podem eclodir conflitos na tentativa de as pessoas atingirem um acordo quanto aos propósitos de metas do grupo. São definidos papéis e atribuições. Terceira fase – INTEGRAÇÃO: é restabelecido o propósito central do grupo com a definição de funções e papéis na fase de diferenciação. Quarta fase – MATURIDADE: os integrantes do grupo desempenham seus papéis com o intuito de alcançar os objetivos do grupo. As organizações que buscam ter um diferencial de mercado devem atuar sobre seus grupos de trabalho para que consigam atingir a fase da maturidade e sejam fontes de vantagem competitiva, estimulando o comprometimento e a produção de resultados por meio da sinergia de esforços, de modo a transformar grupo em equipe de trabalho. Mas o que é uma equipe? Uma equipe é um grupo que tem objetivos bem definidos, no qual todos os seus integrantes buscam essas mesmas metas por meio de habilidades complementares e de um contínuo processo de experimentação e troca de experiências. O que é importante para a formação e a manutenção de uma equipe de alto desempenho? As lideranças devem buscar estrategicamente o desenvolvimento de seus grupos de trabalho, transformando-os em equipes de alto desempenho, capazes de assumir uma tarefa importante e ter competências para realizar essa tarefa. 38 Para o senso de equipe permanecer, é importante que os gestores se preocupem com a manutenção de alguns fatores que sustentam a equipe, como: Maturidade emocional nos relacionamentos: sensibilizar para a aceitação das diferenças individuais, aprender com a adversidade, com o diferente. Clareza e transparência nos objetivos: os integrantes da equipe têm que conhecer os objetivos, as metas da empresa. Comunicação: sensibilizar para a troca, para o feedback; para falar sobre sentimentos, dar e receber sugestões. Conhecer prazos e recursos disponíveis: os integrantes devem ter um panorama do que devem fazer, de como e de até quando fazer. Disposição para aprender e mudar: sensibilizar para aprender com os erros, mudar de estratégias, compartilhar conhecimentos. Respeito mútuo: desenvolver uma relação de confiabilidade e comportamento ético. Confiança: acreditar na equipe e na ideia de que é possível atingir os objetivos do grupo. 3.1.2 Administração de conflitos Por que os conflitos podem ser considerados como motivadores de mudanças e ter uma conotação positiva? Os conflitos acontecem quando existem divergências ou insatisfações no grupo. É um processo em que ocorrem choques de interesse e uso do poder no confronto e que afeta de formas diferentes as relações entre os integrantes, podendo desfazer ou fortalecer 39 um grupo. Toda equipe está sujeita a conflitos; a concordância permanente pode ser agradável, mas é fator de estagnação. A experiência do conflito não é agradável, traz dor, mas não tem necessariamente uma conotação negativa, depende de como é administrada. Se pensarmos em grandes mudanças que acontecem na vida, muitas acontecem depois de períodos conflitantes, como a adolescência, as separações, as perdas significativas – situações nas quais um conflito trouxe como resultado um amadurecimento. O lado positivo das situações de conflito é que, quando bem gerenciadas nas equipes, podem trazer um novo momento no grupo, uma nova fase em que: Rompemos o equilíbrio da rotina; Mobilizamos as energias criativas que estavam latentes; Desafiamos posições e ideias estagnadas; Despertamos problemas que estavam latentes; Expressamos reivindicações rivais e promoveremos o consenso. O papel dos gestores na administração de conflitos consiste em transformá-los em oportunidades de aprendizagem organizacional e de mobilização para novos métodos de trabalho, bem como em minimizar a probabilidade de eclosão de conflitos, que podem ser gerados por: Dificuldades de relacionamento que podem ser oriundas da relação entre colegas de trabalho, de liderança ou gerenciamento ineficaz; Dificuldades por falta de recursos que dão suporte, como ambiente físico, falta de equipamentos, etc.; Fatores ambientais (mercadológicos, legais, etc.) e sociais (divergências de religião, etc.); 40 Excesso de trabalho, sendo que as pessoas devem procurar o equilíbrio, conciliando o trabalho, o lazer e os afetos. 3.1.3 Liderança Liderar é “fazer fazerem”? Liderança é ima influência interpessoal e um fenômeno social, uma capacidade de influenciar as pessoas por meio de ideias, exemplos e ações e fazer com que atinjam propostas ou passem a acreditar em crenças ou conceitos. Na realidade, quando se fala em gerenciar, o que se gerencia são as pessoas, e o desafio dos líderes é “fazer fazerem”, unir os esforços e inteligências para a realização de uma tarefa, de uma meta ou, em última análise, da missão da empresa. Quais características um líder precisa para formar equipes de alto desempenho? Os líderes possuem carisma e conseguem influenciar os grupos, proporcionando um sentimento de segurança e diminuindo as incertezas, educando e orientando as pessoas para a busca de seus resultados. Não pretendemos discutir aqui se a liderança é uma condição inata ou adquirida com o tempo, mas a dinâmica interpessoal no processo de liderança demonstra que existem características pessoais que facilitam a certos indivíduos desenvolverem a liderança e formarem equipes de alto desempenho. A liderança nem sempre tem uma conotação positiva. Já vimos que liderar é o fenômeno de influenciar pessoas, e essa ação, às vezes, pode até mesmo diminuir o senso crítico do homem e, em casos mais extremos, ter consequências desastrosas, como podemos observar em algumas seitas que induzem pessoas ao suicídio com promessas de uma vida mais feliz após a morte. 41 Nos grupos de trabalho, também é comum encontrar, mesmo em nível operacional, funcionários com forte liderança, mas que focam objetivos pessoais e não as metas organizacionais. Estilos de Liderança Os estilos de liderança dependem de padrões recorrentes de comportamento do líder, os quais repercutem na dinâmica de interação com a equipe de trabalho. Podemos observar três tipos básicos de liderança: a autocrática, a democrática e a liberal ou laissez-faire. Liderança autocrática: a chefia tem uma atuação mais centralizadora e diretiva, exige obediência do grupo, decide quais são as tarefas e como devem ser executadas. Os grupos de trabalho podem apresentar sinais de tensão, frustração e descontentamento. A ênfase recai sobre o líder; corresponde ao modelo gerencial de Taylor e Fayol. Liderança democrática: a chefia procura ouvir as ideias, aceita sugestões e discussões com a equipe de trabalho, estimula e encoraja a participação de todos. Os grupos de trabalho tendem a apresentar maior qualidade no seu trabalho e um clima de satisfação, comprometimento e maior integração. A ÊNFASE ESTÁ SIMULTANEAMENTE NO LÍDER E NOS SUBORDINADOS; corresponde a um modelo gerencial presente nas escolas de relações humanas e comportamentalistas. Liderança liberal: a chefia tem uma conotação de agente de informações,ou seja, estimula a iniciativa e a criatividade do grupo e exerce um mínimo de controle das atividades. A ênfase recai sobre os subordinados. Liderança situacional ou contingencial 42 É comum considerarmos a liderança democrática como sendo a mais eficaz na condução de equipes, porém na realidade não é bem assim. O grande desafio para os dirigentes é ter ciência de que: a liderança ou chefia autocrática não significa ditadura ou satisfação pessoal à custa da equipe; a liderança democrática não implica pôr tudo em votação; a liderança liberal não corresponde à ausência de liderança ou abandono do grupo. O que é fundamental no exercício da liderança? Três pilares fundamentais são descritos por Vergara (1999) no exercício da liderança: o líder, os seguidores e a situação. O líder traz seus traços de personalidade, sua autoridade formal e informal; os seguidores trazem suas motivações, suas expectativas, seus interesses e sua maturidade; e a situação também é um fator determinante, pois constitui o clima psicológico, a emergência, os riscos, etc. A escolha do estilo de liderança depende de uma série de fatores como: a maturidade da equipe ou do indivíduo; o conhecimento que a equipe ou o indivíduo possui; a experiência da equipe ou do indivíduo; as necessidades e insatisfações humanas; o clima psicológico da equipe ou do indivíduo; as pressões externas, como tempo, prazo e controles. 43 A Liderança Situacional ou Contingencial consiste na habilidade e na competência em saber utilizar os estilos de liderança, dependendo da situação, da equipe e das tarefas. Isso significa que, na prática, os gerentes podem utilizar os três tipos de liderança. A questão é saber identificar qual estilo utilizar, com quem e dentro de quais circunstâncias. TABELA 1 - USO DA LIDERANÇA SITUACIONAL Estilo de Liderança Quando utilizar Liderança autocrática Com os funcionários novos. Com pessoas que não conhecem o trabalho. Com funcionários que não querem colaborar. Com pessoas que não assumem responsabilidades. Com pessoas que são muito dependentes. Em situações de perigo ou acidente. Liderança democrática Com pessoas participativas, que gostam de colaborar. Com funcionários, treinados e que conhecem bem o trabalho. Com pessoas responsáveis. Com pessoas adaptadas ao grupo e comprometidas com os resultados. Com situações que não exijam intervenção e decisão imediata. Liderança liberal Com funcionários bem capacitados, competentes e que não precisam de muitas orientações, como cientistas, engenheiros, especialistas, etc. Com pessoas que realizam trabalhos que exigem iniciativa e 44 criatividade. Com pessoas que gostam de trabalhar. FONTE: Knapik (2004). Foco na Liderança As abordagens do comportamento humano são exploradas por estudiosos e especialistas em dinâmicas de grupo, indicando dois níveis de interação no grupo: O NÍVEL DA TAREFA e o NÍVEL SOCIOEMOCIONAL. A liderança acontece nos dois níveis, ou seja, orientada para o controle e a tarefa ou para a manutenção e o fortalecimento do grupo. Maximiano (2004) faz um paralelo entre essas duas orientações e os estilos: autoritário e democrático. Liderança orientada para a tarefa e o controle (autocrático): a preocupação é com a execução das tarefas e com seus resultados. Sua abordagem é exclusivamente voltada para o trabalho e para conseguir que as coisas aconteçam de acordo com os procedimentos existentes e os recursos disponíveis. Liderança orientada para as pessoas e a manutenção do grupo (democrático): a preocupação é com o lado humano do grupo de trabalho, com a formatação de um “espírito de equipe”, proporcionando uma participação mais atuante dos membros do grupo nas decisões. Ocupa-se mais com as metas e as pessoas do que com os métodos de trabalho e com o trabalho em si. 45 FIGURA 8 - LIDERANÇA ORIENTADA PARA A TAREFA E O CONTROLE X LIDERANÇA ORIENTADA PARA AS PESSOAS E A MANUTENÇÃO DA EQUIPE FONTE: Knapik (2004). Liderança e Poder O que o poder tem a ver com a liderança? Enquanto a liderança supõe relação interpessoal, o poder está relacionado com o processo de influência social. O poder consiste em conseguir que uma pessoa ou grupo aja da forma desejada ou em manipular e modificar o comportamento dos outros, influenciando seus pontos de vista e suas ações. Planeja e decide as tarefas a serem executadas. Comunica sua decisão à equipe de trabalho. Estabelece os procedimentos e padrões de trabalho. Define os responsáveis pelas tarefas. Preocupa-se em ver as tarefas completadas. Controla os resultados do processo. Atua como suporte e apoio para a equipe. Consulta a equipe sobre as alternativas de decisão Respeita os sentimentos e as necessidades dos membros da equipe. Desenvolve interação social com a equipe. Demonstra confiança na equipe. Líder orientado para as pessoas e a manutenção do grupo. Líder orientado para as tarefas e o controle. 46 A psicologia social classifica o poder como tendo diferentes bases de influência, dentre as quais cinco principais são descritas por Spector (2002): poder legítimo, de coerção, de recompensa, de referência, de competência. Poder legítimo (autoridade): É atribuído formalmente a uma pessoa; o poder é legitimado socialmente, e a pessoa recebe a incumbência de dirigir os outros e de exigir as condutas de comportamento e as ações que achar mais adequadas. Poder de coerção: Consiste em punições ou ameaças de punições para se conseguir o objetivo desejado; está geralmente relacionado com o poder legítimo, mas nem sempre. Nas relações interpessoais, as ameaças de retirada de afeto e de reconhecimento, bem como as ameaças de censura, de afastamento e de pouca atenção são formas do uso do poder de coerção para se conseguir o que se deseja no dia a dia. Poder de recompensa: Consiste em oferecer recompensas ou promessas de recompensas para se conseguir o que se deseja. Nos relacionamentos humanos, as recompensas podem ser afetivas, físicas ou verbais, como elogios, olhares, sorrisos, abraços, etc. Poder de referência: Consiste em uma identificação com um modelo social; é uma liderança fortemente carregada de carisma, a pessoa torna-se um ídolo ou modelo a ser seguido. Poder de experiência: Consiste em conhecimentos, informações e habilidades que são reconhecidos pelo grupo; um exemplo é a influência de especialistas ou peritos que são respeitados pelo seu conhecimento e têm suas opiniões acatadas. 47 Nas organizações, o líder formal tem um poder legítimo maior que os outros membros do grupo e também maior capacidade de influência social. No entanto, as outras pessoas também têm suas formas de utilizar o poder e exercitar alguma liderança informal, colaborando ou não com a liderança formal. O líder educador Líder educador? São os líderes agentes de mudanças? Os líderes precisam assumir o seu papel como agentes de mudanças na gestão de pessoas voltada para resultados. O líder deve ter um papel de educador, preparando as pessoas para as mudanças do mundo do trabalho, mobilizando-as para que sejam também agentes de mudanças. Fazer mudanças não é fácil, é preciso estar preparado para as frustrações, para os reveses do dia a dia, e não desanimar. Os líderes devem mobilizar as pessoas para enfrentar esses desafios, e não as proteger, proporcionando-lhes suporte e conscientizando-as da necessidade de mudanças por meio de um ambiente de aprendizagem e desenvolvimento. O líder educador acredita nas pessoas, deixa-as descobrir sozinhas as soluções e oferece-lhes autonomia e liberdadepara trabalharem as situações e os problemas do dia a dia, fortalecendo, assim, a sinergia da equipe. Desafios do líder e formação de equipes e alto desempenho Na busca pela produtividade, pela agilidade e pela qualidade nos processos de trabalho, o papel do líder tem sido fundamental para que as empresas consigam permanecer competitivas no mercado. Algumas habilidades necessárias ao líder são sugeridas por Macedo apud Knapik (2004): 48 Permitir que os liderados assumam responsabilidades; Ouvir e reconhecer os esforços das pessoas; Atuar como coaching, desenvolvendo as pessoas da equipe para que sejam mais eficazes; Ter humildade, mostrando capacidade de aprender e reconhecer as próprias falhas; Ser descontraído e otimista; Procurar integrar-se à equipe e compartilhar conhecimentos; Inspirar e orientar as pessoas para o desenvolvimento de suas carreiras profissionais; Ter versatilidade e saber atuar em um ambiente mutável; Ter uma visão do todo. Uma das tarefas mais importantes da área de gestão de pessoas na atualidade é preparar lideranças para que se adaptem às mudanças, sejam flexíveis, suportem bem as pressões, estejam dispostas a participar de um processo de aprendizagem constante e preparadas para desenvolver equipes de alto desempenho e para gerenciar resultados. Os gestores devem proporcionar desafios, delegar poderes e proporcionar tarefas significativas às pessoas para que elas sintam o sabor do sucesso. Bardwick (1996) demonstra os resultados de suas pesquisas em que utiliza as palavras dos empregados pesquisados, conforme podemos ver na tabela a seguir. 49 TABELA 2 - O QUE AS PESSOAS QUEREM E BUSCAM NAS EMPRESAS FONTE: Knapik (2004). Desenvolvimento gerencial Qual é a diferença entre liderança e gerenciamento de pessoas? A liderança é necessária em todas as atividades de um grupo organizado, mas não deve ser confundida com gerência. Os bons dirigentes têm um perfil de liderança bem desenvolvido e positivo perante o grupo, porém nem todos os gestores conseguem cativar e influenciar suas equipes ou exercer algum tipo de liderança. “Meu trabalho é importante”. “Quero continuar a me desenvolver”. “Não quero ter que pedir permissão”. “Quero realizar coisas de importância”. “Preciso de autonomia”. “Quero continuar a aprender”. “Quero que me confiem as responsabilidades”. “Quero usar meus talentos”. “Quero tomar decisões”. “Preciso ser criativo”. “Quero responsabilidades diferentes”. “Quero sentir que estou realizando meu potencial”. “Quero que cada dia seja diferente”. “Quero ser respeitado”. “Quero inovar”. “Quero sentir que realizei algo, que conquistei, que fiz uma diferença na balança”. SIGNIFICÂNCIA BUSCA POR PODER DESAFIO 50 Gerenciar tem uma conotação mais administrativa, faz uso de técnicas gerenciais, conhecimentos teóricos e organizacionais, enquanto liderar tem uma conotação mais interpessoal, valendo-se de sentimentos, motivações e valores pessoais. O desempenho eficaz dos gestores de uma organização depende da interação com os estilos de liderança e as técnicas gerenciais. O que é necessário para um gerenciamento eficaz? O desenvolvimento gerencial é na realidade um autodesenvolvimento, ou seja, a responsabilidade é do gerente em assumir o seu crescimento e aprimorar a sua capacitação na condução de equipes; a empresa pode fornecer os meios para o seu desenvolvimento, mas cabe a ele o esforço para aproveitar as oportunidades. Podemos considerar o desenvolvimento gerencial como um processo de adquirir ou reformular conhecimentos, habilidade e atitudes para aprimorar o desempenho atual e preparar- se para responsabilidades futuras. É compreendido pela interação entre o homem, o trabalho, o ambiente interno e o externo da organização. Um comportamento gerencial eficaz integra competências técnicas e interpessoais, e essa interação desenvolve os conhecimentos, as habilidades e as atitudes gerenciais. Os programas de desenvolvimento gerencial podem ser estruturados para: Sensibilizar os gerentes quanto à importância do desenvolvimento gerencial; Capacitar os gerentes para o desempenho eficaz; Desenvolver habilidades para percepção e resolução de problemas. 51 FIGURA 9 - DESEMPENHO EFICAZ DO COMPORTAMENTO GERENCIAL FONTE: Knapik (2004). 3.2 COMPORTAMENTO EMPREENDEDOR Será que eu preciso abrir meu próprio negócio para ser uma pessoa empreendedora? A palavra empreendedor geralmente está associada a pessoas que abrem seu próprio negócio, mas será que, para ser empreendedor, é necessário ter uma empresa própria? Técnicas gerenciais Componentes cognitivos, conhecimentos técnicos, Estilos de liderança Componentes emocionais, sentimentos, motivações, Competência técnica Competência interpessoal Desempenho eficaz Conhecimentos. 52 A resposta é não. Nós podemos ser empreendedores dentro da nossa própria área de atuação, ou departamento, agindo como se fosse realmente nosso próprio negócio. Ser empreendedor é uma ferramenta que impulsiona o homem para o sucesso, tendo um cargo de chefia ou não. A visão da pessoa empreendedora está focada no futuro, na superação de desafios e nas oportunidades que pode abraçar no mercado ou na carreira profissional, impulsionando as ações para que realmente se concretizem e sejam um sucesso. FIGURA 10 FONTE: Disponível em: <http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photos-starting- businessman-image9606878>. Acesso em: 24 nov. 2010. Qual a relação entre as características de uma pessoa com perfil empreendedor e os novos modelos de gestão? No mundo do trabalho, as pessoas que possuem um comportamento empreendedor estão sendo disputadas. http://www.dreamstime.com/register?jump_to=http://www.dreamstime.com/royalty-free-stock-photos-starting-businessman-image9606878 53 As empresas priorizam novos funcionários que agreguem valores por intermédio de suas qualidades comportamentais, como a busca de resultados em vez de culpados, a criatividade na solução de problemas e a vontade de vencer e de superar desafios. As competências comportamentais, em muitos casos, têm sido mais relevantes do que as competências técnicas, pois podemos concluir com facilidade e agilidade que uma capacidade no âmbito comportamental. Vejamos um exemplo: para aprendermos a rotina de um processo de importação, podemos ler um livro, fazer um curso ou mesmo aprender na prática, enquanto o “jogo de cintura” nas negociações internacionais, o entusiasmo e a persistência em vencer os desafios de um departamento são características pessoais que levam um tempo consideravelmente maior para serem desenvolvidas. Um comportamento empreendedor é um passo importante para o sucesso? Um comportamento empreendedor é sim um passo importante para o sucesso, mas não o único. É necessário mais que talento, é preciso também o conhecimento. A razão de muitos fracassos em empreendimentos próprios está na não consideração do mercado e na falta de conhecimentos de gestão e do negócio em si. 54 FIGURA 11 - COMPORTAMENTO DAS PESSOAS EMPREENDEDORAS X COMPORTAMENTO DAS PESSOAS SEM O PERFIL EMPREENDEDOR FONTE: Knapik (2004). Vejamos, a seguir, as principais características de uma pessoa empreendedora: Define metas: os objetivos devem ser: desdobrados em curto, médio e longo prazo, claros e específicos, desafiantes, factíveis e mensuráveis; e devem ter um significado pessoal. Tem iniciativa e proatividade: movimenta-se no sentido de aproveitar as oportunidades do mercado para expandir os
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