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1 NOME CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS - VENOSA O nome atribuído à pessoa é um dos principais direitos incluídos na categoria dos direitos personalíssimos ou da personalidade. A importância do nome para pessoa natural situa-se no mesmo plano de seu estado, de sua capacidade civil e dos demais direitos inerentes à personalidade. Ao nascermos, ganhamos um nome que não tivemos a oportunidade de escolher; em geral, conservaremos esse nome, como marca, distintiva dentro da sociedade, como algo que nos rotula no meio em que vivemos, até a morte. Após a morte, o nome da pessoa continua a ser lembrado e a ter influência, mormente se essa pessoa desempenhou atividade de vulto em vida; ainda que assim não tenha ocorrido, o nome da pessoa falecida permanece na lembrança daqueles que lhe foram caros. O nome é, portanto, uma forma de individualização do homem na sociedade, mesmo após a morte. Sua utilidade é tão notória que há a exigência para que sejam atribuídos nomes a firmas, navios, aeronaves, ruas, praças, acidentes geográficos, cidades etc. 2 O nome, afinal, é o substantivo que distingue as coisas que nos cercam, e o nome da pessoa a distingue das demais, juntamente com outros atributos da personalidade, dentro da sociedade. É pelo nome que a pessoa fica conhecida no seio da família e da comunidade em que vive. Assim, pelo lado do Direito Público, o Estado encontra no nome fator de estabilidade e segurança para identificar as pessoas; pelo lado do direito privado, o nome é essencial para o exercício regular dos direitos e do cumprimento das obrigações. Tendo em vista essa importância, o Estado vela pela relativa permanência do nome, permitindo que apenas sob determinadas condições seja alterado. O nome, destarte, é um dos meios pelos quais o indivíduo pode firmar-se na sociedade e distinguir-se dos demais. Há nomes que hoje já adquiriram conotações de alta profundidade, como Jesus, Hitler, Tiradentes, Mussolini e outros. NATUREZA JURÍDICA Essa questão deu margem a diversas opiniões. Já colocamos alhures que o nome é um daqueles direitos da personalidade ou personalíssimos. Alguns vêem, no entanto, como forma de direito de propriedade, mas a posição é insustentável, porque o nome se situa fora de seu patrimônio (visto exclusivamente o termo do ponto de vista econômico), e é inalienável e imprescritível. 3 Outros vêem no nome um direito sui generis como uma instituição de polícia civil, justificada pela necessidade de identificar os indivíduos (Colin, Capitant, 1934:370). Para outros, é sinal distintivo da filiação; outros entendem o nome como um sinal revelador da personalidade, como é a posição de Washington de Barros Monteiro (1977, v.1:87). Limongi França (1964:153), após exaustivamente discorrer sobre as várias opiniões acerca da matéria, acaba por concluir que o nome é um “direito da personalidade” e aduz que esse é um direito dentro da categoria dos direitos “inatos”, pressuposto da personalidade. Serpa Lopes (1962, v. I:297) filia-se à mesma posição dizendo que o nome “constitui um dos direitos mais essenciais dos pertinentes à personalidade”. Portanto, o nome é um atributo da personalidade, é um direito que visa proteger a própria identidade da pessoa, com atributo da não-patrimonialidade. Note que estamos tratando do nome civil; o nome comercial tem conteúdo mercantil e, portanto, patrimonial. O nome integra a personalidade por ser sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa no seio da família e da sociedade; daí ser inalienável, imprescritível e protegido juridicamente (CC, arts 16, 17, 18 e 19; CP, art. 185). 4 Elementos Integrantes do Nome – Em regra, dois são os elementos constitutivos do nome: o prenome, próprio da pessoa, e o patronímico, nome de família ou sobrenome, comum a todos de uma família (CC. Art. 16). Por vezes, tem-se o agnome, sinal distintivo que se acrescenta ao nome completo (filho, júnior, neto, sobrinho, Segundo) para diferenciar parentes que tenham o mesmo nome. Há os elementos secundários denominados como: a) títulos nobiliárquicos ou honoríficos, p. ex.: conde, duque, comendador denominados axiônios; b) títulos eclesiásticos, p. ex.: padre, frei, monsenhor, cardeal; c) qualificativos de dignidade ou identidade oficial como senador, juiz, prefeito.; e d) títulos acadêmicos e científicos, como mestre e doutor. Alcunha ou epíteto – designação dada a alguém devido a uma particularidade sua. Ex.: Tiradentes, Nome Vocatório – nome pelo qual as pessoas são conhecidas. Ex.: Pontes de Miranda (Francisco) Hipocorístico – é o nome que se dá a uma pessoa para exprimir carinho: Mila (Emília); Betinho (Roberto). O prenome pode ser simples, duplo, triplo, quádruplo (comum em famílias reais – Caroline Louise Marguerite). 5 O prenome pode ser livremente escolhido desde que não exponha o portador ao ridículo, caso em que os oficiais do Registro Público poderão se recusar a registrar. Segundo a nova redação do art. 58 da Lei dos Registros Públicos a imutabilidade do prenome agora é relativa: “O prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios.” O sobrenome – é o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando sua filiação ou estirpe, sendo por isso, in thesis, imutável. Os apelidos de família são adquiridos ipso iure, com o simples fato do nascimento. A aquisição do sobrenome pode decorrer também de ato jurídico, como adoção (art. 1.618 a 1.629), casamento (art. 1.565, § 1º) ou por ato do interessado, (art. 56 da LRP), mediante requerimento ao magistrado. Art. 56 – “no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa”. 6 Exceções quanto ao princípio da inalterabilidade do nome 1) Expuser seu portador ao ridículo; 2) Houver erro gráfico evidente; 3) Causar embaraços no setor comercial; 4) Houver mudança de sexo; 5) Houver apelido público notório; 6) Alteração do nome completo para proteção de vítimas e testemunhas de crimes.
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