Logo Passei Direto

A maior rede de estudos do Brasil

Grátis
163 pág.
resumo_de_DIREITO_PROCESSUAL_PENAL

Pré-visualização | Página 1 de 48

DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
 
1. CONCEITO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
O Direito Processual Penal estuda o conjunto das normas ditadas pela lei, 
para aplicação do direito penal na esfera judiciária, tendo por fim não só a 
apuração do delito e a atuação do direito estatal de punir em relação ao réu, 
mas também a aplicação das medidas de segurança adequadas às pessoas 
socialmente perigosas e a decisão sobre as ações conexas à penal. 
Praticado um fato definido como crime, surge para o Estado o direito de 
punir, que se exercita através do processo penal. Este é o conjunto de atos 
cronologicamente concatenados (procedimentos), submetido a princípios e 
regras jurídicas destinadas a compor as lides de caráter penal. Sua finalidade 
é, assim, a aplicação do direito penal objetivo. 
Para que o Estado possa propor a ação penal, deduzindo a pretensão 
punitiva no processo, são indispensáveis atividades investigatórias 
consistentes em atos administrativos da Polícia Judiciária, o que é feito no 
inquérito policial (persecução). Além disso, as pessoas que praticam os atos de 
investigação e os atos do processo, devem estar devidamente legitimadas para 
realizar as atividades que se concretizem no procedimento, e devem ter 
reguladas as relações que entre si mantêm, com a determinação dos direitos, 
deveres, ônus e obrigações que daí derivam. 
São, portanto, necessárias as normas que disciplinem a criação, estrutura, 
sistematização, localização, nomenclatura e atribuição desses diversos órgãos 
diretos e auxiliares do aparelho judiciário destinado à administração da justiça 
penal, constituindo-se o que se denomina Organização Judiciária. Dessa 
forma, pode-se conceituar o Direito Processual Penal, no seu aspecto de 
ordenamento jurídico, como o conjunto de princípios e normas que regulam a 
aplicação jurisdicional do Direito Penal, bem como as atividades persecutórias 
da Polícia Judiciária, e a estruturação dos órgãos da função jurisdicional e 
respectivos auxiliares. 
Já se tem utilizado a expressão "Direito Judiciário Penal" em lugar de 
"Direito Processual Penal". Aquela designação, porém, está sendo 
abandonada, sendo esta a utilizada correntemente. A expressão "Direito 
Judiciário Penal" é equívoca porque pode ser entendida como o ramo do direito 
que se ocupa apenas da Organização Judiciária ou, ao contrário, como o 
ordenamento referente a tudo que se refere ao Poder Judiciário. Sendo o 
"processo penal" o objeto precípuo desse ramo do Direito, mais adequada é a 
denominação Direito Processual Penal. 
Como todo e qualquer Direito, o Direito Processual Penal também pode ser 
encarado como Ciência Jurídica, que tem por objeto a exegese das normas 
processuais penais, a sua construção dogmática, isto é, a formação dos 
institutos jurídicos dessa disciplina, e a crítica do direito vigente. 
O Direito Processual Penal constitui uma ciência autônoma no campo da 
dogmática jurídica, uma vez que tem objeto e princípios que lhe são próprios. 
Sua finalidade é conseguir a realização da pretensão punitiva derivada da 
prática de um ilícito penal, ou seja, é a de aplicar o Direito Penal. Tem, 
portanto, um caráter instrumental; constitui o meio para fazer atuar o direito 
material penal, tornando efetiva a função deste de prevenção e repressão das 
infrações penais. 
É o Processo Penal uma disciplina normativa, de caráter dogmático. 
Partindo da norma jurídica, investiga os princípios, organiza os institutos e 
constrói o sistema. Seu método é o técnico jurídico, que permite ao jurista 
extrair de todo o conjunto de regras os preceitos aplicáveis a uma situação 
concreta, não só lhes descobrindo o sentido latente e oculto, como também 
lhes desenvolvendo os corolários e conseqüências. 
 
 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL PENAL. 
 
1. Princípio da Imparcialidade do Juiz: O Juiz situa-se entre as partes e 
acima delas (caráter substitutivo). Para assegurar sua imparcialidade, a 
Constituição Federal (CF) estipula garantias (art. 95) e vedações (art. 95, 
parágrafo único) e proíbe tribunais de exceção (art. 5.º, XXXVII). 
 
Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: 
I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida 
após dois anos de exercício, dependendo a perda do 
cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o 
juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença 
judicial transitada em julgado; 
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, 
na forma do art. 93, VIII; 
III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos 
arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. 
 
Parágrafo único. Aos juízes é vedado: 
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou 
função, salvo uma de magistério; 
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou 
participação em processo; 
III - dedicar-se à atividade político-partidária. 
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou 
contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou 
privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; 
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se 
afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do 
cargo por aposentadoria ou exoneração. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
 
2. Princípio da Igualdade Processual: As partes devem ter, em juízo, as 
mesmas oportunidades de fazer valer suas razões. No processo penal, esse 
princípio sofre alguma atenuação, devido ao princípio constitucional do “favor 
rei”, segundo o qual o acusado goza de alguma prevalência e contraste com a 
pretensão punitiva. 
 
3. Princípio do Contraditório: É identificado na doutrina pelo binômio 
“ciência e participação”. O Juiz coloca-se eqüidistante das partes, só podendo 
dizer que o direito preexistente foi devidamente aplicado ao caso concreto se, 
ouvida uma parte, for dado à outra o direito de manifestar-se em seguida. 
 
4. Princípio da Ampla Defesa: Implica o dever do Estado de proporcionar a 
todo acusado a mais completa defesa, seja pessoal, seja técnica (art. 5.º, LV, 
da CF/88), seja o de prestar assistência jurídica integral e gratuita aos 
necessitados (art. 5.º, LXXIV, CF). Decorre a obrigatoriedade de se observar a 
ordem natural do processo, de modo que a defesa se manifeste sempre em 
último lugar. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de 
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, 
e aos acusados em geral são assegurados o contraditório 
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
 LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e 
gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; 
 
 
5. Princípio da Disponibilidade e da Indisponibilidade: Disponibilidade é 
a liberdade que as pessoas têm de exercer ou não seus direitos. No processo 
penal, prevalece o princípio da indisponibilidade, pelo fato do crime ser 
considerado uma lesão irreparável ao interesse coletivo. 
 
6. Princípio da Verdade Material ou da Manifestação das Provas: É 
característico do processo penal. Consiste no dever de o Magistrado esgotar 
todas as possibilidades para se alcançar a verdade real dos fatos, para servir 
de fundamento na sentença. Regra: O que não está nos autos, não está no 
mundo. 
 
7. Princípio da Publicidade: É uma garantia de independência, 
imparcialidade, autoridade e responsabilidade do Juiz. Exceção: Casos em que 
o decoro ou o interesse social aconselham que eles não sejam divulgados. 
 
8. Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: Consiste
Página123456789...48