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Artigo
Governança corporativa tem resultado traduzido pelo mercado
Por Leonardo de Almeida Sandes*
19|07|2010
	
	Leonardo de Almeida Sandes
	
	
	
A governança corporativa está sustentada em quatro princípios fundamentais, quais sejam, a transparência (disclosure), a eqüidade (equity), a prestação de contas (accountability) e o respeito às leis (compliance). 
A transparência (disclosure) está intimamente relacionada com a prestação de informações aos acionistas, aos investidores e ao mercado em geral, deixando clara a verdadeira situação da sociedade e apontando os rumos que ela deve tomar. Tais esclarecimentos devem ser prestados de forma clara, tempestiva e precisa. Certamente, a análise de pareceres poderá impactar nas decisões de investimento, seja positiva ou negativamente. 
O fato de determinada sociedade fornecer dados periodicamente ou sempre que se mostre relevante – demonstrando plena transparência com seus acionistas e também com os stakeholders – permite que os investidores se sintam mais seguros e, via de conseqüência, faz com que a companhia atraia mais investimentos. 
A eqüidade (equity), por sua vez, está ligada ao respeito aos direitos e interesses dos minoritários e ao efetivo cumprimento das leis e do estatuto, sem perder de vista, outrossim, a lealdade dos administradores para com os interesses da corporação. Deste modo, a participação nos resultados deve ser distribuída de forma equânime entre os proprietários, sem discriminação de sua qualidade. 
Um aspecto importante que tem sido ressaltado pelos estudiosos da governança corporativa é o fato de existirem empresas que emitem ações sem direito de voto. Tal conduta, admitida pela lei, é mal vista exatamente porque qualifica de forma diferenciada os proprietários da sociedade. No Novo Mercado da BM&FBOVESPA, é permitida somente a emissão de ações ordinárias, com direito de voto, de modo a tornar, pelo menos em tese, mais efetiva a eqüidade entre os acionistas e a [possibilidade de] participação destes na tomada de decisão quanto aos rumos da companhia. 
No que concerne à prestação de contas (accountability), esta não serve apenas para a verificação dos resultados da empresa. Isso poderia muito bem ser feito apenas pelos auditores independentes que, a partir de seus relatórios, certificariam a exatidão na elaboração das demonstrações. Na verdade, a prestação de contas deve ser muito mais ampla, não se restringindo apenas ao atendimento das normas contábeis. 
As transações relevantes, que não são obrigatoriamente incluídas nas demonstrações financeiras (off balance-sheet transactions), devem ser detalhadas nas notas explicativas. Aliás, os balanços financeiros, por si só, não são mais suficientes para a avaliação do desempenho de uma sociedade, sendo necessário, também, divulgar a performance social e ambiental da companhia e os impactos nos seus resultados, o que também tem sido levado em consideração pelos investidores. 
Por fim, no que concerne à conformidade (compliance), deve o corpo empresarial garantir que as informações preparadas obedeçam às leis e aos regulamentos corporativos, especialmente as normas no âmbito interno das corporações, inclusive os acordos de acionistas. O respeito às leis é uma obrigação de todos 1, mas no âmbito das sociedades é necessário que o cumprimento das normas seja evidente para os investidores, de forma a lhes dar mais segurança, minimizando os riscos da atividade e demonstrando pleno respeito aos direitos das minorias, tornando, assim, mais transparente a administração da empresa. 
Na verdade, verifica-se que os princípios da governança corporativa têm convergido para tornar a lisura nas relações internas e externas da sociedade praticamente uma obrigação, pois aquelas companhias que não as adotam encontram mais dificuldades em se consolidarem no mercado acionário. 
Valorização das companhias que adotam práticas de governança corporativa 
Do ponto de vista empírico, existe grande debate na literatura sobre como medir a qualidade da governança corporativa nas sociedades. Na falta de um critério específico, o preço das ações das companhias e sua valorização ao longo do tempo permitem nos dar uma idéia precisa de como a adoção de tais práticas pode interferir nos resultados das empresas. 
Para analisar a relação entre a governança corporativa, o valor e o desempenho das companhias, far-se-á uma análise do “Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada” (IGC) 2, divulgado pela BM&FBOVESPA, comparativamente com o “Ibovespa”. 
Assim, tomando-se por base os dados colhidos no próprio site da BM&FBOVESPA 3, se determinado investidor aplicasse R$1.000,00 em julho de 2001 em papéis que compusessem uma carteira fictícia, indexada ao IBOVESPA, teria ao final de maio de 2010 (mesmo depois da crise de setembro de 2008) o correspondente a aproximadamente R$4.486,00, uma ótima valorização de 346%, média de 38,4% ao ano. 
Já se esse mesmo investidor disponibilizasse outros R$1.000,00 na mesma data, desta feita aplicando seus recursos em uma carteira fictícia vinculada ao IGC, chegaria em maio de 2010 com aproximadamente R$6.540,00, o que representa espetaculares 554% em nove anos, uma média de 61,5% ao ano de valorização. 
GRÁFICO 1 – Variação dos índices IBOVESPA X IGC 
A valorização das ações, então, pode ser tida como conseqüência natural da adoção das regras de governança corporativa. Destarte, o papel desta no mercado acionário está e continuará sendo relevantíssimo para seu desenvolvimento, proporcionando redução de conflitos societários e incentivando o aporte de recursos no setor produtivo, abandonando-se, assim, décadas de investimentos concentrados no setor especulativo, o qual não trouxe benefícios para o país como um todo, mas somente a um pequeno grupo de privilegiados.
Em contrapartida, os investimentos no setor produtivo, tais como aqueles feitos no mercado acionário, representam fonte menos onerosa de captação de recursos pelas companhias que poderão aplicá-los no incremento de suas atividades, gerando, assim, um círculo virtuoso de crescimento sustentado – o que é desejado por todos.
* Sócio do escritório de advocacia Moura Tavares, Figueiredo, Moreira e Campos Advogados e Professor de Direito Empresarial e Direito Processual Civil da PUC Minas Gerais.
Notas
1 A ninguém é permitido alegar o desconhecimento das normas. 
2 De acordo com o site da BM&FBOVESPA, “o IGC - Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada tem por objetivo medir o desempenho de uma carteira teórica composta por ações de empresas que apresentem bons níveis de governança corporativa.” As companhias que compõem a referida carteira teórica são todas aquelas que estão admitidas à negociação no Novo Mercado ou nos níveis 1 ou 2 de governança corporativa da BM&FBOVESPA.
3 Para a elaboração do GRÁF. 1, foram colhidos dados do site da BM&FBOVESPA, verificando-se a rentabilidade mensal média de cada um dos índices, a partir de julho de 2001 (primeiro levantamento existente do ICG) até maio de 2010.
 
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do Espaço Jurídico BM&FBOVESPA. O site não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

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