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APS DIREITO DO TRABALHO I

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Salvador – BA 
26 de outubro de 2020 
 
APS -ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA 
DOCENTE: Juliana Costa Pinto 
DISCENTE: Gabriela Nogueira Souza [016191322] 
CURSO: Direito Turma: MR01 – 4°sem 
Disciplina: Direito das Relações de Trabalho 
Tema: 
 
 
“Todo trabalho ou serviço que for extraído de qualquer pessoa sob ameaça de qualquer 
penalidade para o qual a referida pessoa não tiver se oferecido voluntariamente” é o conceito 
definido pela OIT na convenção internacional 29 da OIT em 1930. O trabalho forçado, desde os 
tempos antigos é algo recorrente na sociedade, a exemplo da escravidão que se fez presente 
em vários países e períodos históricos diferentes, no entanto, com o a avanço da tecnologia, 
da globalização e com uma sociedade, que mesmo em sua essência capitalista, é focada no 
bem estar social, não se admite mais trabalhos análogos a escravidão, nem qualquer mínimo 
resquício de relação de trabalho forçado, além do tráfico de pessoas que assim como o 
trabalho forçado vem nos últimos anos tomando novas dimensões. 
 Posto isto, o livreto “Combate ao Trabalho Forçado. Manual para Empregadores e Empresas” 
tem como função elucidar e apontar para os empregados e empregadores as formas de 
trabalho forçado e tráfico humano, para que assim seja combatido evitando processos, 
constrangimentos, percas e sofrimento. Para combater é necessário a identificação rápida e 
precisa dessas formas exploradoras de trabalho, vide os exemplos: 
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1- RECURSO DO OBREIRO. JORNADAS EXTENUANTES. CONDIÇÕES 
DE TRABALHO ANÁLOGAS ÀS DE ESCRAVO. DANO MORAL. 
CONFIGURADO. Manter o Autor nas condições de trabalho verificadas 
nos controles de horário, extrapolando rotineiramente mais de 10 (dez) 
horas diárias de trabalho, dispondo-lhe, apenas e tão somente de 
intervalo intrajornada, ultrapassa a barreira material. Não pode ser tão 
sobrelevado o caráter econômico da contraprestação de horas extras a 
ponto de isentar a Ré de outros desdobramentos. De tão esdrúxula e 
aviltante exploração da energia produtiva do Obreiro, constatada no 
caderno processual eletrônico, não há como negar a subtração ilegal, por 
parte da Empregadora, do exercício de direitos fundamentais do 
Empregado, protegidos pelo ordenamento jurídico nacional. Os 
interesses empresariais não podem esmagar esses direitos sob pena de se 
fazer pouco caso da valorização do trabalho e de seu primado, naquilo em 
que a Constituição dispõe acerca da Ordem Econômica e da Ordem 
Social, como se extrai dos artigos 170 e 193 da Carta da República. 
Afrontados direitos assegurados nos artigos 1º, III e IV e 7º, XXII da 
Carta da República, tais como a dignidade da pessoa humana, o valor 
social do trabalho, higiene, saúde e segurança no trabalho. A intensidade 
do sofrimento do ofendido em razão das condições de trabalho praticadas 
em jornadas excessivas; a gravidade, a natureza e a repercussão do 
sofrimento, alijando o trabalhador do descanso e do convício familiar e 
social, periclitando a sua saúde física e mensal, configura dano moral 
perceptível in re ipsa. (Processo: RO - 0000474-36.2015.5.06.0233, 
Redator: Eneida Melo Correia de Araujo, Data de julgamento: 
13/04/2016, Segunda Turma, Data da assinatura: 18/04/2016) 
(TRT-6 - RO: 00004743620155060233, Data de Julgamento: 13/04/2016, 
Segunda Turma) 
 
2- EMENTA PENAL. REDUÇÃO A CONDIÇÃO ANÁLOGA A DE 
ESCRAVO. ESCRAVIDÃO MODERNA. DESNECESSIDADE DE 
COAÇÃO DIRETA CONTRA A LIBERDADE DE IR E VIR. DENÚNCIA 
RECEBIDA. Para configuração do crime do art. 149 do Código Penal, não 
é necessário que se prove a coação física da liberdade de ir e vir ou 
mesmo o cerceamento da liberdade de locomoção, bastando a submissão 
da vítima “a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva” ou “a condições 
degradantes de trabalho”, condutas alternativas previstas no tipo penal. 
A “escravidão moderna” é mais sutil do que a do século XIX e o 
cerceamento da liberdade pode decorrer de diversos constrangimentos 
econômicos e não necessariamente físicos. Priva-se alguém de sua 
liberdade e de sua dignidade tratando-o como coisa e não como pessoa 
humana, o que pode ser feito não só mediante coação, mas também pela 
violação intensa e persistente de seus direitos básicos, inclusive do direito 
ao trabalho digno. A violação do direito ao trabalho digno impacta a 
capacidade da vítima de realizar escolhas segundo a sua livre 
determinação. Isso também significa “reduzir alguém a condição análoga 
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à de escravo”. Não é qualquer violação dos direitos trabalhistas que 
configura trabalho escravo. Se a violação aos direitos do trabalho é 
intensa e persistente, se atinge níveis gritantes e se os trabalhadores são 
submetidos a trabalhos forçados, jornadas exaustivas ou a condições 
degradantes de trabalho, é possível, em tese, o enquadramento no crime 
do art. 149 do Código Penal, pois os trabalhadores estão recebendo o 
tratamento análogo ao de escravos, sendo privados de sua liberdade e de 
sua dignidade. Denúncia recebida pela presença dos requisitos legais. 
 (Inq 3412 / AL - ALAGOAS INQUÉRITO; Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, 
Relator(a) p/ Acórdão: Min. ROSA WEBER; Julgamento: 29/03/2012; Órgão 
Julgador: Tribunal Pleno) 
 
É notavél entender a responsalibidade social que tem os empregadores com seus 
empregados e com a socieadade em combater a exploração no trabalho. É 
constragedor e negativo uma empresa, independente da sua importancia no cenario 
comercial, que seja citada, denunciada ou associada a exploração de trabalho, os 
impactos refletem tanto na economia da empresa quanto na sua imagem. A exemplo, 
a empresa ZARA, em 2011, sofreu um boicote ao ser descoberto que algumas da 
confecções de seus fornecedores, em São Paulo, utilizavam da mão de obra forçada, 
além disso, as expressivas percas se estenderam a perca de patrocinadores. 
A Declaração MNE é a singular ferramenta internacional voltada para as empresas que 
foi acordada por governos e organizações de empregadores e de empregados. Ele 
implica os Estados Membros da OIT a respeitar e promover quatro princípios 
trabalhistas essenciais, compreendendo a extinção do trabalho forçado, tenham ou 
não validado as Convenções como relevantes. A contar do lançamento do Compact, 
em 1999, a OIT vem coadjuvando ativamente com o Global Compact Office e com as 
agências das Nações Unidas que são integrantes da iniciativa. Obdecendo esses 
principios podem as empresas de forma uniforma e globoal, chegarem a um consenso 
e combater o trabalho forçado. 
Os empregados vitimas da mão de obra forçada ou analoga a escravidão também 
sofrem com a coação moral e o ludibramento dos empregadores em favor próprio, 
como no recente caso da empregada domestica em Santo Antônio de Jesus, interior 
baiano, que foi resgatada após 35 anos de trabalho análogo a escrividão, justificado 
por receber comida e moradia em troca da sua mão de obra. O trabalho forçado por 
divida é bastante presente no Brasil ainda, principalmente na zona rural, nas areas de 
agropecuaria, mineração, construção, transporte, entre outros como a industria do 
sexo, vide o exemplo: 
• EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. ESTADOS UNIDOS MEXICANOS. 
EXTRATERRITORIEDADE DOS CRIMES. COMPETÊNCIA 
CONCORRENTE. AUSÊNCIA DE PROCESSO CRIMINAL NO BRASIL. 
COMPETÊNCIA MEXICANA. PRÁTICA DE INFRAÇÕES PENAIS 
COMUNS, DESVESTIDAS DE CARÁTER POLÍTICO. DELIQUÊNCIA 
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ORGANIZADA. TRÁFICO DE PESSOAS. EXPLORAÇÃO DE 
MATERIAL COM CONTEÚDO PORNOGRÁFICO ENVOLVENDO 
MENORES DE IDADE. REQUISITOS PREENCHIDOS PARA 
DEFERIMENTO DA EXTRADIÇÃO. I – Em se tratando de crimes 
transnacionais, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é no 
sentido de que prevalece a jurisdição estrangeira, caso ainda não tenha 
procedimento judicial persecutório contra o extraditando no Brasil (Ext 
638,Rel. Min. Carlos Veloso; Ext 1.151, Rel. Min. Celso de Mello). II – 
Os crimes de delinquência organizada e tráfico de pessoas, mediante 
exploração de material com conteúdo pornográfico envolvendo menores 
de idade são delitos comuns, desvestidos de caráter político, que 
preenchem os requisitos de dupla tipicidade e punibilidade, ficando 
autorizada a extradição a esse respeito. III- O Estado requerente 
comprometeu-se a detrair da pena o período da prisão decorrente da 
extradição, bem como o cumprimento dos demais compromissos 
previstos na Lei de Migração e no Acordo de Extradição entre Brasil e 
México. IV – Extradição autorizada por esta Suprema Corte, nos 
termos do art. 7° do Tratado de Extradição entre o Brasil e o México, 
com a finalidade da entrega do extraditando ao Estado requerente, bem 
como dos objetos requeridos no pedido inicial. V – Extradição deferida. 
(STF - Ext: 1541 DF - DISTRITO FEDERAL 0016296-81.2018.1.00.0000, 
Relator: Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Data de Julgamento: 15/10/2019, 
Segunda Turma, Data de Publicação: DJe-234 29-10-2019) 
 
A exploração nas relações trabalhistas bem como o tráfico de pessoas, principalmente 
voltado para futuros trabalhos forçados, implicam diretamente na economia, 
chegando a movimentar ilicitamente US$13 mil por ano no mundo todo, em um 
numero que já supera os 12 milhões de trabalhores forçados e 2 milhões de traficados. 
No Brasil, os empregados são amparados pela CLT, pela Constuição Federal, em seu 
art.7° que dispõe das condições minimas de trabalho, no art.5°, II e III que preveem 
que ninguém será obrigado a fazer algo senão em nome da lei e ninguem sera 
submetido a tortura nem tratamento desumado ou degradante, e no XLVII, c, que 
proibe penas de trabalho forçado. Além disso, são amparados também pela 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, no art.23 e por recursos adicionais, bem 
como os dispostos no Convenção sobre o Trabalho Forçado, 1930 (No. 29), Convenção 
Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e 
Membros das Suas Famílias, 1990, IOE, The role of business within society, Geneva, 
2005, Recomendação sobre a Relação de Emprego, 2006 (No. 198), e demais, tal como 
Convenção sobre as Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999 (No. 182), aplicada no seguinte 
exemplo: 
• RECURSO DE REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA DA 
JUSTIÇA DO TRABALHO. EFETIVAÇÃO DE PRINCÍPIOS E REGRAS 
CONSTITUCIONAIS E INTERNACIONAIS RATIFICADOS, 
RELATIVOS À PESSOA HUMANA E ÀS RELAÇÕES DE TRABALHO. 
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TRABALHO DECENTE E COMBATE IMEDIATO E PRIORITÁRIO AO 
TRABALHO INFANTIL E ÀS PIORES FORMAS DE TRABALHO DO 
ADOLESCENTE. OIT: CONSTITUIÇÃO DE 1919; DECLARAÇÃO DA 
FILADÉLFIA DE 1944; DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS E DIREITOS 
FUNDAMENTAIS NO TRABALHO DE 1998; CONVENÇÃO 182 DA 
OIT. EFETIVIDADE JURÍDICA NO PLANO DAS RELAÇÕES DE 
TRABALHO. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 
e a Organização Internacional do Trabalho, por meio de vários de seus 
documentos normativos cardeais (Constituição de 1919; Declaração da 
Filadélfia de 1944; Declaração de Princípios e Direitos Fundamentais no 
Trabalho de 1998; Convenção 182) asseguram, de maneira inarredável, 
a dignidade da pessoa humana, a valorização do trabalho e do emprego, 
a impulsão de trabalho efetivamente decente para os seres humanos, a 
proibição do trabalho da criança e o combate imediato e prioritário às 
piores formas de trabalho do adolescente. O Estado Democrático de 
Direito - estruturado pela Constituição da República e que constitui 
também o mais eficiente veículo para implementar esses comandos do 
Texto Máximo da República e dos documentos normativos da OIT - 
impõe ao Poder Público a adoção de medidas normativas e 
administrativas para o cumprimento prioritário dessas normas 
constitucionais e internacionais ratificadas e absolutamente 
imperativas. A lesão ao direito difuso de crianças e adolescentes, 
manifestamente desrespeitado no Município, submetidos a relações de 
trabalho flagrantemente proibidas ou gravemente irregulares, pode ser 
levada ao Poder Judiciário, mediante Ação Civil Pública, pelo Ministério 
Público do Trabalho (art. 5º, XXXV, CF; art. 129, I, II e III, CF), sendo 
competente a Justiça do Trabalho para conhecer e julgar a ACP (art. 
114, I e IX, CF). O fulcro da lide são as relações de trabalho irregulares, 
ao passo que o Município é potencial devedor de medidas públicas 
eficazes para sanar ou reduzir a lesão - circunstâncias que enquadram, 
inapelavelmente, o litígio nos marcos da competência da Justiça do 
Trabalho. Recurso de revista conhecido e provido. RECURSO DE 
REVISTA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO 
TRABALHO. IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS QUE 
VISAM À ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL. EFETIVIDADE 
DE DIREITOS SOCIAIS. O Direito do Trabalho é campo decisivo no 
processo de inserção jus trabalhista no universo geral do Direito, tendo 
a Constituição da República firmado o conceito e a estrutura normativos 
do Estado Democrático de Direito, em que ocupam posições cardeais a 
pessoa humana e sua dignidade, juntamente com a valorização do 
trabalho. Cabe à Justiça do Trabalho cumprir o estratégico objetivo de 
cimentar as balizas de atuação dos distintos atores sociais e estatais, 
assegurando a efetividade da ordem jurídica de Direito Material. Resta 
claro, portanto, que a erradicação do trabalho infantil é medida de 
manifesto interesse ao Direito do Trabalho e, com igual razão, ao campo 
de atuação do Ministério Público do Trabalho. No presente caso, 
discute-se pedido decorrente de relação de trabalho que visa à 
implantação de políticas públicas, pelo Município de Codó, no tocante 
ao combate ao trabalho infantil e a outras formas degradantes de 
trabalho. A atuação do Poder Judiciário, em caso de omissão do 
administrador público para a implementação de tais políticas públicas 
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previstas na CF, insere-se na competência material da Justiça do 
Trabalho, definida em razão da matéria, nas hipóteses disciplinadas no 
art. 114, I a IX, da CF. Precedentes do STF. Recurso de revista 
conhecido e provido. 
(TST - RR: 757003720105160009 75700-37.2010.5.16.0009, Relator: 
Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento: 17/09/2013, 3ª Turma, Data 
de Publicação: DEJT 20/09/2013) 
 
A leitura do livreto é de extrema necessidade tanto a empregados quanto 
empregadores, para que conheçam os seus direitos e cumpra plenamente os seus 
deveres e previnam os riscos de trabalhos forçados, Este manual voltado para 
empresas e organizações de empregadores, busca tanger todos os agentes enredados 
nesse âmbito coorporativo de pequenas, médias e grandes empresas. O cerne de seu 
texto está em fomentar a antevisão acerca do trabalho forçado e tráfico de pessoas, 
para que não haja melindres de como identificá-lo; impulsionar ações globais por meio 
de de parcerias para lidar o trabalho forçado e tráfico de pessoas e, por fim, se tornar 
uma referência para leituras adicionais.

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