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CARIOLOGIA @andreiadivensi 1 Formação do biofilme dental cariogênico e o desenvolvimento de lesões de cárie Entendimento atual da cariogenicidade do biofilme: centrado no entendimento da resposta frente às pressões exercidas pela dieta do indivíduo, associado ao desenvolvimento de noções sobre metabolismo e comunicação entre os microorganismos do biofilme. BIOFILME são comunidades de microorganismos aderidos sobre uma superfície, sobre a qual cresce envolto por uma matriz extracelular. Vivem em ambientes líquidos (matriz extracelular ou fluido do biofilme) contendo superfícies duras não descamativas. Adesão inicial dos microorganismos. A adesão inicial de microrganismos na superficie dental ocorre pela interação de receptores presentes na superficie microbiana com a película adquirida, que é uma fina camada de proteínas aderida sobre a superfície dental exposta à saliva. Essa adesão é específica, explicando porque encontramos microorganismos chamados de pioneiros nos biofilmes dentais em formação. SUCESSÃO ECOLÓGICA. Essa comunidade pioneira (S. mutans) no entanto, rapidamente dá lugar a um biofilme mais complexo, resultado da agregação de outros microrganismos aqueles incialmente aderidos, da produção de matriz extracelular e da multiplicação da microbiota melhor adaptada à condição ambiental à qual o biofilme está exposto (ex baixo pH). Existe áreas que acumulam mais: terço cervical, sulco, fissura... A organização bacteriana em comunidades trás uma série de vantagens para esses microorganismos: Proteção contra a dessecação pela presença da matriz extracelular Os biofilmes são mais protegidos das defesas do hospedeiro do que células bacterianas isoladas. Maior resistência a antimicrobianos (clorexidina, colutórios...) a) Limitação da difusão do agente dentro do biofilme b) Biofilme apresenta áreas mais resistentes ao agente c) Taxa de crescimento lenta do biofilme (antimicrobiano age reduzindo a taxa de crescimento bacteriano). Torna o agente “inútil”. d) Inativação ou neutralização do agente antimicrobiano por enzimas produzidas por algumas espécies presentes no biofilme. COMPOSIÇÃO DO BIOFILME Comumente, as células microbianas ocupam 70% do volume do biofilme, sendo os outros 30% ocupados pela matriz extracelular e pela porção líquida do biofilme dental (fluido do biofilme). A matriz extracelular é composta por polissacarídeos produzidos pelas bactérias, bem como por outras macromoléculas e elementos derivados da saliva e fluido gengival. A composição bacteriana do biofilme sofre INFLUÊNCIA do ambiente no qual é formado as CONDIÇÕES DA CAVIDADE ORAL; Espécies microbianas se estabelecem no BIOFILME graças a sua capacidade de ADERIR A SUPERFÍCIES SÓLIDAS ou à BIOFILMES PRECOCES (comunidades pioneiras); Influência da DIETA DO INDIVÍDUO na composição do Biofilme--->SUCESSÃO BIOLÓGICA Antigamente acreditava-se que a cárie era transmissível, mas as bactérias que provocam a cárie não são estranhas a boca de ninguém. A transmissibilidade da doença na realidade está ligada a transferência de hábitos dietéticos de alto consumo frequente de açúcar da família para os filhos, o que fará prevalecer no biofilme acumulado sobre os dentes as espécies mais cariogenicas como S. mutans e lactobacilos. CÁLCIO, FOSFATO E FLUORETO NO BIOFILME O equilíbrio físico-químico que determina se um dente irá ganhar ou perder minerais está relacionado a concentração de íons dos minerais que compõem a estrutura dental, de forma livre no biofilme dental. O biofilme faz trocas iônicas e vai trocar cálcio, fosfato e hidroxila com saliva e dentes. A concentração desses íons no fluido do biofilme é normalmente maior do que na saliva, uma vez que o compartimento que está em intimo contato com o dente, e recebe diretamente os íons dissolvidos da estrutura dental ou dos reservatórios presentes na porção sólida do biofilme *porção sólida do biofilme são microorganismos mais íons fosfato cálcio e fluoreto que recebe do dente e da saliva. CARIOLOGIA @andreiadivensi 2 A porção sólida vai servir inicialmente como um reservatório de ions. Durante queda de PH: minerais armazenados no biofilme são dissolvidos ou liberados para o meio externo (saliva), mas o ph pode cair mais do que deveria e consequentemente diminui a quantidade de íons (cálcio e etc) na saliva e ela vai começar roubar do dente e desmineralizar Repõem-se íons por água, pasta fluoretada... A concentração de fluoreto no biofilme aumenta e mantem-se alta por horas após a exposição. Isso explica o efeito da exposição de fluoretos na redução da progressão de lesões de cárie. INTERAÇÃO AÇÚCAR E BIOFILME DENTAL Quando exposta a açúcares fermentáveis, a comunidade microbiana irá, rapidamente, metabolizar o açúcar, a fim de obter energia para a sua sobrevivência. Na queda de pH, a condição de saturação do fluído do biofilme muda, ocorrendo a desmineralização. Efeitos Imediatos: imediatamente após a exposição do biofilme dental a açúcares fermentáveis, tem inicio a queda de pH nesse biofilme. Exposição aos substratos é (geralmente) inferior ao período de "miséria” (jejum). A rápida fermentação é necessária para os aproveitamentos dos períodos de “fartura” do substrato. A típica curva de Stephan inicia-se com uma drástica queda do pH do biofilme, atingindo-se o pH mínimo em cerca de 5 a 10 minutos. Devido à grande concentração de microrganismos no biofilme, é possível notar tamanho aumento na produção de ácidos em tão curto período de tempo. A segunda fase da curva de Stephan é chamada de região de pH mínimo. Nota-se que esse pH raramente atinge valores abaixo de 4, isso acontece porque mesmo os microrganismos mais acidogênicos e acidúricos do biofilme como o S. mutans e especialmente lactobacilos, não conseguem manter seu metabolismo em ambientes de Ph extremo. Após a fase de pH mínimo, que normalmente dura de 5 a 10minutos (exceto em pacientes com baixo fluxo salivar, quando esse período pode ser estendido), tem início a elevação do pH, que ocorre pela lavagem dos açucares e ácidos produzidos pelo tamponamento destes. O efeito da saliva nessa etapa da curva é tal que, se for restringido o seu acesso ao biofilme, o ph não mais se eleva. No caso de exposição contínua, como durante o consumo de uma mamadeira açucarada, o ph mínimo será atingido e mantido durante o período de tempo em que o substrato acidogênico estiver disponível. Lembrar: Os ácidos láctico e acético são os ácidos mais predominantes durante a queda de pH do biofilme. Ácido lático • É considerado o ácido MAIS CARIOGÊNICO • Libera mais íons H+ em pHs mais baixos Ácido acético • Importante forma de reserva no período de "miséria" do substrato (isso é ruim) • Gera mais energia na forma de ATP Cálculo dental: comunidade de microrganismos que receberam bastante mineral. Biofilme mineralizado antes da mancha branca. Efeitos na Ecologia: hipótese da placa ecológica A frequente exposição a açúcares fermentáveis cria diversos episódios de pH ácido no biofilme, que por sua vez selecionam microrganismos acidúricos, causando uma modificação ecológica no biofilme (de uma microbiota compatível com saúde bucal para uma microbiota cariogenica). Essa mudança causará um favorecimento do processo de desmineralização dental. CARIOLOGIA @andreiadivensi 3 A modificação ecológica do biofilme causa mudanças no seu metabolismo O ph em jejum é um biofilme maduro (com sucessão ecológica) é normalmente mais baixo - maior concentração de bactérias cariogenicas - maior capacidade do biofilme em manter-se metabolicamente ativo durante os períodos de jejum Biofilme cariogenico acumula reservas intra e extra celulares de polissacarídeos,que podem ser usados para a produção de energia e ácidos durante o período de jejum. Principais polissacarídeos: glucosiltransferase, frutosiltransferases. Eles deixam o biofilme mais pegajoso (maior aderência de microrganismos), volumoso e poroso (mais cariogenico – permite que microrganismos posicionados mais internamente no biofilme tenham acesso ao substrato fermentável). Efeitos na estrutura da matriz do biofilme. SACAROSE. É considerado o SUBSTRATO MAIS CARIOGÊNICO: Rapidamente fermentado e modifica a estrutura do biofilme Dentro de 28 dias se não limpar o biofilme vai formar cárie A progressão das lesões será mais rápida quanto MAIS AGRESSIVO for o desafio cariogênico, a depender de: Idade do biofilme biofilmes maduros formados sob exposição contínua a açucares são mais cariogênios que biofilme jovem. Dieta. Quanto maior exposição ao açúcar fermentável, mais rapidamente as lesões de cárie vão aparecendo, queda de pH mais frequentes e biofilme cada vez mais agressivo. Acesso a saliva. Age como tampão. Alguns lugares tem menor acesso a saliva, durante a noite também é reduzido, xerostomia. Acesso a flúor. A presença de fluoreto nos fluidos bucais modifica o processo DES/RE, reduzinao a velocidade de progressão das lesões de cárie.
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