Buscar

Texto da aula sobre Felicidade para primeira etapa da disciplina Filosofia 3_modificado_2021 (1)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 12 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Texto roteiro da aula sobre Felicidade para primeira etapa da disciplina 
Filosofia 3 e para resolução da atividade. 
 
Para uma retomada dos estudos, nos aproximaremos do 
estudo que os filósofos fizeram da Felicidade. A Filosofia é vista como 
algo distante, “abstrato”, como algo que não tem relação com nossa 
vida cotidiana. Mas este tema ajudará na compreensão de como 
filosofar é também algo prazeroso, que está mais próximo do nosso dia 
a dia do que costumamos imaginar. 
 
O que é felicidade? Ela existe ou é a pretensão ilusória 
de converter um instante de alegria em eternidade? Ou ainda, poderia 
a felicidade ser causa de infelicidade e tristeza, quando, por exemplo, 
são produzidos modelos de vida propagandeados como a perfeita 
forma de viver e a pessoa sofre por não corresponder com o modelo, 
ou luta para se adaptar e alcançar um modelo que na verdade não lhe 
trará felicidade definitiva? Um corpo sarado, um corte de cabelo, um 
parceiro amoroso com determinadas características, dinheiro, carro do 
ano, família unida, cirurgia plástica, enfim, você já deve ter ouvido 
estes itens e mais ainda, não é verdade? Mas será que sabemos o que 
é felicidade? Vamos acompanhar algumas definições de felicidade 
feitas por filósofos na tentativa de aprofundar a compreensão de um 
tema que é um dos mais importantes para a nossa vida, afinal, não 
nos importa viver de qualquer jeito, mas do melhor jeito, sendo felizes. 
O filme: Sociedade dos poetas mortos nos mostra jovens 
buscando “aproveitar a vida”. Porém aproveitar a vida não de qualquer 
jeito, mas tentando aproveitar uma frase antiga em latim que seu 
professor de literatura lhes ensinou: carpe diem. Essa frase é um 
trecho de um poema do famoso poeta Horácio. Em sua ode 1.11 ele 
escreveu: 
Não interrogues, não é lícito saber a mim ou a ti 
que fim os deuses darão, Leucônoe. Nem tentes 
os cálculos babilônicos. Antes aceitar o que for, quer muitos invernos 
nos conceda Júpiter, quer este último 
apenas, que ora despedaça o mar Tirreno contra as pedras 
vulcânicas. Sábia, decanta os vinhos, e para um breve espaço de 
tempo 
poda a esperança longa. Enquanto conversamos terá fugido despeitada 
a hora: colhe o dia, minimamente crédula no porvir (carpe diem 
quam minimum crédula posterum) 
No filme eles pretendiam viver plenamente, sem medo, sem 
covardia, sem submissão a hábitos, ordens ou regras sem sentido, cujo 
único objetivo era manter a obediência a qualquer custo mesmo a 
tradições caducas, que tolhiam a expressão das pessoas ou a liberdade 
de escolha dos jovens. Aqueles jovens se dispuseram a aproveitar o 
momento, aproveitar o dia antes que a morte chegue. A postura deles 
levou a um confronto com a direção da escola que terminou por 
expulsar o pretenso causador do suicídio de um aluno, o professor de 
literatura. O filme nos dá um aviso importante sobre como ao mesmo 
tempo que cuidamos de afazeres e responsabilidades, devemos 
também desfrutar do que nos é oportunizado viver: amar, ter amigos, 
sentir a vida… Estariam esses jovens, de alguma forma, próximos do 
que algum filósofo pensou? A postura deles teria alguma coisa a ver 
com a Filosofia? Vamos estudar um pouco como a Filosofia aborda esse 
tema. 
A Filosofia, disciplina que possui diversas definições, se ocupa 
de diversos objetos, como o amor, a dor, o bem e o mal, a morte, a 
felicidade, temas que nos tocam muito de perto e dificilmente 
deixamos de pensar sobre eles por várias vezes durante nossa 
existência. Porém a Filosofia aborda tais temas de maneira profunda e 
radical, ou seja, com mais rigor na investigação, evitando contradições, 
ambiguidades, afirmações superficiais, etc. Acompanhemos a seguinte 
situação como referência para as investigações a seguir sobre 
felicidade. 
Situação problema: O médico e o índio. 
Após nadarem e se refrescarem o médico e o índio sentam-
se para descansar e apreciar a paisagem à sua volta e travam o 
seguinte diálogo: 
- Você é feliz Rupawe? 
- Sim – respondeu prontamente o índio. 
- E você sabe o que é felicidade? 
- Não. 
A experiência filosófica: estranhamento e o 
questionamento. 
O estranhamento é um primeiro passo da experiência 
filosófica, é uma espécie de quebra ou interrupção no fluir normal 
de sua vida. Nosso cotidiano, por ter um caráter repetitivo, nos induz 
a uma postura automática nos afazeres, achamos tudo que repetimos 
normal, trivial, como se tudo fosse da maneira que tem sido. Acordar, 
tomar café, ir para o trabalho, tomar conta da casa, ir para escola, as 
coisas que vemos pelo caminho, pela constância e repetição achamos 
tudo normal. Porém pode ocorrer de algo nos chamar a atenção de 
uma maneira especial, até nos causando um tipo de angústia ou 
melancolia. 
Vemos exemplificado isso na história do médico e do índio. O 
médico, através de um distanciamento em relação a sua vida na cidade 
durante sua estadia com os índios, teve uma dúvida sobre o que 
significa felicidade. Talvez por uma comparação entre os bons 
momentos de vivência com os índios e aquela sua vida na cidade. Ele 
estaria duvidando se sua vida na cidade lhe proporcionaria verdadeira 
felicidade diante de suas novas experiências? 
Temos então o segundo passo da experiência filosófica: 
após viver o estranhamento a pessoa inicia ou pode iniciar um processo 
de questionamento (interno e externo) sobre aquilo que lhe chamou a 
atenção. 
Outro elemento presente no diálogo entre o índio e o médico 
consiste na abrangência das perguntas: a primeira tem um enfoque 
particular (“você é feliz? ”), cuja resposta diz respeito somente a esse 
indivíduo. A segunda pergunta, porém (“o que é felicidade? ”), tem um 
enfoque geral ou universal, pois sua resposta deve valer para todos os 
seres humanos. Tal pergunta corresponde a uma busca por definição. 
Podemos dizer que a filosofia, além de fazer perguntas busca por um 
tipo de resposta, a definição. Falaremos disso a seguir. 
RESPOSTA FILOSÓFICA 
Após uma reflexão serena e profunda, o filósofo elabora um 
discurso, ou seja, a enunciação de um raciocínio, no qual as ideias 
deverão estar ordenadas de maneira lógica na busca de uma solução 
para a questão, ou seja, diante de uma pergunta, que também é um 
problema ou dificuldade, o filósofo busca uma resposta que seja o 
máximo possível livre de ambiguidades, contradições, e seja o mais 
abrangente possível, tentando superar preconceitos e limites a que o 
pensamento humano está sujeito e muitas vezes não percebe. 
Podemos dizer que essa resposta, que busca uma validade para todos 
os casos ou pessoas, tem o caráter universal. 
Em síntese, podemos concluir que filosofar não é pensar 
de qualquer maneira, embora todos possamos ser acometidos pelas 
perguntas filosóficas, de maneira que as respostas filosóficas 
pretendem falar com todos nós. 
Um outro importante elemento presente na conversa entre o 
médico e o índio é a ironia. Ironia aqui tem o sentido de uso de palavras 
ou situações contraditórias, com efeito crítico ou humorístico. A ironia 
está presente nas respostas do índio que logo após responder ser feliz, 
responde não saber o que é felicidade. Neste caso nos deparamos com 
uma situação irônica, que é a mesma que vivemos em muitos 
momentos de nossas vidas achando que sabemos o que não sabemos. 
A felicidade para os filósofos. 
A investigação sobre o que seja a felicidade traz consigo uma 
série de outras perguntas, como: 
- Se o que nos move é, em última instância, o desejo de ser 
feliz, mas nem todo ato traz felicidade, como alcançar nosso 
objetivo de ser feliz? 
- Considerando a fragilidade e a vulnerabilidade humanas, 
como devemos agir para levar uma vida feliz ou, pelo menos, 
não infeliz? 
- Quais são as fontes da felicidade? 
Fontes de felicidade 
Historicamente e de acordo com textos antigos os elementos 
mais desejados e perseguidos pelas pessoas durante a Antiguidade, e 
certamente aindaem nossos, dias eram: 
 Bens materiais e riqueza 
 Status social, poder e glória 
 Prazeres da mesa e da cama 
 Saúde 
 Amor e amizade 
 
Costuma-se muitas vezes ver a falta ou carência de um 
desses itens como a causa da infelicidade de alguém. Porém, não é 
raro ver pessoas que desfrutam de tudo isso e ainda assim não se 
sentem felizes. Como explicar isso? Dependerá a felicidade de outros 
fatores ainda mais essenciais? Varia de pessoa para pessoa? 
Podemos observar que a lista acima contém em sua maioria 
fatores predominantemente materiais e externos que afetam a vida de 
um indivíduo, como bens, reconhecimento social. As circunstâncias 
internas, sua vida interior ou a coletividade em que vive esse indivíduo 
não contariam tanto. 
Os filósofos, diferindo dessa tendência geral que podemos ver 
nas pessoas, propõem mais caminhos comportamentais e 
intelectuais (ou espirituais) para a obtenção da felicidade 
verdadeira. Alguns deles também empregaram uma perspectiva 
menos individualista, concebendo a felicidade como um resultado de 
um processo coletivo, pois só seria alcançável em conjunto com a 
comunidade. 
Vamos ver exemplos de pensamentos de filósofos sobre 
felicidade. Acompanhemos alguns pontos das filosofias de Platão e 
Epicuro, para delimitar nossa investigação, já que praticamente todos 
os filósofos se detiveram sobre esse tema. 
Platão (427- 347 a.C.) viveu um período de decadência da 
democracia grega, viu como o desregramento ou falta de domínio 
próprio de uma pessoa poderia conduzir uma cidade inteira à ruína, 
pois mesmo uma pessoa sendo muito inteligente, uma falta de 
harmonia entre seus desejos, o desejo a qualquer custo de glória e 
honrarias, desencaminha suas ações podendo levar outras pessoas 
consigo. Também viu a condenação de seu mestre Sócrates à morte, 
mesmo Sócrates sendo um homem sábio e justo. Diante disso 
procurou, com sua filosofia, encontrar um caminho para construção de 
uma sociedade equilibrada e menos sujeita ao que os gregos 
designavam hybris, que é um conceito grego que pode ser entendido 
como tudo aquilo que passa da medida, exagero. Por outro lado, oposta 
à hybris (exagero) os gregos buscavam a sophrosýne (temperança), 
que significa o regramento dos desejos. 
Mas e Platão? Como exatamente sua filosofia via a felicidade? 
Em grego utilizava-se o termo eudaimonia para felicidade, sendo que 
eu=bem, daimón=espírito, donde o significado de boa ordem do 
espírito. 
Além disso temos que entender a forma que Platão via a alma 
(psychè). Para ele a alma está dividida em três partes. A dimensão 
lógica ou racional, localizada na região da cabeça, a irascível, localizada 
na região do peito, e a concupiscível, localizada no baixo ventre e 
associada aos prazeres. 
Para Platão a pessoa feliz (que possuía eudaimonia) era 
aquela que possuía virtude, ou seja, que cada parte da sua alma 
(psychè) possuía sua excelência: a parte racional era sábia, a parte 
irascível era corajosa e a parte concupiscível era temperante, 
moderada. O conjunto das três partes da alma (psychè) com suas 
virtudes correspondentes formavam o homem justo, o que equivale a 
uma pessoa feliz, que possui eudaimonia. Porém, este breve resumo 
da ordem que produz uma alma feliz precisa ser complementado pela 
necessidade da mesma ordem na cidade. Para Platão cada segmento 
da cidade deve possuir sua virtude específica: os artesãos devem ser 
temperantes e realizar suas tarefas; os guerreiros devem ser 
corajosos; os governantes devem ser sábios. Ou seja, para Platão a 
cidade era um reflexo das almas de seus cidadãos, de maneira que 
seus cidadãos só poderão ser felizes se a cidade for bem ordenada e a 
cidade só poderá ser bem ordenada se os seus cidadãos forem também 
bem ordenados. Ser bem ordenado significa possuir as virtudes 
específicas de cada parte da alma ou da cidade. 
Esse sistema complexo elaborado por Platão considera que 
ser justo ou a justiça só é possível em uma sociedade em que os 
cidadãos são justos, ao mesmo tempo que só é possível cidadãos justos 
em uma sociedade justa. Em seu tempo havia diversos tipos de 
corrupção, entre elas a inveja e ódio de alguns cidadãos condenaram 
Sócrates à morte, mesmo ele não incorrendo em crimes ou atentando 
contra os costumes da época, mas tão somente por investigar as 
pessoas e questioná-las. 
Em nossos dias questões semelhantes podem ser colocadas. 
Pode alguém preservar os preceitos morais quando precisa comer, mas 
não tem como obter emprego, consequentemente como comprar 
comida ou manter uma vida digna? Não é a injustiça social que coloca 
muitas pessoas em dilemas sobre seguir ou não os preceitos morais? 
Um preceito moral que se opõe à vida deve ser respeitado? Deve ser 
considerado ainda moral algo que cria obstáculos para a vida, ou 
estabelece regras injustas, como altos salários a determinadas 
profissões ou posições de poder e baixíssimos salários para outros 
trabalhadores? É possível sermos felizes convivendo com nossos 
semelhantes vivendo em condições degradantes? 
Epicuro (341-271): o caminho do prazer. 
Epicuro viveu uma época diferente daquela de Platão. Apesar 
de também ser grego, viveu numa época em que a Grécia perdeu sua 
autonomia política e estava sob o domínio dos macedônios. Com 
certeza você já ouviu falar de Alexandre, o Grande. Pois ele continuou 
o que seu pai, Felipe da Macedônia, começou, o domínio do mundo 
grego e a expansão do seu império até o oriente. Esse período é 
chamado de Helenístico, nele houve uma interpenetração de várias 
culturas, principalmente persa, grega e egípcia. 
Por que falar dessa perda de autonomia das cidades gregas? 
Pelo fato de que, em razão desse novo contexto político, o 
conhecimento deixa de ser preparação para a atividade política (como 
era em Platão), passando a se ocupar do aprimoramento interior do 
homem. 
A filosofia de Epicuro buscava o autodomínio do espírito, que 
por sua vez pressupunha a libertação de equívocos e infundadas 
crenças aterrorizadoras, o que só pode ser conquistado pelo alcance 
do conhecimento verdadeiro e seguro da realidade e da posição do 
homem dentro dela. Dessa forma a filosofia possui três partes que se 
articulam: em primeiro lugar a Lógica, que permitiria distinguir o 
conhecimento verdadeiro; em segundo lugar, a partir de uma base 
indicada pela Lógica, uma Física que mostrasse a verdadeira estrutura 
da realidade em que se insere o homem; essas duas disciplinas são 
preliminares às descobertas da última disciplina ou parte da Filosofia, 
a Ética, que seria o objetivo último da Filosofia e seria capaz de abrir 
as portas da felicidade. 
A verdadeira sabedoria. 
Sem nos aprofundar nas premissas da Filosofia de Epicuro 
para suas conclusões, avancemos para suas formulações éticas. 
Epicuro, seguindo o materialismo de dois filósofos que lhe 
precederam, Leucipo e Demócrito, pretende libertar os homens de dois 
temores que são obstáculos para o alcance da felicidade: o medo dos 
deuses e o medo da morte. 
Segundo ele os deuses existem, mas são perfeitos e não se 
misturam às imperfeições e vicissitudes da vida humana, não esperam 
adoração servil, temerosa e interesseira, pois desconhecem o mundo 
imperfeito dos homens e não atuam sobre ele. São no máximo objeto 
de imitação por sua perfeição suprema para os sábios, assim como 
objeto de culto desinteressado. Quanto à morte, Epicuro dizia que não 
deveríamos temer sua chegada que constituiria somente a dissolução 
dos átomos que são o corpo e a alma. O temor da morte seria uma 
espécie de pensamento ilusório, pois enquanto estamos vivos ela não 
existe, e o homem já não existe mais quando ela chega. 
Porém, além do temor da morte e dos deuses ainda é 
necessária a libertação da ânsia incontrolada de prazeres e do incontido 
pesar pelas dores. 
O que propõe Epicuro? Ou o Hedonismo Epicurista. 
Em grego a palavra que designa prazeré hedoné, portanto 
hedonismo designa a doutrina que aponta no prazer o bem e na 
procura do prazer o fim ou finalidade da vida do homem. Porém o que 
o hedonismo de Epicuro considera prazer não equivale ao prazer 
imediato, como veremos. 
O homem, enquanto ser natural, pauta sua vida pela procura 
do prazer e pela fuga da dor. Mas a verdadeira sabedoria não consiste 
em ser movido pela imediatez, buscando qualquer prazer que se 
apresente nem fugindo de todas as dores. Para Epicuro sábio é 
reconhecer que há diversos tipos de prazer, para saber dosá-los. É 
necessário, portanto, fazer um cálculo das dores e prazeres, sabendo 
qual escolher e qual rejeitar, ou aprender a dosá-los. A finalidade desse 
cálculo de prazeres e dores é alcançar o “prazer do repouso” 
constituído pela ataraxia (ausência de perturbação) e pela aponia 
(ausência de dor). O alcance desse objetivo é obtido através do 
autodomínio, uma espécie de autossuficiência que o torne um ser que 
tem em si mesmo sua própria lei, um ser autárquico, capaz de ser feliz 
e sereno independente das circunstâncias. Isso pode ser feito 
utilizando a liberdade interior para escapar das dores imediatas seja 
através da lembrança de prazeres passados ou pela antecipação de 
futuros prazeres, uma espécie de técnica interior de fuga da dor. O 
próprio Epicuro deu exemplo no uso dessas recomendações. Ele era 
um homem doente e vítima de terríveis sofrimentos físicos, um grego 
sem liberdade política, entretanto se apresentava sempre um homem 
amável que despertou uma grande admiração de seus seguidores. Ele 
exerceu influência não somente pelo ensino direto, mas pela sua 
personalidade, um homem bondoso e amável, que apesar do grande 
sofrimento imposto por uma doença que lhe paralisava pouco a pouco, 
cultivou a amizade, auxiliou os irmãos e tratava os escravos com 
delicadeza e amabilidade. Todos que o conheciam não queriam abrir 
mão de sua convivência. Epicuro dava aulas, ou melhor, filosofava com 
seus amigos em um jardim, por isso também é conhecido como filósofo 
do jardim. 
Epicuro classificou os prazeres em três tipos: 
 Naturais e necessários – como os desejos de comer, 
beber e dormir; 
 Naturais e desnecessários – como os desejos de comer 
alimentos refinados, tomar bebidas especiais e caras e 
dormir em lençóis luxuosos, etc.; 
 Não naturais e desnecessários – como os desejos de 
fama e poder. 
 
Textos complementares. 
 
“Nunca se protele o filosofar quando se é jovem, nem 
canse o fazê-lo quando se é velho, pois ninguém é jamais 
pouco maduro nem demasiado maduro para conquistar 
a saúde da alma. E quem diz que a hora de filosofar ainda 
não chegou ou já passou, assemelha-se ao que diz que 
ainda não chegou ou já passou a hora de ser feliz. ” 
Epicuro, Epístola a Meneceu, 122. 
 
“E como o prazer é o primeiro e inato bem, é 
igualmente por este motivo que não escolhemos 
qualquer prazer; antes pomos de lado muitos prazeres 
quando, como resultado deles, sofremos maiores 
pesares; e igualmente preferimos muitas dores aos 
prazeres quando, depois de longamente havermos 
suportado as dores, gozamos prazeres maiores. Por 
conseguinte, cada um dos prazeres possui por natureza 
um bem próprio, mas não deve escolher-se cada um 
deles; do mesmo modo cada dor é um mal, mas nem 
sempre se deve evitá-las. Convém, então, valorizar 
todas as coisas de acordo com a medida e o critério dos 
benefícios e dos prejuízos, pois que, segundo as 
ocasiões, o bem nos produz o mal e, em troca, o mal, 
o bem. ” (Epicuro. Antologia de textos. Coleção os 
Pensadores, p.17.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atividade de Filosofia. 
1. Lendo o texto abaixo, de autoria anônima, que regra para o bem viver está 
contida como sua mensagem? 
Você não é obrigado a nada. Você não precisa casar, nem ter filhos, 
se nunca desejou. Nem fazer compras em Miami. Não precisa ter aquela bolsa 
marrom, não precisa ter carro, nem amar bicicletas, não precisa meditar. Só 
precisa ter cachorro se quiser. Entender de vinho: não precisa. Barco, casa no 
campo, Rolex, ereção toda vez, cozinha gourmet, perfil no Instagram... Não 
precisa. Você não é obrigado a gostar de carnaval, nem de samba, nem de forró, 
nem de jazz. Você não é obrigado a ser extrovertido. Não precisa gostar de praia. 
Nem de sexo você é obrigado a gostar. Balada, barzinho, cinema. Missa no 
domingo. Reunião de família. Não, você não é um ET se não estiver afim. 
Acordar cedo, fazer exercício, conhecer os clássicos, assistir os filmes do Oscar, 
a banda de garagem que ninguém conhece. Você também não precisa conhecer. 
Paris, Nova York, Londres... Gosta muito de viajar? Não? Então não vá! Tá sem 
namorado? Alguém vai dizer que você não é feliz por isso. E é mentira. Seu 
cabelo não precisa ser alisado. Nem você vai ser muito mais feliz se for magro 
ou magra. Também não precisa gostar de comer. Peça curinga no guarda roupa, 
perfume francês, dentadura perfeita, curriculum vitae, escapulário. Sucesso. 
Não, você não precisa dele. Se for pra ser obrigado, nem feliz você precisa ser. 
 
 
2. Você acredita que se desenvolvesse o autocontrole e apenas desejasse o que 
é natural e necessário, sofreria menos ou seria mais feliz? Justifique sua 
resposta. 
3. Faça uma crítica de algum modelo de vida feliz com o qual você já tenha se 
deparado seja na televisão ou em qualquer meio de comunicação, justificando 
porque você acha que ele é ilusório ou impraticável. 
4. A partir do que foi estudado, como a concepção de Platão poderia nos ajudar 
em nossos dias?

Continue navegando