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FACULDADE DE BALSAS 
UniBalsas 
Português Jurídico 
Graduação em Direito 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Livian Botelho Dantas Costa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Balsas 
2021 
 
Livian Botelho Dantas Costa 
 
 
 
 
 
 
Resenha Critica do Filme Carandiru de Hector Babencio 
 
 
 
 
Trabalho apresentado para avaliação 
do 2º bimestre, de peso 1.5, sobre o 
filme Carandiru de Hector Babencio. 
 
Professora: Lucilene Nunes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Viva cada minuto de sua vida como se 
fosse o último porque a vida é como o 
vento passageiro e quando vai embora 
você fica se perguntando o que eu deixei 
de fazer. 
 
Resenha Crítica: 
Carandiru conta a história de um médico (Luiz Carlos Vasconcelos) que se propõe fazer um 
trabalho de prevenção à Aids no maior presídio da América Latina: a Casa de Detenção de Sao 
Paulo, mais conhecida como Carandiru. Lá, ele entra em contato com o que, aqui fora, a maioria 
das pessoas tem medo de imaginar: violência, superlotação, instalações precárias, falta de 
assistência médica e jurídica. Porém, o médico testemunha solidariedade, organização e uma 
grande disposição de viver. Carandiru foi um filme dirigido por Hector Babenco e lançado em 
2003 baseado no livro Estação Carandiru, escrito pelo Dr. Dráuzio Varella. O filme narra histórias 
de vários detentos que tiveram contato direto com o médico, que além de prestar atendimento 
clínico aos presos, lhes dava momentos de boa conversa, onde estes podiam se sentir seguros 
para contar sobre suas vidas e o que lhes levou até ali, sobre sua rotina dentro da cadeia, e falar 
mais abertamente sobre suas relações amorosas e sexuais sem o medo de serem julgados pelo 
seu passado e presente. O médico, por sua vez, observava atentamente as condições em que os 
detentos eram submetidos, como a superlotação das celas, a infestação de animais peçonhentos 
e a exposição dos detentos a doenças como sarna e a AIDS. A campanha de prevenção a AIDS 
chegou a detenção quando inúmeros homens já haviam contraído o vírus. A década de 1990 é 
considerada a época onde o surto de AIDS mais se manifestou no Brasil, o Dr. Dráuzio Varella 
relata anos depois em um documentário que mais de cinco doentes chegavam a ir a óbito por 
semana na enfermaria do Carandiru por conta do vírus. Um detento desabafa no documentário 
que se sentia negligenciado, pois a assistência médica era de má qualidade e que muitas vezes 
ele não recebia os medicamentos adequados quando chagava o fim de semana e havia a troca 
de médicos. Fica explicito que o atendimento tardio e campanha de prevenção inadequada 
foram fatores inquestionáveis que corroboraram para o descontrole e a propagação do vírus 
dentro da detenção. 
Pode-se ainda associar o consumo exagerado de drogas à vulnerabilidade psicológica e 
emocional de muitos homens que estavam lá. Um exemplo que o filme nos dá disso, é o caso 
de Ezequiel, um homem aidético que assume a culpa de um assassinato, aumentando assim a 
sua pena, no intuito de ter acesso a drogas para o sustento do seu vício, mesmo quando 
faltavam poucos anos para este alcançar a liberdade. A disputa de poder fazia com que os 
homens adotassem uma postura ainda mais rígida e intolerante na convivência de uns com os 
outros dentro das facções, onde havia a imposição de regras e hierarquias que eram temidas e 
respeitadas pela firmeza daqueles que comandavam o lugar. A Casa de Detenção de São Paulo, 
popularmente conhecida como Carandiru, já chegou a abrigar cerca de sete mil pessoas 
mesmo quando só havia capacidade para quatro mil. Sidney Sales, sobrevivente do Massacre 
do Carandiru em entrevista para a Brasil de Fato e a Radioagência NP em 2012 fala sobre seu 
cotidiano na maior detenção da América Latina. Ele relata que no dia dois de outubro de 1992 
após a final do campeonato de futebol, dois ladrões tidos como muito influentes e de alta 
periculosidade começaram uma briga onde um deles ficou gravemente ferido, as quadrilhas a 
qual eles pertenciam entraram em confronto, outros detentos que pertenciam a uma gangue 
se misturaram ao confronto e anunciaram em meio ao tumulto que se tornara rebelião 
levando ao ápice do caos, detentos se armaram e atearam fogo em oficinas que eram setores 
de produção de trabalhos, como marcenaria e fábrica de guarda-chuva, houve uma explosão 
de gás na cozinha que se tornou o estopim para o Choque invadir a detenção com a 
autorização do então diretor Ismael Pedrosa. Segundo Sidney Sales o número de mortos no 
massacre ultrapassa cento e onze, como informou a justiça. Até onde ele pôde contar foram 
mais de duzentos e cinquenta mortos, e cento e onze foi o número de mortos cujo a família e 
advogados recorreram à justiça, visto que muitos homens em situação de cárcere acabam 
perdendo vinculo familiar ou viviam antes em situação de rua e de vulnerabilidade. A polícia 
deveria ser responsável por estabelecer a ordem no local e conter a rebelião, em contrapartida 
trata os homens de forma desumana, reduzindo a vida de outro a nada, decidindo quem vive e 
quem morre, ferindo os direitos humanos e exercendo um poder de repressão, com aval do 
Estado, que é repudiável. Em Carandiru obra dirigida por Hector Babenco, o desenvolvimento 
da trama se utiliza de personagens que representam indivíduos comuns que são 
estereotipados em seu gênero, raça, sexualidade e classe social, afirmando no imaginário de 
senso comum uma inferiorização do outro baseada em impulsos sexuais e de luta pela 
sobrevivência animalescos e desprovimento de intelecto crítico destes sobre suas próprias 
realidades enquanto cidadãos marginalizados pelo sistema excludente e genocida que afeta 
majoritariamente a população negra e periférica. Um exemplo de estereotipação racial que o 
filme nos dá é a forma romântica em que o público tende a ver a personagem transexual 
branca, interpretada por Rodrigo Santoro, sempre de forma delicada e afetuosa enquanto 
outra personagem transexual negra pouco aparece e a ela é atribuído apenas o apelo sexual. 
No caso de Majestade, personagem interpretado por Airton Graça, fica evidente a forma 
sexista que ele trata as duas mulheres que se relaciona, considerando constituição familiar 
(que advém dos filhos) apenas com a personagem branca, sendo que, também gerou filhos 
com a personagem negra. A reafirmação estereotipada ocorre por meio da racionalização das 
figuras femininas que discorrem de diferentes posturas expressas quando cabe a personagem 
negra a função de levar drogas para Majestade em seus dias de visita como motivo maior até 
mesmo que a presença do filho, e a personagem branca, por sua vez, faz visitas regulares para 
além de contato com os filhos, relacionando-se com ela intimamente e amorosamente. A 
estereotipação é um sistema de juízos que a sociedade utiliza para supor e tratar como 
verdade óbvia uma generalização, como a mulher branca perfeita para relacionamento firme e 
a negra amante, vulgar e promíscua. Os estereótipos reafirmam uma opressão que o indivíduo 
possa vir a sofrer por pertencer a determinados grupos, sejam eles raciais, de sexualidade, de 
gênero, ou sociais, e é de suma importância ressaltar que é inaceitável que tais estereótipos 
sejam tidos como verdade uma vez que a obra ressalta a história de indivíduos que possuem 
alteridade e singularidade apesar do meio em que vivem e sobrevivem. 
 
 
 
 
REFERENCIAS VIDEO DOCUMENTÁRIO DO DR. DRÁUZIO VARELLA SOBRE A AIDS NO 
CARANDIRU http://drauziovarella.com.br/audios-videos/videos/aids-no-carandiru/ 
DEPOIMENTO DE SIDNEY SALLES, SOBREVIVENTE DO MASSACRE NO CARANDIRU

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