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Sociologia II

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3
	1 INTRODUÇÃO
	A Sociologia, até hoje, trabalha a partir dos conceitos elaborados por grandes pensadores do passado como Karl Marx, Max Weber e Gilberto Freire. 
	
	Analisando as teorias de cada um desses pensadores, podemos perceber que eles estavam tentando compreender a sociedade de sua época, e para isso, elaboraram e utilizaram conceitos e teorias diferentes. De alguma maneira todos estavam interessados em pensar a relação entre indivíduos e sociedade no mundo moderno, porém, as explicações indicam justamente a complexidade dos problemas surgidos pelas novas condições de vida do mundo moderno e as diferentes possibilidades de interpretação dessas novas condições. 
	Nesse contexto, o presente estudo objetiva suscitar discussões acerca dos pensadores Karl Marx, Max Weber e Gilberto Freire apresentando a importância e impacto de suas obras para o pensamento social.
	Diante desse fato, esse estudo justifica-se no intuito de mostrar que a sociologia não apenas estuda e explica a sociedade, mas é uma ciência que se preocupa também com o social. Sendo assim, ela pode ajudar na formulação de políticas públicas e avaliar os programas sociais e, assim, aperfeiçoar as instituições existentes na nossa sociedade.
No que se refere aos aspectos metodológicos, realizaremos em nosso estudo uma vasta pesquisa bibliográfica buscando identificar autores e informações pertinentes ao tema aqui tratado. 
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Karl Marx
Para o alemão Karl Marx, os indivíduos devem ser analisados de acordo com o contexto de suas condições e situações sociais, já que produzem sua existência em grupo. O homem primitivo, segundo ele, diferenciava-se dos outros animais não apenas pelas características biológicas, mas também por aquilo que realizava no espaço e na época em que vivia.
	Ainda, segundo Marx, o indivíduo isolado só apareceu efetivamente na sociedade de livre concorrência, ou seja, no momento em que as condições históricas criaram os princípios da sociedade capitalista.
	O foco da teoria de Marx está, assim, nas classes sociais, embora a questão do indivíduo também esteja presente. Isso fica claro quando Marx afirma que os seres humanos constroem sua história, mas não da maneira que querem, pois existem situações anteriores que condicionam o modo como ocorre a construção. Para ele, existem condicionantes estruturais que levam o indivíduo, os grupos e as classes para determinados caminhos, mas todos têm capacidade de reagir a esses condicionamentos e até mesmo de transformá-los.
Marx se interessou também por estudar as condições de existência dos homens reais na sociedade. O ponto central da sua análise está nas relações estabelecidas e, determinada classe e entre as diversas classes que compõem a sociedade. Para ele, só é possível entender as relações dos indivíduos com base nos antagonismos, nas contradições e na complementaridade entre as classes sociais. Assim, de acordo com Marx, a chave para compreender a vida social contemporânea está na luta de classes, que se desenvolve à medida que homens e mulheres procuram satisfazer suas necessidade.
Quanto às obras produzidas por Karl Marx, Cueva aduz que:
A obra de Karl Marx não surge, na cultura e na história ocidentais, por acaso. Ela é resultante de contexto sócio-político determinado. É uma resposta aos problemas da sociedade burguesa e uma proposta de intervenção que tem como centro a classe operária. Com efeito, o autor pretende através da fusão de todo patrimônio cultural existente até ele com a intervenção política do proletariado, um modo novo de ver a sociedade burguesa: compreendê-la para suprimi-la (1974, p. 85). 
Diante do exposto, observa-se que as obras produzidas por Marx refletiam uma “realidade concreta”, ou seja, refletiam o momento histórico, que constituíam, por sua vez, sua matéria-prima e objeto de sua filosofia.
De forma análoga a esse fato, Locke explica que:
As obras de Marx surgiram em um período em que a revolução industrial engendrou uma crise social que atingiu níveis gigantescos. A permuta do homem pela máquina, na mesma medida em que majorava a produção, gerava uma grande quantidade de desempregados. Concorrendo com as fábricas, os artesãos faliam prontamente. Por ser o trabalho operário um exercício mecânico de alguma atividade, que não exige técnica, nem raciocínio, logo se constatou que a utilização de mulheres e crianças seria extremamente vantajosa, já que mais barata. As horrendas condições em que trabalhavam só poderiam ter como conseqüência a enorme mortalidade infantil e sua desnutrição. Além disso, ao se processar a divisão social do trabalho, separam-se aqueles que pensam, daqueles que agem. Daí que “a segmentarização do trabalho acabou por dividir também o saber do trabalhador” (1999, p. 131).
De acordo com as idéias expressadas nas suas principais obras “Manifesto do partido comunista”, “A luta de classes em França” e “O Capital”, fica claro que seus trabalhos giram em torno de estudar, compreender e explicar o Capitalismo como sendo um fruto da sociedade moderna.
Nesse contexto, por meio do Materialismo Histórico, Marx acreditava que o modo de produção capitalista é sustentado por inúmeras contradições, essencialmente verificadas no plano das classes sociais. Estas são a burguesia, como classe detentora dos meios de produção e, portanto, dominante; e o proletariado, que tem como única riqueza o seu trabalho, tendo que o vender para sobreviver. 
Desse modo, o foco dos estudos de Marx consiste nas classes sociais, que são determinadas pela propriedade ou não de bens, isto é, o grupo que os possuísse seria a classe dominante e o que não os detivesse, a classe dominada. 
Nessa linha de raciocínio, Marx concebe o Estado como protetor social, no qual tem a função de obter o bem comum da sociedade e proteger os interesses universais. Assim, o Estado na visão de Marx é um reflexo da sociedade civil e, portanto, decorrente de uma luta de classes.
Ainda, nas ideias de Marx:
O Estado compõe a esfera superestrutural, sendo seu surgimento necessário para ordenar essa luta de classes, amenizando-a. Fazendo isso, ele atende aos interesses dos proprietários, já que a intensificação dos conflitos pode gerar uma superação da realidade e à classe dominante interessa a permanência da situação vigente (2006, p. 32).
Assim, depreende-se da visão marxiana que o Estado é a representação legal, jurídica e política acerca dos interesses das classes sociais, àquelas privadas dos meios de produção. 
Nesse sentido, Tomazzi concordando com as ideias de Marx nos ensina que:
O Estado é o braço repressivo da burguesia. Ele utiliza-se da coerção para garantir a ordem infra-estrutural. As forças produtivas do modo de produção capitalista deveriam ser desenvolvidas ao máximo até as contradições entre as classes tornarem-se insuportáveis. Nesse momento, o povo chegaria ao poder e as decisões seriam tomadas pela própria massa popular. Dentre essas decisões, estaria a socialização das propriedades, enquanto que o Estado e, conseqüentemente, o Direito (já que este é produto daquele) iriam perdendo as suas funções até se extinguirem completamente. Isso porque tais institutos não seriam mais necessários numa sociedade na qual todas as pessoas estariam numa mesma situação diante da base material (não existiriam mais classes sociais, então não haveria mais necessidade de algo que regulasse as contradições entre elas) (2000, p. 73).
Para falarmos do Direito e suas ramificações sobre as concepções de Marx, devemos levar em consideração as bases de sua Sociologia. Na concepção de Marx, como já foi dito, a sociedade é uma sociedade predominantemente capitalista, caracterizada por profundas desigualdades, pois a produção capitalista está baseada na desigualdade entre proprietários e proletariados. Os proprietários, para exercer sua dominação, apropriam das propriedades comuns e deixam os proletariados praticamente sem nada para sobreviver, a não ser sua força de trabalho, que é vendida para os proprietários dos meios de produção.Para garantir a supremacia e dominação da classe dos proprietários dos meios de produção, surge o Direito, que é respaldado e fundamentado pelo Estado. 
Para Marx, ensina Adriana Loche (1999, p. 136) que “O Estado, enquanto aparato gerido pelas classes dominantes transformaria os interesses particulares dessa classe em uma forma de vontade geral ou universal, no sentido de ideologia”, ou seja, o Estado desenvolveu nas pessoas de um modo geral, uma ideologia de que o Direito é caracterizado por sua forma universal de operação, onde todos os indivíduos seriam considerados iguais. 
O Direito para Marx protegeria a propriedade de todos para assim, dissimular as reais relações existentes entre as classes. Assim, diz Adriana Loche (1999, p. 136), “Para Marx, além do aspecto propriamente ideológico, o Direito cumpre funções fundamentalmente repressivas, sobretudo contra as classes dos expropriados”. 
Por fim, evidencia-se que as idéias revolucionárias de Marx constituem uma ética humanista a conclamar a justiça e igualdade real entre os homens. Portanto, pode-se dizer que suas teorias em uma síntese podem significar uma nova luz e representar novos caminhos para os homens, proporcionando-os conquistas significativas no decorrer dos tempos.
Nesse sentido, o pessimismo de Marx e os dilemas por ele enfrentados no século XIX, subsidiaram com reflexos diretos e indiretos o pensamento social moderno. Suas contribuições se tornaram em pistas que não podem ser refutadas na sociologia, pois permitem que nos dias de hoje, tanto as idéias de emancipação, cidadania e direitos humanos possam ser repensadas, não mais em termos do debate religioso ou de classes, mas em uma nova institucionalidade marcada, por exemplo, pelos organismos internacionais, organizações não-governamentais, dentro de uma nova configuração dos Estados Nacionais.
Os escritos de Marx sobre emancipação humana e política servem para a sociologia contemporânea repensar a dinâmica da sociedade a partir do interesse das classes sociais e de outros elementos que constituem a base da vida democrática do ocidente a qual a sociologia sempre esteve ligada.
2.2 Max Weber
Max Weber, filósofo, historiador e sociólogo alemão, que, ao contrário de Durkheim e Marx, que davam ênfase à análise sociológica dos fatos sociais e às relações entre as classes, tomou como ponto de partida a análise centrada nos agentes, nos indivíduos dos grupos sociais e suas ações. O pensamento weberiano privilegia a parte sobre o todo, tendo em vista que a coletividade, necessariamente, se origina do individual.
	A importância dos debates em torno das Ciências Sociais, implementados na Alemanha durante a segunda metade do século XIX, influenciaram o pensamento de autores como Dilthey, Lukács, Marx, Rickert, Simmel, Tönnies, Windelband e, obviamente, Weber. Os pressupostos colocados em evidência nesse contexto histórico tratavam da definição da especificidade analítica das Ciências Sociais em relação às Ciências da Natureza, estabelecendo campos de conhecimento distintos. A preocupação de Weber era com os instrumentos metodológicos de investigação sociológica (DIGGINS, 1999).
	Para tanto, o autor inova com o método de análise conhecido como Sociologia Compreensiva. As interpretações totalizantes não fazem parte da agenda de estudos weberianos. Por considerar a realidade social infinita e em função de limitações científicas de cunho técnico, Weber se interessa por compreender teoricamente eventos em sua singularidade. Dessa forma, fragmentos da realidade são colocados em realce por meio da especificidade de um objeto recortado (SAINT-PIERRE, 1994).
	Para Max Weber a sociedade existe concretamente, mas não é algo externo e acima das pessoas, e sim o conjunto das ações dos indivíduos relacionando-se reciprocamente. Assim, Weber partindo do indivíduo e de suas motivações, pretende compreender a sociedade como um todo.
	Nas precisas lições de Diggins:
Weber formulou sua compreensão da sociedade negando tanto a perspectiva positivista como a materialista. Esta também via o conhecimento sociológico como histórico e baseado na observação da multiplicidade de fenômenos sociais, como as classes e o mercado. Mas diferentemente da perspectiva materialista de Karl Marx, Weber enfatiza que as transformações sociais não podem ser explicadas somente pelas relações econômicas. Ou seja, a economia e as formas de produção são importantes mas não explicam as condições históricas em sua totalidade. Para Weber, é possível entender as relações humanas sem buscar a formulação de leis e sem estabelecer as condições materiais como causa determinante das transformações sociais (1999, p. 152).
	O conceito básico para Weber é o de ação social, entendida como o ato de se comunicar, de se relacionar, tendo alguma orientação quanto às ações dos outros. “Outros”, no caso, pode significar tanto um indivíduo apenas como vários, indeterminados e até desconhecidos. Como o próprio Weber exemplifica, o dinheiro é um elemento de intercâmbio que alguém aceita no processo de troca de qualquer bem e que outro indivíduo utiliza porque sua ação está orientada pela expectativa de que outros tantos, conhecidos ou não, estejam dispostos a também aceitá-lo como elemento de troca.
	Seguindo esse raciocínio, Weber declara que a ação social não é idêntica a uma ação homogênea de muitos indivíduos. Ele dá um exemplo: quando estão caminhando na rua e começa a chover, muitas pessoas abrem seu guarda-chuva ao mesmo tempo. A ação de cada indivíduo não está orientada pela dos demais, mas sim pela necessidade de proteger-se.
	Weber também diz que a ação social não é idêntica a uma ação influenciada, que ocorre muito frequentemente nos chamados fenômenos de massa. Quando há alguma aglomeração, quando se reúnem muitos indivíduos por alguma razão, estes agem influenciados por comportamentos grupais, isto é, fazem determinadas coisas porque todos estão fazendo.
	Weber, ao analisar o modo como os indivíduos agem e levando em conta a maneira como eles orientam suas ações, agrupou as ações individuais em quatro tipos, a saber: ação tradicional, ação afetiva, ação racional com relação a valores e ação racional com relação a fins.
	Para Weber, esses tipos de ação social não existem em estado puro, pois os indivíduos, quando agem no cotidiano, mesclam alguns ou vários tipos de ação social. São “tipos ideais”, construções teóricas utilizadas pelo sociólogo para analisar a realidade.
	Diante da sociedade em que vivia Weber também teorizou diversos pontos de vista, entre eles: O legal e o típico onde e questionou os conceitos impostos sobre a sociedade, a qual fazia do individuo um instrumento de relações inter-sociais. Tais ideais eram conceitos definidos conforme critérios sociais impostos pela classe dominante da sociedade.
            Dentre outras análises feitas pelo sociólogo, podemos citar seus estudos sobre a sociologia da religião, de forma mais precisa a interpretação sobre as relações entre as idéias e atitudes religiosas, que foram publicadas em três volumes no livro Sociologia das Religiões. Além do caráter religioso, a obra também aborda questões econômicas e o surgimento do capitalismo.
	Como se pode perceber para Weber, as normas, os costumes, as regras sociais não são algo externo ao indivíduo, mas estão internalizados, e, com base no que traz dentro de si, o indivíduo escolhe condutas e comportamentos, dependendo das situações que se lhe apresentam. Assim, as relações sociais consistem na probabilidade de que aja socialmente com determinado sentido, sempre numa perspectiva de reciprocidade por parte dos outros.
	Neste contexto, a sociologia política de Weber é baseada na distinção entre as essências da economia e da política, estabelecida a partir do sentido subjetivo das condutas humanas. Assim, se Max Weber objetivou compreender. Interpretativamente, a ação humana, é no plano do sentido subjetivo destas que se define a ação econômica e a ação política.
	A política, portanto, para o autor se caracteriza pela dominação exercida porum ou vários homens sobre outros homens, e que este exercício contínuo exige um agir econômico. A política é deste modo, o conjunto das condutas humanas que comportam a dominação do homem pelo homem (WEBER, 1983).
2.3 Gilberto Freire
	
A obra de Gilberto Freyre vem sendo cada vez mais analisada e reavaliada por diversos autores. São diferentes pontos de vista e perspectivas, ligados a linhas de pesquisa e áreas de conhecimento diversificadas. Fica ressaltada, através desses trabalhos, a grande complexidade e riqueza da obra de Freyre, cuja formação e trajetória têm merecido um aprofundado conjunto de pesquisas. Um dos resultados mais significativos desses trabalhos é a constatação da necessidade de rejeitar explicações simplistas e rótulos para uma obra tão extensa e complexa. Focaliza-se também as relações do autor com o sistema universitário, assim como a importância e singularidade de sua trajetória e originalidade de seus escritos.
 	Inegavelmente Freyre construiu uma obra de grande complexidade e riqueza. Fazia questão de declarar que era, antes de tudo, um escritor. Foi um dos maiores prosadores da língua portuguesa. A sua obra, com a sua dimensão ensaística, é de enorme riqueza literária, destacando-se as suas elegância, simplicidade e clareza. Dito isso, trata-se de um dos maiores cientistas sociais do século XX, ultrapassando de muito as fronteiras brasileiras, tornando-se um dos autores mais consagrados e reconhecidos internacionalmente, atravessando várias áreas de conhecimento. Creio que esta é uma de suas principais características, não ficar preso a especializações, escapando às, nem sempre estimulantes, compartimentações disciplinares. Por tudo isso, seu trabalho mantém, ainda hoje, um caráter original e inovador (BASTOS, 2003).
O seu impacto nas ciências sociais foi decisivo, estabelecendo um campo de discussão para filósofos, sociólogos, psicólogos e educadores, entre outros. Portanto, durante a permanência de Gilberto Freyre em Colúmbia, os Estados Unidos viviam um período de grande criatividade na área das ciências humanas, tendo como um de seus focos principais a temática indivíduo e sociedade. Seja sob o ponto de vista da interação social, seja sob o ponto de vista de cultura e personalidade, produzia-se um volume de trabalhos e idéias que constituíram-se em importantes subsídios para a obra de Gilberto Freyre, que soube digeri-los e elaborá-los no decorrer de sua carreira, contribuindo, decisivamente, por sua vez, para esse campo de debates (BASTOS, 2003).
Essas observações multifacetadas e variadas da trajetória e interesses de Gilberto Freyre creio que são importantes para uma melhor compreensão de sua obra, cujo marco clássico inicial é Casa Grande & Senzala, em 1933. Não é um produto isolado de um autor enfurnado em seu mundo restrito, mas de um intelectual que desenvolveu extensas pesquisas, sustentadas por uma perspectiva muito própria e singular. Essa resultou de sua capacidade de sintetizar com originalidade diversas correntes de pensamento e pontos de vista. 
Como é de conhecimento público e notório, um dos pontos altos e sempre polêmicos do seu trabalho foi a temática das relações raciais. É preciso distinguir o que ele realmente escreveu, do que foi divulgado e vulgarizado por seguidores e adversários. Não negou a existência de racismo na sociedade brasileira, mas procurou salientar as peculiaridades aqui existentes, contrastantes com países como os Estados Unidos. A sua contribuição para o estudo de gênero é tão importante que até hoje é insuficientemente valorizada.
Além disso, suas análises sobre o mundo feminino do Brasil tradicional são de uma importância ímpar e de absoluta originalidade. Do mesmo modo, as suas investigações sobre as gerações, as tensões entre jovens e velhos, a ascensão do mulato e do bacharel constituíram-se em contribuição preciosa para a compreensão de processos de mudança social, longe, portanto, de fixar-se num modelo estático e rígido. Inegavelmente, identificou na família patriarcal o eixo fundamental da sociedade brasileira, tema que suscitou e suscita até hoje interessantes discussões sobre as suas relações com o poder público e com o Estado. Em “Sobrados e Mucambos”, particularmente, desenvolve um trabalho de vanguarda para o estudo da vida urbana, precursor de desenvolvimentos em antropologia e sociologia das décadas seguintes (BASTOS, 2003).
É interessante, com uma perspectiva temporal mais longa, identificar como Freyre preocupou-se com as relações de produção, de alguma maneira dialogando com Marx, com as relações entre religião, valores e capitalismo, com Weber, e com os processos interacionais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A obra de Marx é inegavelmente de suma importância para a Idade Contemporânea, seja na Filosofia, Economia Política, na Sociologia ou no Direito. Propôs uma mudança através da revolução proletária. É então, impossível desconsiderar o pensamento de Marx em seu profundo papel modificador e crítico da sociedade, do Estado e do Direito.
Através dos escritos de Marx, evidencia-se um direito de papel decisivo na fixação das contradições do capitalismo. O Direito coloca-se muito mais que um instrumento pacificador dos conflitos sociais. Isso porque sob sua perspectiva ideológica verifica-se que o Direito representa um discurso do Poder.
	Já para a sociologia de Weber, os acontecimentos que integram o social têm origem nos indivíduos. O cientista parte de uma preocupação com significado subjetivo, tanto para ele como para os demais indivíduos que compõem a sociedade. Sua meta é compreender, buscar os nexos causais que dêem o sentido da ação social.
Quanto à Gilberto Freire, podemos sintetizar que suas obras foram consideradas instigantes e desafiadoras para a história brasileira nos últimos tempos. A par de suas diferenças e mesmo divergências, resgatam a obra de Freyre como referência fundamental e leitura obrigatória, não só para os estudiosos da sociedade brasileira, mas, também, como marco da construção das ciências humanas no século XX.
REFERÊNCIAS
BASTOS, E. Gilberto Freyre e o Pensamento Hispânico: entre Dom Quixote e Alonso El Bueno, São Paulo, 2003. EDUSC.
CUEVA, A. A concepção marxista das classes sociais. In Debate e Crítica, n°03. São Paulo: Hucites, 1974, p. 83-106.
DIGGINS, J. Max Weber. A política e o espírito da tragédia, Rio de Janeiro, Record, 1999.
LOCHE, A. Sociologia Jurídica: Estudos de Sociologia, Direito e Sociedade. 1ª ed. Porto Alegre: Síntese, 1999. 
MARX, K. Manifesto do Partido Comunista. 10. ed. São Paulo: Global, 2006. 
TOMAZI, N. Iniciação à Sociologia. 2ª ed. São Paulo: Atual Editora, 2000.
WEBER, M. A ética protestante e o espírito do capitalismo, São Paulo, Pioneira, 1983.

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