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Urgência e Emergência – Amanda Longo Louzada 1 CRISE HIPERTENSIVA HIPERTENSÃO ARTERIAL: A avaliação inicial de uma paciente com HÁ inclui a confirmação do diagnóstico a suspeita e a identificação de causa secundária, além da avaliação do risco cardiovascular As lesões de órgão alvo (LOA) e as doenças associadas também ser investigadas Fazem parte dessa avaliação: a medida da pressão arterial no consultório e/ou fora dele, utilizando-se técnica adequada e equipamentos validados e calibrados, a obtenção de história médica (pessoal e familiar), a realização de exame físico e a investigação clínica e laboratorial. CONCEITOS: Crise Hipertensiva: Caracterizada por elevação abrupta da PA. Podendo ser um evento novo ou uma complicação de HAS. Urgências hipertensivas: Os níveis pressóricos costumam atingir valores na PAS acima de 180mmHg e\ou PAD superior a 120mmHg, com leve ou nenhuma lesão aguda de órgão-alvo e sem sintomas clínicos, e sem risco eminente de morte Emergência Hipertensivas: As elevações abruptas da PA (PAS acima de 180 OU PAD acima de 120) acarretam lesão aguda de órgão- alvo e, portanto, necessitam de redução imediata dos níveis pressóricos (não necessariamente para valores normais), de modo a prevenir ou limitar as lesões agudas sobre esses órgãos. Exemplos dessas situações clínicas: encefalopatia hipertensiva, hipertensão maligna, hemorragia intracraniana, angina instável, infarto agudo no miocárdio, falência ventricular esquerda com edema agudo de pulmão, aneurisma dissecante da aorta ou eclampsia na gravidez PSEUDOCRISES HIPERTENSIVAS: Paciente com queixas de cefaléia, dor torácica atípica, dispnéia, estresse psicológico agudo e síndrome de pânico associados à PA elevada não caracterizam urgência hipertensiva ou emergência hipertensiva, mas sim como pseudocrises hipertensivas. Geralmente ocorre quando os hipertensos tratados e não controlados, ou em hipertensos não tratados, com medidas de PA muito elevadas, mas oligossintomáticos ou assintomáticos Também se caracteriza como PCH a elevação da PA diante de evento emocional, doloroso, ou de algum desconforto, como enxaqueca, tontura rotatória, cefaleias vasculares e de origem musculoesquelética, além de manifestações da síndrome do pânico. FISIOPATOLOGIA: O aumento do volume intravascular, da resistência vascular periférica ou produção reduzida de vasodilatadores endógenos parece precipitar maior vasorreatividade e resultar em crise hipertensiva, associada com a capacidade autorregulatória comprometida. Mecanismo de Injúria Vascular: Falência de processos autorregulatórios vasculares que, diante de níveis tensionais elevados, tendem inicialmente a ocasionar vasoconstrição e fenômenos pró-trombóticos acompanhados de disfunção endotelial. Processo autorregulatório mantém a perfusão tecidual em níveis relativamente constantes e previne que esses aumentos pressóricos sejam transmitidos para as artérias menores e mais distais. Esses mecanismos podem falhar, propiciando o aparecimento de lesões na parede vascular que se iniciam no endotélio vascular e permitem que material fibrinóide, entre outros, penetre na parede vascular, o que leva o lúmen vascular ao estreitamento ou obliteração. CLÍNICA: A investigação clínica e a solicitação de exames devem ser voltadas para a adequada avaliação da pressão arterial e lesão de órgão alvo. No início, a PA deve ser medida nos 2 braços , em ambiente calmo de preferência, até a estabilização. Durante a anamnese, deve-se coletar do paciente: PA usual e situações que desencadeiam seu aumento (dor, ansiedade, sal) Comorbidades; Uso de fármacos anti-hipertensivos (dosagem e adesão) Uso de fármacos que possam aumentar a PA (antiinflamatórios, corticóides..); Uso de drogas lícita e ilícita (ex. cocaína..) Sistema cardiovascular (dor ou desconforto torácico, abdome ou dorso, dispneia, fadiga e tosse..) Sistema nervoso (vertigem, cefaleia, alteração visual, audição ou fala, nível de consciência ou coma, agitação, delírio, confusão, déficits focais, rigidez nuca e convulsão..) Sistema renal e geniturinário (alterações do volume ou na frequência miccional ou no aspecto Urgência e Emergência – Amanda Longo Louzada 2 CRISE HIPERTENSIVA da urina, hematúria, edema, desidratação, massa..) Fundoscopia (papiledema, hemorragias, exsudatos, alterações nos vasos como espasmos..) O exame físico deve incluir: Verificação de pulsos em membros superiores e inferiores. Aferição da PA nos dois braços. Sinais de insuficiência cardíaca – taquipneia, estase jugular, crepitações pulmonares, B3, desvio do ictus, hepatomegalia, edema de membros inferiores. Sinais de dissecção de aorta – assimetria de pulsos ou de pressão arterial entre os membros superiores, sopros cardíacos e abdominais, massas pulsáteis. Exame neurológico – nível de consciência, orientação temporoespacial, sinais de irritação meníngea, campo visual, movimentação e grau de força dos membros, fundo de olho. EXAMES COMPLEMENTARES: Gerais: hemograma, eletrólitos, função renal, glicemia, urina tipo I, eletrocardiograma e radiografia de tórax. Exames que poderão ser necessários de acordo com a apresentação clínica: Marcadores de necrose miocárdica (troponina ou CK-MB): apresentações cardiológicas agudas. Marcadores de hemólise (reticulócitos, pesquisa de esquizócitos, bilirrubina indireta, desidrogenase láctica): hipertensão maligna. Tomografia de crânio sem contraste: quadros neurológicos agudos. Punção liquórica: pacientes com suspeita de hemorragia subaracnóidea com tomografia de crânio normal. Ecocardiografia transtorácica: pode ser útil em situações especiais (como avaliação de disfunção de prótese valvar, fração de ejeção). Ecocardiografia transesofágica, angiotomografia helicoidal de tórax, angiorressonância magnética ou arteriografia: diagnóstico de dissecção de aorta. Outros exames conforme suspeita clínica: hipertireoidismo, embolia de pulmão, infecções etc. PRINCÍPIOS PARA TRATAMENTO DAS CRISES HIPERTENSIVAS: Nas urgências hipertensivas, a PA deve ser reduzida em várias horas, sem pressa. Não se deve usar nifedipino em gotas sublingual pelo risco de redução abrupta da PA e conseqüente baixo fluxo sanguíneo cerebral e coronariano. Para o tratamento das emergências hipertensivas, o paciente deve ser hospitalizado para monitoração clínica e laboratorial e receber, preferencialmente, medicação endovenosa (EV). Nas emergências hipertensivas, é mandatório evitar a redução abrupta da PA. Drogas mais usada no tratamento das urgências hipertensivas: Captopril: com dose inicial de 25 mg, com período de espera de 20-30 minutos Clonidina: com dose inicial de 0,100 mg com período de esepra de 20-30 minutos Labetalol: com dose inicial de 100 mg com período de espera de 1-2 horas Após o uso do medicamento caso a PA não diminua pode usar outro medicamento. TRATAMENTO DAS EMERGÊNCIAS HIPERTENSIVAS: O tratamento dos pacientes com EH visa à redução rápida da PA com a finalidade de impedir a progressão das LOA Os indivíduos devem ser admitidos preferencialmente na UTI, tratados A droga de escolha é o nitroprussiato de sódio, por ser mais rápido e potente para essas situações clínicas, começa a agir em segundos e é metabolizado em 2 a 5min. É colocado em uma bomba de infusão e vai gotejando de acordo com o que o médico quer de PA Punciona normalmente na radial e fêmural Outras Drogas: Nitroglicerina: vasodilatador venoso e, em menor grau artéria, de uso endovenoso Dose inicial de 5mg\min Dose Máxima de 100mcg\min Labetalol: alfa e betabloqueadoradrenérgico, de uso endovenoso em bolo ou infusão contínua Dose inicial em bolo de 20 mg seguidos por 20 a 80 mg a cada 10 minutos Dose inicial de infusão de manutenção de a,5 a 2 mg\min Dose máxima de 300 mg Hidralazina: vasodilatador arterial de uso endovenoso em bolo Dose inicial de 5-10 mg aplicado a cada 20- 30 minutos em bolo Dose máxima de 20 mg Urgência e Emergência – Amanda Longo Louzada 3 CRISE HIPERTENSIVA Propanolol: betabloqueador adrenérgico, de uso endovenoso e seguido de uso oral Dose inicial de 1 a 10 mg seguido por 3 mg\h Enalapril: IECA de uso endovenoso aplicado em bolo Dose inicial de 0,625 a 1,25 mg a cada 6 horas FLUXOGRAMA: PAS≥180 e\ou PAD≥120 mmHg Com piora progressiva da lesão de órgão alvo: Se trata de uma emergência hipertensiva Inicia tratamento intensivo na sala de emergência, com ABCD primário e secundário. Tratar de acordo com a emergência hipertensiva Paciente com crises catecolaminérgicas, edema agudo de pulmão ou dissecção aguda de aorta a PAS deve estar menor que 140 ou 120 mmHg na primeira hora Paciente não tem crise catecolaminérgica, edema agudo de pulmão ou dissecção aguda de aorta a PA deve diminuir 25% na primeira hora, estar 160\100 com 2-6 horas e com valores normais em até 48 horas Sem piora progressiva da lesão de órgão alvo: Elevação importante da PA Introduzir\readequar tratamento anti- hipertensivo Fazer acompanhamento laboratorial precoce (em 7 dias) Se tiver ausência de doenças cardiovasculares ou cerebrovasculares, deve tratar a causa base do aumento da PA: Dor: analgésico Ansiedade, pânico ou medo: ansiolítico ou tranquilizante Em geral não há necessidade de anti- hipertensivos e de exames complementares Se tiver presença de ICO crônica, IC, aneurisma de aorta ou AVC prévio: Avaliar a necessidade de exames complementares Otimizar anti-hipertensivos Medicar por vira oral Não usar medicamentos IV ou sublingual Retorno ambulatorial precoce Obter uma história clínica apurada (início da hipertensão arterial sistêmica); A detecção e avaliação da lesão de órgão-alvo são de suma importância; A redução pressórica deve ser cuidadosa para urgências (horas/dias) e emergências (minutos/horas); O seguimento clínico deve objetivar estudos diagnósticos quanto à etiologia da hipertensão arterial e atentar à adesão do paciente ao tratamento medicamentoso proposto.
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