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Resumo P R O D U Ç Ã O : V I T O R D A N T A S P R O D U T O R V E R I F I C A D O D O P A S S E I D I R E T O Metabolismo Vitor Dantas - METABOLISMO TUTORIA 08/SESSÃO 10 OBJETIVOS: → Explicar o metabolismo do álcool vs glicose → Explicar a formação de ácido úrico (alopurinol) → Explicar os efeitos do álcool no S.N.C em etil istas crônicos (tiamina) → Descrever os efeitos biopsicossociais do álcool ↪ Explicar o metabolismo do álcool O etanol (CH3CH2OH), também chamado álcool etílico e, na linguagem popular, simplesmente álcool, é uma substância obtida da fermentação de açúcares, encontrado em bebidas como cerveja, vinho e aguardente, bem como na indústria de perfumaria. O etanol é o mais comum dos álcoois. Os álcoois são compostos que têm grupos hidroxilo ligados a átomos de carbono sp3. Podem ser vistos como derivados orgânicos da água em que um dos hidrogênios foi substituído por um grupo orgânico → Absorção do álcool O etanol é uma molécula pequena. Por isso, ela é absorvida principalmente no intestino delgado, e em menores quantidades no estômago (0 a 5%) e no cólon. Não existem enzimas digestivas para o etanol. Após sua absorção, 80- 90% do etanol é oxidado no fígado. O restante distribuído para os outros tecidos e, de 2 a 10% do etanol absorvido, é expelido pela respiração ou excretado na urina (daí a eficácia do teste de bafômetro) O álcool causa inúmeras interferências na fisiologia humana. Em dosagens moderadas, estimula a produção do GABA, que é um neurotransmissor de inibição, ou seja, depressor do SNC. Além disso, ele provoca vaso dilatação periférica e vermelhidão nas extremidades do corpo, provocando também perda de calor e hipoxia. Estimula também as secreções salivares e gástricas, o que explica a relação do uso crônico do álcool e as gastrites. Metabolismo do etanol O metabolismo do etanol se dá por duas vias: pelo sistema da álcool desidrogenase e pelo sistema microssomal de oxidação do etanol. Em ambas as vias, o etanol é transformado em acetaldeído Nessa primeira via, a oxidação do etanol ocorre nos hepatócitos onde há a enzima álcool desidrogenase responsável por essa etapa. A oxidação do etanol é relativamente independente da concentração sanguínea e é constante com o tempo (cinética de ordem zero). Em um indivíduo sadio, consumidor não habitual de álcool, a velocidade de biotransformação oscila entre 60 a 150 mg/Kg/hora Praticamente todo o álcool que se biotransforma no organismo sofre um processo oxidativo que ocorre em duas fases. A primeira fase, ainda no citoplasma, é iniciada pela enzima álcool desidrogenase (ADH) que converte o etanol à acetaldeído. Em uma segunda fase, agora na mitocôndria, a enzima aldeído desidrogenase (ALDH) converte o aldeído em ácido acético (acetato), que é finalmente convertido em dióxido de carbono e água, liberando energia a) Álcool desidrogenase (ADH): Presentes no citosol. Não possui mecanismos de regulação. Presente também na mucosa gástrica, apresentando uma atividade 60% menor nas mulheres do que nos homens, fazendo com que mais etanol seja absorvido pelas mulheres. b) Aldeído desidrogenase (ALDH): Presente na mitocôndria. Sua deficiência é considerada “fator antialcoolismo” – alta incidência em orientais, os quais representam baixos índices de consumo alcoólico. Tratamento para alcoolistas envolve a inibição da ALDH (Dissulfiram), gerando um efeito antabuse (ver OBS7 ), uma vez que o acetaldeido (substância tóxica) gera tontura, náuseas e dores de cabeça quando elevado. Produz NADH (cadeia respiratória) e acetato (se converte em acetil CoA) Observações: • O consumo exagerado de álcool causa coma alcoólico. Em grandes quantidades, o álcool é mais facilmente absorvido do que outros nutrientes celulares, diminuindo o rendimento energético, principalmente devido à carência de glicogênio. Além disso, devido ao metabolismo do etanol, há uma grande produção de NADH. Com isso, o organismo lança mão de Vitor Dantas - METABOLISMO gliconeogênese em larga escala a partir do piruvato, que será convertido em lactato, nesse sentido, para que haja produção de NAD+ (NAD oxidado) devido à alta demanda de NADH (NAD reduzido) do metabolismo do etanol. O normal seria o contrário: lactato em piruvato. Caso o etilista não se alimente, ele pode entrar em quadros de hipoglicemia severa devido a falta de glicogênio e a pouca gliconeogênese, causando a perda da consciência por carência de glicose (o tratamento do quadro é a própria aplicação endovenosa de soro glicosado) • Grandes concentrações de lactato geram acidose láctica. Além disso, devido à pequena concentração de NADH, o oxaloacetato é convertido em malato, deixando de ser gliconeogênico. • O alcoolismo aumenta os níveis de ácido úrico no sangue, predispondo o desenvolvimento da artrite gotosa (gota). Isso ocorre porque o lactato, quando elevado, compete com o ácido úrico para ser eliminado na urina, gerando acúmulo de ácido úrico no sangue. • O álcool eleva os níveis de triglicerídeos no fígado, gerando quadros de esteatose hepática (fígado gorduroso). Isso ocorre porque o excesso de acetato, formado na degradação do etanol, é convertido em acetil CoA, que em parte é liberado para o sistema extra hepático e parte fica no fígado, formando gordura. • As mulheres são mais sensíveis aos efeitos do alcool do que os homens. Isso é devido ao conteúdo de água corporal da mulher ser menor em relação ao dos homens, fazendo com que o etanol percorra o sangue mais concentrado. O fato de o cérebro ser um órgão altamente irrigado, facilita a rapidez dos efeitos do álcool. Além desse fator, o funcionamento da enzima álcool desidrogenase na mucosa gastrica nas mulheres é menor, fazendo com mais etanol alcance sangue do que o acetaldeído. • O álcool tem um efeito energético devido a uma certa produção de NADH em seu metabolismo, que entra na cadeia respiratória para produção de ATP. Isso é um dos fatores que fazem com que os alcóolatras passem longos perídos sem se alimentar, gerando quadros de hipoglicemia severa. • O Dissulfiram é uma opção farmacológica no tratamento de etilistas (alcoolistas). O etanol (álcool) sofre uma biotransformação, através da enzima álcool desidrogenase, tornando-se acetaldeído, este por sua vez através de outra enzima, a aldeído desidrogenase, modifica-se em gás carbônico e água. A droga age inibindo, a enzima aldeído desidrogenase. Desta forma ocorre um acúmulo de acetaldeído, sendo este muito tóxico para o organismo. Seus efeitos, são extrema vasodilatação e consequente queda de pressão arterial, taquicardia e cefaleia. Estes efeitos denominam-se antabuse ou dissulfiram-like. O paciente rejeita o álcool por associação aos efeitos relatados, que se manifestam quando utiliza-se da bebida. Sistema microssomal de oxidação do etanol (MEOS) Quando o consumo de álcool supera determinado limite, e especialmente se é frequente, entra em funcionamento um sistema enzimático denominado MEOS (microsomal ethanol oxidizing system) cuja atividade é desempenhada pela citocromo P450 isoforma 2E1. A indução dessa isoenzima gera desequilíbrios metabólicos pela formação de radicais livres que são de grande importância na hepatotoxicidade induzida pelo etanol. Este sistema aumenta de atividade no alcoolismo crônico sendo responsável pelo aumento da degradação do etanol nestas condições (aumento da concentração de acetaldeido e acetato na corrente sanguínea). Há consumo de NADPH e O2 (podendo levar o indivíduo alcoolista crônico à hipóxia) e produção de H2O e radicais livres (devido ao grande uso de NADPH, envolvido na retenção de radicais livres no organismo). OBS.: Em alcoolismo agudo, essa via é ativa em 10%, e aumenta de atividade proporcionalmente ao aumento do consumo de álcool. → Destino do acetato Convertidoem acetil-CoA (acetil-CoA sintase). Síntese de Ácidos graxos, corpos cetônicos e colesterol. Lançado na corrente sanguínea → oxidação em outros tecidos → Energia produzida Forma-se: 1 NADH citosólico (pela ADH), 1 NADH mitocondrial, 1 Acetil-CoA Formação de ATP varia de acordo com quantidade ingerida Quanto mais álcool → mais CYP2E1 ativa → menos energia proporcionalmente obtida Em alcoolistas crônicos, menos energia é aproveitada Danos hepáticos diminuem a fosforilação oxidativa → Aumento da relação NADH/NAD+ Ocorre aumento porque não há regulação efetiva da oxidação do etanol. Altera quase todas vias metabólicas do fígado. Diminui a via glicolítica (devido à pequena quantidade de NAD oxidado) e o ciclo de Krebs. Inibe a beta-oxidação (devido à grande quantidade de acetil CoA derivada do acetato). Aumenta síntese de triacilglicerol, uma vez que o acetil CoA forma TG (causa esteatose hepática). Aumenta concentração lactato resulta em acidose láctica. Diminui excreção de ácido úrico (gota). Inibe a gliconeogênese (desvio do substrato: piruvato, glicerol-P e oxalacetato). Vitor Dantas - METABOLISMO Alcoolismo crônico É considerado uso crônico o consumo acima de 80g de etanol diárias (1/4 de garrafa de cachaça). O alcoolismo crônico é responsável pelas alterações morfológicas em praticamente todos os órgãos e tecidos do corpo, particularmente no fígado e no estômago. Somente as alterações gástricas que surgem imediatamente após a exposição pode ser relacionadas com os efeitos diretos do etanol sobre a vascularização da mucosa. A origem das outras alterações crônicas é menos clara. O acetaldeído, um metabólico oxidativo importante do etanol, é um composto bastante reativo e tem sido proposto como mediador da lesão tissular e orgânica disseminada. Embora o catabolismo do acetaldeído seja mais rápido do que o do álcool, o consumo crônico de etanol reduz a capacidade oxidativa do fígado, elevando os teores sanguíneos de acetaldeído, os quais são aumentados pelo maior ritmo de metabolismo do etanol no bebedor habitual. O aumento da atividade dos radicais livres em alcoólatras crônicos também tem sido sugerido como um mecanismo de lesão. Mais recentemente, foi acrescentado o metabolismo não- oxidativo do álcool, com a elaboração do ácido graxo etil éster, bem como mecanismos imunológicos pouco compreendidos iniciados por antígenos dos hepatócitos na lesão aguda. Seja qual for à base, os alcoólatras crônicos têm sobrevida bastante encurtada, relacionada principalmente com lesão do fígado, estômago, cérebro e coração. O álcool é a causa bastante conhecida de lesão hepática que termina em cirrose, sangramento maciço proveniente de gastrite ou de úlcera gástrica pode ser fatal. Ademais, os alcoólatras crônicos sofrem de várias agressões ao sistema nervoso. Algumas podem ser nutricionais, como a deficiência em vitamina B1, comum em alcoólatras crônicos. As principais lesões de origem nutricional são neuropatias periféricas e a síndrome de Wernicke-Korsakoff. Pode surgir a degeneração cerebelar e a neuropatia óptica, possivelmente relacionadas com o álcool e seus produtos, e, incomumente, pode surgir atrofia cerebral. São consideradas como as principais complicações do alcoolismo crônico: Deficiências vitamínicas (piridoxina, tiamina, folato) → desnutrição devido à má absorção intestinal. Distúrbios neurológicos. Agravamento da gota. Interação álcool-medicamentos Além de oxidar o etanol, a citocromo P-450 (CYP2E1) inativa também uma série de medicamentos como analgésicos (paracetamol), barbitúricos, etc. O consumo de etanol aumenta a concentração da citocromo P-450 que é responsável pela metabolização no fígado de diversos antibióticos. Isso aumenta a resistência de alcoólatras a alguns medicamentos em abstinência. No entanto, os efeitos tóxicos são maiores para os usuários crônicos de álcool. Certos medicamentos como: metronidazol (antiprotozoário), penicilina (ampicilina) e vários antibióticos, algumas cefalosporinas, entre elas a cefalexina, a cefadroxila e a cefradina são capazes de promover efeito "antabuse" Certos antibióticos reagem diretamente com o acetaldeído, diminuindo a concentração do fármaco no sangue. Isto significa que, em termos farmacêuticos, fica diminuída a disponibilidade do antibiótico para agir. Uma vez que existe menor concentração de antibiótico, seu efeito será reduzido Além destes efeitos, o álcool estimula diretamente as membranas do aparelho digestivo, promovendo maior produção de ácido clorídrico no estômago (que ioniza o medicamento e dificulta sua absorção) e também o aumento dos movimentos do intestino e do estômago, podendo provocar diarreia e vômitos. Estes dois fatores promovem uma passagem mais rápida e uma menor absorção do medicamento pelo estômago e pelo intestino (especialmente o duodeno, onde a maioria dos fármacos é normalmente absorvida) devido as diarreias e vômitos A ação do álcool não ocorreria diretamente sobre a substância antibiótica, mas sim na sua absorção. Com uma absorção menor, o medicamento estaria em menor concentração na corrente circulatória, diminuindo sua ação. Observações: Absorção dos Fármacos. Os antibióticos normalmente encontram-se na forma não ionizada, que é bem absorvida pelo nosso corpo. Dependendo das condições de acidez do meio, elas podem se converter na forma ionizada, que é pouco absorvida. Os efeitos da medicação e do álcool, quando ingeridos em conjunto, são potencializados. O álcool tem um efeito diurético (inibe o hormônio antidiurético ou ADH), diminuindo ainda mais a concentração de medicamentos na corrente sanguínea Vitor Dantas - METABOLISMO ↪ Explicar a formação de ácido úrico (alopurinol) → Síntese de ácido úrico Para ocorrer a formação do ácido úrico e todas as suas consequências, é necessário o metabolismo dos nucleotídeos. Os alimentos contêm diversas substâncias constituídas por moléculas que são: hidratos de carbono; ácidos graxos; aminoácidos Os aminoácidos se decompõem no organismo em: ácidos nucleicos; nucleotídeos; bases púricas • Os nucleotídeos contêm resíduos de ácido fosfórico, de um açúcar e de uma base púrica ou pirimídica. São bases púricas a adenina, a guanina, a hipoxantina e a xantina. São bases pirimídicas a citosina, o uracilo a timina o ácido orótico. • Por hidrólise dos nucleotídeos (saída dos resíduos fosfato) geram-se nucleosídeos púricos (adenosina, guanosina, inosina, xantosina) ou pirimídicos (citidina, uridina, timidina e orotidina) • Os nucleosídeos monofosfato (NMP) são os nucleotídeos mais simples e designam-se de acordo com o nucleosídeo constituinte: adenilato (AMP), guanilato (GMP), inosinato (IMP), xantinilato (XMP), citidilato (CMP), uridilato (UMP), timidilato (TMP) e orotidilato (OMP). Se não se específica o contrário subentende-se que o fosfato está ligado (ligação fosfoéster) no hidroxilo 5’ da pentose • Os ácidos nucleicos constituintes da dieta são hidrolisados no lume intestinal por acção de nucléases pancreáticas e fosfátases intestinais formando-se nucleosídeos que são absorvidos. Contudo, a quase totalidade das purinas e a maior parte das pirimidinas que os constituem não são incorporados nos ácidos nucleicos do organismo mas antes degradadas na mucosa intestinal e no fígado sendo os produtos do seu catabolismo (ácido úrico no caso das pirimidinas) excretados → Síntese das Purinas • Vários percussores são compartilhados nas vias de síntese da purinas e pirimidinas. O fosforibosilpirofosfato(PRPP) é importante para ambas as vias. • Em cada uma delas, um aminoácido é importante para a síntese: glicina para as purinas e aspartato para as pirimidinas. O glutamato, novamente, é o principal doador de grupos amino. •Como o estoque intracelular de nucleotídios é pequeno (~1%), as células precisam sintetizar nucleotídios durante a divisão celular. • As purinas formam-se a partir de precursores: Glicina Formilo Glutamina Ácido aspártico Dióxido de carbono • Síntese ocorre em várias etapas. • Vária serão as reações para a síntese das purinas, mas, em geral, a transformação dos nucleotídeos que contêm um resíduo fosfato (nucleosídeos monofosfato; NMP) em nucleosídeos difosfato (NDP) e destes em nucleosídeos trifosfato (NTP) envolve a acção de cínases que catalisam a transferência do fosfato terminal do ATP para os substratos aceitadores. Na síntese de ATP a partir de ADP tem particular relevância a síntase de ATP da membrana interna da mitocôndria. A diminuição do número de fosfatos dos nucleotídeos pode envolver múltiplas enzimas como, por exemplo, fosfátases específicas e inespecíficas. A hidrólise dos nucleosídeos monofosfato é catalisada por fosfátases que se designam de 5’nucleotídases. → Catabolismo de purinas • A degradação dos ácidos nucleicos e nucleotídeos ocorre principalmente no fígado e inicia-se por enzimas ditas nucleases e nucleotidases. • Os nucleotídeos de guanina geram: guanosina, guanina e xantina. Já os nucleotídeos de adenina geram: adenosina, inosina e hipoxantina. Vitor Dantas - METABOLISMO → Degradação de purinas e fomração de ácido úrico 1. Grupo amino removido do AMP ou adenosina para formar IMP ou inosina (hipoxantina ribose) 2. IMP e GMP = inosina e guanosina pela 5’nucleotidase 3. Inosina e guanosina convertidas em hipoxantina e xantina pela purino nucleosídeo fosforilase 4. Guanina desaminada para formar xantina 5. Hipoxantina oxidada pela xantina oxidase a xantina que é transformada em ácido úrico pela mesma enzima • A hiperuricemia resulta na deposição de cristais de urato sódico - o produto final do metabolismo das purinas - nos tecidos, especialmente nos rins e nas articulações, causando um quadro agudo e, progressivamente, levando à artrite gotosa crônica. Ácido úrico excretado urina O ácido Úrico resulta do catabolismo das purinas (adenina e guanina), e é a única via de excreção das mesmas, que se dá pela urina. As purinas necessárias à síntese de DNA e RNA são produzidas no próprio organismo humano, portanto não há necessidade de ingesta. As purinas ingeridas não são incorporadas a ácidos nucleicos. São convertidas a ácido úrico por enzimas da mucosa intestinal e do fígado e também excretadas na urina. Dietas ricas em purinas incluem alimentos ricos em núcleos celulares: carnes vísceras (p.ex. fígado) crustáceos (camarão) bebidas fermentadas. Obs.: Cerveja é rica em purinas porque contém leveduras, usadas na fermentação Exemplos de alimentos pobres em purinas: queijo, leite, ovos. → O ácido úrico é excretado na urina. A condição em que, quer por excesso de formação, quer por deficit de excreção (mais frequente) a sua concentração aumenta no plasma dá-se o nome de hiperuricemia. Na ausência de qualquer patologia, a concentração normal de urato no plasma encontra-se perto do limite de solubilidade. Quando, devido a concentração elevada, o ácido úrico precipita na sinovial de articulações pode haver uma resposta inflamatória que provoca dor; esta condição patológica denomina-se gota. O tratamento da gota e das hiperuricemias de qualquer causa pode incluir a administração de alopurinol, um fármaco que inibe a oxiredútase da xantina (equações 21-24). Aquando da administração de alopurinol, a hipoxantina e a xantina aumentam anormalmente de concentração mas são mais solúveis OBS: A hiperuricemia não causa sempre a gota, mas a gota é geralmente precedida pela hiperuricemia. → Gota É uma doença reumatológica, inflamatória e metabólica, que cursa com hiperuricemia e é resultante da deposição de cristais do ácido nos tecidos e articulações. É uma afecção comum, ocorrendo de 0,2 a 0,3/1000 na população geral. Sua maior incidência ocorre entre os 30-50 anos de idade, com predomínio do sexo masculino (95%). No sexo feminino ocorre geralmente após a menopausa. É causada pelo acúmulo de ácido úrico no sangue e nos tecidos e ocorre, preferencialmente, em homens. As causas da gota ainda não são bem conhecidos, embora deficiência em enzimas do metabolismo das purinas possa ser um fator de risco. Pacientes com gota apresentam inflamação das cartilagens e articulações devido ao acúmulo de urato de sódio, causando dor e artrite. Rins também são afetados por causa do acúmulo de ácido nos túbulos renais. A gota pode ser tratada combinando uma dieta balanceada com medicamentos. ALOPURINOL: O Alopurinol se emprega para uso de gota e hiperuricemia. É bastante usado também para o tratamento de cálculos renais. A dose diária de Alopurinol é de 100 à 600mg ao dia. A dose máxima diária pode chegar à 900mg, em casos graves, sendo divididas em até 3 tomadas. • Mecanismo de ação: O Alopurinol e seu principal metabólito ativo, o oxipurinol (aloxantina), inibem a xantina oxidase que é a enzima que catalisa a conversão da hipoxantina em xantina e a conversão da xantina em ácido úrico; assim a síntese de ácido úrico se reduz, diminuindo os níveis plasmáticos e a excreção renal deste. A redução dos níveis de ácido úrico auxilia a mobilização dos depósitos de uratos dos tecidos. A síntese de purinas também é inibida. Em baixas concentrações, o Alopurinol é um substrato e inibidor competitivo dessa enzima; em altas concentrações, atua Vitor Dantas - METABOLISMO como inibidor não-competitivo. O oxipurinol é um inibidor não-competitivo da enzima; a produção desse composto, associada à sua longa permanência nos tecidos, é responsável por grande parte da atividade farmacológica do Alopurinol. Na ausência de Alopurinol, o conteúdo urinário de purinas consiste quase unicamente em ácido úrico. Durante o tratamento com Alopurinol, as purinas urinárias dividem-se entre a hipoxantina, a xantina e o ácido úrico. Como cada um deles tem sua solubilidade independente, a concentração de ácido úrico no plasma é reduzida sem expor o trato urinário a uma sobrecarga excessiva de ácido úrico e à probabilidade de formação de cálculos. Ao reduzir a concentração plasmática de ácido úrico abaixo de seu limite de solubilidade, o Alopurinol facilita a dissolução dos tofos e impede o desenvolvimento ou a progressão da artrite gotosa crônica. A formação de cálculos de ácido úrico praticamente desaparece com a terapia, impedindo o desenvolvimento da nefropatia. • Para que este medicamento é indicado? Alopurinol é usado para prevenir crises de gota e outras condições associadas com o excesso de ácido úrico no corpo, entre elas, pedras nos rins e certos tipos de doença renal. • Como este medicamento funciona? O alopurinol pertence a um grupo de medicamentos chamados inibidores enzimáticos, que agem controlando a velocidade com que modificações químicas especiais ocorrem no corpo. O alopurinol atua reduzindo a produção de ácido úrico, que é sintetizado pelo nosso organismo. O tempo médio estimado para início da ação farmacológica do medicamento é de uma a duas semanas (efeito máximo). • Interações com etanol/alimentos O uso concomitante de álcool pode diminuir a efetividade do alopurinol. Com o uso de suplemento de ferro pode haver aumento da captação de ferro pelo fígado. Altas doses de vitamina C (ácido ascórbico) podem acidificar a urina e aumentar o risco de formação de cálculos renais. • Modo de uso Pode ser tomado uma vez ao dia, por via oral. Se a dose diária exceder 300mg e houver manifestação de intolerância gastrintestinal, pode ser apropriado um esquema de doses divididas. Os comprimidos de alopurinol devem ser tomados após as refeições, com bastante líquido. A ingestão de bastante líquido é recomendada para permitir a eliminação de uma urina neutra ou ligeiramentealcalina e uma micção de aproximadamente 2 litros por dia (em adultos). • Duração de tratamento A dosagem de alopurinol é baseada nas condições clínicas e resposta do paciente ao tratamento. Use este medicamento regularmente para se beneficiar dos seus efeitos terapêuticos. Para tratamento da gota poderá ser necessário toma-lo por várias semanas até que o efeito desejado seja obtido. Você poderá ter ainda outras crises de gota durante vários meses após ter iniciado o tratamento com este medicamento até que o seu corpo remova o ácido úrico em excesso. O alopurinol não é analgésico. Para alívio da dor produzida pela gota, continue tomando também os seus medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios prescritos nas crises de gota, como orientado por seu médico. ↪ Explicar os efeitos do álcool no S.N.C em etilistas crônicos (tiamina) • O álcool atua como um depressor de muitas ações no Sistema Nervoso Central (SNC) e seus efeitos sobre este são dose-dependente. • Em pequenas quantidades, o álcool promove desinibição, mas com o aumento desta concentração, o indivíduo passa a apresentar uma diminuição da resposta aos estímulos, fala pastosa, dificuldade à deambulação, entre outros. Em concentrações muito altas, ou seja, maiores do que 0.35 gramas/100 mililitros de álcool, o indivíduo pode ficar comatoso ou até mesmo morrer. A Associação Médica Americana considera como uma concentração alcoólica capaz de trazer prejuízos ao indivíduo 0.04 gramas de álcool/100 mililitros de sangue Efeitos do álcool sobre os neurotransmissores O etanol é uma substância depressora do SNC e afeta diversos neurotransmissores no cerébro, entre eles, o ácido gama-aminobutírico (GABA) e o glutamato. Vitor Dantas - METABOLISMO → GABA • O ácido Gama-amino-butírico é o principal neurotransmissor inibitório do SNC. Existem dois tipos de receptores deste neurotransmissor: o GABA-alfa e o GABA- beta, dos quais, apenas o GABA-alfa é estimulado pelo álcool. O resultado é um efeito ainda mais inibitório no cérebro, levando ao relaxamento e sedação do organismo. Diversas partes do cérebro são afetadas pelo efeito sedativo do álcool, tais como aquelas responsáveis pelo movimento, memória, julgamento e respiração. • Evidências científicas sugerem que o álcool inicialmente potencializa os efeitos do GABA, aumentando os efeitos inibitórios, porém, com o passar do tempo, o uso crônico do álcool reduz o número de receptores GABA por um processo de “down regulation” o que explicaria o efeito de tolerância ao álcool, ou seja, o fato do indivíduos necessitarem de doses maiores de álcool para obter os mesmos sintomas anteriormente obtidos com doses menores. • Os sintomas de abstinência podem ser explicados pela perda dos efeitos inibitórios, combinado com a deficiência de receptores GABA. • A interação entre o etanol e o receptor para o GABA foi melhor estabelecida a partir de estudos que demonstraram haver redução de sintomas da síndrome de abstinência alcoólica pelo uso de substâncias que aumentam a atividade do GABA, como os inibidores de sua recaptação e os benzodiazepínicos, mostrando a possibilidade do sistema GABAérgico ter efeito na fisiopatologia do alcoolismo humano. → Glutamato • O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais importante do cérebro humano, parecendo ter um papel crítico na memória e cognição. • O álcool também altera a ação sináptica do glutamato no cérebro, reduzindo a neurotransmissão glutaminérgica excitatória. • Devido aos efeitos inibitórios sobre o glutamato, o consumo crônico do álcool leva a um aumento dos receptores glutamatérgicos no hipocampo que é uma área importante para a memória e envolvida em crises convulsivas. • Durante a abstinência alcoólica*, os receptores de glutamato, que estavam habituados com a presença contínua do álcool, ficam hiperativos, podendo desencadear de crises convulsivas à acidentes vasculares cerebrais. Obs.:Síndrome de abstinência - Inicia-se horas após a interrupção ou diminuição do consumo. Os tremores de extremidade e lábios são os mais comuns, associados a náuseas, vômitos, sudorese, ansiedade e irritabilidade. Casos mais graves evoluem para convulsões e estados confusionais, com desorientação temporal e espacial, falsos reconhecimentos e alucinações auditivas, visuais e táteis (delirium tremens). → Outros neurotransmissores O Álcool estimula diretamente a liberação de outros neurotransmissores como a serotonina e endorfinas que parecem contribuir para os sintomas de bem-estar presentes na intoxicação alcoólica. Mudanças em outros neurotransmmissores foram menos observadas. → Danos do Álcool ao Cérebro Dificuldades em andar, visão borrada, fala arrastada, tempo de resposta retardado e danos à memória. De maneira clara, o álcool afeta o cérebro. Uma série de fatores podem influenciar o como e o quanto o álcool afeta o cérebro, a saber: Quantidade e frequência de consumo de álcool; Idade de início e o tempo de consumo de álcool; Idade do indivíduo, nível de educação, gênero sexual, Aspectos genéticos e histórico familiar de alcoolismo; Risco existente de exposição pré-natal ao álcool; e Condições gerais de saúde do indivíduo ↪ Descrever os efeitos biopsicossociais do álcool O consumo de bebidas alcoólicas é uma conduta adaptada à maioria das culturas. Seu uso está ligado com festividades, ocasiões sociais e de negócios, cerimônias religiosas e eventos culturais. No entanto, o uso irregular e frequente do álcool é considerado um problema de saúde pública, por ser mundialmente a droga mais utilizada, legalmente comercializada e incentivada pela sociedade, e principalmente por ser um dos fatores de risco predominantes para as doenças crônicas não transmissíveis. Uso abusivo ou nocivo do álcool para a pessoa é definido quando ocorrem recidivas dos seguintes problemas nos últimos 12 meses: incapacidade de cumprir as obrigações; abuso de álcool em situações que exigem atenção, habilidade e coordenação motora; litígios legais relacionados com o álcool; problemas de relacionamento interpessoal/social, causados ou exacerbados pelo álcool. Esse consumo prejudicial resultou mundialmente, em 2010, na morte de 2,5 milhões de pessoas, incluindo desde violência, suicídio e acidentes de trânsito, até doenças de Vitor Dantas - METABOLISMO limitação da condição funcional, tais como, cirrose, pancreatite, demência, polineuropatia, miocardite, desnutrição, hipertensão arterial, infarto e câncer. Calcula- se que, mundialmente, o consumo de álcool pelo ser humano esteja relacionado a 3,2% das mortalidades e 4,0% das Disabilities Adjusted Life Year (DALY), onde no Brasil, o álcool é o fator de risco que mais contribui para a carga de doenças, sendo responsável por 6,2% das doenças de limitação da condição funcional. Além disso, entre os anos de 2003-2005, o consumo médio por ano de álcool puro foi de 9,2 litros por pessoa com 15 anos ou mais, sendo 3,07 litros a mais que o consumo mundial médio anual, que foi de 6,13 litros em 2005. O consumo de bebida alcoólica pode provocar dependência e os transtornos, que são decorrentes do uso irregular e abusivo, atingem negativamente os familiares e contribuem massivamente para a violência doméstica, conflitos interpessoais, separação do casal, negligência infantil, dificuldades financeiras e legais e problemas clínicos. A pessoa consumidora nociva de bebida alcoólica não se reconhece como doente/dependente, assim como sua família também, pelo sofrimento, vergonha, medo do estigma, até por não considerar o alcoolismo uma doença, buscam ocultar essa situação, dificultando o tratamento e a reintegração da pessoa na sociedade. Apesar das facilidades de acesso aos grupos de apoio, a estigmatização do uso de álcool apresenta uma considerável barreira aos esforçosdos profissionais da saúde em estreitar o vão entre o tratamento necessário aos dependentes e os serviços disponíveis para tal. Aderir ao tratamento pode desencadear aversão ao estigma, devido, principalmente, aos efeitos nocivos potenciais no trabalho e as atitudes negativas dos vizinhos e sociedade. E ainda, esta conveniência na negação pode estar intimamente ligada ao subconsciente do não querer a rotulação de “ser um alcoólatra” ou “dependente de álcool”, onde reprimir a real situação é melhor do que encará-la e vivenciá-la autenticamente.
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