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DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 1 DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS ↳ A distribuição dos fármacos nada mais é do que a passagem de um xenobiótico (compostos que não não são endógenos, produzidos pelo organismo, mas que frequentemente entramos em contato com eles .: o fármaco é um tipo de xenobiótico) da circulação para os tecidos e o seu local de ação farmacológica ↳ Fatores que interferem Fluxo sanguíneo dos tecidos Permeabilidade do endotélio capilar - BHE e barreira placentária Lipossolubilidade e grau de ionização Ligação à proteínas plasmáticas ↳ O movimento do fármaco existirá até que a equilibração seja atingida entre a concentração plasmática e a concentração DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 2 tissular/tecidual do fármaco não-ligado a proteínas plasmáticas, logo, do plasma livre FLUXO SANGUÍNEO DOS TECIDOS ↳ Dessa forma, órgãos mais irrigados entram em equilíbrio com o plasma mais rapidamente .: a difusão do fármaco para o líquido intersticial ocorre rapidamente, tendo em vista a natureza altamente permeável da membrana dos capilares PERMEABILIDADE DO ENDOTÉLIO CAPILAR ↳ Tal ponto encontra-se intimamente relacionado ao tipo de capilar que compõem cada endotélio DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 3 CONTÍNUO ⤷ Tipo mais comum de capilar ⤷ Possibilita a passagem apenas das moléculas que possuírem diâmetro inferior a 10nm ⤷ Seletividade por gradiente iônico FRENESTRADO ⤷ Apresenta "janelas", que acabam oferecendo uma passagem fácil para grande moléculas cujo tamanho é na ordem de 10- 100nm ⤷ Mais encontrados nos rins, fígado, pâncreas, vesícula biliar, glândulas endócrinas de maneira mais geral BHE - BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA ⤷ O cérebro é inacessível para a maioria dos fármacos, uma vez que a BHE (barreira hematoencefálica) possui junções contínuas DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 4 (oclusões e não fenestrações) e capilares recobertos pelos astrócitos e células gliais. ⤷ Fatores como o processo inflamatório podem alterar a permeabilidade de certas substâncias em relação a BHE, uma vez que a inflamação pode romper a integridade da barreira hematoencefálica, possibilitando a passagem de substâncias que em condições normais não atravessariam essa barreira ⤷ Algumas substâncias hidrossolúveis podem atravessar a BH por difusão simples/passiva se obtiverem um pequeno peso molecular, ponto que se efetiva com o álcool e a ureia, por exemplo. ⤷ Algumas outras substâncias também podem atravessar a BHE através de sistemas transportadores, como a glicose por exemplo, pelos famosos GLUT (transportadores de glicose) ⤷ Transportadores : Transportadores de influxo LAT1 → permite a entrada de L- DOPA e gabapentina CNT2 → permite a entrada de nucleotídeos purímicos e purimidínicos Transportadores de efluxo Glicoproteína P (MRD1) → atua na expulsão da doxorubicin, paclitaxel, loperamida, ciclosporina, ..., do sistema nervoso central MRPD → expulsar a fenitoína OAT → expulsar o ácido valpróico DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 5 BARREIRA PLACENTÁRIA ⤷ É importante salientar a permeação em relação a barreira placentária, uma vez que alguns compostos podem causar anomalias no desenvolvimento do feto ⤷ Dessa forma, a lipossolubilidade, a extensão da ligação plasmática e o grau de ionização desses fármacos, serão determinantes no que tangue sua transferência, ou não, à barreira placentária LIPOSSOLUBILIDADE E GRAU DE IONIZAÇÃO ↳ Fator físico-químico do fármaco: Coeficiente de Partição Efetivo (CPE) Esse coeficiente nada mais é do que uma medida quantitativa, fornecendo informações a respeito da polaridade do fármaco, e ditar a distribuição desse fármaco nos diferentes espaços biológicos do organismo [Forma não-ionizada] X Coeficiente de participação lipídeo / água CP = concentração da substância na fase lipídica / concentração da substância na fase aquosa (substâncias bifásicas) Logo, quanto maior o valor do CP, mais lipofílico, logo, maior a distribuição tecidual ⇡ lipossolubilidade do fármaco .: ⇡ a taxa de penetração no SNC DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 6 LIGAÇÃO À PROTEÍNAS PLASMÁTICAS Albumina → liga-se predominantemente a substâncias ácidas α-glicoglobulinas → liga-se predominantemente a substâncias de caráter básico OBS: Alguns fármacos, podem ainda se ligar à proteínas que funcionam como carreadores de hormônios, como o estrogênio, a testosterona, e a tiroxina, por exemplo ↳ Ao se ligar às proteínas plasmáticas, os fármacos vão chegar mais lentamente aos tecidos extra-vasculares, sendo sua distribuição mais lenta ⇡ afinidade do fármaco com as proteínas plasmáticas .: ⇣ distribuição pelos tecidos extra-vasculares .: ⇣ metabolização e eliminação do fármaco .: ⇡ duração de ação do fármaco DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 7 OBS: somente a fração livre dos fármacos é distribuída ↳ Pode haver certa competição entre dois fármacos, ou, entre fármacos e ligantes endógenos (hormônio), pela mesma proteína plasmática A presença do fármaco B aumenta a fração livre do fármaco A, aumentando a distribuição da droga A Hipoalbuminemia (casos de doença hepática ou síndrome nefrótica) → resulta em uma redução da ligação dos fármacos com a albumina .: ⇡ forma livre do fármaco .: ⇡ de efeitos adversos, por exemplo ⇡ α-glicoglobulinas (decorrente de casos de câncer, infarto do miocárdio e artrite, por exemplo) → ⇡ a forma complexada do fármaco com essas proteínas, o que pode acabar retardando o efeito farmacológico IMPORTANTE "É necessário corrigir a dose do fármaco a ser administrado de acordo com o grau de ligação a proteína plasmática" DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 8 ↳ Alguns fármacos se acumulam nos tecidos em concentrações mais altas do que as detectadas nos líquidos extracelulares e no sangue Em geral, a ligação tecidual dos fármacos acontece com componentes celulares .: o fármaco vai se ligar a outras proteínas da célula, fosfolipídeos, proteínas nucleares, ..., e essa ligação tecidual, geralmente é reversível .: uma fração expressiva do fármaco no corpo pode estar ligada dessa forma, ufncionando como um reservatório, que vai prolongar a ação do fármaco, nesse tecido em questão, ou, m locais distantes depois do transporte do fármaco ao longo da circulação sanguínea IMPORTANTE "Quando parte da fração livre do fármaco abandona o plasma, na mesma proporção, o fármaco se desliga das proteínas." Resumindo... A baixa ligação a proteínas plasmáticas (grande proporção de fármaco livre no plasma) gera uma rápida eliminação do fármaco, uma vez que o fármaco livre será metabolizado, podendo possuir um efeito mais intenso, por ter uma quantidade maior livre, porém, um efeito de menor duração. Dessa forma, um fármaco que apresenta alta ligação a proteínas plasmáticas, será caracterizado por uma eliminação mais lenta e efeito mais duradouro .: a ligação à proteínas plasmáticas vai determinar a intensidade de efeito e a velocidade de eliminação de um fármaco. ↳ Fatores que interferem na disponibilidade da forma livre dos fármacos Saturação dos sítios de ligação - vai chegar um nível em que uma determinada concentração do fármaco vai entrar em equilíbrio com a concentração disponível de proteína do fármaco, fazendo com que esse fármaco não consiga mais se ligar DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 9 Competição dentre fármacos Hipoalbuminemia (desnutrição) Envelhecimento Gravidez Todos estes fatores podem gerar um aumento da forma livre do fármaco, consequentemente, resultando em um efeito farmacológico mais intenso e mais rápido, menos duradouro ↳ As implicações clínicas das PPB's (Plasma Protein Binding) são: Fármacos altamente ligados a proteínas plasmáticas ficam ao compartimento vascular e tendem a ter menor Vd A fração ligada a proteínas plasmáticas não está disponível para a ação Há um equilíbrio entre a fração do fármaco livre e aquela ligada a proteínas plasmáticas Os fármacos com afinidade fisicoquímica elevada para proteínasplasmáticas (por exemplo, aspirina, sulfonamidas, coranfenicol) podem substituir a ligação à outras substâncias com menor afinidade )por exemplo, acenocumarol, warfarina) ou compostos endógenos (bilirrubina) Alto grau de ligação às proteínas plasmáticas aumenta o tempo de meia-vida de um fármaco, porque a fração ligada não está disponível para ser metabolizada A concentração plasmática do fármaco geralmente expressa sua fração ligada + sua fração livre Na hipoalbuminemia, a ligação pode ser reduzida e elevar a concentração do fármaco livre VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 10 ↳ Importante parâmetro farmacocinético para se medir a extensão e velocidade da distribuição de um fármaco no organismo ↳ É a relação da quantidade de fármaco no organismo à sua concentração no sangue ou plasma, dependendo do líquido dosado VOLUME REAL ⤷ Corresponde ao volume total de líquidos corporais do indivíduo, que é de aproximadamente 43L (3 litros de plasma, 12 de líquido intersticial extravascular e 28 de líquido intracelular) ⤷ Com isso, acaba por desconsiderar os fatores que podem vir a alterar a distribuição de cada fármaco VOLUME APARENTE ⤷ É o volume de líquido teórico que o fármaco teria que ser diluído para produzir a concentração no plasma ⤷ Refere-se ao volume de líquido que seria necessário para conter todo o fármaco presente no corpo, refletindo a extensão em que o fármaco está presente nos tecidos extravasculares ⤷ É importantíssimo, uma vez que determina a força de ligação dos fármacos aos componentes teciduais, quando comparado às proteínas plasmáticas .: fornece uma medida relacionada a quantidade de fármaco realmente está distribuído nos tecidos extravasculares e, quanto desse fármaco administrado ainda está preso no plasma, ligado à proteínas plasmáticas, por exemplo. ⤷ Dessa forma, na farmacocinética clínica, o Vd (volume de distribuição) é um DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 11 importante parâmetro empregado para a determinação de doses e intervalos de doses dos medicamentos, ou seja, para a determinação da posologia dos medicamentos OBS: volumes de distribuição muito elevados, indica que o fármaco possui grandes concentrações teciduais, quanto comparado à sua concentração no plasma Exemplo: Quanto maior é a capacidade do fármaco de chegar aos tecidos extravasculares, ou seja, maior sua capacidade de passar do plasma aos tecidos extravasculares, maior será sua distribuição, consequenetmente, maior será o Vd (volume de distribuição DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 12 aparente - divisão entre a dose administrada e a concentração plasmática do fármaco) ⇡ Vd .: ⇡ [ ] nos tecidos extravasculares .: ⇣ [ ] no sangue/plasma IMPORTANTE O conhecimento do volume de distribuição não fornece nenhuma informação sobre os sítios de ligação, logo, não se consegue saber onde o fármaco se distribuiu mais ao longo dos tecidos. Para se ter esse conhecimento acerca dos sítios anatômicos de distribuição, precisa-se de análises diretas da concentração diretamente dos tecidos DESTINOS DO FÁRMACO ATIVO (LIVRE) - NA CIRCULAÇÃO SISTÊMICA Interação fármaco-receptor (interagindo com o receptor) Reservatórios teciduais (interagindo com os receptores teciduais) OBS: Dentre os tecidos reservatórios de fármacos, tem-se os músculos, ossos e tecido adiposo Biotransformação → metabólitos (gerando metabólitos, após sua metabolização para serem eliminados) OBS: TECIDO ADIPOSO - Obesos Em obesos, o teor de gordura corporal pode chegar a 50%, e isso acaba possibilitando que o tecido adiposo funcione como um reservatório para fármacos com grande liposolubilidade Ex.: Tiopental, fármaco da classe dos barbitúricos (pequena margem de segurança entre a dosagem terapêutica e a intoxicação), altamente lipossolúvel .: até 70% do fármaco pode estar presente/armazenado na gordura corporal por até três horas depois da administração, quando as concentrações plasmáticas são inexpressivas, não tendo mais efeito farmacológico detectável. DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 13 Entretanto, nem todo fármaco lipossolúvel se acumulam no tecido adiposo Ex.: Tem-se fármacos que são altamente lipossolúveis, entretanto, isso não corresponde diretamente à sua distribuição em relação aos indivíduos obesos, como no caso dos betabloqueadores, por exemplo OSSOS Alguns antibióticos, por exemplo, podem se acumular no tecido ósseo, e isso se dá por ação da superfície de cristais ósseos e incorporação na estrutura cristalina dos ossos .: O tecido ósseo pode se tornar também, um reservatório de liberação lenta de alguns agentes tóxicos como o chumbo e rádio, por exemplo, fazendo com que seus efeitos tóxicos persistam por bastante tempo, mesmo após o fim da exposição a tais compostos A destruição da medula óssea, também pode reduzir o fluxo sanguíneo, e prolongar o efeito de reservatório, uma vez que o agente tóxico vai ficar isolado da circulação, o que pode agravar ainda mais a destruição local do tecido ósseo Dessa forma, tem-se um ciclo vicioso, em que quanto maior for a exposição ao agente, menor será a taxa de eliminação! REDISTRIBUIÇÃO ↳ Saída do fármaco de seu local farmacológica, para outros tecidos, prolongando a ação do fármaco no tecido em que se encontra, ou em locais distantes, depois do transporte pela circulação sanguínea. MODELOS FARMACOCINÉTICOS ↳ Possuem como intuito, estabelecer uma hipótese simples que descreveria um sistema biológico complexo de tal forma, que se possa desenvolver equações matemáticas que descrevem a evolução temporal da concentração de um fármaco ( dos seus metabólitos) no DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 14 corpo, logo, que pudessem nos dar respostas acerca das diferentes concentrações que um fármaco pode atingir no corpo ao longo do tempo Modelo cinético de 1 compartimento → "É aceito que o corpo se comporta como um único compartimento homogêneo com volume (Vd) em que o fármaco é imediatamente distribuído" .: o fármaco se distribui instantaneamente no único compartimento corporal, seguindo-se à eliminação 1. Absorção instantânea 2. Eliminação de primeira ordem 3. Distribuição instantânea OBS: não leva em conta nem a realidade anatômica e nem a fisiológica do corpo .: o compartimento corresponde ao plasma e tecidos ricamente perfundidos, como o rim, coração, cérebro e pulmões. Modelo cinético de 2 compartimentos → divide o organismo em compartimento central (sangue e tecidos de alta perfusão) e periférico (tecidos de baixa perfusão, como: tecidos adiposo, pele, musculatura estriada), entre os quais, o fármaco se move de maneira livre. Enquanto no primeiro compartimento, o central, as concentrações de fármaco são altas logo após sua administração,, no segundo compartimento, periférico, os fármacos chegam de forma mais lenta. DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 15 Nesse modelo, a atividade do fármaco presente em órgãos de alta perfusão pode sessar/terminar, tanto pela eliminação, como por distribuição aos tecidos periféricos. 1. Absorção instantânea 2. Eliminação de primeira ordem 3. Distribuição lenta A descrição cinética de dois compartimentos, vai se basear na correlação entre a concentração plasmática e o tempo após a administração intravenosa de uma dose única de um fármaco Logo, de início, tem-se a fase α, em que se observa uma queda drástica da concentração plasmática em função da distribuição do fármaco para o compartimento periférico. Em seguida, tem-se a DISTRIBUIÇÃO DE FÁRMACOS 16 fase ẞ, em que a cinética de deslocamento da concentração plasmática torna-se mais lenta em função da metabolização e eliminação do fármaco. O que pode alterar o volume de distribuição de um indivíduo? Envelhecimento → perda de função hepática; perda de massa muscular; alterações no fluxo sanguíneo Obesidade → o Vd (volume de distribuição) pode ser superestimado em pacientesobesos quando baseado no peso corporal, e quando a droga não penetra adequadamente os tecidos adiposos, como é o caso da digoxina Líquidos patológicos → o acúmulo de líquido (edema, ascite derrame pleural, por exemplo) pode aumentar acentuadamente o volume de distribuição de fármacos como a gentamicina, que são hidrofílicos e apresentam pequenos volumes de distribuição podendo então, aumentar o volume de distribuição do fármaco Gravidez → aumento na produção de proteínas a-ácidas; hormônios x fármacos (deslocamento do fármaco administrado por aumento da produção, no quesito de proteínas plasmáticas, que tá lá em cima)
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