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Mielograma no diagnóstico veterinário com M.V Gracy Canto Gomes Marcello Exame de punção de medula óssea que avalia a produção de células da medula óssea. Diagnóstico de leucemias e outras alterações não neoplásticas Indicações: quando se tem anemias arregenerativas onde não se acha a causa base (anemia sem anisocitose, policromasia, metarrubrícitos...); neutropenias persistentes; trombocitopenia persistente; bicitopenias (duas de algumas dessas enfermidades juntas); pancitopenias; leucocitose, trombocitose, policitemia inexplicadas; presença de células anormais circulantes no sangue (células blásticas hematopoiéticas, células com alterações displásicas – gigantismo celular, hemácias estranhas... –; células não hematopoiéticas em grande quantidade (mastócitos); manchas de grumprecht em hemogramas seriados; hipercalcemia inexplicada, que pode ocorrer como um quadro de síndrome paraneoplásica; hiperglobulinemia inexplicada (distúrbios linfoproliferativos); estadiamento/acompanhamento de neoplasias (linfomas, mastocitomas...) Contraindicações: Exame oferece pouco risco, o maior risco é a anestesia (tem gente que não anestesia, mas é recomendado porque causa dor e o animal pode se mexer, ainda mais em pequenos animais). O procedimento é rápido, em 5 ou 10min no máximo, então a anestesia também não tem grande risco. Piodermite no local da punção. Alguns animais apresentam sangramento iminente OBS: Trombocitopenia não é contraindicação por perigo de sangramento, e sim indicação para chegar a um diagnóstico. Punção e processamento: Não é indicado fazer com uma agulha comum, porque pode entupir. É feito com uma agulha para citologia aspirativa de medula óssea. Material necessário: Seringa de 20mL esse tamanho ajuda pra fazer a pressão negativa necessária pra romper o osso, mas pode fazer com a de 10. 1mL de edta da pra coletar 5mL de puncionado tranquilamente. Luvas estéreis Material para tricotomia (aparelho de tosa) e antissepsia (clorexidine) EDTA 3% em solução fisiológica Placa de petri pra espalhar o material recém coletado e observar espículas ósseas Tubo microcapilar Laminas de microscopia Corante Romanowisky, de preferencia giemsa, mas da pra corar com o panótipo rápido, mas n fica tao bom Locais: Crista ilícada (junta os membros do paciente e coloca ele em decúbito lateral pra fazer a coleta) Femur proximal Umero proximal Esterno (da pra fazer uma coleta mais rápida e com o animal acordado) Grandes animais: esterno e costelas Punção e processamento: O posicionamento correto da agulha é de 180 graus a posição do osso (a agulha fica em pé onde você vai enfiar). A agulha tem que ser apoiada na palma da mão pra conseguir fazer bastante pressão com a mão pra ela entrar no osso. Depois que está bem fixada, retira o mandril e acopla a seringa. Aí começa a puxar o embolo diversas vezes pra fazer pressão negativa e o material entrar (não empurra o embolo, ele volta sozinho, aí puxa de novo). Depois tira a agulha acoplada a seringa e não precisa de sutura nem nada. É preciso que tenha espícula óssea na amostra. Espalha o material na placa de petri e procura as espículas 9estruturas mais granulares), aí coleta elas com o capilar e assopra na lamina e faz o squash (uma lamina por cima da outra na posição transversal, deixa a gota se espalhar por toda a lamina de cima e depois estende pela lamina de base toda. Não fazer força, deixar só o peso da lamina, porque as células são muito frágeis), aí balança pra secar ao ar. O material é bem gorduroso porque é de medula, isso é normal. Na lamina, o sangue periférico fica ao redor e as espículas no meio. O material vem bastante contaminado com espículas osseas e sangue periférico. É importante fazer um hemograma no dia anterior ou no dia do mielograma. Avaliação citológica: Se observa as laminas (cerca de 5 a 8 laminas pra se alguma der errado e poder escolher as melhores) na objetiva de 10x primeiro pra escolher as 3 melhores. Avaliação da celularidade: Animais jovens 75% célula e 25 gordura Animais adultos: 50 de cada Animais idosos: 25 de célula a 75 de gordura Isso porque ao longo da vida a medula vermelha vai sendo substituída pela amarela, que é gordura. Com essa avaliação, pode-se ver se o animal está com m.o. hipercelular (hiperplasia) ou hipocelular (hipoplasia). Na hiperplásica, as razões podem ser resposta as citopenias periféricas, anemias regenerativas (por hemorragia ou hemólise, por ex), leucopenias por consumo (infecção), que demanda o aumento da produção de neutrófilos. Ou pode ser uma pliriferação de células neoplásicas (leucemias) Na hipoplasia/aplasia, pode ser uma hipoplasia generalizada (nas 3 linhagens mieloide, eritroide e megacariocítica) ou seletiva (em alguma delas), pode ser por algum agente infeccioso (erlichia, anaplasma, leishmania, parvovirus, felv, panleucopenia felina), agentes tóxicos (griseofulvina – antifúngico, suspendendo o uso volta ao normal; quimioterápicos; radiações ionizantes), necrose, mielofibrose. A aplasia, necrose e mielofibrose só são sugeridas com o mielograma, só pode confirmar com uma histologia da medula. Avaliação citológica: Megacariócitos: se conta na objetiva de 10x, são bem maiores que as outras células hematopoiéticas. O normal é de 5 a 15 e se faz a contagem através da quantidade por espícula (perto dela). Acima de 15 é hiperplasia (pode ser por consumo periférico, sequestro pelo baço, trombocitopenias imunomediadas, leucemia megacariocítica) e abaixo de 5 é hipoplasia (pode ser lesão irreversível ou produção diminuída). Quando a quantidade de megacariócito tá muito alta, tem que aumentar o zoom pra ver como estão os megacariócitos. Na objetiva de 10 também se observa o estoque de ferro medular, utilizando o corante azul de prússia ou observando a hemossiderina em macrófagos com corante de romanovisky. Ele fica aumentado em anemia de inflamação,anemias hemolíticas e transfusões e diminuído em anemias ferroprivas e em felino saudável é normal estar diminuído porque neles o ferro não é corado na medula, logo, ele não tem hemossiderina. Se tiver acumulo, significa que ele tá com aumento de ferro por algum motivo. Na objetiva de 100, se escolhe um campo próximo a uma espícula para ampliar e conseguir visualizar células separadas. Aí conta 500 células em 2 ou 3 laminas. Essas células são separadas em alguns grupos: Mieloides maduras (mielócito, metamielócito, bastao, neutrófilo segmentado) e imaturas (mieloblasto e promielotico) Eritróides maduras (rubricito basofilico, rubricito policromatofilico, metarrubricito) e imaturas (rubroblasto e prorrubricito) Linfócitos Plasmócitos Monocitos/macrófagos Eosinofilos, basófilos e mastócitos eventualmente Celulas blasticas indiferenciadas Não avalia só a quantidade, mas também a morfologia: grau de anisocitose e policromasia eritroide precisa ser discreto, grau de maturação celular, escalonamento (se tem mais célula madura que jovem, que deve ter mais que os blastos), assincronismo maturativo (o precursor da hemácia precisa hemoglobinizar seu citoplasma ao mesmo passo que expulsa o núcleo, por ex). As células do estroma medular não são contadas nas 500 (parede de vaso, fibroblastos...) Relação mieloide / eritroide: Rel. M.E = MI + MM/EI + EM Mieloide imatura + madura / eritroide imatura + madura Relação estará alta em hiperplasia mieloide ou hipoplasia eritróide. Relação estará baixa em hipoplasia mieloide ou hiperplasia eritróide. Série eritroide Hiperplasia: relação mieloide eritroide < 1 (anemias regenerativas, eritroleucemia – gatos com FELV) Hipoplasia: rel M:E > 2 (lesão citotóxica, mielofibrose, mieloftise (substituição do tecido neoplásico por uma neoplasia), hiperestrogenismo, anemia arregenerativa, destruição imunomediada de precursores Diseritropoiese: displasia eritroide se observa assincronismo maturativo, escalonamento errado, células binucleadas e trinucleadas, macrocitose, fragmentação nuclear... Série mieloide Hiperplasia: rel m:e > 2, só pode ter no máximo 15 a 20 % de célulamieloide imatura, pode ser devido a resposta a demanda periférica de neutrófilo por destruição ou consumo e por doençasimunomediadas ou inflamatórias Hipoplasia: rel m:e < 1, pode ser por quimioterápicos, drogas, agentes infecciosos, hiperestrogenismo, depleção Disgranulopoiese: neutrófilos gigantes, neutrófilos hipersegmentados e hiposegmentados Série megacariocítica: Morfologia normal: mega maduros, com mais de 4 lobulações nucleares Trombocitopenias regenerativas: presença de 15 a 20% de formas imaturas Dismegacariocitopoiese: quadro em que o megacariócito amadure o cito, mas o núcleo não acompanha o desenvolvimento, plaquetas gigantes, mega anão.Tudo isso é alteração displasica. Serie linfoide: Normal até 15 por cento em cães e 20 em gatos, plasmócitos até 2 por cento nos 2. Hiperplasia: por estimulo antigênico, inflamação crônica, doença imunomediada Hipoplasia: geralmente acompanha a redução de outros tipos celular, normalmente n se ve dele sozinho LEUCEMIAS: Origem celular: Linfoide: célula tronco linfoide Mieloide: célula tronco mioeloide - eritroide, granulocitica, monocita ou megacariocitica Maturação celular: Aguda: células blasticas com mais de 20 por cento na medula Cronica: células maduras, morfologicamente normais Liberação de células neoplásicas na circulação: Leucêmica:leucocitose + cels neoplásicas na circulação Subleucemica: leucometria normal + células neoplásicas na circulação Aleucemica: leucometria normal a diminuída sem células neoplásicas na circulação e aí se suspeita pq o paciente começa a ter mieloftise, anemia, trombocitopenia.. Correlação hemograma x mielograma Casos mais frequentes pra mielograma Trombocitopenias e/ou panleucopenias persistentes É um material muito rico que pode ser encaminhado para pcr ou imunofluorescência (erlichia, leishmania, felv) Avaliar a possibilidade de citopenias imunomediadas
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