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Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Endodontia Anatomia dos dentes Considerações gerais A anatomia interna possui a tendência de acompanhar o formato externo do dente. A cavidade pulpar é dividida em: Câmara pulpar: cavidade única que ocupa internamente o centro da coroa. Nos dentes anteriores ela é próxima ao canal radicular. Em dentes multirradiculares, as entradas dos canais, ficam localizadas nos assoalhos da câmara pulpar. Com o passar dos anos, a deposição contínua de dentina, além do desenvolvimento de calcificações, promove a redução de seu volume, com possível bloqueio dos orifícios dos canais. Canal radicular: parte da cavidade pulpar localizada na porção radicular do dente e que se afunila progressivamente em direção ao ápice da raiz. O canal radicular se divide em: 1. Canal dentinário: corresponde à porção que vai do assoalho da câmara pulpar até o limite CDC (cemento-dentina- canal); 2. Canal cementário: corresponde à porção que vai do limite CDC (cemento-dentina- canal) até o forame apical. O limite cemento-dentina-canal corresponde à área de maior constrição do canal radicular, estando localizado na junção do canal dentinário com o canal cementário. O forame apical corresponde à porção final do canal radicular e pode se apresentar com forma circular ou atípica. Seu tamanho e a sua configuração variam com a maturidade do dente. Antes da maturação, o forame está aberto. Com o tempo e com a deposição de dentina e cemento, o forame apical se torna menor e afunilado. O forame não sai no ápice radicular verdadeiro (anatômico), mas está deslocado cerca de 0,5 mm e desvia-se raramente mais do que 1,0 mm do ápice verdadeiro. O canal radicular pode se dividir em 3 terços: 1. Cervical: localizado adjacente à entrada do canal no assoalho da câmara pulpar; 2. Médio: localizado entre os terços cervical e apical; 3. Apical: localizado adjacente ao forame apical. No terço apical é onde está situado o maior número de ramificações do canal radicular. Essas diversas ramificações que estão próximas ao forame apical recebem o nome de Delta Apical. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Dentre as várias ramificações existentes podemos citar: Canal lateral: é um canal acessório localizado nos terços cervical ou médio da raiz, em geral se estende horizontalmente a partir do canal principal. Canal colateral: localizado paralelamente ao canal principal, podendo atingir o ápice de forma separada. Canal recorrente: origina-se do canal principal, seguindo um trajeto independente, e volta a se unir com o canal principal. Canal secundário: deriva o canal principal e atinge o periodonto no nível do terço apical da raiz. Canal acessório: parte do canal secundário atingindo o periodonto. Canal interradicular: origina-se do assoalho da câmara pulpar e atinge o periodonto na região de furca. Delata apical: múltiplas ramificações localizadas próximas ao forame apical. Intercanal: localizado em dentina e faz a comunicação entre os canais principais. Canais reticulares: resultante do entrelaçamento de três ou mais canais que se deslocam paralelamente através de ramificações do intercanal, apresentam um aspecto reticulado. Anatomia radicular dos dentes superiores INCISIVO CENTRAL SUPERIOR Geralmente apresentam uma câmara pulpar e canal radicular amplos e, na maioria dos casos, retos. Normalmente apresenta raiz única com canal amplo e reto. Câmara pulpar estreita no sentido vestibulopalatino. Comprimento médio: 23,7 mm. A câmara pulpar acompanha o formato externo da coroa, ocupando a porção mais interna do dente. Apresenta-se estreita no sentido vestíbulo-palatino e larga no sentido mesio- distal, principalmente na parte mais próxima da borda incisal. O canal radicular se inicia no forame apical e passa a se alargar gradualmente em toda a extensão da raiz em direção à câmara. Na maioria das vezes, é volumoso e de formato cônico, irregular no sentido longitudinal. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar INCISIVO LATERAL SUPERIOR Suas dimensões são menores que as do incisivo central, apresentando raiz única com canal amplo. Sua raiz é ligeiramente cônica e a secção transversal do canal varia da forma ovalada na porção cervical e arredondada no terço apical. O diâmetro vestíbulo-palatino do canal é maior que o mesio-distal. Comprimento médio: 23,1 mm. CANINO SUPERIOR É o maior dente permanente e normalmente apresenta raiz única com um cana. O canal radicular em geral é reto, amplo e relativamente longo. A secção transversal do canal é geralmente ovalada em toda sua extensão, apresentando maior diâmetro vestíbulo-palatino na porção média da raiz. Geralmente são dentes de fácil acesso, porém apresentam raiz com comprimento maior que a dos demais dentes. Na maioria dos casos, as raízes apresentam curvatura no terço apical. Comprimento médio: 27,3 mm. PRIMEIRO PRÉ-MOLAR SUPERIOR Normalmente apresenta duas raízes (vestibular/palatina) e dois canais com forames independentes. No caso de fusão das raízes, os canais podem permanecer independentes ou se unirem no terço médio ou apical. A câmara pulpar apresenta o formato similar ao da coroa, geralmente estreita no sentido mesio-distal e larga na direção vestíbulo-palatina. Possui forma cuboide, achatada na direção mesio- distal. Estende-se em direção às duas cúspides onde aparecem dois divertículos (proeminências dirigidas para as pontas das cúspides), no qual o vestibular, em geral, é mais longo. No assoalho da câmara apresenta-se a entrada dos canais radiculares. Em alguns casos apresenta-se em uma única entrada, comum aos dois canais ou ao canal único, quando isso acontece. Quase sempre possui um canal vestibular e um canal palatino, mesmo quando a raiz é única. Comprimento médio: 22,3 mm. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Quando um dos orifícios dos canais é encontrado, a linha de desenvolvimento no assoalho da câmara pulpar, que apresenta coloração mais escura, serve como referência para localizar o orifício do outro canal. SEGUNDO PRÉ-MOLAR SUPERIOR Normalmente apresenta uma raiz com um canal com secção transversal ovalada e maior diâmetro vestíbulo-palatino. Com menos frequência pode apresentar 2 ou 3 canais separados, originados de um único orifício, ou dois canais conectados por istmo. Muitas vezes descrito como um dente de canal único, apresenta alto índice de elementos com dois canais radiculares. A câmara pulpar apresenta forma parecida com a parte externa do dente e não difere muito do formato do primeiro pré-molar superior. Porém os dois divertículos do teto, que correspondem as cúspides, são quase sempre do mesmo tamanho no segundo pré-molar superior. Comprimento médio: 22,3 mm. O istmo é uma área estreita, em forma de fita, que conecta dois ou mais canais. Na presença de dois canais que se convergem na porção apical, o canal palatino é o que normalmente apresenta acesso direto ao ápice, devendo ser o canal de escolha para o início dos procedimentos tanto de preparo quanto de obturação. PRIMEIRO MOLAR SUPERIOR É o mais volumoso dos molares superiores e em geral apresenta três raízes divergentes (mesio-vestibular, disto-vestibular e palatina) com um total de três ou quatro canais. Apresenta o maior índice de presença de quatro canais radiculares. Segundo De Deus (1992), o 1º molar superior possui três raízes diferenciadas, geralmente divergentese raramente fusionadas completamente. A raiz mesio-vestibular apresenta dois canais (mesio-vestibular e mesio- palatino ou MV2) que se interconectam por istmos em mais de 90% dos casos, podendo se unir na porção apical ou terem saídas foraminais independentes. Raramente apresenta dois canais na raiz disto-vestibular. A raiz palatina apresenta maior volume, acesso mais fácil e raramente tem 2 saídas foraminais. A raiz disto-vestibular é cônica, em geral reta e com apenas um canal. Comprimento médio: 22,3 mm. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar SEGUNDO MOLAR SUPERIOR Com morfologia externa similar ao primeiro molar, este dente geralmente apresenta três raízes (mesio-vestibular, disto-vestibular e palatina) com três ou quatro canais. Apresentam grande índice de presença do quarto canal radicular. A cavidade pulpar apresenta forma semelhante ao exterior do dente. A câmara pulpar é ampla, apesar de um pouco mais reduzida que a do 1º molar superior. Apresenta sempre três ou quatro divertículos relacionados com as cúspides. Quando apresentar três canais radiculares, terá um canal para cada raiz (canal mesio-vestibular, canal disto- vestibular e canal palatino). O canal maior e mais amplo é o da raiz palatina e o mais estreito é o da raiz disto- vestibular. Quando apresentar quatro canais radiculares, terá dois canais na raiz mesio-vestibular, um na raiz disto- vestibular e um na raiz palatina (canal vestibular da raiz mesio-vestibular ou MV1, canal palatino da raiz mesio- vestibular/mesio-palatino/MV2, canal disto-vestibular e canal palatino. Raramente irá apresentar dois canais na raiz disto-vestibular. Raiz mais curtas, menos divergentes e curvas. Comprimento médio: 22,2 mm. Anatomia radicular dos dentes inferiores INCISIVO CENTRAL INFERIOR São dentes permanentes com as menores dimensões. É comum encontrar apenas um canal, porém pode haver um segundo canal. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Normalmente possui uma raiz com um canal achatado ou oval, que se estende da câmara pulpar até o ápice. De modo geral, a câmara apresenta-se com três divertículos não muito nítidos. Comprimento médio: 21,8 mm. CANINO INFERIOR Menor que o canino superior em todas as dimensões. Normalmente apresenta uma raiz única com um canal. Porém, pode acontecer de ter dois canais. Possui a raiz achatada na direção mesio-distal e mais alongada na direção vestíbulo-lingual. O canal, geralmente, é oval ou achatado e com maior diâmetro na direção vestíbulo-lingual. A cavidade pulpar segue mais ou menos o formato exterior do dente. Sua câmara pulpar é alta e, geralmente, não apresenta limite entre a câmara pulpar e o canal radicular. Comprimento médio: 25 mm. PRIMEIRO PRÉ-MOLAR INFERIOR Apresenta uma grande variabilidade e complexidade em seu sistema de canais radiculares. Apresenta normalmente uma raiz única com um canal amplo de secção transversal ovalada na direção vestíbulo- lingual. O forame mentual pode estar localizado na distal da sua porção apical ou entre ele e o segundo pré-molar inferior, exigindo cuidado na hora da realização de procedimentos cirúrgicos perirradiculares. A sua cavidade pulpar é quase sempre do mesmo formato que o exterior do dente. A câmara pulpar é geralmente ampla, com dois divertículos no teto (um vestibular – mais volumoso e outro lingual – menor). De maneira geral, não possui um limite preciso entre a câmara pulpar e o canal. Comprimento médio: 21,9 mm. SEGUNDO PRÉ-MOLAR INFERIOR Geralmente apresenta uma raiz única, quase sempre cônica, com um canal. A secção transversal do canal é geralmente oval com seu diâmetro maior no sentido vestíbulo-lingual, principalmente até seu terço médio. A câmara pulpar, geralmente, segue o formato do exterior do dente. A câmara pulpar é espaçosa e apresenta-se levemente estreita no Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar sentido mesio-distal, com o contorno mais ou menos triangular. Possui dois ou três divertículos no teto que correspondem às três cúspides e com suas dimensões proporcionais as cúspides. Comprimento médio: 22,3 mm. PRIMEIRO MOLAR INFERIOR É o maior dos molares inferiores. São dentes que apresentam três canais e duas raízes, podendo apresentar quatro canais e até mesmo três raízes. É muito comum que tenha a comunicação entre os canais de uma mesma raiz (interconduto). Em geral, apresenta duas raízes (mesial e distal). Ocasionalmente, podem haver três raízes, com dois ou três canais na raiz mesial e até três canais na raiz distal. A cavidade pulpar segue o formato externo do dente. A câmara pulpar é ampla e na maioria das vezes cuboide. Apresenta, no teto, os divertículos relacionados com suas cinco cúspides. Na maioria dos casos, há nitidez nos limites da câmara pulpar e os canais radiculares. Comprimento médio: 22 mm. 1. A raiz distal pode apresentar dois canais, que em geral são mais amplos que os canais mesiais, em cerca de 25% dos dentes. 2. Quando há um canal na raiz distal, ele normalmente é oval e sua saída foraminal ocorre lateralmente ao ápice anatômico. 3. A raiz mesial é, geralmente, curva no sentido distal. 4. Os canais mesiais podem convergir apicalmente, apresentando forame único em 45% dos casos. SEGUNDO MOLAR INFERIOR A morfologia externa é semelhante à do primeiro molar inferior, apresentando normalmente duas raízes (mesial e distal) com três ou quatro canais. As raízes são mais curtas, com os ápices mais próximos, os canais mais curvos e os dois orifícios mesiais estão mais próximos. A cavidade pulpar geralmente apresenta o formato exterior do dente. A câmara pulpar é, quase sempre, menor que a do primeiro molar inferior e seu teto apresenta quatro divertículos. Pode apresentar de dois até cinco canais. Comprimento médio: 22,4 mm. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Acesso dos dentes superiores e inferiores Procedimento realizado com o objetivo de acessar o sistema de canais radiculares. Todas as fases do tratamento dependem primeiramente da localização dos canais radiculares e do acesso. As aberturas coronárias para acesso endodôntico são baseadas na anatomia e morfologia de cada grupamento dentário. Geralmente, a morfologia da câmara pulpar determina o desenho da cavidade de acesso. A anatomia interna é projetada para a superfície externa. OBJETIVOS DA ABERTURA CORONÁRIA 1. Remover todas as cáries; 2. Preservar a estrutura sadia do dente; 3. Remover integralmente o teto da câmara pulpar; 4. Remover todos os tecidos pulpares coronais (vitais ou necrosados); 5. Localizar todos os orifícios do canal radicular; 6. Alcançar direta e corretamente o acesso ao forame apical ou à curvatura inicial do canal; 7. Um acesso cavitário bem feito proporciona um caminho livre e direto ao sistema de canais e, consequentemente, ao ápice ou à posição da primeira curvatura; 8. O acesso em linha reta proporciona a melhor chance de debridamento de todo o espaço do canal e reduz o risco da lima quebrar. FATORES QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO Exame clínico e radiográfico; Angulação, posição de cúspides e anatomia externa; Mudança na anatomia externa ocasionada por restaurações/coroas; Palpação da gengiva inserida e mucosa vestibular; Em intervenções ou em tratamentos previamente iniciados por outro profissional, observar a situação do canal; Remoção de toda cárie; Remoção total da restauração permanente. FORMA DE CONTORNO É a configuraçãorecomendada para a cavidade de acesso de um dente normal com evidência radiográfica da câmara pulpar e do canal radicular. A forma de contorno assegura a configuração correta, a localização, e proporciona o acesso em linha reta à porção apical do canal ou até a primeira curvatura. O preparo da cavidade de acesso exige a remoção da estrutura dentária que impeça ou dificulte o saneamento e o preparo dos canais radiculares. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar FORMA DE CONVENIÊNCIA Permite a modificação do contorno ideal para facilitar a colocação e manipulação dos instrumentos endodônticos sem exercer pressão. Por exemplo o pré-molar que apresenta três raízes. Nesse caso, a forma de conveniência deve ser mais triangular para facilitar a localização dos canais. REMOÇÃO DE CÁRIE A remoção da cárie permite a criação de um ambiente asséptico após a penetração na câmara pulpar e no espaço do canal radicular. Propicia estrutura dentária sadia para que uma restauração provisória seja realizada de forma adequada. A estrutura dentária sem suporte é removida para garantir o selamento coronário durante e após o tratamento, de forma que os pontos de referência para determinação do comprimento de trabalho não sejam alterados pela ocorrência de fraturas. TOALETE DA CAVIDADE Tem como objetivo prevenir a entrada de objetos e materiais na câmara pulpar e no próprio canal radicular. Um erro comum é penetrar na câmara pulpar sem que a estrutura coronária e materiais restauradores tenham sido adequadamente removidos. Em consequência, esses materiais entram no canal radicular, podendo bloquear a porção apical do canal. CONSIDERAÇÕES GERAIS O êxito na localização do canal: Conhecimento da anatomia e morfologia pulpar. Radiografias ortorradiais e/ou anguladas. Uso de exploradores endodônticos com pontas agudas. Intercalar o uso de radiografias. Brocas de baixa velocidade de pescoço longo. Instrumentos ultrassônicos para remoção de mineralizações. Boa iluminação. Acesso em dentes superiores INCISIVOS SUPERIORES Ponto de eleição: parte mais central da face palatina. Forma de contorno inicial: forma triangula, com base voltada para a borda incisal. A broca corta perpendicularmente à superfície do esmalte. Preparo da câmara pulpar: movimentos de tração do interior para a superfície do dente até que todo o teto tenha sido removido. Configuração final da cavidade intracoronária: faz o desgaste compensatório pela remoção do ombro lingual. Como o canal é centrado na raiz na junção cemento-esmalte (JCE), e quando a inspeção visual seguir a orientação mesial para a distal, é evidente que a coroa não está alinhada com o longo eixo da raiz. Por esse motivo, o estabelecimento de uma Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar forma de contorno e a penetração inicial em esmalte são feitos com a broca perpendicularmente à face lingual do dente. Após a penetração até a profundidade de 2 até 3 mm, a broca é reorientada para coincidir com o longo eixo e a orientação lingual da raiz. O canal é localizado com uma sonda endodôntica com ponta bem aguda. O acesso para o incisivo lateral superior é similar ao do incisivo central superior. CANINOS SUPERIORES Ponto de eleição: parte mais central da face palatina, semelhante aos incisivos. Forma de contorno inicial: forma losangular, devido ao divertículo central correspondente à cúspide perfurante desses dentes, que principalmente nos jovens apresenta- se bastante pronunciada. A broca corta perpendicularmente à superfície do esmalte. Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente até penetrar na cavidade pulpar. Preparo da câmara pulpar: movimentos de tração do interior para a superfície do dente, até que todo o teto tenha sido removido. Configuração final da cavidade intracoronária: desgaste compensatório pela remoção do ombro lingual. Os caninos superiores possuem um canal em uma raiz única. Geralmente, os cornos pulpares estão ausentes, então a forma de contorno é ovoide no terço médio da face lingual. PRÉ-MOLARES SUPERIORES Ponto de eleição: área central da face oclusal. Forma de contorno inicial: forma elíptica para o 1ºPMS, por apresentar dois canais, ou ovoide, com mais dimensão no sentido vestíbulo- palatino, de acordo com a anatomia interna da cavidade pulpar. Direção de trepanação: inicia-se paralela ao longo eixo do dente, até as imediações da cavidade pulpar, depois progride-se com uma leve inclinação em direção ao canal palatino (porção mais volumosa da cavidade pulpar) até atingir a cavidade pulpar. Preparo da câmara pulpar: remoção de todo o teto da câmara pulpar. Completa-se a forma ovoide da cavidade deixando-a levemente expulsiva. Configuração final da cavidade intracoronária: sondagem dos orifícios de entrada dos canais para observação de suas direções e analise da necessidade de desgaste adicional, a fim de facilitar o acesso direto das limas endodônticas em todas as paredes dos canais. A cavidade está centrada na coroa e apresenta uma forma ovoide em direção à face vestíbulo-lingual. Quando dois canais estão presentes, os orifícios dos canais são localizados abaixo das pontas das cúspides vestibulares e palatinas e estão na mesma Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar distância de uma linha imaginária do centro da câmara em direção mesial a distal. MOLARES SUPERIORES Ponto de eleição: na superfície oclusal, no centro da fossa mesial. Forma de contorno inicial: a abertura deve ser estendida do centro da fossa mesial em direção distal, até ultrapassar o sulco ocluso-vestibular. Configura-se a parede vestibular paralela à face do dente. Desse ponto distal, segue-se em direção palatina, atravessando a fossa central, para daí se unir ao ponto inicial, conferindo à cavidade uma forma triangular de base voltada para vestibular. Direção de trepanação: inicia-se paralelamente ao longo eixo do dente até as imediações da câmara pulpar, a seguir utiliza-se uma broca esférica, de tamanho compatível, ligeiramente inclinada em direção ao canal palatino. Preparo da câmara pulpar: movimentos de tração para remoção do teto da câmara pulpar e preparo das paredes laterais. Verificar a presença de convexidade na parede mesial da câmara pulpar que pode formar um istmo próximo ao assoalho encobrindo o canal MV2. Configuração final da cavidade intracoronária: mais ampla e mesializada no 1ºMS. Um pouco mais centralizada no 2ºMS. A forma de contorno é triangular e localizada na metade da face mesial, com base voltada para a vestibular e o vértice para a lingual. A referência externa para a localização dos canais serve como guia para a conformação da forma de contorno. Acesso em dentes inferiores INCISIVOS INFERIORES Ponto de eleição: parte mais central da face palatina. Forma de contorno inicial: forma triangular, com base voltada para a borda incisal. A broca corta perpendicularmente à superfície do esmalte. Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente até penetrar na cavidade pulpar. Preparo da câmara pulpar: movimentos de tração do interior para a superfície do dente, até que todo o teto tenha sido removido. Configuração final da cavidade intracoronária: desgaste compensatório pela remoção do ombro lingual. Os incisivos inferiores são estreitos na sua dimensão mésio-distal e amplos na vestíbulo-lingual. Podem apresentar um canal com forma ovoide ou em forma de fita ou podem ter dois canais. Quando existem dois canais, o canal vestibular é mais fácilde ser localizado e frequentemente está coberto pela projeção lingual. A dimensão mésio-distal estreita desses dentes faz com que o acesso e a localização dos canais sejam dificultados. Conforme a polpa se retrai com o tempo e os cornos pulpares desaparecem, a forma Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar torna-se ovoide. O acesso é posicionado no terço médio da face lingual. A forma de contorno inicial pe estabelecida na dentina com a broca perpendicular à face lingual. Quando a profundidade de 2 a 3 mm é alcançada, a broca tem sua orientação modificada para o longo eixo da raiz. CANINOS INFERIORES Ponto de eleição: parte mais central da face lingual, semelhante aos incisivos. Forma de contorno incisal: forma ligeiramente ovalada, em função do seu achatamento mésio-distal, extensão cérvico incisal e o divertículo incisal mediano. A broca corta perpendicularmente à superfície do esmalte. Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente até penetrar na cavidade pulpar. Preparo da câmara pulpar: movimentos de tração do interior para a superfície do dente, até que todo o teto tenha sido removido. Configuração final da cavidade intracoronária: desgaste compensatório pela remoção do ombro lingual. Os caninos inferiores normalmente apresentam uma coroa mais longa e delgada quando comparados aos caninos superiores, que são mais curtos e mais largos no sentido mésio-distal. A forma de contorno é ovoide e posicionada no terço médio da face lingual da coroa. Na abertura coronária para a câmara, a superfície lingual deve ser explorada para verificar a presença de uma canal lingual (pode haver mais de um canal). PRÉ-MOLARES INFERIORES Ponto de eleição: posicionado para vestibular do sulco central no sentido vestíbulo-lingual, e ligeiramente para mesial da face oclusal no sentido mésio-distal. Forma de contorno inicial: ovoide no sentido vestíbulo-lingual, ficando mais próxima à cúspide vestibular, devido à inclinação para a lingual que estes dentes possuem. Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente até penetrar na cavidade pulpar. Preparo da câmara pulpar: movimentos de tração do interior para a superfície do dentel, de acordo com a exigência da anatomia pulpar. Configuração final da cavidade intracoronária: pode ser necessário remover a cúspide vestibular quando a inclinação da coroa para a lingual for muito acentuada. Os pré-molares inferiores parecem ser os dente mais fáceis de serem tratados endodonticamente, mas a anatomia pode ser complexa. Uma, duas ou três raízes são possíveis, e os canais frequentemente dividem profundamente a raiz, resultando nesses casos em uma configuração morfológica complexa. É importante pré curvar o instrumento endodôntico. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar A coroa do primeiro pré-molar apresenta uma cúspide vestibular proeminente e vestígios da cúspide lingual. Projeções mésio-distais revelam que a câmara e o canal são posicionados vestibularmente. Portanto, o acesso é ovoide, posicionado para a vestibular do sulco central no sentido vestíbulo-lingual. O 2ºPMI tem uma cúspide vestibular proeminente, mas a cúspide lingual pode ser mais proeminente que a do primeiro pré- molar. Existe, também, uma constrição lingual; então a forma de contorno é ovoide no sentido vestíbulo-lingual e sua posição central. MOLARES INFERIORES Ponto de eleição: centro da superfície oclusal, no sulco central, ligeiramente deslocado para a mesial. Forma de contorno incisal: forma trapezoidal com base maior para mesial, quando apresente apenas um canal na raiz distal. Quando apresenta dois canais na raiz distal a parede distal fica mais próxima do tamanho da mesial. Direção de trepanação: paralela ao longo eixo do dente até penetrar na cavidade pulpar. Preparo da câmara pulpar: movimentos de tração do interior para a superfície do dente, de acordo com a exigência da anatomia pulpar. Configuração final da cavidade intracoronária: desgaste compensatório na parede mesial, no sentido dos canais mesiais. Observar a linha que une os dois canais mesiais, secando o assoalho e explorando-a em busca do canal mésio-mesial que pode estar presente neste local. Os molares inferiores têm um aspecto anatômico similar, entretanto, existem diferenças sutis. A configuração mais comum do primeiro molar inferior é apresentar dois canais na raiz mesial, apesar da presença de três canais já ter sido relatada, e um canal na raiz distal. A presença do segundo canal na raiz distal é de 30% a 35%. A configuração mais comum do segundo molar inferior é apresentar dois canais na raiz mesial e um na raiz distal. A incidência do quarto canal é baixa. O orifício do canal mésio-vestibular está localizado ligeiramente para a distal da ponta da cúspide mésio-vestibular. O orifício mésio-lingual está na área do sulco central e ligeiramente para a vestibular, quando comparado com o canal mésio-vestibular. O canal distal (mais centralizado) está localizado próximo da interseção dos sulcos vestibular, lingual e central (o acesso é feito na parte central da coroa). Quando o canal disto-vestibular (geralmente mais amplo) está presente, o orifício pode ser encontrado na vestibular do canal distal principal e frequentemente está próximo da mesial (quando apresenta dois canais distais). Pela relação anatômica, a forma de contorno do acesso é retangular ou trapezoidal e posicionada na porção mésio- vestibular da coroa (meio da coroa). Obs – A anatomia pode variar de acordo com a etnia. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Erros comuns na abertura coronária PREPARO INADEQUADO Os erros no preparo do acesso são variados. O mais comum é o preparo inadequado (desgaste demais do dente), que pode ter consequências drásticas. Os efeitos diretos são a diminuição do acesso e da sua visibilidade, que impede a localização dos canais. A possibilidade de remoção do tecido pulpar coronário e de materiais obturadores subsequentemente é limitada, além de o acesso em linha reta não pode ser obtido. REMOÇÃO EXCESSIVA DA COROA DENTÁRIA A remoção excessiva da estrutura dentária tem uma consequência direta e, ao contrário do preparo da abertura inadequado, é irreversível e não pode ser corrigida. A consequência mínima é a fragilização do dente e subsequente fratura coronária. As evidências demonstram que o acesso adequado, com a remoção meticulosa da estrutura dentária sem que as cristas marginais sejam envolvidas, não fragiliza necessariamente a estrutura coronária remanescente. As cristas marginais proporcionam resistência vestíbulo-lingual para a coroa, a abertura coronária não requer a remoção de estrutura dentária nessa área. Instrumentos Endodônticos EXPLORADORES São instrumentos com pontas pontiagudas e cônicas e ângulo obtuso em ambas as extremidades. Este formato facilita a localização dos orifícios de entrada dos canais. Esses instrumentos são rígidos e não devem ser introduzidos no interior dos canais ou utilizados para a condensação de gutta-percha. COLHER DE DENTINA É utilizado para remoção de cáries, cimentos temporários em cavidade profundas e restos de tecido pulpar coronário. Os escavadores apresentam orientação à direita e à esquerda. ESPÁTULA Nº1 É um instrumento utilizado para colocação de restaurações temporárias e remoção dos excessos da gutta-percha que foi aquecida no final da obturação. EMERGÊNCIAS O instrumental básico necessário para a maioria dos procedimentos de emergência são: Kit clínico de exame; Material e instrumental para anestesia; Sistema para preparo de canal (limpeza e modelagem); Kit para incisão e drenagem. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar INCISÃO E DRENAGEM Os instrumentais para incisão e drenagem são: Bisturi e lâmina; Destaca-periósteo; Dreno de borracha; Porta agulha; Seringa para irrigação com agulha 18 G; Soro fisiológico; Ponta de sucção. LIMPEZA E MODELAGEM Os instrumentos utilizados para o acesso, limpeza e modelagem são: Seringa (ultradent) com agulha Endo- Eze; Pinça para algodão; Instrumentos rotatórios; Espátula nº1 para colocação de cimento temporário; Limas e instrumentos para extirpação pulpar; Espiral de Lentulo; Régua milimetrada. INSTRUMENTOS MANUAIS Alargadores; Limas tipo K; Instrumentos para extirpação pulpar; Limas tipo Hedstrom. INSTRUMENTOS ACIONADOS A MOTOR Semelhantes aos manuais que apresentam uma haste que é fixada no contra ângulo da baixa rotação. Estes são representados por: Gates-Glidden; Peeso; Alargadores e limas acionadas a motos semelhante aos manuais. INSTRUMENTOS ULTRASSÔNICOS E SÔNICOS Apresentam diversas formas. Alguns se assemelham aos instrumentos farpados, limas e outros são pontas diamantadas (coated wire). Todos os insertos são acoplados a uma peça de mão vibratória que irá energizar esses instrumentos. INSTRUMENTOS DE NÍQUEL-TITÂNIO Representam a transição dos instrumentos que foram adaptados tanto para os preparos manuais como para os rotatórios. Diversos designs e configurações têm sido desenvolvidos tanto para os preparos Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar manuais quanto para os acionados a motor. A secção transversal destes instrumentos apresenta formatos diferenciados. FABRICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS Os instrumentos manuais são fabricados a partir de uma haste metálica de formato circular e têm a sua forma modificada para tornarem-se instrumentos cônicos com lâminas cortantes. Eles são usados com movimento de rotação (alargamento) ou tração (limagem) para promoverem a limpeza e o alisamento simétrico das paredes do canal. INSTRUMENTOS MANUAIS Diversos formatos de limas com secção transversal estão disponíveis comercialmente. Foram desenvolvidas duas técnicas de fabricação desses instrumentos: Usinagem: nessa técnica as hastes são usinadas diretamente num torno. Todos os instrumentos de níquel- titânio também são fabricados por usinagem. A mudança dos processos de fabricação por usinagem e torção resulta em diferentes propriedades físicas e de trabalho. Torção: essa técnica é empregada na confecção de limas tipo K e alargadores. Consiste inicialmente em usinar e, em seguida, realizar a torção. A haste base, em seu estado bruto, é usinada em três formas geométricas cônicas – quadrada, triangular e romboide. Essas hastes então são torcidas no sentido anti- horário, produzindo assim lâminas helicoidais de corte. As limas do tipo K apresentam mais espirar por milímetro de comprimento quando comparadas com os alargadores de calibre correspondente. Altera a resistência entre elas. UTILIZAÇÃO CLÍNICA Limas (K e Flex) são utilizadas para movimentos de raspagem ou penetração e tração. Esse movimento é mais eficiente quanto maior for o contato das lâminas com as paredes do canal, quando as lâminas estão no ângulo correto em relação ao longo eixo. Possui ponta inativa. Os alargadores são torcidos por essa razão, o corte ocorre durante a rotação. A configuração dos alargadores foi desenvolvida para promover um menor número de torções, resultando em um maior espaço entre as espiras, prevenindo o travamento da lâmina de corte. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Ao contrário das limas tipo K e dos alargadores, as limas H não tem secção transversal nem quadrangular nem triangular. Sua parte ativa caracteriza-se por uma espiral sob a forma de pequenos cones superpostos e ligeiramente inclinados, sendo a base desses cones a porção cortante. Possui excelente capacidade de corte. As limas podem ser utilizadas tanto em movimento de limagem como de alargamento, enquanto os alargadores só podem ser utilizados em movimentos de alargamento. PROPRIEDADES FÍSICAS Os padrões de limas tipo K e alargadores foram primeiramente publicados em 1976 pela American Dental Association (ADA), especificação nº28. Esses padrões foram desenvolvidos especificamente para instrumentos manuais utilizados no canal radicular. A especificação nº28 da ADA, estabeleceu padrões para a conicidade, geometria da ponta e estabeleceu a tolerância para erros de fabricação. Estabeleceu também a codificação de cores dos instrumentos manuais para suas identificações e a criação de um novo instrumento (n06). Em 1982, a especificação nº58 da ADA padronizou e estabeleceu critérios físicos mínimos para as limas tipo Hedstrom. COMPRIMENTOS As limas e alargadores estão disponíveis em três comprimentos de haste: 21, 25 e 31 mm. Os instrumentos mais curtos proporcionam ao operador controle mais fácil e melhor acesso aos dentes posteriores. Os instrumentos de 25 e 31 mm são utilizados para o preparo dos canais radiculares e dentes com raízes mais longas. CALIBRE (DIMENSÃO) As dimensões das limas tipo K e alargadores são determinadas de acordo com o diâmetro específico do instrumento em posições específicas ao longo do seu comprimento (como determinado pela especificação nº28 da ADA). O diâmetro na ponta do instrumento é conhecido como D0. A haste helicoidal de corte dos instrumentos deve ser de, pelo menos, 16 mm de comprimento, e o diâmetro neste ponto é conhecido como D16. O diâmetro da lima ao longo de seu comprimento aumenta a uma taxa de 0,02 mm a cada milímetro. O diâmetro da ponta dos instrumentos aumenta em incrementos de 0,05 mm. Nas limas mais calibrosas que a de n60 (0,60 mm na ponta) a partir desse instrumento, o aumento é de 0,10 mm até a lima calibre 140. LIMITES TORCIONAIS Limite torsional é a quantidade de torque rotacional que pode ser aplicada a um instrumento “travado” no ponto de fratura. Obviamente, um instrumento deveria ter resistência suficiente para trabalhar vigorosamente e sofrer rotação sem a ocorrência de fratura. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Padronizações para instrumentos manuais de aço foram estabelecidas visando determinar o limite torsional (ponto de fratura) sob várias forças. Os instrumentos menor calibre (menores do que o n20) podem ser mais resistentes à rotação sem a ocorrência de fratura do que os de maior calibre (maiores do que o n40). Sob condições de teste, as limas de níquel- titânio (todas são usinadas) possuem maior resistência à fratura quando comparadas às limas de aço inoxidável. CODIFICAÇÃO DE CORES A codificação das cores nos cabos dos instrumentos manuais indica o calibre dos mesmos. A codificação de cores de instrumentos mais novos, não tradicionais, varia de acordo com o fabricante. EXTIRPA NERVOS Os instrumentos farpados (extirpa-nervos e limas rabo de rato) são instrumentos de aço inoxidável com cabos plásticos. As farpas se enredam e removem o conteúdo do canal. Este instrumento deve ser introduzido no canal delicadamente e seu emprego deve ser limitado pela curvatura do canal. ESPIRAIS DE LENTULO As espirais de Lentulo são instrumentos de haste torcida utilizados em baixa rotação. São utilizadas para aplicar pastas, cimentos ou hidróxido de cálcio no canal. Devemser utilizadas com cuidado para evitar o extravasamento de material para a região periapical. INSTRUMENTOS ACIONADOS A MOTOR GATES-GLIDDEN Forma elíptica, sendo utilizadas para ampliação de orifícios. Também podem ser utilizadas para obter acesso em linha reta, removendo projeção dentinária, ampliando rapidamente o terço coronário e médio dos canais. ALARGADORES PEESO Utilizados também como coadjuvantes no preparo dos canais. Eles são basicamente similares às freses de Gates-Glidden, porém apresentam lâminas de corte paralelas de formato elíptico. Esses instrumentos estão disponíveis tanto com ponta inativa como ativa. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar UTILIZAÇÃO INTRACANAL INSTRUMENTOS FARPADOS Estes instrumentos são empregados para a remoção da polpa radicular, necessitando para isso que suas farpas nela se enrosquem. Esse instrumento deve ser usado com cautela devido à possibilidade de fratura durante a extirpação pulpar. ALARGADORES E LIMAS Dois tipos de movimentos são mais comuns no preparo dos canais radiculares: alargamento e limagem. O movimento de alargamento consiste na rotação do instrumento no sentido horário, descrevendo um arco na aresta de corte. A limagem necessita de uma série de movimentos repetitivos. Primeiro, o instrumento é introduzido no comprimento do canal de forma passiva, girando “lentamente”. Em seguida, a lima é girada (1/4 de volta ou mais) e removida do canal enquanto a ponta é empurrada firmemente contra as paredes do canal, como um pincel que é aplicado para pintar uma parede. EVITANDO A FRATURA DO INSTRUMENTO A fratura dos instrumentos manuais no interior do canal radicular pode ser prevenida pela inspeção rotineira em busca de deformações, como distorção das lâminas, “enrolamento” das lâminas, distorção da ponta e corrosão. Se um instrumento apresentar qualquer uma dessas deformidades, deve ser imediatamente descartado. A prevenção é a chave para evitar a fratura dos instrumentos. INSTRUMENTOS PARA OBTURAÇÃO Os instrumentos para obturação são: Espaçadores ou calcadores; Espátula nº1 para transferência de calor e colocação do cimento temporário; Pinças para algodão com trava; Calcadores para a condensação vertical. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Odontometria OBJETIVO Determinar o comprimento de trabalho. COMPRIMENTO DE TRABALHO Definido como a distância de um ponto de referência coronário predeterminado (usualmente, a borda incisal em dentes anteriores e a ponta de cúspide em dentes posteriores) de forma que a limpeza e modelagem e a obturação possam ser realizadas. O ponto de referência deve ser fixo e estável de modo que não ocorram fraturas entre as consultas. As cúspides sem suporte e enfraquecidas por cáries ou restaurações devem ser reduzidas por desgaste utilizando-se brocas de acabamento ou pontas diamantadas. LIMITE APICAL O limite apical é empírico, e com base em estudos anatômicos, deve ficar 1 mm aquém do ápice radiográfico. DETERMINAÇÃO DO COMPRIMENTO DE TRABALHO Previamente à abertura coronária, devemos calcular uma estimativa do comprimento de trabalho, que é feita medindo-se o comprimento total do dente em uma radiografia diagnóstica utilizando- se a técnica do paralelismo. Em casos de canais curvos, o comprimento deve ser mensurado colocando-se uma lima que esteja curvada para replicar a morfologia do canal contra a película. O cursor (ou limitador de penetração) pode ser ajustado para coincidir com o ponto de referência, enquanto a ponta da lima é alinhada com o ápice radiográfico. Após o ajuste do cursor, a lima é retificada e o comprimento, medido. De uma perspectiva prática, um cálculo com a aproximação de 0,5 mm deve ser realizado. Então, 2 mm são subtraídos para dar conta da distância do forame (1 mm) e da distorção da imagem radiográfica (1 mm). Essa manobra é um procedimento de segurança para que os instrumentos não Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar ultrapassem o forame apical. Depois do preparo da abertura coronária, uma lima de pequeno calibre é empregada para explorar o canal e estabelecer a patência para o comprimento de trabalho estimado. Uma lima mais calibrosa é então inserida para a estimativa do comprimento, já que a lima inicial, que está frouxa no canal, pode ser deslocada durante a exposição à radiografia ou forçada além do ápice se o paciente morder acidentalmente. A marcação do comprimento é feita em milímetros com cursores de borracha colocados na haste da lima para realizar o controle de sua penetração. Uma régua milimetrada estéril ou o dispositivo de medição podem ser usados para ajustar os cursores na lima. Para assegurar uma mensuração exata e o controle do comprimento durante a preparação do canal, o cursor deve guardar contato físico com o ponto de referência coronário. Em dentes multirradiculares, as limas devem ser colocadas em todos os canais antes da exposição radiográfica. São necessárias radiografias anguladas para dissociar limas e estruturas sobrepostas, para propiciar um método eficiente de determinação do comprimento de trabalho e reduzir a radiação para o paciente. É necessário que o dique de borracha esteja no lugar durante a determinação do comprimento de trabalho para assegurar um ambiente asséptico e proteger o paciente da deglutição e aspiração dos instrumentos. Outro fator clínico que deve ser considerado é o estabelecimento correto do comprimento de trabalho, e isso inclui sensibilidade tátil, resposta do paciente e a presença de sangramento. Depois da exposição do filme ou sensor, a correção do comprimento de trabalho é calculada. A distância entre a ponta da lima e o ápice radiográfico é então determinada. Quando essa distância é superior a 1 mm, um cálculo (somando-se ou subtraindo-se do comprimento) é feito então com a ponta da lima sendo posicionada a 1 mm do ápice radiográfico. Quando a correção é superior a 3 mm, é aconselhável fazer uma segunda radiografia para obtenção do comprimento de trabalho. Pelos fato de os dentes anterossuperiores possuírem apenas um canal, a angulação das tomadas radiográficas não é necessária. As angulações mesiais são recomendadas para pré-molares e molares superiores. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar A angulação distal é recomendada para incisivos e molares inferiores. Preparo químico-mecânico dos canais radiculares “O tratamento bem-sucedido do canal radicular é baseado no estabelecimento de um diagnóstico exato e no desenvolvimento de um plano de tratamento apropriado; na aplicação do conhecimento da anatomia e morfologia dentária; e na realização do desbridamento, desinfecção e obturação de todo o sistema de canal radicular.” PRINCÍPIOS DE LIMPEZA O tratamento não cirúrgico do canal radicular é um método previsível de manter um dente que, de outro modo, iria requerer extração. O sucesso do tratamento do canal radicular em um dente com polpa vital é maior do que o de um dente com polpa necrótica com lesão perirradicular. Obs: o implante nunca irá ser melhor que um dente natural. Os fatores mais significativos que afetam esse processo são a anatomia e morfologia dentárias e os instrumentos e soluções irrigadoras disponíveis para o tratamento. Qualquer tipo de agitação de solução irrigadora melhora a limpeza do canal. Os instrumentos precisam contactare aplainar as paredes do canal radicular para desbridar o canal. Fatores morfológicos incluem canais laterais e acessórios, curvaturas do canal, irregularidades da parede do canal e istmos. Essas anomalias tornam um desbridamento total virtualmente impossível. PRINCÍPIOS DE MODELAGEM A limpeza eficiente depende de uma modelagem bem feita. O propósito da modelagem é facilitar a limpeza e promover espaço para a colocação do material obturador. O objetivo principal da modelagem é manter ou desenvolver uma conicidade contínua afunilada da entrada do canal até o ápice. Quanto alargar o canal? O grau de modelagem é determinado pela dimensão radicular pré-operatória, pela técnica de obturação e pelo plano de tratamento restaurador. Raízes finas e estreitas, como as de incisivos inferiores, não podem ser alargadas no mesmo grau que raízes volumosas, como as de incisivos centrais superiores – diâmetro anatômico. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar PREPARO APICAL Embora o conceito de limpeza e modelagem do espaço do canal radicular seja simples, existem áreas onde não há consenso. A primeira é a extensão do preparo apical. Estudos recentes identificaram a junção cemento-dentinária como a área onde a polpa termina e o ligamento periodontal começa (depois da constrição apical). Infelizmente, isso é uma característica histológica e a posição (que é irregular dentro do canal) não pode ser determinada clinicamente (pode ser localizada com localizador apical). Tradicionalmente, o limite apical estava a 1 mm do ápice radiográfico. A constrição apical é definida como a porção mais estreita do canal, e a distância média do forame à constrição é de 0,5 mm. Um estudo descobriu que a constrição apical clássica estava presente em apenas 46% dos dentes e, quando presente, variava em forma e em relação ao forame apical – não é uma regra, pode variar. Em um estudo prospectivo avaliando prognósticos, fatores adversos significativos que influenciaram o sucesso e o fracasso foram perfuração, doença perirradicular pré- operatória, e comprimento incorreto da obturação do canal radicular. Enquanto a referência de 1 a 3 mm do ápice radiográfico permanece racional, o limite apical da instrumentação e obturação permanece empírico. A necessidade de compactar a guta- percha (não é biocompatível – não pode sair do canal) e o cimento (biocompatível) contra a matriz de dentina apical (constrição apical) é importante para o sucesso. A decisão de onde terminar o preparo é baseada no conhecimento da anatomia apical, na sensação tátil, na interpretação radiográfica, nos localizadores apicais, no sangramento apical e na reação do paciente (ai – 1 mm). GRAU DE ALARGAMENTO APICAL Devido à morfologia ser variável, não existe um tamanho padronizado para o ápice. Segundo estudos, os irrigantes não conseguem atingir a porção apical da raiz se o canal não estive alargado por uma lima no 35 ou 40 (não adianta instrumentar até uma lima 20/25 mm). ELIMINAÇÃO DA ETIOLOGIA O alargamento mecânico do espaço do canal radicular diminui dramaticamente a presença de microrganismos existentes no canal, mas não torna o canal estéril. Não existe consenso quanto ao irrigante mais apropriado ou quanto à concentração da solução, embora o hipoclorito de sódio (NaOCl) seja o irrigante mais largamente utilizado. PATÊNCIA PERIAPICAL É uma técnica pela qual pequenas limas manuais são frequentemente inseridas até um pouquinho além do forame apical Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar durante o preparo do canal. Geralmente é usado em casos de necrose pulpar – é feita com limas mais finas e não deve passar mais de 1 mm do forame apical. Essa técnica, durante os procedimentos de limpeza e modelagem, assegura que o comprimento de trabalho não seja perdido e que a porção apical da raiz não fique obstruída por tecido, restos dentinários e bactérias. RECAPTULAR Usado para evitar a compactação da dentina – usado em polpa viva. A recapitulação é realizada usando-se uma lima fina no comprimento de trabalho correto para soltar detritos acumulados e então lavá-los com 1 a 2 mL de irrigante. A recapitulação é realizada entre cada sucessivo instrumento de alargamento, não importa qual seja a técnica de limpeza e modelagem. PRINCÍPIOS DE LIMPEZA E TÉCNICAS DE MODELAGEM Os critérios de preparação do canal incluem o desenvolvimento cônico progressivo, mantendo a forma original do canal, mantendo o forame apical em sua posição original, mantendo a abertura apical tão pequena quanto possível e desenvolvendo paredes lisas e polidas. TÉCNICAS DE PREPARO DO CANAL RADICULAR Preparo do terço cervical: Caso não queira usar a gates ou a gates não vai, utiliza-se as limas para abrir o canal. Movimentos: Oscilação: oscilar é fazer uma rotação para trás e para frente (sentido horário/sentido anti-horário) com o instrumento em um arco que é usado para abrir canais e trabalhar as limas no lugar. É aplicada leve pressão apical (fazendo a oscilação ao mesmo tempo) para introduzir a lima mais profundamente dentro do canal. Alargamento: alargamento é definido como o corte rotacional, no sentido horário, da lima. Geralmente, os instrumentos são colocados dentro do canal até que seja encontrado um obstáculo. O instrumento é então girado no sentido horário 180 a 360 graus (geralmente 180º) para aplainar as paredes e alargar o espaço do canal. Limagem: limagem é definida como colocar a lima dentro do canal e pressioná-la lateralmente enquanto a retira ao longo do caminho de inserção para aplainar a parede. Há muito pouca rotação no impacto cortante para fora. A ação arranhadora ou raspadora remove o tecido e corta a dentina superficial da parede do canal. INSTRUMENTAÇÃO ANTICURVATURA É definida durante procedimentos para alargamento coronário a fim de preservar a parede da furca no tratamento de molares. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar O movimento deve ser direcionado para fora. As brocas Gates-Glidden também podem ser usadas direcionalmente de um modo anticurvatura para remover seletivamente a dentina da parede espessa (zona de segurança) em direção ao ângulo linear, protegendo o interior ou parede da furca (zona de perigo) coronária à curva. FORÇA BALANCEADA As limas cortarão em uma rotação em ambos os sentidos (horário e anti-horário), o conceito de força balanceada de instrumentação consiste em colocar a lima no comprimento e então uma rotação no sentido horário (menos de 180º) imbrica na dentina. Isto é seguido por uma rotação no sentido anti-horário (no mínimo 120º) com pressão apical para cortar a alargar o canal. A rotação no sentido horário puxa o instrumento para dentro numa direção apical. A rotação cortante no sentido anti-horário força a lima numa direção coronária enquanto corta circunferencialmente. TÉCNICAS DE PREPARO (COROA- ÁPICE) Essa técnica foi desenvolvida na Universidade de Oregon, pelo Prof. Dr. J. B. Pappin (1978). A técnica coroa-ápice é defendida para procedimentos de limpeza e modelagem, pois ela remove interferências coronárias e promove conicidade coronária. Com a câmara pulpar preenchida com irrigante ou lubrificante, o canal é explorado com um instrumento fino para determinar a patência e a morfologia (curvatura). O comprimento de trabalho pode então ser estabelecido – a odontometria pode ser feita antes ou depois do preparo do terço coronário. O terço coronário do canal é então alargado com brocas Gates-Glidden. Uma lima calibrosa (como a n50) é então colocada no canal, e um movimentooscilatório é usado até que uma resistência seja encontrada. O processo é repetido com limas menores, sequencialmente, até que se atinja a porção apical do canal. O comprimento de trabalho pode ser determinado, se isso não foi conseguido inicialmente. TÉCNICA DE PREPARO ESCANOLADA Após o alargamento coronário, o diâmetro apical é determinado com uma lima apical inicial (LAI: a lima inicial que se adapta levemente ao comprimento de trabalho correto). RADIOLOGIA EM ENDODONTIA A técnica mais utilizada em endodontia é a periapical, podendo ser realizada com Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar filmes convencionais, sensores radiográficos e placas de fósforo. Para obter qualidade é necessário observar, principalmente: Tempo de exposição; Filme; Processamento; Angulação e posicionamento adequados. PRINCIPAIS CAUSAS DE REPETIÇÕES DE IRRADIAÇÕES Contraste e/ou densidade ótica incorretos: tempo de revelação muito curto, temperatura muito baixa. Dificulta detecção de pequenos detalhes. Superposição: angulação incorreta. Distorção: angulação vertical e/ou horizontal errada. Exposição: superposição ou subexposição. Velamento do filme: entrada de luz na câmara escura. Diagnóstico e tratamento Primeiro deve ser tratada a dor! DIAGNÓSTICO A chave para um tratamento eficaz é um diagnóstico preciso. A chave para o diagnóstico preciso consiste no conhecimento dos processos patológicos que ocorrem no tecido afetado. PATOLOGIAS PULPARES E PERIAPICAIS Diante das agressões a polpa responderá de 3 modos: 1- Estimulará a formação da esclerose dentinária (obliteração dos túbulos) por deposição de material mineralizado. Como consequência, diminui a permeabilidade dentinária e a agressão ao tecido pulpar. 2- Induzirá a formação da dentina terciária, seja ela reacional ou reparadora. 3- Desencadeará resposta inflamatória no tecido pulpar, que será influenciada pelo tipo de agressor e pela intensidade da agressão. AGENTES IRRITANTES A irritação dos tecidos pulpares ou periapicais pode resultar em inflamação. Os principais irritantes desses tecidos podem ser divididos em dois grupos: Vivos: vários microrganismos e vírus. Inanimados: irritantes mecânicos, térmicos e químicos. Irritantes microbianos Os microrganismos presentes nas lesões cariosas representam a principal fonte de irritação dos tecidos pulpares e periapicais. A lesão cariosa de dentina e de esmalte contém várias espécies de bactérias, como Streptococcus mutans, lactobacilos e Actinomyces. Em resposta à presença de microrganismos e seus subprodutos na dentina, a polpa é localmente infiltrada (na base dos túbulos envolvidos na lesão cariosa) primariamente por células inflamatórias crônicas como macrófagos, linfócitos e plasmócitos. Quando uma exposição pulpar real acontece, o tecido pulpar é infiltrado localmente por leucócitos polimorfonucleares (PMN) para formar uma área de necrose liquefativa no local da exposição. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Após a exposição pulpar, as bactérias colonizam e persistem na área da necrose. O tecido pulpar pode permanecer inflamado por longos períodos de tempo e pode experimentar uma necrose eventual ou rápida. Como consequência da exposição pulpar à cavidade oral e às cáries, a polpa então abriga bactérias e seus subprodutos. Geralmente, a polpa não consegue eliminar essas bactérias agressoras. No máximo, ela se defende temporariamente ou reduz a velocidade da disseminação da infecção e da destruição tecidual. Se os agentes irritantes persistem, os danos irão se tornar mais extensos e se espalharão por toda a polpa. Então, as bactérias ou seus subprodutos, e outros agentes irritantes oriundos da polpa necrótica, irão se difundir do canal no sentido periapical, resultando no desenvolvimento de lesões inflamatórias. Irritantes mecânicos Preparos cavitário profundos. Remoção da estrutura dentária sem irrigação adequada. Trauma gerado por impacto. Trauma oclusal. Curetagem periodontal profunda. Movimento ortodôntico. Dentes que são submetidos a procedimentos restauradores extensos, a polpa apresenta-se inflamada. O número de túbulos dentinários por unidade de superfície de área e seu diâmetro tendem a aumentar conforme vão se aproximando da polpa. Portanto, o potencial de irritação pulpar tende a aumentar conforme maior quantidade de dentina é removida. Os procedimentos restauradores sem refrigeração por água causam mais irritação que aqueles realizados sob aerossol com água. Trauma Os dentes submetidos a traumatismo leve a moderado e aqueles com ápices incompletos (pacientes jovens) possuem uma maior chance de sobrevivência pulpar quando comparados àqueles submetidos a lesões graves ou com ápices completos (pacientes adultos com rizogênese completa). A aplicação de forças acima da tolerância fisiológica do ligamento periodontal durante o movimento ortodôntico resulta em distúrbios da irrigação sanguínea e inervação do tecido pulpar. Os tecidos periapicais podem ser mecanicamente irritados e inflamados: Trauma. Sobrecontato oclusal. Procedimentos e acidentes endodônticos. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Extirpação pulpar. Sobreinstrumentação dos canais radiculares. Perfuração radicular e sobreobturação radicular. A irritação mecânica por instrumentos pode ocorrer durante o preparo do canal – quando o tratamento do canal deveria ter acabado ante do ápice. A determinação incorreta do comprimento do canal radicular pode causar uma sobreinstrumentação e subsequente inflamação. Irritantes químicos Agentes de limpeza. Dessensibilizantes. Substâncias presentes nos materiais restauradores provisórios e definitivos. Vernizes cavitários. PATOLOGIAS PULPARES Além da configuração anatômica e da diversidade de irritantes envolvidos, a polpa reage a esses irritantes da mesma maneira que qualquer outro tecido conjuntivo. A lesão pulpar resulta em inflamação e morte tecidual. O grau de inflamação é proporcional à intensidade e gravidade do dano tecidual. Testes de vitalidade pulpar: Guta percha em bastão. Endo – ice. Teste de percussão com o cabo do espelho. Polpa normal Um dente com polpa normal não apresenta sintomas clínicos e responde normalmente ao teste de vitalidade. Tal dente não apresenta nenhum sinal radiográfico de lesão. Pulpite aguda reversível → Remoção do agente agressor e restauração. Clinicamente, o paciente relata dor leve a moderada. No exame clínico, observam-se alterações dentárias. Ao realizar o teste de vitalidade (pois precisa de um estímulo para doer), o paciente responde positivamente, porém a dor cessa poucos segundos após a remoção do estímulo – polpa normal. Em exames radiográficos, notam-se lesões cariosas ou restaurações extensas e/ou defeituosas próximas à câmara pulpar. Pulpite aguda irreversível → Remoção do agente agressor + tratamento endodôntico e restauração provisória. A sintomatologia tende a intensificar- se, principalmente o quadro doloroso – geralmente é a evolução de uma pulpite aguda reversível. Dor intensa, pulsátil, constante e espontânea. Ao teste de vitalidade poderá responder ou não. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Pulpite crônica Dores leves e intermitente por semanas ou meses. Normalmente apresentam lesões cariosas extensas com comunicação da câmara pulpar ou restaurações extensas fraturadas e defeituosas. No teste de vitalidade, o frio não induz aumento de dor. No entanto, à medida que a inflamação e a necrose do tecido pulpar progredirem, haverá redução nos estímulos termoelétricos. LESÕES PERIAPICAIS As lesões periapicais foram classificadas com base em seus achados clínicos e histológicos. Periodontite apical sintomática A primeira extensão da inflamação pulpar para os tecidos periapicais é chamada de periodontite apical sintomática (PAS). A polpa pode estar com inflamação irreversível ou necrosada. Sinais e sintomas: As características clínicas da PAS são desconforto espontâneo de moderado a severo, assim como dor à mastigação ou à percussão. Casos de PAS causados por necrose não respondem aos testes de vitalidade pulpar. A aplicação de pressão digital ou a percussão com o cabo de um espelho clínico podem causar uma exacerbação da dor. Tratamento: O ajuste da oclusão (quando existe evidência de supraoclusão), a remoção de irritantes ou de uma polpa patológica, ou a liberação de exsudato periapical geralmente resultam em alívio. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar Periodontite apical assintomática É uma condição clínica assintomática de origem pulpar que está associada à inflamação e destruição dos tecidos periapicais. A percussão produz pouca ou nenhuma dor. Pode haver uma sensibilidade leve à palpação, indicando uma alteração das tábuas ósseas corticais e extensão da PAA para os tecidos moles. Tratamento: A remoção de agentes irritantes desencadeadores (polpa necrosada) e a obturação completa do sistema de canais radiculares geralmente resultam na resolução da PAA. Não existem evidências de que os cistos periapicais resistam à resolução após um tratamento endodôntico adequado ou a exodontia. Osteíte condensante Uma variante da periodontite apical assintomática, representa um aumento no osso trabecular em resposta a uma irritação persistente. O irritante difundindo-se a partir do canal radicular para os tecidos periapicais é a principal causa da osteíte condensante. Abscesso dento-alveolar agudo → Evolução de uma periodontite apical sintomática. Lesão liquefativa localizada ou difusa de origem pulpar que destrói os tecidos periapicais e é uma resposta inflamatória acentuada aos irritantes microbianos e não bacterianos oriundos da polpa necrosada (não tratada). Sinais e sintomas: O abscesso dento-alveolar agudo é caracterizado por aparecimento rápido e dor espontânea. Dependendo da gravidade da reação, os pacientes geralmente apresentam um desconforto moderado à grave e/ou aumento de volume. Esses dentes geralmente são dolorosos à percussão e à palpação. Tratamento: A remoção das causas subjacentes, a liberação da pressão (drenagem, quando possível) e o tratamento endodôntico de rotina levam à resolução da maior parte dos casos de ADAA. Abscesso dento-alveolar crônico O abscesso apical crônico é uma lesão inflamatória de origem pulpar que é caracterizada pela presença de uma lesão de longa duração que resultou em um Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar abscesso que está drenando para a superfície mucosa (fístula) ou cutânea. Sinais e sintomas: Quando a drenagem ocorre, o ADAC é geralmente assintomático, exceto quando existe um fechamento do trajeto fistuloso, o que pode causar dor. Tratamento: A remoção das causas subjacentes, a liberação da pressão (drenagem, quando possível) e o tratamento endodôntico de rotina levam à resolução da maior parte dos casos. A fístula nem sempre vai estar sobre o dente causador. Pulpite hiperplásica A pulpite hiperplásica (pólipo pulpar) é uma forma de pulpite irreversível que se origina do supercrescimento de polpas jovens com inflamação crônica em direção à superfície oclusal. Supercrescimento da polpa. Pacientes jovens. Dentes previamente abertos. Muitas das vezes com ausência de dor. Calcificação pulpar Consiste na formação extensa de tecido duro nas paredes dentinárias, geralmente como resposta à irritação ou morte e substituição dos odontoblastos. Dificuldade em localizar o canal. Rafaela Lorena Boot – Odontologia Unicesumar
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