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Imperatividade e corecibilidade das leis

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INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
SEMANA 7
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SEMANA 07
A NORMA JURÍDICA 
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1.1 Conceito.
1.2 Estrutura lógica e características da norma jurídica 
1.3 Principais características: 
a)abstração, 
b)generalidade ou universalidade, 
c)imperatividade, 
d)heteronomia, 
e)alteridade, 
f) coercibilidade, 
g) bilateralidade, e 
h) atributividade.
CONTEÚDO
1.4 Classificação da norma quanto à:
a) extensão territorial; 
b) formas de produção; 
c) sua violação (à sanção); 
d) conteúdo; 
e) imperatividade;
1.5 Planos de validade da norma jurídica:
a)formal, 
b) social, e
c) ética.
1 – A NORMA JURÍDICA.
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Nossos objetivos nesse encontro
 
AULA 1
AULA 2
Compreender o conceito de norma jurídica e sua estruturação.
Compreender os diversos critérios de classificação das normas jurídicas.
Estabelecer a distinção entre os diversos critérios de classificação das normas jurídicas.
Identificar os planos de validade da norma (formal, social e ético).
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NORMA JURÍDICA - CONCEITO
AULA 1
AULA 2
Segundo o Direito Positivo, a norma jurídica é o padrão de conduta social imposto pelo Estado, para que seja possível a convivência entre os homens. Paulo Nader conceitua como sendo a conduta exigida ou o modelo imposto de organização social. Segundo Orlando Secco , trata-se das regras imperativas pelas quais o Direito se manifesta, e que estabelecem as maneiras de agir ou de organizar, impostas coercitivamente aos indivíduos, destinando-se ao estabelecimento da harmonia, ordem e da segurança da sociedade.
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Moral
1.2 Estrutura lógica da norma jurídica 
Segundo Kant , a norma é um comando e existem dois tipos de comandos:
a) Imperativo categórico – É mais comum na religião, na moral e nos costumes, embora existam normas jurídicas com este tipo de comando “deve ser A”, tem caráter taxativo. É constituído por um único elemento (ou enunciado, dispositivo ou conseqüência) Ex. art. 10, I, II e III do Código Civil.
Subdividindo-se em:
•Sentido positivo – determinando que se faça algo. Ex. “silêncio”, “respeite a fila” “mão única”.
•Sentido negativo – determinando que algo não pode ser feito. Ex. “é proibido fumar”, “é proibido falar com o motorista”.
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	b) Imperativo hipotético – O enunciado fica na dependência de ocorrer a hipótese ou fato. A maioria das normas jurídicas são deste tipo, representando o comando “se for B, então deve ser A”, onde “se for B” é a hipótese, suposto ou fato, e “deve ser A” é o enunciado, dispositivo ou conseqüência. 
Ex.: Art 1.275 CC.“Além das causas consideradas neste Código, perde-se a propriedade: I....; II.....; III- pelo abandono” – Se for abandonada a coisa (B), deve ser perdida a propriedade da mesma (A). Porque somente é aplicável na ocorrência da hipótese estipulada, qual seja, o abandono da coisa.
Ex.: Art. 1.521,I CC:“Não podem casar: I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;” – é uma ordem hipotética proibitiva ou imperativo hipotético em sentido negativo.
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1. GENERALIDADE
 
Temos que a norma jurídica é preceito de ordem geral, que obriga a todos que se acham em igual situação jurídica. Da generalidade da norma deduzimos o princípio da isonomia da lei, segundo o qual todos são iguais perante a lei.
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS JURÍDICAS
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2. ABSTRATIVIDADE
As normas jurídicas visam estabelecer uma fórmula padrão de conduta aplicável a qualquer membro da sociedade. Regulam casos como ocorrem, via de regra, no seu denominador comum. Se abandonassem a abstratividade para regular os fatos em sua casuística, os códigos seriam muito mais extensos e o legislador não lograria seu objetivo, já que a vida em sociedade é mais rica que a imaginação do homem.
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Revela a missão de disciplinar as maneiras de agir em sociedade, pois o direito deve representar o mínimo de exigências, de determinações necessárias. Assim, para garantir efetivamente a ordem social, o direito se manifesta através de normas que possuem caráter imperativo. Tal caráter significa imposição de vontade e não simples aconselhamento.
4 - IMPERATIVIDADE 
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3 - BILATERALIDADE 
O direito existe sempre vinculando duas ou mais pessoas, conferindo poder a uma parte e impondo dever à outra. Expressa o fato da norma possuir dois lados: um representado pelo direito subjetivo e o outro pelo dever jurídico, de tal modo que um não pode existir sem o outro, pois regula a conduta de um ou mais sujeitos em relação à conduta de outro(s) sujeito(s)(relação de alteridade).
	Sujeito ativo (portador do Direito Subjetivo)
	Sujeito passivo (possuidor do dever jurídico)
 
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5 - COERCIBILIDADE
Quer dizer possibilidade de uso de coação. Essa possui dois elementos: psicológico e material. 
O primeiro exerce a intimidação, através das penalidades previstas para as hipóteses de violações das normas jurídicas. 
O elemento material é a força propriamente, que é acionada quando o destinatário da regra não a cumpre espontaneamente. As noções de coação e sanção não se confundem. 
Coação é uma reserva de força a serviço do Direito, enquanto a sanção é considerada, geralmente, medida punitiva para a hipótese de violação de normas.
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6 - ATRIBUTIVIDADE (OU AUTORIZAMENTO) 
Esse é, aliás, o elemento distintivo por excelência entre a norma jurídica e as demais normas de conduta: a aptidão para atribuir ao lesado a faculdade de exigir o seu cumprimento forçado. Então, a essência especifica da norma jurídica é a atributividade (ou autorizamento) , porque o que lhe compete é autorizar ou não o uso das faculdades humanas.
	Assim, a norma jurídica é atributiva por atribuir às partes de uma relação jurídica, direitos e deveres recíprocos.Ou seja, atribui à outra parte o Direito de exigir o seu cumprimento. 
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Esta característica da norma jurídica é contestada por autores de relevo, entre os quais o Prof. Goffredo Telles Jr., que assim se expressa a respeito: "A norma jurídica não atribui ao lesado a faculdade de reagir contra quem o lesou”.
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Já Miguel Reale defende o que chamou de bilateralidade atributiva: “Existe bilateralidade atributiva – escreve Reale – quando duas ou mais pessoas estão numa relação segundo uma proporção objetiva que as autoriza a pretender ou a fazer garantidamente alguma coisa. Quando um fato social apresenta esse gênero de relação, dizemos que é jurídico.” 
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Segundo Reale, a diferença entre os fenômenos jurídicos e os não jurídicos – econômicos, psicológicos, etc. – é que nestes a bilateralidade não é atributiva, isto é, a correspondência não está assegurada, não obedece a um padrão uniforme ou obrigatório.
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Classificação das normas jurídicas
Os autores variam na apresentação das formas de classificação das normas jurídica; existe mesmo certa ambigüidade e vacilação na terminologia. Fato é que a classificação pode ser realizada de acordo com vários critérios.
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Critério da extensão territorial - normas federais, estaduais e municipais:
As normas jurídicas são classificadas desta forma em razão da esfera do Poder Público de que emanam, pois todo território de um Estado acha-se sob a proteção e garantia e um sistema de Direito.
Assim, as normas jurídicas são federais, estaduais ou municipais, na medida em que sejam instituídas respectivamente pela União, pelos Estados-Membros e pelos Municípios.
Para sabermos se existe hierarquia entre estas normas, faz-se necessário a distinção da competência legislativa da União, dos Estados-Membros e dos Municípios. 	
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Classificação por forma de produção
Ao produzir normas legais, o legislador aplica a Constituição. 
Ao produzir decisões judiciais e atos administrativos, o juiz e o agente administrativo, respectivamente, aplicam a lei. 
Em regra, os atos de aplicação são, também, de criação do Direito. 
Excetuam-se a criação da Constituição, que não aplica Direito anterior, e os atos de execução coercitiva da sanção, que não criam Direito, simplesmente o aplicam. 
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a)Normas Jurídicas Legislativas: são as normas escritas, expressadas por leis, decretos, medidas provisórias, etc.
b)Normas Jurídicas
Consuetudinárias: são normas não-escritas, fruto de práticas sociais reiteradas, constantes, uniformes, que nascem no seio da sociedade e passam a fazer parte da consciência popular (regra obrigatória).
c)Normas Jurídicas Jurisprudenciais: são as normas jurídicas que nascem nos tribunais.
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A diferenciação entre essas normas já foi abordada quando falamos sobre as divisões do Direito. Mas, ressalta-se que a teoria que prevalece atualmente para a distinção dessas normas é a teoria formalista da natureza da relação jurídica:
	Normas de Direito Privado: regulam o vínculo entre particulares => Plano de igualdade => Relação jurídica de coordenação
Ex.: As normas que regulam os contratos.
	Normas de Direito Público: regulam a participação do poder público, quando investido de seu imperium, impondo a sua vontade => Relação jurídica de subordinação.
Ex.: As normas de Direito Administrativo.
 Normas de Direito Misto => Tutelam simultaneamente o interesse público ou social e o interesse privado.
Ex.: Normas de Direito Família 	
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QUANTO AO CONTEÚDO
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	Validade das Normas Jurídicas.
Uma norma jurídica, para que seja obrigatória, não deve estar apenas estruturada logicamente segundo um juízo categórico ou hipotético, pois é indispensável que apresente certos requisitos de validade. 
	Na lição de Miguel Reale, a validade de uma norma jurídica pode ser vista sob três aspectos:
	1) técnico-formal = vigência 
	2) social = eficácia
	3) ético = fundamento 
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a) Validade formal = VIGÊNCIA
	Vigência vem a ser “a executoriedade compulsória de uma norma jurídica, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração” (Miguel Reale). 
	Desta forma, a norma jurídica tem vigência quando pode ser executada compulsoriamente pelo fato de ter sido elaborada com observância aos requisitos essenciais exigidos:
	1) emanada de órgão competente,
	2) com obediência aos trâmites legais,
	3) e cuja matéria seja da competência do órgão elaborador.
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	b) Validade Social ou Eficácia.
	Sob o prisma técnico-formal, uma norma jurídica pode ter validade e vigência, ainda que seu conteúdo não seja cumprido; mesmo descumprida, ela vale formalmente. Porém, o Direito autêntico é aquele que também é reconhecido e vivido pela sociedade, como algo que se incorpora ao seu comportamento. Assim, a regra do Direito deve ser não só formalmente válida, mas também socialmente eficaz.
	Eficácia vem a ser o reconhecimento e vivência do Direito pela sociedade, “é a regra jurídica enquanto monumento da conduta humana” (Miguel Reale). Desta forma, quando as normas jurídicas são acatadas nas relações intersubjetivas e aplicadas pelas autoridades administrativas ou judiciárias, há eficácia.
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Validade formal
Vigência vem a ser “a executoriedade compulsória de uma norma jurídica, por haver preenchido os requisitos essenciais à sua feitura ou elaboração” (Miguel Reale). 
Desta forma, a norma jurídica tem vigência quando pode ser executada compulsoriamente pelo fato de ter sido elaborada com observância aos requisitos essenciais exigidos:
1) emanada de órgão competente,
2) com obediência aos trâmites legais,
3) e cuja matéria seja da competência do órgão elaborador
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É o reconhecimento e vivência do Direito pela sociedade, “é a regra jurídica enquanto monumento da conduta humana” (Miguel Reale). Quando as normas jurídicas são acatadas nas relações intersubjetivas e aplicadas pelas autoridades administrativas ou judiciárias, há eficácia.
Para Maria Helena Diniz , “vigência não se confunde com eficácia; logo, nada obsta que uma norma seja vigente sem ser eficaz, ou que seja eficaz sem estar vigorando”.
Pode ser que determinadas normas jurídicas, por estarem em choque com a tradição e valores da comunidade, não encontrem condições fáticas para atuar, não seja adequadas à realidade. 
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Validade Social ou Eficácia
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Validade Ética ou Fundamento
Toda a norma jurídica além da validade formal (vigência) e validade social (eficácia), deve possuir ainda validade ética ou fundamento. O fundamento é na verdade o valor ou o fim visado pela norma jurídica.
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	Realmente, é o valor que legitima uma norma jurídica que lhe dá uma legitimidade; daí a distinção entre LEGAL (que possui validade formal) e LEGÍTIMO (que possui validade ética).
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CASO CONCRETO 1 Características da norma jurídica
Carlota Silveira, proprietária de imóvel alugado para Raimundo Honorato, já perdeu as esperanças de receber os aluguéis em atraso ou reaver seu imóvel de volta. Isto porque Raimundo vive dando desculpas esfarrapadas há mais de seis meses para não pagar o aluguel ou deixar o imóvel.
Sem saber o que fazer procura Dr. Elesbão famoso advogado do local que a orienta a notificar Raimundo para pagar o que deve em determinado prazo, sob pena de despejo, e mostra a Carlota o art. 65 da lei 8.245/91 (Lei do Inquilinato) que assim dispõe:
 Art. 65. Findo o prazo assinado para a desocupação, contado da data da notificação, será efetuado o despejo, se necessário com emprego de força, inclusive arrombamento.
Pergunta-se:
a)Qual a principal característica da norma jurídica que se percebe no artigo acima citado? Justifique.
b)Na lei n. 8245, de 18 de outubro de 1991, que dispõe sobre as locações dos imóveis urbanos e os procedimentos a elas pertinentes, é possível encontrar as demais características das normas jurídicas? Fundamente. 
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CASO CONCRETO 2
Em tempos de eleições municipais marcadas pela ameaça da violência do crime organizado e das milícias, um assunto tem sido bastante comentado na mídia nacional: a intervenção federal nos Estados. Aliás, este assunto tem sido freqüentemente citado nestes últimos anos, uma vez que escândalos e falcatruas vêm sendo constantemente desvendadas, políticos perdendo seus mandatos e pouco a pouco a credibilidade na classe política sendo colocada em xeque. No entanto, nossa Constituição Federal dispõe de dispositivos protetivos que podem ser aplicados em casos extremos como o art. 34 que assim dispõe:
Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I - manter a integridade nacional;
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra;
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública;
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação;
(...)
A partir da leitura do trecho acima, responda:
a)Ao impor uma conduta a ser observada pela União em relação aos Estados e ao Distrito Federal, levando em conta o critério da imperatividade como se pode classificar o art. 34 da CF/88? Fundamente.
b) É correto afirmar que, no que diz respeito ao critério da imperatividade o caput do art. 37 da Constituição Federal de 1988 se equipara ao art. 34 acima citado?
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Leitura para a próxima aula
Nome do livro: Lições preliminares de direito.
Nome do autor: REALE, Miguel.
Nome do capítulo: Capítulo XV – Experiência jurídica e direito objetivo. 
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