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07-TGC – Módulo III - Prof. Paulo Eduardo Sabio

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Direito Penal I 
Profº. Paulo Eduardo Sabio
Direito Penal I – Aula 07
Teoria Geral do Crime – Módulo III
Classificação das Infrações Penais
1. Considerações Introdutórias
Cumpre expor, antes de mais nada, que esta nossa aula vai ser um pouco diferente das outras que já tivemos e das que serão dadas futuramente. Tem, esta aula, aspectos muito peculiares, inclusive no que toca á redação do texto. Isto porque nesta aula cuidaremos de abordar as diversas classificações dos crimes, e assim, o texto da aula tende, inevitavelmente, a ser mais “objetivo”. 
Por óbvio que: quando for necessário, deixaremos de lado esta nossa “objetividade”, para explicar de maneira detalhadas as subespécies de crime que assim exigirem. 
Saiba ainda que: tem esta nossa aula, também, importância inquestionável, pois a compreensão das aulas posteriores, em muitos momentos, terá como pressuposto a compreensão das diversas espécies de infrações penais aqui abordadas. 
A propósito: é importante que se tenha em mente que não podemos confundir a “qualificação legal dos crimes” com as “qualificações doutrinárias das infrações”. 
Vejamos a diferença entre esses dois conceitos: 
Qualificação legal dos Crimes: nomem juris ( nome jurídico) da infração. Por exemplo: quem ofende a integridade física ou a saúde de outrém ( art. 129, Caput) pratica o crime com nome jurídico de lesões corporais. 
Saiba que: esta é a qualificação legal do fato, e se distingui da qualificação legal da infração, pois esta ( qualificação legal da infração), tal como nos ensina o Profº. Damásio Evangelista de Jesus é o nome que recebe a modalidade a que pertence o fato: crime ou contravenção”. ( Grifo Nosso) 
Qualificação Doutrinária: esta, que mais nos interessa no presente momento, é o nome dado pela doutrina ao fato delituoso, e tais classificações doutrinárias são resultado de um trabalho construtivo de sistematização científica da teoria do crime. 
A Propósito: Tais classificações são baseadas, segundo Damásio Evangelista de Jesus em distinções que se estabelecem em razão dos múltiplos elementos essenciais da norma penal� e da infração, da estrutura desta e de seu conteúdo. 
Pois bem: feitos estes esclarecimentos iniciais, passemos, então, a estudar as classificações das infrações penais. 
2. Da Classificação das Infrações Penais
Crimes Comuns e Especiais: Crimes comuns são os descritos no Direito Penal Comum, na parte especial do próprio Código Penal, que se inicia no artigo 121 do referido diploma legal. E crimes especiais são os definidos no Direito Penal Especial, como por exemplo os delitos elencados na Lei de Proteção ao Meio Ambiente ( Lei 9.605 / 98), que são os crimes denominados pela doutrina de “crimes contra o meio ambiente”. 
Crimes Comuns e Próprios: esta é uma classificação que tem por base o sujeito ativo da infração penal, e assim, aqui, o conceito de crime comum não se confunde com o conceito supramencionado. 
Perceba que: para esta classificação, os crimes comuns são os que podem ser praticados por qualquer pessoa ( furto, estelionato, homicídio). 
Em contrapartida: os chamados, Crimes Próprios são aqueles que exigem certas condições especiais do sujeito ativo, e portanto, só podem ser cometidos por uma determinada categoria de pessoas. Tal como ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, os crimes próprios “pressupõem no agente uma particular condição ou qualidade pessoal.” 
Preste Muita Atenção: É importante que se tenha em mente que, segundo o doutrinador supra, o crime próprio pode exigir uma particular condição do agente de quatro categorias distintas, a saber: 
 a – Condição Jurídica ( acionista, funcionário público)
b – Condição Profissional ( comerciante�, médico)
c – Condição De Parentesco ( pai, mãe, filho) 
d – Condições Naturais ( gestante, homem)
Crimes de Mão Própria: São os delitos que só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa ( VG: falso testemunho, prevaricação). Tais delitos são tipificados de tal maneira pelo legislador que o autor só pode ser quem esteja em situação de realizar imediata e corporalmente a conduta punível. 
A propósito: para que se possa melhor compreender os “crimes de mão própria”, vejamos um exemplo citado por Damásio Evangelista de Jesus: o funcionário público não pode pedir a terceiro que deixe de realizar ato de ofício em seu lugar, a fim de atender sentimento pessoal 
.Saiba que: a conduta usada como exemplo caracteriza o crime denominado “prevaricação” , que é previsto no artigo 319 do Código Penal. Vamos dar uma olhada no dispositivo em questão: 
Prevaricação
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa da lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal
Saiba que: esperamos que o exemplo supra tenha auxiliado a compreensão do conceito de “crimes de mão própria”. 
Preste atenção: É preciso que se frise a diferença entre crimes próprios e crimes de mão própria. Vamos fazer uma breve explicação acerca da referida distinção: 
Nos crimes próprios o sujeito ativo pode determinar a outrem sua execução, enquanto que nos crimes de mão própria, ninguém pode cometê-los por intermédio de outrém. 
Sendo que: se isso ocorrer, a infração fica descaracterizada, podendo ocorrer, como conseqüência, uma atipicidade relativa, na qual ficará descaracterizado, por exemplo, o crime de falso testemunho, podendo entretanto, subsistir outro crime. 
Perceba que: na atipicidade relativa, a conduta é descrita como crime distinto do inicialmente cogitado. Já no caso da atipicidade absoluta, a conduta não se enquadrará em nenhuma outra norma diferente da inicialmente cogitada. Ou seja: a conduta será um irrelevante penal. 
Outra diferença relevante no que toca à diferenciação entre crimes próprios e crimes de mão própria pode assim ser exposta: nos crimes de mão própria os terceiros apenas podem figurar como partícipes, e nunca como co-autores, tal como se verá na última aula deste nosso semestre. 
A propósito: os institutos da co-autoria e da participação já foram citados em um aula anterior, onde dissemos que eles seria estudados com maior profundidade no momento oportuno ( e não nos referimos, naquela ocasião, à esta aula, mas sim à última aula deste semestre, onde será abordado o tema “concurso de pessoas”) 
 No entanto: temos por oportuno relembrar tais conceitos, para que se possa compreender porque nos crimes de mão própria os terceiros podem apenas figurar como partícipes: Vejamos, mais uma vez, em apertada síntese, a diferença entre os institutos da co-autoria e da participação: 
a - Co-Autoria: os co-autores praticam o verbo descrito no tipo penal ( matam, roubam, furtam). 
b - Participação: já os partícipes são aqueles que, de qualquer forma contribuem para a prática da infração penal, sem contudo praticar o verbo descrito no tipo penal. São as pessoas que ajudam a matar, ajudam a roubar. 
Por exemplo: O motorista que, sabendo da intenção dos companheiros os leva de carro até o banco para que estes pratiquem o crime descrito no artigo 157 do Código Penal, qual seja, o roubo, contribui para a prática da infração, mas não praticou o verbo do referido dispositivo legal. Será, o motorista, portanto, partícipe. Vamos dar uma olhada no dispositivo legal em comento: 
Roubo
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez)anos e multa. 
Crimes de Dano: são os delitos que exigem uma efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, protegido, pela norma penal. Tais delitos só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. 
Crimes de Perigo: esta espécie de delitos se consumam apenas com a possibilidade de dano�. Segundo o Prof. Fernando Capez, para a consumação dos crimes perigo, “basta a possibilidade do dano, ou seja, a exposição do bem a perigo de dano. 130,13 e 250
A propósito: podemos pegar como exemplo desta espécie de crimes o artigo 130 do Código Penal, que assim preceitua: 
Perigo de contágio venéreo
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Preste Muita Atenção: antes de tratarmos dos crimes materiais, formais e de mera conduta é oportuno que façamos alguns breves comentários acerca do resultado da conduta criminosa ( que será melhor estudado em uma aula posterior). Em primeiro lugar, é importante que se observe que este, via de regra, pode ser considerado sob dois aspectos: o naturalístico e normativo. 
Sendo que: sob o enfoque naturalístico, diz-se que o resultado compreende a modificação ocasionada no mundo exterior por conta da prática de uma determinada infração, e esta modificação no mundo exterior, segundo Damásio Evangelista de Jesus é estranha a qualquer valor e não comporta nenhuma apreciação normativa. 
Em contrapartida: sob o prisma jurídico ou normativo, o conceito de resultado guarda relação com a ofensa ao bem jurídico protegido pela norma, e não necessariamente com alguma modificação no mundo exterior. 
A propósito: acerca do “resultado”, deve-se ter em mente ainda que os dois diferentes enfoques sob os quais pode ele ser conceituado, são oriundos de duas teorias distintas, que têm em comum apenas a finalidade de conceituar o resultado, posto que. 
Sendo que: tais teorias serão melhor estudadas em uma aula posterior, entretanto, por hora, é por bem que se teçam alguns breves comentários sobre elas: 
Teoria normativa: para esta teoria, que considera o “resultado” sob o prisma normativo ou jurídico, não há que se falar em crime sem resultado, posto que, segundo ela, todo e qualquer delito produz um dano ou perigo de dano a um bem jurídico tutelado pela norma penal, e sendo assim, segundo esta teoria, tanto nos crimes materiais, como nos crimes formais, dos quais adiante trataremos, sempre vai existir o elemento resultado. 
Teoria Naturalística: para esta teoria, que considera o “resultado” sob o prisma naturalístico existe a possibilidade de haver crime sem resultado, posto nem todas as condutas tipificadas penalmente produzem, necessariamente, uma modificação no mundo exterior, ou seja, um resultado naturalístico.
Mas, enfim: após essas necessárias explicações sobre o resultado, podemos agora tratar de conceituar os crimes materiais, formais e de mera conduta: 
 
Crimes Materiais: são crimes que só se consumam com a produção do resultado naturalístico, como por exemplo, o homicídio, que só se consuma com a morte da vítima. Nesta espécie de delito o legislador descreve a conduta do autor e a modificação causada no mundo exterior por tal conduta. 
Ou seja: nesses casos descreve-se a conduta e o resultado naturalístico. Para que melhor se compreenda esta espécie de crimes, vamos transcrever alguns tipos penais incriminadores que são inseridos nesta categoria, e fazer os devidos comentários: 
Roubo
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. 
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)anos e multa. 
OBS: no caso do “Roubo”, há a descrição da ação de ameaçar gravemente ou violentar a vítima, e do resultado, que é a subtração de coisa alheia móvel. Observe que sem o resultado naturalístico ( subtração de coisa alheia móvel)a infração fica descaracterizada, e ocorrerá, neste caso em particular, o que se denomina atipicidade relativa, pois a ação sem a ocorrência do resultado impedirá que a conduta seja enquadrada no artigo supra transcrito, entretanto poderá, tal conduta, se adequar ã um outro tipo penal, ou seja, mesmo que não ocorra o resultado pretendido ( subtração da coisa) poderá subsistir outro crime, como por exemplo, o descrito pelo artigo 129 do Código Penal ( lesões corporais). Vamos dar uma olhada no referido dispositivo: 
Lesões Corporais
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
Atenção: caso um determinada conduta definida como crime fique descaracterizada pela ausência do resultado exigido pelo tipo penal ( crime material), e não se enquadre, a referida conduta, em nenhum outro tipo penal, que possam incidir subsidiariamente, ocorrerá o que se denomina pelo doutrina de atipicidade absoluta. 
Crimes Formais: nestes delitos o tipo não exige a produção do resultado naturalístico para a consumação da infração, embora seja possível sua ocorrência. Como bem assevera o Profº. Fernando Capez, o resultado naturalístico, nos crimes formais, embora possível, é irrelevante para que a infração penal se consume. 
Saiba que: nos crimes formais o legislador descreve apenas o comportamento do sujeito, não fazendo referência a qualquer mudança no mundo externo produzida pela infração. No caso dos crimes formais, o resultado naturalístico até é descrito pelo tipo penal, contudo, a configuração do crime não depende de sua ocorrência. 
A propósito: para que se possa bem compreender o conceito de crime formal temos por oportuno transcrever alguns tipos penais que descrevem crimes desta espécie e fazer os devidos comentários: 
Ameaça
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. 
OBS: no caso do crime de ameaça, há a descrição da ação, que é a de ameaçar, e a descrição do resultado, que se traduz em sendo a causação do mal injusto e grave. Nesse tipo penal, é possível que o agente realmente cause um mal injusto e grave a vítima, mas a efetiva ocorrência desta “causação o mal injusto” não é imprescindível para a consumação do delito. 
Extorsão Mediante Seqüestro
Art. 159. Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate.
Pena – reclusão de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
OBS: também no caso da “extorsão mediante seqüestro”, há a descrição da ação, que é seqüestrar a pessoa, e a descrição do resultado, que é a obtenção de qualquer vantagem como condição ou preço do resgate. O resultado ( obtenção de qualquer vantagem...) é descrito porém não exigível. Em termos mais simples: o “pagamento do resgate”, no caso da extorsão mediante seqüestro, não influencia o enquadramento da conduta no tipo penal supra transcrito
Preste muita atenção: tal como leciona o Profº. Fernando Capez, nos tipos penais que descrevem os crimes formais ( ameaça e extorsão mediante seqüestro, por exemplo) há uma incongruência, uma falta de harmonia, entre o fim visado pelo agente e o resultado exigido pelo tipo. 
Vejamos um exemplo: no crime de ameaça ( supra transcrito), o fim visado pelo agente é a intimidação da vítima, mas o tipo penal se contenta com menos, pois não importa que o agente consiga ou não intimidar a vítima. Assim, esses tipos também são denominados, pela doutrina, de tipos incongruentes. 
Crimes de Mera Conduta: nesses casos o resultado naturalístico, além de irrelevante, é inexistente. No caso de violação de domicílio ( art. 150) ou desobediência ( art.330), por exemplo, não existe nenhum resultado que provoque modificação no mundo concreto. Nesses casos o legislador apenas descreve o comportamento do agente. 
A propósito: vamos dar uma olhada nos dispositivos legais supra mencionados, como sempre fazemos: 
Violação de Domicílio
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências. 
Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três)meses ou multa. 
Desobediência
Art. 330. Desobedecera ordem legal de funcionário público. 
Pena – detenção de 15 (quinze) dias a 6 (seis)meses e multa. 
Crimes Comissivos:são os delitos praticados por meio de uma ação, de um comportamento positivo. Vejamos um exemplo de tipo penal que descreve uma conduta comissiva. 
Contrabando ou Descaminho
Art. 334. Importar ou exportar mercadoria proibida ou iludir, no todo em parte, o pagamento o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. 
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Crimes Omissivos: são os crimes praticados por meio de uma omissão, de uma abstenção de um determinado comportamento. Vejamos agora um exemplo de tipo penal que descreve uma conduta omissiva: 
Omissão de Socorro
Art. 135. Deixar de prestar assistência , quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
Pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. 
Preste muita atenção: os crimes omissivos, se subdividem em: 
a – crimes omissivos próprios: estes também são denominados crimes “de pura omissão”, e tais delitos se concretizam com a simples abstenção da realização de um ato, independentemente de um resultado posterior. Como bem leciona Damásio Evangelista de Jesus, o resultado é imputado ao sujeito pela simples omissão normativa. 
A propósito: o exemplo mais comum desta espécie de crime omissivo é a “omissão de socorro”, tipificada pelo artigo 135 do Código Penal ( supra transcrito), pois tal delito se consuma com a abstenção de prestação de assistência ao necessitado, não se condicionando a qualquer evento posterior. 
b – Crimes Omissivos Impróprios: estes também são denominados de comissivos por omissão. Nestes casos o sujeito, através da abstenção de um comportamento devido permite a produção de um resultado posterior, que é imprescindível para a existência desta espécie de delitos. Nestes casos, tal com enfatiza o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, via de regra, a simples omissão não constitui crime. 
Saiba que: esses crimes são denominados também de “comissivos por omissão” pois, em virtude do dever jurídico que é imposto por lei ao omitente, através do artigo 13, § 2º do Código Penal, sua omissão, fictamente, eqüivale a um comportamento positivo. 
Em outros termos: tal como ensina-nos Fernando Capez, nesses casos o omitente tinha o dever jurídico de evitar o resultado e portanto, por este responderá. 
Por exemplo: se o salva-vidas, por exemplo, na posição de garantidor, deixa, por negligência, o banhista morrer afogado, responderá por homicídio culposo e não por omissão de socorro. 
A propósito: sobre os crimes omissivos ( próprios e impróprios) mais se falará quando tratarmos da “omissão” de uma forma mais aprofundada, na próxima aula. 
Crimes Instantâneos: se consumam em um dado momento, sem continuidade temporal. 
Crimes Permanentes: nestes delitos o momento consumativo se prolonga no tempo. 
Sendo que: no seqüestro, por exemplo ( art. 148), enquanto a vítima não recupera sua liberdade de locomoção, o crime está se consumando. E para que melhor se elucide nossa exposição, temos oportuno expor que, para alguns autores, o crime permanente apresenta duas fases, a saber: 
a – fase de realização do fato descrito pela lei, que é de natureza comissiva; 
b – fase de manutenção do estado danoso ou perigoso, de caráter omissivo. 
Vamos agora dar uma olhada no dispositivo legal que tipifica a conduta do seqüestro:
Seqüestro e Cárcere Privado
Art. Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado.
Pena – reclusão de 1(um) a 3 (três) anos. 
Veja que interessante: a mídia ( televisão, jornais, etc...) sempre acaba por confundir o “seqüestro” propriamente dito com a “extorsão mediante seqüestro”. Para os telejornais, por exemplo, se o agente privar alguém da liberdade com o intuito de obter qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate ou privar alguém sem tal intuito, praticou, tanto num como noutro caso, “seqüestro”. Tecnicamente, entretanto, tais delitos não se confundem, e inclusive pertencem a categorias diferenciadas. A extorsão mediante seqüestro ( art. 159) é inserida no rol dos crimes contra o patrimônio, enquanto que o seqüestro e cárcere privado é inserido no rol dos crimes contra a liberdade individual 
A propósito: é por bem que se exponha que nesta espécie de crimes ( permanentes), segundo o artigo 303 do Código de Processo Penal, enquanto não cessar a permanência o agente se encontra em situação de flagrante delito. Mas tal aspecto é estudado quando do estudo do “Processo Penal”, que é disciplina acadêmica que não se confunde com o nosso “Direito Penal”, apesar de ter com este relação indiscutível. 
Sendo que: apenas à título complementativo, convém darmos uma olhada no citado artigo do Código de Processo Penal�. É dispositivo: 
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.
Crimes Instantâneos de efeitos permanentes: consuma-se em um dado instante, mas seus efeitos se perpetuam no tempo. 
Crime Continuado: o conceito desta espécie de crime, prevista no artigo 71, Caput, do Código Penal, pode assim ser sistematizado: 
agente, mediante mais de uma ação ou omissão; 
pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, sendo que; 
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro. 
A propósito: vamos dar uma olhada no “caput” do citado artigo 71 do Código Penal, que conceitua o instituto do crime continuado: 
Crime Continuado
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços 
Preste muita atenção: Segundo o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o crime continuado não se trata de um tipo de crime, mas de uma forma de concurso de delitos, e é por bem que se tenha em mente que que tal instituto será estudado no semestre que vem, quando trataremos da Teoria Geral da Pena. 
Crime Principal: existe independente de outros ( furto, por exemplo) 
Crime acessório: depende de outro crime para existir, como a receptação, por exemplo, que pressupõe um crime anterior para sua consumação. Vamos dar uma olhada no artigo de lei que descreve a receptação, para que assim se possa melhor compreender o que estamos a expor:.
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa
Crime Simples: apresenta um tipo penal único. 
Crime Complexo: resulta da fusão de dois ou mais tipos penais. Cite-se como exemplo o latrocínio, que nada mais é do que a fusão entre os crimes de roubo e homicídio.
A propósito: o chamado latrocínio é tipificado pelo artigo 157, parágrafo 3º, in fine. Vamos ao dispositivo: 
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. 
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa. 
( ... )
§ 3º. Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa. 
( Grifo Nosso)
Crime Progressivo: este ocorrerá quando o sujeito, para alcançar a produção de um resultado mais grave, passa por outro, menos grave. Segundo o Profº. Fernando Capez, nestes casos, o agente, visando desde o início a produção de um resultado mais grave, pratica sucessivas e crescentesviolações ao bem jurídico até atingir o intuito principal. 
Saiba que: o crime menos grave não será atribuído ao agente em face do princípio da consunção, que será estudado quando abordarmos o chamado “conflito aparente de norma”. De acordo com o Profº. Fernando Capez, o crime consumido é chamado de ação de passagem. 
Progressão Criminosa: nesta hipótese o agente, inicialmente, deseja produzir um resultado e, após consegui-lo, resolve prosseguir na violação do bem jurídico, produzindo um outro crime mais grave. Seria o caso, por exemplo, do agente que quer ferir e depois resolve matar. 
Saiba que: de acordo com o doutrinador supracitado, o agente só responderá pelo crime mais grave, também em virtude do princípio da consunção. Enfatiza ainda, ainda o doutrinador em questão, que nestes casos existem dois crimes, e por isso não se fala em crime progressivo, e sim em progressão criminosa entre crimes. 
Crime Unissubsistente: é o que se perfaz com um único ato, como por exemplo, a injúria verbal. Vamos dar uma olhada no tipo penal que incrimina a injúria: 
Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro. 
Pena – detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa.
Crime Plurissubsistente: é o que exige mais de um ato para sua consumação
Crime de Concurso Necessário ou plurissubjetivo: são aqueles que exigem a presença de mais de uma pessoa no polo ativo, exige-se a pluralidade de sujeitos ativos, como por exemplo o crime de rixa ( art. 137) e o de quadrilha ou bando ( art. 288). Vamos dar uma olhada nos referidos dispositivos legais, pois assim se poderá compreender o “porque” de tais crimes serem classificados como sendo “de concurso necessário”
Rixa
Art. 137. Participar de rixa, salvo para separar os contendores.
Pena – detenção de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses ou multa.
Quadrilha ou Bando
Art.288. Associarem-se, mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para fim de cometer crimes:
Pena – reclusão de 1(um) a 3 (três) anos
 
Crimes de Concurso Eventual ou Monossubjetivos: são aqueles que podem ser cometidos por um ou mais agentes. Para a tipificação da conduta, é irrelevante que ele tenha sido praticada por uma ou mais pessoas. 
Crime Consumado: quando nele se reúnem todos os elementos da figura típica, todos os elementos de sua definição legal. Tal modalidade de crime é conceituada pelo artigo 14, I do Código Penal. É também denominado de “crime perfeito”. 
Crime Tentado: diz-se crime tentado quando, iniciada a execução, ele não se consuma por vontades alheias ä vontade do agente. Estes são definidos pelo artigo 14, II do Código penal e também são denominados de “crime imperfeito”
A propósito: no que toca aos crimes consumados e aos crimes tentados, vale lembrar que eles serão melhor estudados em uma aula posterior. Temos por conveniente, entretanto, que desde já se dê uma lida no dispositivo legal que regula o tema. Vamos ao dispositivo: 
Art.14. Diz-se o crime: 
I – consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente, diminuída de um a dois terços.
Crime Exaurido: o exaurimento representa um “plus” em relação ao resultado propriamente dito. Em linhas gerais, pode-se dizer que o crime exaurido é aquele que produz efeitos, mesmo após a produção do resultado, como no caso do falso testemunho, por exemplo, que é tipificado pelo artigo 342 do Código Penal, no qual o agente, após ter mentido em juízo, beneficia o réu, que vem a ser absolvido. Tal como leciona o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, para o crime se exaurir é preciso que tenha causado todas as conseqüências visadas pelo agente. Vamos dar uma olhada no citado artigo 342 do Código Penal: 
Falso testemunho ou falsa perícia
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor ou intérprete em processo judicial, policial ou administrativo ou em juízo arbitral.
Pena – reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.
Crime Vago: aquele que tem sujeito passivo indeterminado, tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, como por exemplo, a comunidade em seu pudor, no caso de crime de ato obsceno, que é descrito pelo artigo 233 do Código Penal. Vamos dar uma olhada no citado tipo penal: 
Ato Obsceno
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público:
Pena – detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano ou multa.
Crimes Conexos: pode ocorrer que um sujeito pratique vários crimes, sem que entre esses delitos haja qualquer ligação, esses seriam, segundo o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, “crimes independentes”. 
Em contrapartida: pode acontecer que entre os delitos praticados exista um liame, um nexo. Tal como leciona o penalista supracitado, o sujeito pode cometer um crime para ocultar outro, por exemplo. 
Sendo que: segundo a melhor doutrina, existem três tipos de conexão, a saber: 
a – Conexão teleológica ou ideológica: nesta modalidade estão inseridos os casos em que um crime é praticado para assegurar a execução de outro. Seria o caso, por exemplo, do sujeito que mata o marido para estuprar a esposa. 
Perceba que: neste exemplo, o homicídio é o que se denomina de crime-meio e o estupro é o que se denomina crime-fim. Á título de complementação, transcreveremos os tipos penais do homicídio e do estupro, para que se tenha uma idéia mais concreta do que estamos dizendo: 
Homicídio
Art. 121. Matar alguém: 
Pena – reclusão de 6 (seis) a 20 (vinte)anos.
Estupro
Art. 213. Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: 
Pena – reclusão de 6 (seis) a 10 (dez) anos.
b – Conexão conseqüencial ou causal: quando um crime é praticado para assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro. Podemos citar como exemplo desta espécie de delito a execução da única testemunha ocular de um roubo, que seria capaz de fazer prova contra o agente. 
Perceba que: A testemunha foi vítima de homicídio para que a impunidade em relação ao roubo fosse garantida. E, falando em “roubo”, vamos dar uma lida no dispositivo legal que tipifica tal conduta: 
Roubo
Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, par si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Pena – reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa.
c – Conexão ocasional: ocorrerá quando um crime for praticado por ocasião da prática de outro. Seria o caso, por exemplo, do sujeito que, após ter estuprado a vítima, resolve subtrair seu relógio. 
Preste muita atenção: o artigo 61, II, “b” do Código Penal determina que a pena sempre será agravada pela circunstância de ter o agente cometido o crime para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime” 
Continue prestando atenção: a conexão ocasional não é considerada agravante, de acordo como dispositivo em questão. Vamos dar uma olhada no dispositivo em questão: 
Circunstâncias agravantes
Art. 61. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
( ... )
II – ter o agente cometido o crime: 
(...)
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime;
(...)
Crime de Mera Suspeita: também são denominados de “crimes sem ação”. Nesta espécie de delito o autor é punido pela mera suspeita despertada. 
Saiba que: a maioria da doutrina repudia esta espécie de delitos, entretanto, segundo o Profº. Fernando Capez, em nosso ordenamento jurídico há uma forma que se assemelha a esse crime, que é a contravenção penal prevista no artigo 25 da Lei de Contravenções Penais�. É o dispositivo: 
Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado por crime de furto ou roubo,ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legítima: 
Pena – Prisão simples, de 2 ( dois) meses a 1 ( um ) ano e multa. 
Crime de Opinião: estes se caracterizam pelo abuso da liberdade de expressão do pensamento, como a injúria, por exemplo, que é descrita pelo artigo 140 do Código Penal, que já fora por nós transcrito anteriormente, quando falamos dos crimes unissubsistentes.
Crimes de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado: são aqueles crimes nos quais o tipo penal descreve várias formas de realização do crime. Podemos pegar como exemplo o artigo 122 do Código Penal que pune a instigação, o induzimento ou o auxílio ao suicídio. Ou, pode-se citar também, como exemplo desta espécie de delito, o artigo 12 da Lei 6368/76 ( Lei de Tóxicos), que descreve várias maneiras de realização do crime de “tráfico de entorpecentes”. Vamos dar uma olhada nos citados tipos penais: 
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio.
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça.
Pena – reclusão de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma, ou reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar. 
Pena – reclusão de 3 (três) a 15 (quinze) anos e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. 
Crimes Funcionais: crimes cometidos por funcionário público. Estes se subdividem em: 
a – crimes funcionais próprios: só podem ser cometidos por funcionário público. 
b – crimes funcionais impróprios: são aqueles que também podem ser cometidos por particular, mas com outra rubrica, outro nomem juris. 
Por exemplo se um funcionário público se apropriar indevidamente de coisa móvel pertencente à Administração, estará cometendo o crime de peculato. O particular, se cometer tal ato, também estará praticando um crime, mas não o de peculato, e sim o de apropriação indébita. 
A propósito: para que se possa compreender melhor o que estamos dizendo, convém darmos uma olhada nos dispositivos legais que incriminam, respectivamente, a apropriação indébita. Vamos aos dispositivos:
Apropriação Indébita
Art. 168. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou detenção.
Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.
Peculato
Art.312. Apropriar-se, o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio. 
Pena – reclusão de 2 (dois) a 12 (doze) anos e multa.
Delitos de fato permanente ( delicta facti permanentis) – são os delitos que deixam vestígio, sendo que, no que toca à esta espécie de delitos, cumpre observar o que preceitua o artigo 158 do Código de Processo Penal, que assim pode ser transcrito: 
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
Delitos de fato transeunte ( delicta facti transeuntis) – são infrações penais que não deixam vestígios. 
Delito Putativo ( imaginário ou erroneamente suposto): em breves linhas, pode-se afirmar que estes compreendem os casos em que o agente pensa que cometeu um crime, mas na verdade realizou um irrelevante penal. Tal como ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o delito putativo não é uma espécie de crime, mas sim uma maneira de expressão para designar casos de não-crime. 
A propósito: O delito putativo se divide em: 
a – delito putativo por erro de tipo: este ocorrerá quando a errônea suposição, a falsa valoração do agente recair sobre os elementos do crime. Nestes casos, tal como ensina-nos o Profº. Damásio, o agente crê violar uma norma realmente existente, mas à sua conduta faltam elementares do tipo. 
Saiba que: exemplo clássico desta espécie de delito putativo é o caso de um sujeito que, pretendendo furtar o chapéu de outrém, acaba pegando o próprio chapéu. Neste caso, ele “pensa estar furtando”, mas sua conduta não tem nenhuma importância para o Direito Penal. 
b – delito putativo por erro de proibição: nestes casos, o agente supõe violar uma norma penal que, na verdade, não existe. Aqui, o erro do agente recai sobre a ilicitude da conduta. Seria o caso, por exemplo, do pai que, ao manter relações sexuais consentidas com sua filha de 25 anos pensa estar adentrando na zona do ilícito penal quando, em verdade, sua conduta é penalmente irrelevante, uma vez que o incesto não é descrito como crime por nenhum diploma legal . Pode ser uma conduta moral e socialmente reprovável, mas não é “crime”. 
c – delito putativo por obra de agente provocador ( crime de flagrante provocado): também conhecido como delito de ensaio, delito de experiência. Esta espécie de delito putativo ocorrerá quando alguém, de forma insidiosa, provoca o agente à prática do crime, ao mesmo tempo que toma providências para que o mesmo não se consume. Nestes casos não há que se falar em existência de crime, por parte do agente induzido, ante a ausência de espontaneidade. 
A propósito: tal como ensina-nos o Profº. Nelson Hungria, nesses casos, somente na aparência é que o ocorre um crime exteriormente perfeito, posto que, na realidade, seu autor é apenas protagonista inconsciente de uma comédia.
Saiba que: sobre os “delitos putativos” mais se falará no momento oportuno.
Questão – Problema
Um primo seu, que não cursou a faculdade de Direito, chega, num churrasco em família e lhe diz: 
Primo, outro dia eu estava assistindo um debate jurídico na televisão, do qual participavam um advogado e um promotor de justiça. Eles usaram alguns termos durante o debate que eu nunca tinha ouvido falar, e nem imagino o que significam. Falaram, por exemplo, em “crimes de ação múltipla ou conteúdo variado”. O que significa isto primo ? Você pode me dar um exemplo de um desses tais “crimes de ação múltipla ou conteúdo variado? 
E antes mesmo que você respondesse, ele ainda lhe diz: 
Falaram também os debatedores, sobre uns tais “crimes de concurso necessário” e “delitos putativos”. Primo, será que você também pode me explicar o que significam estes termos ? 
O que você, como futuro penalista, responderia ao seu curioso primo ? 
 
Quadro Sinóptico 
1. Não podemos confundir a qualificação legal dos crimes com a qualificação doutrinária dos crimes. Vamos relembrar a diferença entre estas duas modalidades de qualificação:
Qualificação legal dos Crimes: é o nomem juris ( nome jurídico) da infração. Por exemplo: quem ofende a integridade física ou a saúde de outrém ( art. 129, Caput) pratica o crime com nome jurídico de lesões corporais. 
Qualificação Doutrinária: esta é o nome dado pela doutrina ao fato delituoso, e tais classificações doutrinárias são resultado de um trabalho construtivo de sistematização científica da teoria do crime. 
2. Vamos relembrar, de forma resumida, as espécies da crime das quais falamos na presente aula: 
Crimes Comuns e Especiais: Crimes comuns são os descritos no Direito Penal Comum, na parte especial do próprio Código Penal, que se inicia no artigo 121 do referido diploma legal. E crimes especiais são os definidos no Direito Penal Especial, como por exemplo os delitos elencados na Lei de Proteção ao Meio Ambiente ( Lei 9.605 / 98), que são os crimes denominados pela doutrina de “crimes contra o meio ambiente”. 
Crimes Comuns e Próprios: esta é uma classificaçãoque tem por base o sujeito ativo da infração penal, e assim, aqui, o conceito de crime comum não se confunde com o conceito supramencionado. Para esta classificação os crimes comuns são os que podem ser praticados por qualquer pessoa ( furto, estelionato, homicídio), e os chamados, Crimes Próprios são aqueles que exigem certas condições especiais do sujeito ativo, e portanto, só podem ser cometidos por uma determinada categoria de pessoas. 
Crimes de Mão Própria: São os delitos que só podem ser cometidos pelo sujeito em pessoa ( VG: falso testemunho, prevaricação). Tais delitos são tipificados de tal maneira pelo legislador que o autor só pode ser quem esteja em situação de realizar imediata e corporalmente a conduta punível. 
Lembre-se que: nos crimes próprios o sujeito ativo pode determinar a outrem sua execução, enquanto que nos crimes de mão própria, ninguém pode cometê-los por intermédio de outrém. 
Crimes de Dano: são os delitos que exigem uma efetiva lesão ao bem jurídico tutelado, protegido, pela norma penal. Tais delitos só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico. 
Crimes de Perigo: esta espécie de delitos se consumam apenas com a possibilidade de dano. Segundo o Prof. Fernando Capez, para a consumação dos crimes perigo, “basta a possibilidade do dano, ou seja, a exposição do bem a perigo de dano. 
Crimes Materiais: são crimes que só se consumam com a produção do resultado naturalístico, como por exemplo, o homicídio, que só se consuma com a morte da vítima. Nesta espécie de delito o legislador descreve a conduta do autor e a modificação causada no mundo exterior por tal conduta. 
Crimes Formais: nestes delitos o tipo não exige a produção do resultado naturalístico para a consumação da infração, embora seja possível sua ocorrência. Como bem assevera o Profº. Fernando Capez, o resultado naturalístico, nos crimes formais, embora possível, é irrelevante para que a infração penal se consume. 
Crimes de Mera Conduta: nesses casos o resultado naturalístico, além de irrelevante, é inexistente. No caso de violação de domicílio ( art. 150) ou desobediência ( art.330), por exemplo, não existe nenhum resultado que provoque modificação no mundo concreto. Nesses casos o legislador apenas descreve o comportamento do agente. 
Crimes Comissivos: são os delitos praticados por meio de uma ação, de um comportamento positivo, de um fazer. 
Crimes Omissivos: são os crimes praticados por meio de uma omissão, de uma abstenção de um determinado comportamento, de um não fazer. 
Lembre-se que: os crimes omissivos, se subdividem em: 
a – crimes omissivos próprios: estes também são denominados crimes “de pura omissão”, e tais delitos se concretizam com a simples abstenção da realização de um ato, independentemente de um resultado posterior. 
b – Crimes Omissivos Impróprios: estes também são denominados de comissivos por omissão. Nestes casos o sujeito, através da abstenção de um comportamento devido permite a produção de um resultado posterior, que é imprescindível para a existência desta espécie de delitos. Nestes casos, tal com enfatiza o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, via de regra, a simples omissão não constitui crime. 
 
Crimes Instantâneos: se consumam em um dado momento, sem continuidade temporal. 
Crimes Permanentes: nestes delitos o momento consumativo se prolonga no tempo. 
Crimes Instantâneos de efeitos permanentes: consuma-se em um dado instante, mas seus efeitos se perpetuam no tempo. 
Crime Continuado: o conceito desta espécie de crime, prevista no artigo 71, Caput, do Código Penal, pode assim ser sistematizado: 
a - agente, mediante mais de uma ação ou omissão; 
b - pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, sendo que; 
c - pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro. 
Crime Principal: existe independente de outros ( furto, por exemplo) 
Crime acessório: depende de outro crime para existir, como a receptação, por exemplo, que pressupõe um crime anterior para sua consumação. 
Crime Simples: apresenta um tipo penal único. 
Crime Complexo: resulta da fusão de dois ou mais tipos penais. Cite-se como exemplo o latrocínio, que nada mais é do que a fusão entre os crimes de roubo e homicídio.
Crime Progressivo: este ocorrerá quando o sujeito, para alcançar a produção de um resultado mais grave, passa por outro, menos grave. 
Progressão Criminosa: nesta hipótese o agente, inicialmente, deseja produzir um resultado e, após consegui-lo, resolve prosseguir na violação do bem jurídico, produzindo um outro crime mais grave. Seria o caso, por exemplo, do agente que quer ferir e depois resolve matar. 
Crime Unissubsistente: é o que se perfaz com um único ato, como por exemplo, a injúria verbal. 
Crime Plurissubsistente: é o que exige mais de um ato para sua consumação
Crime de Concurso Necessário ou plurissubjetivo: são aqueles que exigem a presença de mais de uma pessoa no polo ativo, exige-se a pluralidade de sujeitos ativos, como por exemplo o crime de rixa ( art. 137) e o de quadrilha ou bando ( art. 288). 
Crimes de Concurso Eventual ou Monossubjetivos: são aqueles que podem ser cometidos por um ou mais agentes. Para a tipificação da conduta, é irrelevante que ele tenha sido praticada por uma ou mais pessoas. 
Crime Consumado: quando nele se reúnem todos os elementos da figura típica, todos os elementos de sua definição legal. Tal modalidade de crime é conceituada pelo artigo 14, I do Código Penal. É também denominado de “crime perfeito”. 
Crime Tentado: diz-se crime tentado quando, iniciada a execução, ele não se consuma por vontades alheias ä vontade do agente. Estes são definidos pelo artigo 14, II do Código penal e também são denominados de “crime imperfeito”
Crime Exaurido: o exaurimento representa um “plus” em relação ao resultado propriamente dito. Em linhas gerais, pode-se dizer que o crime exaurido é aquele que produz efeitos, mesmo após a produção do resultado, como no caso do falso testemunho, por exemplo, que é tipificado pelo artigo 342 do Código Penal, no qual o agente, após ter mentido em juízo, beneficia o réu, que vem a ser absolvido. 
Crime Vago: aquele que tem sujeito passivo indeterminado, tem por sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, como por exemplo, a comunidade em seu pudor, no caso de crime de ato obsceno, que é descrito pelo artigo 233 do Código Penal. 
Crimes Conexos: pode ocorrer que um sujeito pratique vários crimes, sem que entre esses delitos haja qualquer ligação, esses seriam, segundo o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, “crimes independentes”. 
Em contrapartida: pode acontecer que entre os delitos praticados exista um liame, um nexo. Tal como leciona o penalista supracitado, o sujeito pode cometer um crime para ocultar outro, por exemplo. 
Sendo que: segundo a melhor doutrina, existem três tipos de conexão, a saber: 
a – Conexão teleológica ou ideológica: nesta modalidade estão inseridos os casos em que um crime é praticado para assegurar a execução de outro. Seria o caso, por exemplo, do sujeito que mata o marido para estuprar a esposa. 
Perceba que: neste exemplo, o homicídio é o que se denomina de crime-meio e o estupro é o que se denomina crime-fim. 
b – Conexão conseqüencial ou causal: quando um crime é praticado para assegurar a ocultação, impunidade ou vantagem de outro. Podemos citar como exemplo desta espécie de delito a execução da única testemunha ocular de um roubo, que seria capaz de fazer prova contra o agente. 
c – Conexão ocasional: ocorrerá quando um crime for praticado por ocasião da prática de outro. Seria o caso, por exemplo, do sujeito que, após ter estuprado a vítima, resolve subtrair seu relógio. 
Crime de Mera Suspeita: também são denominados de “crimes sem ação”. Nesta espécie de delito o autor é punido pela mera suspeita despertada. 
Crime de Opinião: estes se caracterizam pelo abuso da liberdade de expressão do pensamento, como a injúria, por exemplo, queé descrita pelo artigo 140 do Código Penal, que já fora por nós transcrito anteriormente, quando falamos dos crimes unissubsistentes.
Crimes de Ação Múltipla ou Conteúdo Variado: são aqueles crimes nos quais o tipo penal descreve várias formas de realização do crime. Podemos pegar como exemplo o artigo 122 do Código Penal que pune a instigação, o induzimento ou o auxílio ao suicídio. Ou, pode-se citar também, como exemplo desta espécie de delito, o artigo 12 da Lei 6368/76 ( Lei de Tóxicos), que descreve várias maneiras de realização do crime de “tráfico de entorpecentes”. Vamos dar uma olhada nos citados tipos penais: 
Crimes Funcionais: crimes cometidos por funcionário público. Estes se subdividem em: 
a – crimes funcionais próprios: só podem ser cometidos por funcionário público. 
b – crimes funcionais impróprios: são aqueles que também podem ser cometidos por particular, mas com outra rubrica, outro nomem juris. 
Delitos de fato permanente ( delicta facti permanentis) – são os delitos que deixam vestígio. 
Delitos de fato transeunte ( delicta facti transeuntis) – são infrações penais que não deixam vestígios. 
Delito Putativo ( imaginário ou erroneamente suposto): em breves linhas, pode-se afirmar que estes compreendem os casos em que o agente pensa que cometeu um crime, mas na verdade realizou um irrelevante penal. Tal como ensina-nos o Profº. Damásio Evangelista de Jesus, o delito putativo não é uma espécie de crime, mas sim uma maneira de expressão para designar casos de não-crime. 
Lembre-se que: O delito putativo se divide em: 
a – delito putativo por erro de tipo: este ocorrerá quando a errônea suposição, a falsa valoração do agente recair sobre os elementos do crime. 
b – delito putativo por erro de proibição: nestes casos, o agente supõe violar uma norma penal que, na verdade, não existe. Aqui, o erro do agente recai sobre a ilicitude da conduta. Seria o caso, por exemplo, do pai que, ao manter relações sexuais consentidas com sua filha de 25 anos pensa estar adentrando na zona do ilícito penal quando, em verdade, sua conduta é penalmente irrelevante, uma vez que o incesto não é descrito como crime por nenhum diploma legal . Pode ser uma conduta moral e socialmente reprovável, mas não é “crime”. 
c – delito putativo por obra de agente provocador ( crime de flagrante provocado): também conhecido como delito de ensaio, delito de experiência. Esta espécie de delito putativo ocorrerá quando alguém, de forma insidiosa, provoca o agente à prática do crime, ao mesmo tempo que toma providências para que o mesmo não se consume. Nestes casos não há que se falar em existência de crime, por parte do agente induzido, ante a ausência de espontaneidade. 
 
� - VG: Sujeito ativo, passivo, objeto material do delito, resultado, momento consumativo, etc...
� - Vide, como exemplo, o artigo 292 do CP. 
� - Exemplos: art. 130, caput, 137 e 250.
� - Note que tal artigo não está inserido no Código Penal e sim no Código de Processo Penal. 
� - Decreto-Lei 3688/41
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