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História - Soldado PM - Polícia Militar do Pará

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HISTORIA 
- SOLDADO PM - 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
- LEI 5.810/94 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 Nenhum conteúdo aqui mencionado deve ser interpretado como a concessão 
de licença ou direito de qualquer patente, direito autoral ou marca comercial da 
Loja do Concurseiro. 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
3 
 
 
PROGRAMA: 
 
HISTÓRIA GERAL 
1. Primeira Guerra Mundial. 
2. O nazi-fascismo e a Segunda Guerra Mundial. 
3. A Guerra Fria. 
4. Globalização e as políticas neoliberais. 
 
HISTÓRIA DO BRASIL 
1. A Revolução de 1930 e a Era Vargas. 
2. As Constituições Republicanas. 
3. A estrutura política e os movimentos sociais no 
período militar. 
4. A abertura política e a redemocratização do Brasil. 
5. Canudos. 
6. Cabanagem. 
 
 
 
HISTÓRIA DO BRASIL 
 
 
A ERA VARGAS 
 
ANTECEDENTES: A CRISE DOS ANOS 20 E A 
REVOLUÇÃO DE 1930 
O período da República Velha que vai de 1919 a 1930, 
foi marcado pela crise da dominação oligárquica: O país 
passou por grandes transformações econômicas e 
sociais, com a crise do café e o desenvolvimento da 
industrialização. Novas camadas sociais despontaram, 
demonstrando sua insatisfação com o predomínio da 
oligarquia cafeeira, que usava o governo para defender 
seus interesses particulares. 
As classes médias urbanas estavam insatisfeitas com 
sua exclusão do poder político e reivindicavam voto 
secreto e moralização eleitoral. O proletariado lutava 
por melhores condições de vida e por garantias 
trabalhistas. A burguesia industrial pleiteava políticas 
para o desenvolvimento industrial. E até mesmo alguns 
setores da oligarquia rural estavam insatisfeitos, 
constituindo grupos dissidentes, unindo-se à oposição 
no combate ao monopólio cafeicultor sobre a vida 
política nacional. 
Esse quadro de insatisfação manifestou-se, em termos 
políticos, na irrupção do tenentismo e, em termos 
culturais, na Semana de Arte Moderna, desembocando 
na Revolução de 1930, que pôs fim à República Velha. 
 
O TENENTISMO 
A década de 20 no Brasil foi marcada por uma crise 
política, assinalada pela revolta da oficialidade jovem 
(cadetes, tenentes e capitães do exército), 
genericamente chamados de tenentes, daí o nome 
dado a seu movimento – tenentismo. 
Os militares estavam afastados do poder desde o final 
do governo de Floriano. Reapareceram na cena política 
por ocasião da eleição de Hermes da Fonseca (1910), 
mas subordinados as oligarquias mineira e gaúcha, que 
lançaram a candidatura do marechal. No pleito 
seguinte, São Paulo e Minas Gerais voltaram a ter a 
hegemonia sobre a política nacional (política do café-
com-leite). 
Os militares estavam insatisfeitos com o abandono do 
exército e com o papel subalterno exercido nos 
esquemas de poder. Segundo Boris Fausto, o 
comportamento rebelde dos tenentes guarda também 
alguma relação com o descontentamento das classes 
médias, pois eram em sua maioria oriundos das 
camadas médias urbanas. 
Influenciados por ideais nacionalistas e industrialistas, 
os tenentes desenvolveram um programa de ação que 
continha elementos progressistas e conservadores, pois 
se de um lado lutavam contra a corrupção eleitoral, 
pregando o voto secreto e reformas no ensino; de outro 
lado, eram elitistas e autoritários, fazendo um 
movimento desvinculado das camadas populares, pois 
para eles o povo "era despreparado e inculto". 
A campanha sucessória de Epitácio Pessoa foi 
particularmente agitada, pois o candidato situacionista, 
Artur Bernardes, contou com a forte oposição civil e 
militar. Os Estados do Rio Grande do Sul, Bahia, 
Pernambuco e Rio de Janeiro organizaram a Reação 
Republicana, lançando Nilo Peçanha como candidato. 
HISTORIA 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
- LEI 5.810/94 
 
 
4 
Mas, Artur Bernardes saiu vencedor, fazendo eclodir 
uma revolta dos jovens oficiais do Forte de Copacabana, 
com o apoio de guarnições do Mato Grosso. A rebelião, 
que pretendia impedir a posse do presidente eleito, 
fracassou e os "18 do forte", isolados e cercados, 
decidiram abandonar o forte e marchar pela praia de 
Copacabana, para combater as forças legalistas. Nesta 
luta suicida, sobreviveram apenas dois dos 18 
revoltosos, Siqueira Campos e Eduardo Gomes. 
O governo de Artur Bernardes, iniciado em 15 de 
novembro de 1922, foi marcado por permanente estado 
de sítio, constantes agitações e revoltas políticas. Suas 
medidas autoritárias, restringindo as liberdades 
individuais e estabelecendo censura para a imprensa, 
além das frequentes transferências de oficiais, 
provocaram novos levantes tenentistas. 
A 5 de julho de 1924 eclodiu o segundo movimento 
tenentista, em São Paulo, recebendo as denominações 
de Revolução Tenentista de 1924 ou Revolução Paulista 
de 1924, sob o comando do general Isidoro Dias Lopes. 
Os revoltosos ocuparam a cidade por 23 dias, 
apresentando um programa de reivindicações que 
incluía o voto secreto e a obrigatoriedade do ensino 
primário. Bombardeados pelos exércitos legalistas, os 
revoltosos retiraram-se para o sul, onde uniram-se às 
tropas gaúchas lideradas por Luís Carlos Prestes e Mário 
Fagundes Varela. Surgia aí, em 1925, a organização da 
"guerra em movimento", que ficou conhecida 
historicamente como Coluna Prestes. 
A Coluna Prestes percorreu mais de 24 mil quilômetros, 
contando com cerca de 1500 guerrilheiros. 
Enfrentaram as tropas legalistas em mais de cem 
combates, durante dois anos e meio. Seu objetivo de 
sublevar as populações do interior contra o governo de 
Artur Bernardes e o poder das oligarquias não foi 
alcançado. Em 1927, com a posse do novo presidente, 
Washington Luís, a Coluna entrou na Bolívia, onde 
dissolveu-se. 
 
 O Golpe de 1930 
 Na década de 20 a economia brasileira estava 
assentada basicamente na monocultura cafeeira, 
produzido cerca de 60% do café mundial. Os Estados 
maiores produtores de café, São Paulo, Minas Gerais, 
também controlavam a vida política nacional, 
garantindo uma política de valorização do café baseada 
no financiamento e na retenção dos estoques 
excedentes de café, mantendo assim os preços 
estabilizados. 
O ônus desta política de defesa do café era de toda a 
sociedade, pois o governo emitia mais moedas e 
contraía cada vez mais empréstimos do exterior. em 
1929, o Brasil contava com quase 19 milhões de sacas 
de café estocadas, subindo para cerca de 28 milhões em 
1930. 
Para as indústrias brasileiras a década de 20 também foi 
um período sombrio. 
Este quadro agravou-se com a crise mundial do 
capitalismo liberal, cuja explosão foi assinalada pelo 
craque da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929. 
Os EUA despontaram como potência mundial, a partir 
da Primeira Guerra Mundial, sendo, em 1929, 
responsáveis por 44,8% da produção industrial mundial. 
Sua produção mundial cresceu nos anos 20, superando 
em muito o crescimento da capacidade de consumo da 
sociedade.Apesar da saturação do mercado, as 
indústrias continuaram a aumentar sua capacidade 
produtiva, provocando a queda dos preços. 
Foi na Quinta-feira, 29 de Outubro de 1929. Que a 
dúvida sobre o real valor das ações comercializadas na 
Bolsa gerou o pânico, fazendo com que cerca de 16 
milhões de títulos fossem lançados no mercado ao 
mesmo tempo, provocando a quebra da bolsa de Nova 
York. Seus reflexos foram terríveis para a economia 
mundial, por falta dos laços de dependência dos demais 
países para com o capital norte americano. 
No Brasil, por exemplo, milhões de sacas de café foram 
queimadas, pois os EUA eram nossos principal 
consumidor e financiador. As importações norte 
americanas diminuíram, os financiamentos foram 
suspensos e as dívidas foram cobradas. O preço do café 
caiu 57% e a valorização do café se inviabilizou. Os 
cafeicultores foram arruinados a política paulista 
enfraqueceu. 
 
O GOVERNO DE WASHINGTON LUÍS 
Washington Luís era indicado pela elite paulista, 
portanto continuador da tradicional política do café-
com-leite. Seu governo, iniciado em Novembro de 1926, 
pôs fim ao permanente estado de sitio que marcou o 
governo de seu antecessor, libertou presos políticos e 
deu maior liberdade à imprensa, construiu estradas e 
reformou as finanças. 
O Partido Comunista, na ilegalidade desde 1922, ano de 
sua fundação, passou a atuar com maior liberdade, 
enquanto surgiam outras forças políticas, como o 
Partido democrático Nacional, fundado por dissidentes 
paulistas e gaúchos, em 1927. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
5 
Foi no processo sucessório de Washington Luís que a 
crise da política do café-com-leite se evidenciou. Sendo 
paulista, o presidente deveria lançar um candidato 
mineiro à sua sucessão. Mas, Washington Luís, 
preocupado com a continuidade de sua política 
financeira e de valorização do café, preferiu lançar 
outro candidato paulista, Júlio Prestes, rompendo o 
acordo político com Minas Gerais. 
O Governo de Minas Gerais reagiu, unindo-se ao Rio 
Grade do Sul e à Paraíba na Aliança Liberal, que lançou a 
candidatura do então governador gaúcho, Getúlio 
Vargas, para a presidência da República, tendo como 
vice o paraibano João Pessoa. A Aliança Liberal 
apresentou um programa político capaz de sensibilizar a 
massa urbana, inclusive os tenentes, por defender o 
voto secreto, a anistia política, a criação de leis 
trabalhistas e a redução da jornada de trabalho. 
Mas, o candidato paulista, Júlio Prestes, saiu vencedor, 
graças à atuação da máquina eleitoral oligárquica e às 
pressões econômicas que o governo federal exerceu 
contra os Estados opositores. Esta vitória foi 
duramente contestada e a insatisfação nacional se 
acentuou. 
 
Vargas Chega ao Poder 
A questão sucessória do Presidente Washington Luís 
provocou a cisão da oligarquia dominante e foi o 
estopim de uma revolução, que derrubou a República 
Velha. A partir dessa revolução, o governo passou a ser 
exercido por outro bloco de poder, do qual participaram 
as mais diversas frações da classe dominante: burguesia 
industrial, comercial, financeira, aristocracia agrária, 
etc. Pode-se afirmar que nenhuma dessas frações 
conseguiu impor a sua hegemonia sobre o processo 
político. 
Para as eleições presidenciais que escolheria o sucessor 
de Washington Luís, era a vez de Minas Gerais indicar o 
candidato, mas o presidente, ligado à oligarquia de São 
Paulo, indicou o paulista Júlio Prestes, que garantia a 
continuidade da política de valorização do café. A crise 
mundial de 1929 afetou sobremaneira a cafeicultura 
paulista, pois houve queda do preço do café. 
Os mineiros, que esperavam a indicação de Antônio 
Carlos, presidente de Minas Gerais, romperam sua 
aliança com São Paulo e, juntamente com o Rio Grande 
do Sul e a Paraíba, criaram um novo partido, a Aliança 
Liberal, que lançou a candidatura de Getúlio Vargas, ex-
ministro da Fazenda e presidente do Rio Grande do Sul. 
O candidato a . vice-presidente era o paraibano João 
Pessoa. 
A Aliança Liberal, em sua campanha política, 
concentrou suas forças nos grandes centros urbanos, 
buscando, assim, a adesão : das novas classes sociais 
emergentes: a burguesia industrial e o operariado. Aos 
operários prometia satisfazer suas reivindicações, tais 
como: férias remuneradas, regulamentação do trabalho 
da mulher e da criança e ampliação do direito de 
aposentadoria. Além disso, suas propostas de anistia 
aos presos políticos e de instituição do voto secreto 
trouxeram-lhe o apoio dos líderes tenentistas. 
Realizada as eleições, em março de 1930, Júlio Prestes 
foi declarado vencedor, mas a ala mais radical da 
oposição, alegando fraude eleitoral, iniciou a 
organização de um movimento para derrubar 
Washington Luís pelas armas. Em julho do mesmo ano, 
o assassinato de João Pessoa, no Recife, por um 
adversário político, contribuiu para dar mais força à 
oposição. 
Tropas do Rio Grande do Sul marcharam em direção ao 
Rio de Janeiro. No Nordeste, a rebelião teve à frente 
Juarez Távora que liderou o início da rebelião, que 
abrangeu vários estados (Paraíba, Rio Grande do Norte, 
Ceará, Maranhão, Alagoas, Sergipe e Piauí). São Paulo, 
Rio, Pará e Bahia continuaram ao lado do governo. 
No decorrer dos quinze anos em que governou o Brasil, 
Getúlio foi chefe do Governo Provisório (1930-1934); 
presidente constitucional, eleito por via indireta (1934-
1937), e ditador de uma ordem autoritária conhecida 
como Estado Novo (1937-1945). 
 
O Governo Provisório (1930- 34) 
Logo que assumiu o poder, Getúlio Vargas dissolveu o 
Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e as 
Câmaras Municipais e nomeou interventores para os 
estados, com amplos poderes. Dois novos ministérios 
foram criados, o do Trabalho, Indústria e Comércio e o 
da Educação e Saúde. 
Demonstrando o seu autoritarismo, desde o início, 
Vargas controlou os meios de comunicação e os 
sindicatos. Estes, para funcionar, precisavam da 
autorização do Ministério do Trabalho e a sua atividade 
política ficou proibida. 
No seu governo foram aprovadas algumas leis 
trabalhistas: regulamentação do trabalho feminino e 
infantil; descanso semanal remunerado; férias 
remuneradas; e jornada de trabalho de oito horas 
diárias. 
 
 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
- LEI 5.810/94 
 
 
6 
A Revolução Constitucionalista 
Com a Revolução de 30, São Paulo perdeu sua 
hegemonia na política nacional e até mesmo o governo 
do estado passou para o controle de Getúlio Vargas. Em 
1932, tentando retomar o poder, os paulistas 
desencadearam um movimento revolucionário. São 
Paulo enfrentava também, além da crise do café, a 
falência de várias indústrias, desemprego e greves 
operárias, que exigiam a aplicação das leis trabalhistas. 
Quando Getúlio nomeou como interventor de São Paulo 
o militar pernambucano João Alberto Lins de Barros, os 
ânimos se acirraram contra o governo federal. Os 
Partidos Democrático e Republicano Paulista se uniram, 
formando a Frente Única, que exigia, a autonomia 
política para São Paulo e a reconstitucionalização do 
país, com a convocação de uma Assembleia Nacional 
Constituinte, já que a Revolução havia declarado extinta 
a Constituição de 1891. A Frente recebeu adesão de 
militares e industriais. 
Devido à pressão que sofreu, Vargas nomeou um novo 
interventor para São Paulo, agora civil e paulista, Pedro 
de Toledo, e marcou o dia para as eleições dos 
membros da Assembleia Constituinte. 
Apesar dessas concessões, a oligarquia paulista 
continuou reagindo, pois queria controlar o poder e 
fazer uma política efetivamente favorável ao café. O 
preço desse produto continuava em queda, o que levou 
o governo a adquirir e queimar os estoques desse 
produto. Os conflitos ganharam as ruas não só da 
capital do estado como de muitas cidades do interior. 
Em uma das manifestações contra o governo de Getúlio, 
foram mortos na cidade de São Paulo os estudantes 
Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, o que deu 
origem à siglaMMDC, que foi usa; da para denominar 
um grupo radical contra Getúlio. 
Em 9 de julho eclodiu a Revolução Constitucionalista. As 
forças paulistas foram comandadas pelo general Isidoro 
Dias Lopes. Depois de cerca de três meses de revolução, 
os paulistas foram derrotados pelas tropas federais. 
 
A Constituição de 1934 
Em maio de 1933, foi eleita a Assembleia Constituinte e, 
em 1934, foi promulgada uma nova Constituição que 
tinha como características principais: garantia da 
autonomia dos estados, mandato presidencial de 
quatro anos, sendo o primeiro eleito por via indireta, 
voto universal secreto, direito de voto à mulher, 
instituição do salário mínimo, jornada de oito horas de 
trabalho, descanso semanal e férias remuneradas, 
proibição do trabalho de menores de 14 anos de idade, 
indenização por dispensas sem justa causa, e deputados 
classistas. A Assembleia Constituinte também elegeu o 
presidente da República e Getúlio foi confirmado no 
cargo, agora como presidente constitucional. 
 
O Governo Constitucional (1934/37) 
Esse período foi marcado peio surgimento de duas 
correntes político-ideológicas antagônicas: 
• Ação Integralista Brasileira, de inspiração fascista, 
que tinha como líder Plínio Salgado. Contou com o 
apoio dos setores conservadores da sociedade. 
• Aliança Nacional Libertadora, que agregava os 
elementos de esquerda, com orientação marxista, 
liderada por Luís Carlos Prestes, chefe do Partido 
Comunista e, como frente antifascista, contava com o 
apoio dos liberais. 
O declínio do tenentismo. Desde a constituinte (1933) e 
a promulgação da constituição (1934), o tenentismo 
estava em declínio. Esse movimento, um dos mais 
radicais e reformistas da República Velha, foi também a 
mais séria tentativa de superar o domínio das 
oligarquias estaduais. Todavia, ideologicamente, o 
tenentismo era desprovido de coerência; da mesma 
forma não tinha nenhum programa político 
suficientemente claro, que mobilizasse setores 
significativos da sociedade para a reorganização do país. 
Em 1934, o tenentismo já tinha deixado de existir como 
movimento organizado. Em seu lugar, novas 
organizações políticas começaram a surgir, 
influenciadas pelos acontecimentos europeus. 
 
A Conjuntura Internacional. 
Após o término da primeira guerra mundial (1914 – 
1918) começaram a se fortalecer na Europa as 
tendências políticas contrárias aos ideais burgueses 
nascidos no século XVIII: o liberalismo e a democracia. A 
ideologia burguesa passou a ser criticada tanto pela 
direita (fascismo e nazismo) como pela esquerda 
(marxismo). A primeira crítica não era revolucionária e 
buscava, através de um regime ultranacionalista, 
belicoso e ditatorial, uma saída para a crise do 
capitalismo, sem contudo o destruir. A segunda, 
revolucionária, preconizava a superação do capitalismo, 
com a tomada do poder pela classe operária e a 
transformação da sociedade. Em outras palavras, o fim 
da propriedade privada dos meios de produção e da 
exploração do trabalho assalariado. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
7 
Essas duas tendências políticas (ultra-reacionária e 
revolucionária) estavam em luta acirrada durante o 
período entre guerras e refletiram-se no Brasil com a 
formação da Ação Integralista Brasileira (tendência 
fascista) e da Aliança Nacional Libertadora (tendência 
esquerdista). 
Esses dois partidos eram bem diferentes daqueles até 
então existentes, pois tinham um programa político 
bem delineado e haviam superado os antagonismos de 
regionais, substituindo-os pelos antagonismos de 
classes. Portanto, já não eram agrupamento político de 
defesa de um estado ou outro, de uma região ou outra. 
Ao contrário, defendiam claramente os pontos de vista 
de uma classe, independentemente da área geográfica. 
 
O INTEGRALISMO 
O integralismo surgiu no bojo dos acontecimentos 
europeus e era tributário do fascismo italiano. 
Doutrinariamente, o integralismo preconizava o 
governo ditatorial ultranacionalista, com base na 
hegemonia de um único partido, a Ação Integralista 
Brasileira (AIB), obediente a um único chefe. 
Os fundamentos doutrinais da AIB encontravam-se no 
manifesto à Nação Brasileira (1932), de autoria de Plínio 
Salgado, ex-integrante do PRP. Nele, o autor fazia a 
defesa da “Pátria, Deus, Família”, isto é, do 
“chauvinismo”, da “civilização cristã” e do 
“patriarcalismo”. A AIB encontrava apoio na oligarquia 
tradicional, na alta hierarquia militar, no alto clero, em 
suma, nos setores mais conservadores da sociedade. 
Tal como seu modelo europeu, a AIB utilizava-se do 
ódio aos comunistas para elevar a tenção emocional de 
seus partidários. O “perigo vermelho” era visto por toda 
a parte, o que mantinha a permanente vigilância e o 
fervor partidário. 
Entre 1932 e 1935, quando os efeitos da crise de 1929 
se faziam sentir com intensidade e as agitações 
esquerdistas começavam a tomar corpo, os integralistas 
formaram, como na Itália, grupos paramilitares que 
agiam com violência para dissolver as manifestações 
esquerdistas. 
 
A ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA 
A ascensão dos totalitarismos de direita, quase por toda 
a parte, motivou a formação de frentes antifascistas, 
com predomínio dos partidos comunistas em todos os 
países. Alias, a Terceira Internacional (Komintern) – 
reunião dos partidos comunistas de todo o mundo – 
havia preconizado essa tática na luta antifascista: 
aglutinar todos aqueles que, por uma razão ou outra, 
eram contrários ao fascismo. O Partido comunista do 
Brasil, fundado no início dos anos 20, adotou essa linha. 
A formação da frente anti-integralista resultou na 
Aliança Nacional Libertadora. Como presidente de 
honra da ANL foi eleito Luís Carlos Prestes, que rompera 
com o tenentismo para converter-se ao marxismo, 
passando rapidamente à cúpula dirigente do PCB. 
A ANL desde então cresceu vertiginosamente, 
despertando, em consequência o receio das camadas 
dirigentes. O próprio Getúlio Vargas, a fim de fortalecer 
o seu poder, serviu-se da ANL. Depois, através da 
intervenção policial, invadiu suas sedes e mandou 
prender seus líderes. Enfim, impediu a atuação da ANL 
na legalidade, forçando-a a passar para a 
clandestinidade. 
Por causa da repressão política, o PCB, movido pela alta 
radical, acabou optando pelo método insurrecional, 
dando origem à intentona comunista. 
A rebelião eclodiu prematuramente (23/11/1935) em 
Natal, no Rio grande do Norte, onde o batalhão em 
levante se uniu a populares, organizando o Comitê 
Popular Revolucionário. A repressão foi imediata, com o 
apoio da Polícia Militar e de fortes contingentes 
armados enviados pelos fazendeiros. Dois dias depois a 
insurreição foi esmagada. 
No dia 25, em Recife e Olinda, guarnições militares sob 
domínio comunista se sublevaram e também foram 
reprimidas em maiores dificuldades. 
O mesmo aconteceu no Rio de janeiro no dia 27 de 
novembro. Destacaram-se na época, como 
representantes das forças repressoras, Eduardo Gomes 
(um dos sobreviventes dos 18 do forte, 1922) e Eurico 
Gaspar Dutra. 
 
O Estado Novo 
Para combater os levantes comunistas, Getúlio Vargas 
decretou o estado de sítio em novembro, que se 
prolongou até o ano seguinte. Era o pretexto de que 
necessitava para conduzir o país à ditadura. Era um 
pretexto, porque Vargas sabia de antemão dos planos 
insurrecionais do PCB através de elementos da polícia 
infiltrados no partido. E serviu-se do levante comunista- 
mal concebido, mal planejado e mal executado, sem a 
mínima chance de vitória- para atingir objetivos 
pessoais. Utilizando o argumento da “ameaça 
comunista”, preparou, pacientemente, seu próprio 
caminho. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
- LEI 5.810/94 
 
 
8 
Quando se iniciou a campanha para a sucessão 
presidencial, a oligarquia paulista lançou o seu 
candidato, Armando de Sales Oliveira; os Getulistas 
defendiam a candidatura de José Américo de Almeida. 
Porém, nem um nem outro estava nos planos de 
Getúlio Vargas, pois ele pretendiacontinuar no poder. E 
tinha fortes argumentos para isso; contava com o apoio 
do general Góis Monteiro, chefe do estado-maior do 
Exército, e do general Dutra, seu ministro da guerra. 
O Plano Cohen (1937). Contudo, o Congresso Nacional, 
sentindo as manobras golpistas de Vargas, o impediu de 
renovar o estado de sítio. Para forçar a situação, Vargas 
simulou a farsa do Plano Cohen, de autoria duvidosa: 
tratava-se de um plano supostamente comunista, que 
visava ao assassinato de personalidades importantes, a 
fim de tomar o poder. Segundo a versão dos 
interessados na farsa, o documento fora “descoberto” e 
entregue a Góis Monteiro pelo Capitão Olímpio Mourão 
Filho, membro integralista. O nome plano Cohen foi 
dado por Góis Monteiro, responsável pela divulgação 
alarmista por toda a imprensa. 
Diante da “ameaça vermelha”, o governo pediu o 
estado de guerra, e o congresso concedeu. Criaram-se 
assim as condições para o golpe. Getúlio buscou e 
conseguiu o apoio do governador de Minas, Benedito 
Valadares; no nordeste, a missão Negrão de Lima 
consegui a adesão de vários estados. 
No dia 9 de novembro de 1937, Armando de Sales 
Oliveira apelou para as forças armadas, pedindo a 
manutenção da legalidade. Inutilmente, pois Francisco 
Campos, de tendência integralista e futuro ministro da 
justiça, já tinha sido encarregado de redigir a nova 
Constituição. Em 2 de dezembro de 1937, os partidos 
foram dissolvidos. Era o inicio do Estado Novo. 
 
A CONSTITUIÇÃO DE 1937 
A Ditadura Vargas . Apesar da inegável afinidade entre o 
novo regime, instituído pelo golpe de 1937, o regime 
dos Estados Fascistas europeus, certas características 
peculiares destes não apareceram na formação do 
Estado Novo. Nesse sentido, o decreto de 2 de 
dezembro de 1937, que dissolveu todos os partidos, é 
bem elucidativo. Comecemos com as razões do decreto. 
Segundo ele, os partidos, políticos eram “artificiosas 
combinações de caráter jurídico e formal” e tinham, 
“objetivos meramente eleitorais”. A crítica dirigia-se 
claramente aos partidos tradicionais herdados da 
República velha – expressões dos interesses locais e 
incapazes, portanto, de formar a “nação”. Por isso no 
decerto se afirmou que os partidos não correspondiam 
“aos reais sentimentos do povo”, pois “não possuem 
conteúdo programático nacional”. Essa última denuncia 
não era aplicável, no entanto, à AIB e à ANL, pois ambas 
haviam superado os partidos até então existentes por 
trazerem “conteúdo programático nacional”. 
Entretanto, contra a AIB e a ANL, as acusações seriam 
outras: elas espelhavam ideologias e doutrinas 
contrárias aos postulados do novo regime. Assim, uma 
vez que todos os partidos eram inadequados, a 
instauração do novo regime foi a solução ideal pois fora 
afundado em nome da nação para atender às suas 
aspirações e necessidade, devendo estar em contato 
direto com o povo. 
Portanto, o pano de fundo da ideologia do Estado Novo 
foi o mito da nação e do povo, duas entidades abstratas 
que por si sós não significam absolutamente nada. Na 
realidade, esse foi o momento em que, através da 
ditadura se procurou cumprir os localismos e viabilizar 
um projeto realmente nacional. 
Identificando nação e povo, e ambos com o ditador, 
sem a distancia interposta dos partidos, o Estado Novo 
tinha a ilusão de que finalmente o povo governaria a si 
próprio e a nação se reencontraria. O ditador era então 
a encarnação viva do povo e da nação. 
A carta outorgada de 1937 teve como principal autor 
Francisco Campos e caracterizou-se pelo predomínio do 
poder executivo, considerado o “órgão supremo do 
estado”, usurpando até as prerrogativas do legislativo. 
O presidente foi definido como a “autoridade suprema 
do estado, coordena os órgãos representativos de grau 
superior, dirige a política interna e externa, promove e 
orienta a política legislativa de interesse nacional e 
superintende a administração do país”, conforme o 
texto constitucional. Passou ater completo controle 
sobre os estados, podendo a qualquer tempo nomear 
interventores. 
Instituiu-se ainda o estado de emergência, que permitia 
o presidente suspender as imunidades parlamentares, 
prender, exilar e invadir domicílios; para completar, 
instaurou-se novamente a pena de morte e legalizou-se 
a censura para os meios de comunicação – jornais, 
rádio e cinema. O poder legislativo seria composto pelo 
presidente da República, pelo Conselho Nacional (que 
substituiu o Senado) e pelo Parlamento Nacional 
(Câmara dos Deputados). 
O Parlamento Nacional, com 3 a 10 representantes por 
estado, seria eleito por voto indireto (vereadores das 
Câmaras Municipais e 10 eleitores por voto direto). 
O Conselho Nacional seria composto por um 
representante de cada estado, eleito pelas Assembleias 
Estaduais, e por 10 membros nomeados pelo 
presidente, com mandatos de 6 anos. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
9 
Sob a aspiração do estado corporativo do regime 
fascista italiano, a nova Constituição criou o Conselho 
da Economia Nacional, composto pelos representantes 
da produção – indicados por associações profissionais e 
sindicatos reconhecidos por lei – com representação 
paritária de empregados e sob a presidência de um 
ministro de Estado. O Conselho da Economia Nacional 
tinha função de assessoria técnica, visando obter a 
colaboração das classes, a racionalização da economia e 
a promoção do desenvolvimento técnico. Tudo isso 
significava também que o Estado iria intervir e dirigir a 
economia nacional. 
A carta outorgada de 1937 deveria ter sido submetida a 
um plebiscito, como determinava o seu texto, mais o 
ditador fez por esquecer esse compromisso. 
Vargas criou O Departamento administrativo do serviço 
público (DASP) em 1938 com a finalidade de dar ao 
Estado um aparato burocrático racionalizador da 
administração pública em suma, tratava–se de 
modernizar a burocracia. 
 
CONTROLE E REPRESSÃO DA SOCIEDADE 
Para garantir o funcionamento do novo regime, foram 
criados vários instrumentos de controle e repressão. 
Inicialmente, destacou-se o Departamento de Impressa 
e Propaganda (DIP), encarregado do controle 
ideológico. Para tanto, exercia a censura total dos meios 
de comunicação – imprensa, rádio e cinema – ,através 
dos quais, inoculando na sociedade o medo do “perigo 
comunista”, sustentava o clima de segurança que 
justificara o novo regime. Além disso, trabalhava na 
propaganda do presidente, formando dele uma imagem 
sempre favorável. Com esse fim foi instituída a Hora do 
Brasil, emissão radiofônica obrigatória. Naturalmente, a 
intolerância pela diversificação da informação era a 
base do novo regime. E qualquer oposição ideológica 
era duramente reprimida, a exemplo do confisco do 
jornal O Estado de São Paulo, fundado por Júlio de 
Mesquita. 
Ao mesmo tempo que a repressão ideológica alargou 
seus horizontes através da oficialização, avultou o papel 
da Polícia Secreta, chefiada por Filinto Müller. Tal como 
nos regimes totalitários europeus, a Polícia Secreta se 
especializou em práticas violentas, reprimindo, com 
torturas e assassinatos, os indivíduos considerados 
nocivos à ordem pública. A preocupação do novo 
regime era neutralizar e anular a influência política do 
operariado fazendo os trabalhadores ligarem-se aos 
sindicatos. O princípio norteador dessa política 
trabalhista foi a concepção corporativa do fascismo que 
consistia na negação de luta de classes e na afirmação 
da colaboração entre elas. Esse princípio não 
reconhecia, portanto, as diferenças de interesses entre 
patrões e empregados, colocando acima das 
contradições de classe o suposto interesse, mais geral. 
Da, “nação”. Por isso, pela constituição de 1937, as 
greves e o lock-out foram proibidos, por serem 
“recursos anti-sociais, nocivos ao trabalho e ao capital, 
incompatíveis com os superiores interesses nacionais”. 
A autonomia sindical foi finalmente liquidada com a 
instituição do imposto sindical, cobrado compulsória e 
anualmente de todos os trabalhadorese equivalentes a 
um dia de trabalho. 
Esse imposto – destinado a remunerar pessoal 
encastelado no aparato burocrático sindical – era 
recolhido pelo Ministério do Trabalho, que então fazia a 
redistribuição entre os sindicatos. Assim, os sindicatos 
tornaram-se entidades dependentes do estado e, 
portanto, facilmente manipuláveis por ele. 
Uma das consequências para os sindicatos foi o 
surgimento dos “pelegos”, trabalhadores que não 
representam autenticamente os interesses de sua 
classe; beneficiados pelo sistema sindical identificam-se 
com o governo. 
 
AS MUDANÇAS ECONÔMICAS 
A eclosão da segunda guerra mundial teve efeitos 
favoráveis à política de industrialização em curso no 
Brasil, pois, “além de passarem ater um mercado 
interno a seu inteiro dispor, muitas indústrias brasileiras 
viram-se chamadas a preencher o vácuo deixado, em 
outros países pela perda de contato com os seus 
fornecedores tradicionais de produtos manufaturados. 
Assim, a exportação de tais artigos tornou-se, pela 
primeira vez, um item ponderável na pauta exportadora 
do país”. 
Consequentemente, os industriais, sobretudo do Rio de 
Janeiro e de São Paulo, puderam ampliar suas funções. 
O Estado encarregou-se de criar a infra-estrutura 
necessária. Através de empréstimos do Eximbank 
(Banco Semi Oficial Norte Americano), Vargas obteve o 
empréstimo desejado para construir a usina de volta 
redonda (1941). Os meios de transportes para 
alimentar a usina foram viabilizados: incrementou-se o 
transporte marítimo para trazer o carvão do sul (Santa 
Catarina); equipou-se a estrada de ferro Central do 
Brasil para transportar o minério extraído em Minas 
Gerais, onde foi criada a Companhia Vale do Rio Doce 
(1942). 
De acordo com o mesmo espírito nacionalista que 
presidiu a formação da indústria pesada no Brasil, o 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
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10 
Estado interveio na formação do Conselho Nacional do 
Petróleo (1938), a fim de controlar o refinamento e a 
distribuição do combustível, essencial para assegurar o 
desenvolvimento dos transportes. Desde a primeira 
guerra (1914 a 1918), passando pela crise de 1929 até a 
segunda guerra (1939 a 1945), havia no Brasil uma 
conjuntura favorável à industrialização, que, não 
obstante, se efetivou associado à economia cafeeira e 
não em oposição a ela. Na realidade, os capitais 
investidos nas indústrias eram provenientes da 
acumulação do setor agrícola, donde se conclui que a 
exploração da grande massa rural era a chave daquela 
acumulação por isso, apesar de sua aparência 
antioligárquica, o Estado Novo manteve intocado o 
sistema de dominação do campo. Daí, para Lourdes Sola 
“as características contraditórias do Estado Novo, 
combinando aspectos progressistas, como o impulso à 
industrialização, e conservadores, como a repressão aos 
movimentos de coerção apoiado nos grupos militares 
(...)”. tomado em conjunto, na era de Vargas, 
particularmente no período do Estado Novo o estado 
funcionou efetivamente, como o mais poderoso 
instrumento de promoção da acumulação de capitais, 
colocando o Brasil nos trilhos do capitalismo. À medida 
que o estado autoritário getulista criou condições para 
o deslanche da industrialização, inevitavelmente criou 
também, condições para a ampliação do debate em 
torno da forma do desenvolvimento. A burguesia 
passou a exigir uma participação maior nas decisões, e 
isso implicava a passagem do Estado para segundo 
plano, apagando sua pesada incomoda presença no 
campo econômico. Em outros termos, o Estado Novo foi 
“adequado” para promover a “acumulação primitiva” 
de capital. Uma vez cumprida essa etapa a própria 
forma do Estado passou a ser obstáculo a superar, e a 
“redemocratização” tornou - se um caminho inevitável, 
selando o destino de Vargas 
 
O BRASIL NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL 
Embora identificados com os regimes totalitários 
europeus. O Estado Novo getulista conservava-se 
neutro em relação ao conflito que eclodira em 1939. 
Entre os Estados liberais e o nazi-fascismo europeus. 
Apesar das pressões Norte Americanas, o governo 
continuava indeciso. E essa indecisão era reflexo das 
tendências contraditórias dos homens do governo: 
enquanto Filinto Muller, chefe da polícia do Rio e 
Francisco Campos eram favoráveis as potências fascistas 
do eixo Berlim- Roma- Tóquio, Osvaldo Aranha 
colocava-se contra entre as duas tendências oscilavam 
os generais Gois Monteiro e Dutra A inclinação a favor 
das potências aliadas desse a partir do sucesso das 
negociações de empréstimos entre o Brasil e o 
Eximbank, em 1941. Já na II Conferencia de Consulta 
dos Chanceleres no Rio de Janeiro, em meados de 
janeiro de 1942, a aliança política entre Brasil e Estados 
Unidos foi efetivada. Tornou-se inevitável o 
rompimento das relações diplomáticas com o eixo. Em 
março do mesmo ano, o comprometimento do Brasil se 
aprofundou, com a assinatura de um acordo que 
permitia aos Estados Unidos a utilização das costas 
nordestinas como bases aeronavais. 
O Brasil na Segunda Guerra. A participação direta do 
Brasil no conflito mundial aconteceu após repetidos 
ataques de navios brasileiros por parte da força 
submarina alemã. Cerca de18 navios foram perdidos 
nesses ataques, realizados até em águas brasileira. 
Além das perdas materiais, 607 brasileiros foram 
mortos. Evidentemente, isso provocou reações 
espontâneas que resultaram em manifestações 
populares exigindo a entrada do Brasil na guerra. E 21 
de agosto de 1942, finalmente, Osvaldo Aranha, 
ministro das Relações Exteriores, declarou oficialmente 
guerra contra Itália e a Alemanha. 
A participação do Brasil limitou-se de inicio ao 
fornecimento de matérias primas estratégicas e ao 
auxílio do policiamento do atlântico Sul. Somente em 
1944 foi enviado à Itália um contingente de 23.334 
soldados, que formaram a Força Expedicionária 
Brasileira (FEB), sob o comando do general 
Mascarenhas de Morais. Na Itália, incorporada ao 5º 
exército Norte Americano, chefiado pelo general Clark, 
a FEB obteve algumas vitórias contra as tropas fascistas 
destacando-se as batalhas de Monte Castelo e 
Montese. 
No entanto, o triunfo das forças democráticas do 
mundo contra a barbárie fascista pôs o Estado Novo em 
posição extremamente incomoda. No dia seguinte ao 
final da guerra, a ditadura de Vargas já não tinha lugar, 
pois havia sido ultrapassada pelos acontecimentos. 
Reflexos políticos da Segunda Guerra. A partir de 1942, 
quando a posição do Brasil se definiu claramente a 
favor das potências liberais, o engajamento, no grande 
conflito não pode deixar de repercutir na conjuntura 
política interna. Como resolver a contradição de um 
Estado inspirado no fascismo italiano que se empenhara 
na luta antifascista, em defesa dos ideais 
antiautoritários? 
É claro que as repercussões da Segunda Guerra, por si 
sós, não explicam as transformações políticas no Brasil. 
Na verdade, elas se entrelaçaram à crise política 
interna, formando uma complexa rede de contradições 
que resultou na criação de conjunturas favoráveis ao 
desmantelamento do Estado Novo. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
11 
Em 1943, esgotou-se o limite que o Estado Novo 
impusera “para a legitimação, por meio de um 
plebiscito, da constituição outorgada em 1937. Nessa 
conjuntura surgiu o manifesto dos Mineiros (outubro de 
1943), assinado por Virgílio de Melo Franco, Afonso 
Arinos, Milton Campos, Magalhães Pinto, Adauto Lúcio 
Cardoso, Odilon Braga, Pedro Aleixo e Bilac Pinto, 
futuros líderes da União Democrática Nacional (UDN). O 
citado documento, reconhecendo “que o Brasil esta em 
fase de progresso material e tem sabido mobilizar 
muitas das suas riquezas naturais, aproveitando 
inteligentemente as realizações do passado e as 
eventualidades favoráveis do presente”, criticava a 
“ilusória tranquilidade e a paz superficial que se obtém 
pelo banimento das atividades cívicas, (que) podem 
parecer propícias aos negócios e ao comércio, ao ganho 
e à própriaprosperidade, mas nunca benéficas ao 
revigoramento dos povos”. Em síntese, o manifesto 
exigia a participação política dos agentes do progresso 
econômico, isto é, um desenvolvimento político 
correspondente e compatível com a prosperidade 
material. 
A crise interna acompanhou o progressivo avanço dos 
aliados na Segunda Guerra. E, aliás, a coincidência desse 
avanço com as etapas de redemocratização no Brasil, 
como afirma Weffort, “não é simples fruto do acaso”. O 
próprio Vargas, sentindo o comprometimento de seu 
poder, assumiu, ambiguamente, uma posição mais 
flexível. No seu discurso de novembro de 1943 
declarou: “Quando terminar a guerra, em ambiente 
próprio de paz e ordem, com as garantias máximas à 
liberdade de opinião, reajustaremos a estrutura política 
da nação, faremos de forma ampla e segura as 
necessárias consultas ao povo brasileiro”. 
Apesar dessa declaração, as forças de oposição que 
estavam emergindo não acolheram com entusiasmo a 
promessa de Vargas. Em 1945, quando a guerra chegou 
ao fim, essas forças se manifestaram, levando o Estado 
Novo à inelutável desagregação. 
As agitações. As agitações pela redemocratização 
iniciaram-se com o I Congresso Brasileiro de Escritores, 
em janeiro de 1945, que se manifestou favoravelmente 
ao restabelecimento da democracia. As declarações de 
José Américo de Almeida, no jornal Correio da Manhã, 
tiveram um grande impacto. Francisco Weffort assim vê 
o momento: “Da parte do governo há o ato adicional 
prometendo a realização para o dia 2 de dezembro. 
Quase ao mesmo tempo rompe-se o dique da censura à 
imprensa. Logo depois, aparece a candidatura do 
Brigadeiro Eduardo Gomes, articulada pela oposição 
liberal, que, por sua vez, passa a constituir-se em 
partido: união Democrática Nacional (UDN). E em março 
surge a candidatura do General Eurico Dutra, que fora 
Ministro da Guerra do Estado Novo. À sua volta 
articulavam-se as forças governistas, que logo dariam 
origem ao Partido social Democrático (PSD); a segunda 
agrupação governista deveria surgir depois e para 
aderir igualmente à candidatura de Dutra”. 
A descompressão da vida política promoveu a formação 
de agremiações partidárias que exprimiam os anseios 
até então represados. Para Lourdes Sola, o “Partido 
Social Democrático, que tinha Dutra por candidato, era 
integrado pelas oligarquias rurais, por industriais e 
banqueiros habituados a negociações com o governo 
central”. Todavia, esse partido não possuía unidade 
ideológica, embora controlasse uma poderosa máquina 
eleitoral. 
“O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) mobilizava a 
burocracia sindical ligada ao trabalhismo, sob a direção 
de seus criadores, Marcondes Filho, Hugo Borghi, e de 
seu principal ideólogo, Alberto Pasqualini. O governo 
procurava organizar assim, agora sob forma partidária, 
um dos outros pólos em que se baseara seu prestígio, 
as camadas populares urbanas, que passaram a 
representar um conjunto significativo de votos. A 
ideologia populista desse partido mantinha e reforçava 
a tradição inaugurada por Vargas”. 
“a União Democrática Nacional (UDN), fundada em 
1944, reunia os elementos antigetulistas: antigos 
liberais constitucionais como Armando Sales, Júlio de 
Mesquita Filho, proprietários de uma cadeia de jornais 
como Assis Chateaubriand, o dono do Correio da 
Manhã, Paulo Bittencourt, e a burguesia comercial 
urbana, ligada aos interesses exportadores e 
importadores prejudicados em seus lucros pelo 
intervencionismo econômico do Estado Novo. Contava 
também com a adesão das classes médias urbanas, 
assustadas com a retomada do processo inflacionário 
que se acentuara a partir de 1942. A ideologia da UDN, 
politicamente liberal no plano econômico se 
manifestava também liberal, reivindicando a liquidação 
do protecionismo, identificado como causa principal do 
aumento dos preços. Isso conquistava a simpatia 
daquelas camadas médias, cujas perspectivas 
econômicas se orientavam pelo ponto de vista do 
consumidor. Uma ala da UDN, a Esquerda Democrática, 
mais tarde se desdobraria numa nova organização, o 
Partido Socialista Brasileiro (PSB)." 
 
A Anistia. 
Diante das pressões crescentes da opinião pública, 
Getúlio decretou anistia aos presos políticos, inclusive 
ao líder comunista Luís Carlos Prestes, que estava preso 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
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12 
desde 1936, com o fracasso da intentona comunista de 
1935. Depois de nove anos na prisão do Estado Novo, 
Prestes voltou a atuar, organizando no dia 23 de maio 
de 1945 uma gigantesca manifestação popular no Rio 
de Janeiro. Curiosamente, nessa manifestação o Partido 
Comunista, legalizado desde maio, expressou seu apoio 
ao governo de Getúlio. A pesar de estranha, tal atitude 
do PCB estava de apoio com sua linha política, baseada 
no anti-imperialismo e na aliança com as forças 
progressistas nacionais. Além disso, o apoio a Getúlio 
expressava também a presença da diretriz, fixada pela 
União Soviética, de formação de uma frente popular 
nos países que lutaram contra o eixo. . No segundo 
semestre de 1945, a tônica das movimentações políticas 
mudou a ênfase. Até o primeiro semestre do mesmo 
ano a campanha eleitoral absorvera as energias 
políticas. A partir do semestre seguinte, a tônica recaiu 
sobre a questão da Constituinte, que deveria reunir-se 
somente depois da eleição presidencial, marcada para 2 
de dezembro daquele ano. Foi quando se expandiu a 
pregação do “queremismo” (“Queremos Getúlio”), 
orientada pelos trabalhistas e apoiada pelos 
comunistas. Vargas discretamente alimentou esses 
movimentos populares urbanos, propondo a “lei 
malaia” (junho de 1945), como ficou conhecida a lei 
antitruste, que tinha um caráter nitidamente 
nacionalista e anti-imperialista. 
A queda de Vargas. O queremismo representou, 
portanto, o respaldo – ainda que indefinido – de que 
Getúlio necessitava para continuar no poder. E isso 
despertou na UDN uma desconfiança extrema a 
qualquer ação de Getúlio. A situação se tornou mais 
clara a partir de agosto de 1945, quando a manobra 
continuísta se evidenciou com a evolução do 
queremismo para o grito de “constituinte com Getúlio”. 
Isso veio inquietar a oposição udenista pois a 
Constituinte antes das eleições presidenciais significaria 
a preservação do poder nas mãos de Vargas, segundo 
Weffort, “pelo menos até o momento em que estivesse 
estabelecida uma nova ordem institucional, 
assegurando-se a possibilidade de uma influência 
decisiva sobre a sua elaboração”. No inicio do mês de 
outubro, o partido comunista estava inteiramente 
disposto a apoiar Vargas. Mas “é precisamente nesse 
momento, em que as forças getulistas e seus aliados 
estão no máximo de sua capacidade de ação, que se 
desencadeia o Golpe de Estado”. Um grande comício 
pró-getulista, marcado para o dia 27, foi proibido pelo 
chefe de polícia do Distrito Federal. Getúlio reagiu, 
substituindo-o pelo seu irmão, Benjamim Vargas. 
Contudo a derradeira manobra encontrou forte 
resistência em Góis Monteiro. Dois dias depois, em 29 
de outubro de 1945, Getúlio foi obrigado a abandonar o 
poder, transmitindo-o ao Judiciário. Terminou ai o 
Estado Novo. 
 
A DEMOCRACIA POPULISTA (1946-1964) 
O processo de redemocratização comportou pelo 
menos duas etapas distintas: a primeira vai de 1943, 
data do manifesto dos mineiros, até 29 de outubro de 
1945; a segunda começa com a presidência transitória 
de Linhares (29 de outubro de 1945 à 1 de fevereiro de 
1946) e vai até setembro de 1946, com o enceramento 
dos trabalhos da constituinte. A primeira fase 
correspondeu às agitações democráticas que 
culminaram com a queda de Vargas. A segunda – que 
Weffort considera “a fase da colheita” – correspondeu à 
reorganização do país segundo as determinações da 
fase anterior.. Com o golpe de 9 de outubro de 1945 e 
a deposição de Vargas, a UDN aparentemente tinha 
sido vitoriosa. Visto mais de perto, o golpe 
desencadeado pela UDN limitou-se à mera conspiração, 
com caráter palaciano,sem o concurso da mobilização 
popular. De modo que a derrubada de Vargas não teve, 
como se esperava a devida repercussão política e 
popular. Ao contrário, a forma como Getúlio caiu fez 
com que ele desaparecesse, aos olhos da opinião 
pública, como vítima do “partido dos ricos”. O prestigio 
do ditador não diminuiu e inversamente ao que se 
poderia supor, o queremismo não fora motivado 
apenas por forças oficiais. Surpreendentemente, a 
popularidade de Getúlio, “pai dos pobres”, mostrou-se 
bem acima das expectativas criadas nas eleições 
presidenciais que levaram o general Dutra ao poder. O 
PCB, por sua vez, manteve-se dentro da orientação 
anterior à queda de Vargas. Para preservar a “frente” e 
a aliança com as “forças progressistas”, ofereceu apoio 
a Linhares e, posteriormente, a Dutra. Afastou-se de 
Getúlio, acusando-o de ter traído o povo. 
Estranhamente, a esquerda tinha como linha política 
apoiar sempre a situação, evitando – parece – a 
qualquer custo passar para a oposição. 
A redemocratização ambicionada por toda a oposição 
antigetulista estava limitada desde o inicio, pois as 
forças políticas em jogo tinham sido formadas no seio 
do Estado Novo e não se haviam libertado do passado 
recente. Basta referir aqui o fato de o próprio Dutra ter 
sido ministro da guerra de Getúlio. Dutra dependia de 
Vargas, uma vez que não podia governar senão com o 
apoio dos grandes partidos (PSD e PTB) formados por 
Getúlio no fim do Estado Novo. 
A persistência do Estado Novo foi favorecida ainda pela 
emergência do movimento operário, que retomou seu 
vigor no principio do ano de 1946, sem todavia 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
13 
encontrar ressonância nos partidos políticos 
organizados. Estes não possuíam a sabedoria de 
compreender que a verdadeira democracia tinha que 
passar pelo teste da incorporação das forças operárias. 
A cisão entre as elites políticas e a massa popular 
facilitou a adoção de medidas repressivas, próprias do 
Estado Novo: intervenções nos sindicatos, dispositivos 
legais que permitiam o controle e a repressão do 
operariado. Mesmo o PCB não soube canalizar as forças 
operárias, pois era adepto da “ordem e tranquilidade” e 
estava aquém da proposta do operariado. 
A alteração da conjuntura das relações internações, 
logo após o término da segunda guerra mundial, 
também contribuiu para manutenção de traços de 
Estado Novo. Com efeito, depois da derrota do nazi-
fascismo, o declínio da Europa – antes, o centro 
hegemônico mundial – era evidente. O eixo das relações 
internacionais deslocou-se para as duas superpotências 
em ascensão: Estados Unidos e União Soviética. A 
relação bipolar que se impôs daria origem ao principal 
fenômeno do pós-guerra: guerra fria. 
 
Governo Dutra 
No governo Dutra, foram mantidos alguns aspectos 
autoritários e corporativistas, como a preservação de 
um executivo forte o suficiente para manter o 
corporativismo sindical. A característica marcante de 
seu mandato foi a promulgação de uma nova 
Constituição (1946), tendo como principais destaques: 
República presidencialista; voto direto e universal; três 
poderes: legislativo, executivo e judiciário; mandato 
presidencial: 5 anos; senadores: 3 por Estado (mandato 
de 8 anos); deputados: proporcionais ao número de 
eleitores (mandato de 4 anos). 
No plano econômico, o novo presidente reduziu a 
intervenção do Estado na economia, adotou uma 
política econômica liberal, manteve as condições 
favoráveis para a acumulação de capital e abriu o país 
ao capital estrangeiro. Com a liberação das 
importações, a indústria nacional sofreu grande 
concorrência estrangeira. Houve o crescimento da 
dívida externa e da inflação. 
O governo passou a controlar as importações e dirigir os 
investimentos para as áreas de saúde, alimentação, 
transporte e energia - Plano Salte. Houve a construção 
da hidrelétrica de São Francisco e a pavimentação da 
rodovia Rio - São Paulo (Via Dutra). 
No plano político, o novo governo caracterizou-se pela 
aproximação com os Estados Unidos, alinhando-se com 
o bloco capitalista, e pelo rompimento de relações 
diplomáticas com a União Soviética. Como reflexo da 
Guerra Fria, o PCB foi fechado e cassado o mandato de 
seus parlamentares (1947). 
 
SEGUNDO GOVERNO DE VARGAS 
No final dos anos 40, a expansão capitalista e urbana 
aumentava a importância das classes sociais mais 
novas: a burguesia industrial e financeira, o 
proletariado urbano e as camadas médias ligadas à 
burocracia estatal, às empresas privadas e ao setor de 
serviços. 
A burguesia concentrava-se cada vez mais no Sudeste 
do país e mantinha-se dependente dos favores do 
Estado. Por isso, apoiava o PSD e era a classe mais 
interessada no retorno de Vargas à presidência. 
Esperava que, com ele, retomasse o crescimento 
industrial e o controle das massas urbanas. 
O apoio a Vargas provinha ainda de setores 
nacionalistas das Forças Armadas, as facções 
oligárquicas estaduais representadas no PSD, a nova 
camada de tecnocratas do governo e as massas 
urbanas. Juntas, essas forças sociais constituíram uma 
"aliança" que foi chamada de populista, cuja meta 
principal era o prosseguimento, sem maiores 
transtornos, da expansão capitalista e industrial, em 
bases nacionais. Combinavam, assim, um estilo político, 
o populismo, e uma ideologia que os unificava, o 
nacionalismo. 
A mobilização das massas em comícios e campanhas 
políticas, o uso dos sindicatos e a atuação do PTB 
tornavam-se o mais vigoroso meio de pressão dos 
populistas contra a oposição conservadora. 
 
A VOLTA DO VELHO 
Em 1950, Getúlio Vargas foi eleito para a presidência da 
República, derrotando os candidatos da UDN (Eduardo 
Gomes) e o PSD (Cristiano Machado). 
Nessa época, a indústria já representava 22% da 
produção nacional. Para manter o ritmo do crescimento 
da economia, sobretudo da indústria, o governo 
nacionalista de Vargas teria de continuar a política de 
confisco cambial, conciliar a política de massas com 
uma redução relativa dos salários e conseguir maior 
nacionalização dos lucros. 
O declínio da receita externa intensificou. A disputa 
pelas divisas entre os diferentes setores da classe 
dominante, sendo esta uma das razões da crise política 
dos anos 53-54. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
- LEI 5.810/94 
 
 
14 
Nesse mandato, Vargas criou, em 1953, a Petrobrás, 
que passou a ter o monopólio da extração e da 
refinação do petróleo no Brasil. Essa medida gerou uma 
forte oposição ao seu governo, tanto por parte dos 
Estados Unidos quanto da UDN, cujo porta-voz era 
Carlos Lacerda. Esse jornalista carioca, sabendo que 
poderia sofrer atentados, tomara suas providências. Era 
guardado, dia e noite, por jovens oficiais da 
Aeronáutica. 
Em 5 de agosto de 1954, um pistoleiro atirou em 
Lacerda, matando um dos seus acompanhantes, o major 
Rubens Florentino Vaz, sendo acusado Gregório 
Fortunato, elemento da guarda pessoal de Vargas. 
Após o crime da rua Toneleiros, a situação tornou-se 
insustentável para Vargas. A 24 de agosto de 1954, o 
presidente suicidou; se, deixando surpresa a Nação. 
 
GOLPE E CONTRAGOLPE 
Com a morte de Getúlio, assumiu o poder o vice-
presidente João Café Filho. Durante seu mandato, 
realizaram-se as eleições (3-1055) para o novo período 
presidencial, saindo vitorioso o candidato do PSD, 
Juscelino Kubitschek de Oliveira, que derrotou seus 
adversários: Ademar de Barros (PSP) e Plínio Salgado 
(PRP). 
Em novembro, Café Filho afastou-se do governo por 
motivos de saúde, assumindo, então, o presidente da 
Câmara dos Deputados, Carlos Luz. 
Devido à derrota nas eleições presidenciais, alguns 
políticos udenistas passaram a advogar um golpe de 
Estado que impedisse a posse do candidato eleito. Em 
seu jornal, Carlos Lacerda escreveu no editorial de 9 de 
novembro: "Esses homens não podem tomar posse, não 
devem tomar posse, nem tomarão posse". 
No entender do Ministro da Guerra, General Lott, Carlos 
Luz estava de acordo com ogolpe planejado pela UDN. 
No dia 11 de novembro de 1955, apoiado nas forças 
militares, depôs o presidente, assumindo o cargo o 
presidente do Senado, Nereu Ramos, que permaneceu 
no poder até a posse de Juscelino, em 31 de janeiro de 
1956. 
 
O Governo JK 
O mandato de Juscelino Kubitschek (1956-1961) 
caracterizou-se por um grande desenvolvimento 
econômico. Nesse período, a produção industrial 
cresceu cerca de 80%. Destacou-se nesse processo a 
criação da indústria automobilística na região do ABC, 
no estado de São Paulo. 
A grande obra de seu governo foi, sem dúvida alguma, a 
transferência da capital, federal para Brasília. A 
mudança da capital do Brasil já era cogitada desde o 
início do século XIX, sendo incluída na primeira 
Constituição republicana (1891). Para realizá-la, 
Juscelino criou um organismo governamental, a 
Novacap, dirigida por Israel Pinheiro. O plano geral da 
cidade é de autoria de Lúcio Costa e foi executado pelo 
arquiteto Oscar Niemeyer. A inauguração oficial da 
nova capital deu-se no final do mandato de Juscelino 
Kubitschek, a 21 de abril de 1960. 
Além da transferência da capital, outros fatores 
marcaram o mandato de Juscelino: construção de 
rodovias: Belém-Brasília; novas usinas hidrelétricas: 
Furnas e Três Marias; Criação da Sudene 
(Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste). 
O período juscelinista, contudo, foi marcado por um 
grande processo inflacionário. Juscelino lançou um 
plano de metas realizando a substituição de 
importações nos setores de bens de capital e de 
consumo duráveis. Também promoveu a isenção de 
cobertura cambial, que ajudava a economia brasileira, 
mas prejudicava o seu caráter nacionalista, pois ela 
levava os empresários a se associarem ao capital 
estrangeiro. 
No fim do governo Juscelino, a dependência ao capital 
estrangeiro já se evidenciava. Pressionado pelos setores 
que se beneficiavam com o crescimento industrial e 
pela situação, JK optou pelo prosseguimento do 
programa desenvolvimentista (os 50 anos em 5) com 
inflação, rompendo com o FMI (Fundo Monetário 
Internacional). 
Com a maior votação já dada a um candidato até então, 
foi eleito, para a sucessão de Juscelino, Jânio Quadros. 
Esse tentou uma política externa independente e 
procurou combater a inflação, pois recebeu de herança 
do governo Juscelino uma volumosa e crescente dívida 
externa, o que resultava numa inflação galopante, 
gerando, assim, a instabilidade social. Para você ter 
ideia, a dívida brasileira ultrapassava a dois bilhões de 
dólares e deveria ser paga no governo de Jânio, que iria 
até 1965. 
Além disso, o presidente pensava em constituir um 
bloco independente liderado por Brasil e Argentina, 
afastando-se um pouco da dependência em relação aos 
EUA. Tal política era execrada por norte-americanos e 
europeus. 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
15 
A condecoração com a Ordem do Cruzeiro do Sul, do 
ministro das Relações Exteriores de Cuba, Ernesto 
Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana, foi mais 
um dos motivos para a investida conservadora. 
Para desapontamento de seus eleitores, todavia, Jânio 
renunciou em 25 de agosto de 1961, alegando que 
"forças terríveis" obrigavam-no a proceder dessa forma. 
Uma Época de Agitação 
Como, após a renúncia de Jânio Quadros, os militares 
não aceitavam a posse do vice-presidente João Goulart, 
havia ameaça de guerra civil. 
Abriu-se uma profunda crise de sucessão. As forças 
conservadoras queriam que o vice desistisse do cargo 
ou que realizasse uma reforma na Constituição. 
Contra essa atitude, formou-se a Campanha da 
Legalidade, liderada pelo governador gaúcho Leonel 
Brizola, onde as emissoras de rádio do Rio Grande do 
Sul, Santa Catarina e Paraná formaram uma rede que 
conclamava o povo a resistir. O movimento da 
legalidade exigia o cumprimento da Constituição, a qual 
determinava que o vice-presidente, João Goulart, 
assumisse o cargo de presidente que estava vacante. 
A solução encontrada pelas forças conservadoras foi 
implantar o Parlamentarismo para diminuir o poder de 
Jango. Assim, ficou mais difícil para ele pôr em prática 
suas reformas de base, que objetivavam reforçar a 
participação de capitais nacionais e estatais em setores 
estratégicos da economia, reservando ao capital 
estrangeiro um papel secundário. 
Foi adotado o Parlamentarismo como forma de 
conciliação. Em janeiro de 1963, João Goulart realizou 
um plebiscito, em força do qual o Brasil voltou a ser 
governado pelo regime presidencialista. 
O populismo estava entrando em colapso. Outro motivo 
que se somou foi a ascensão de movimentos 
reivindicatórios dos trabalhadores rurais, os quais, aos 
poucos, vinham adquirindo conteúdos políticos. 
Enfraquecido pela crise econômica, a resistência do 
Congresso e as forças conservadoras, Jango 
aproximava-se gradualmente das correntes reformistas 
radicais, da qual fazia parte Leonel Brizola, Miguel 
Arraes e organizações nacionalistas de esquerda. 
Dentre os acontecimentos que marcaram esse período, 
podemos citar: a criação do Comando Geral dos 
Trabalhadores (CGT); a lei que limitava a remessa de 
lucros para o exterior; o comício de 13 de março de 
1964, em frente à estação da Central do Brasil, no qual 
o presidente assinou publicamente dois decretos: a 
encampação de todas as refinarias particulares de 
petróleo e a criação da Supra (Superintendência da 
República Agrária). 
Tivemos durante o governo de João Goulart grandes 
agitações sociais, uma elevada taxa de inflação e grande 
alta do custo de vida. No início de 64, a crise dominava 
o Estado populista. O governo não tinha mais o apoio 
de toda a burguesia, cujos investimentos diminuíam 
abruptamente, levando a economia à crise. Os 
integrantes do Estado populista não sabiam se seguiam 
o rumo da moderação ou do radicalismo. 
Nesse contexto é que devemos entender os episódios 
da nacionalização das refinarias particulares de petróleo 
por parte do governo e outros acontecimentos 
protagonizados por opositores, como a "Marcha da 
Família com Deus e pela Liberdade", organizada por 
setores conservadores da Igreja e do empresariado. 
Em 31 de março de 1964, o golpe militar é posto em 
prática e os principais líderes reformistas são obrigados 
a deixar o país. 
 
A ESTRUTURA POLÍTICA E OS MOVIMENTOS SOCIAIS 
NO PERÍODO MILITAR. 
 
Governo Castelo Branco: 
Logo após a queda de João Goulart formaram-se dois 
poderes paralelos: um civil, representado pelo 
Congresso, e outro militar, representado pelo comando 
revolucionário, integrado pelo general Costa e Silva, 
pelo brigadeiro Francisco de Assis Correia de Melo e 
pelo almirante Augusto Rademaker. 
Os lideres civis, como Amaral Peixoto e Ulisses 
Guimarães do PSD (Partido Social Democrático) e Pedro 
Aleixo, Bilac Pinto e Adauto Lúcio Cardoso da UDN 
(União Democrática Nacional), esforçavam-se no 
sentido de dar ao Congresso a direção política da 
situação. Nos planos desses lideres constava também a 
edição de um ato constitucional que daria ao Congresso 
o direito de eleger o novo presidente, além de 
instrumentos excepcionais para afastar as pessoas 
indesejáveis. 
Os esforços dos civis foram inúteis. O comando 
revolucionário adiantou-se, promulgando o Ato 
Institucional nº 1, que transferiu o poder político aos 
militares. Imediatamente, o comando realizou as 
cassações de mandato e coagiu o Congresso, mutilado, 
a eleger como presidente o chefe do estado-maior do 
Exército, general Castelo Branco. Essas providências, 
logo denominadas "revolucionárias", rapidamente se 
estenderam a todos os setores sociais. As organizações 
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16 
classificadas de "subversivas", como o CGT (Comando 
Geral dos Trabalhadores), as Ligas Camponesas e a UNE 
(União Nacional dos Estudantes), foram dissolvidas em 
nome da “revolução”. Os lideres tidos como 
"subversivos" foram presos e submetidos aos IPMs 
(Inquéritos Policiais Militares), provocando os primeirosexílios. 
Apesar dos excessos da repressão, os políticos do PSD e 
da UDN aguardavam passivamente, com grandes 
esperanças, a rápida normalização da vida política do 
país. Juscelino Kubitschek (PSD) e Carlos Lacerda (LTDN) 
esperavam concorrer à presidência com o fim do 
mandato de Castelo Branco. Inutilmente, pois, em 
seguida - em junho de 1964, o próprio Juscelino foi 
cassado e teve seus direitos políticos suspensos por dez 
anos. Quanto a Lacerda, foi paulatinamente 
marginalizado. 
Por trás dessas ações repressivas ocultava-se a "jovem 
oficialidade" (coronéis do Exército), que defendia a 
pureza dos princípios "revolucionários" e estava 
disposta a excluir todo e qualquer vestígio do regime 
deposto. Essa intransigência foi logo batizada de "linha 
dura". Seu poder de pressão era tal, que nas eleições 
para governadores, em 1965, conseguiu fazer com que 
o Congresso aprovasse a "emenda das inelegibilidades", 
afastando das disputas eleitorais as pessoas visadas 
pelos militares. Outro episódio que representou vitória 
da linha dura foi a permissão dada à Justiça Militar de 
julgar civis por "crimes políticos". Essa concessão aos 
linhas-duras feriu profundamente a consciência liberal, 
e o ministro da Justiça, Milton Campos, preferiu 
exonerar-se a ter que compactuar com uma decisão 
contrária a seus princípios. 
A incompatibilização de alguns importantes setores civis 
da "revolução" com o poder militar deu-se, de forma 
muito clara, em 27 de outubro de 1965, com a edição 
-2), que dissolveu os 
partidos políticos existentes e estabeleceu a eleição 
indireta para a presidência da República. Além disso, 
conferiu ao Executivo poderes excepcionais, como 
cassar mandatos e decretar o estado de sítio sem previa 
autorização do Congresso. Nesse momento, Carlos 
Lacerda (Rio), Magalhães Pinto (Minas) e Ademar de 
Barros (São Paulo) romperam com Castelo Branco. 
No lugar dos antigos partidos nasceram então, com 
permissão do Executivo, apenas dois: Arena (Aliança 
Renovadora Nacional), de apoio ao governo, e MDB 
(Movimento Democrático Brasileiro), de oposição. 
À medida que se aproximava o fim do mandato de 
Castelo Branco, o problema da sucessão dividia os 
próprios militares. De um lado, o Grupo Escola Superior 
de Guerra, também denominado Grupo Sorbonne 
(tecnocratas), favorável ao governo; de outro, a linha 
dura, que conseguiu impor o seu candidato: o ministro 
da Guerra, general Costa e Silva. No dia 3 de outubro de 
1966, Costa e Silva foi eleito pelo Congresso, composto 
apenas por fiéis arenistas. Quanto ao MDB, justificou 
sua abstenção para não "coonestar uma farsa". 
Antes de fundar o seu governo, Castelo Branco ainda 
teve tempo para cassar seis deputados (evidentemente, 
da oposição) e criar um sério incidente. O presidente da 
Câmara, Adauto Lúcio Cardoso, apesar de arenista, 
preferiu não tomar conhecimento das cassações, 
provocando, com isso, o fechamento do Congresso, por 
uma força militar chefiada pelo coronel Meira Matos. 
Humilhado e sem poder reagir; o Congresso, que 
esperava ser renovado com as eleições de novembro de 
66, ainda foi forçado a aprovar a nova Constituição, que 
entrou em vigor com o presidente Costa e Silva. 
 
A Constituição de 1967. 
Além das prerrogativas autoritárias conferidas ao 
Executivo pelo AI-2, a nova Constituição incluiu também 
a Lei de Imprensa (fevereiro de 67) e a Lei de Segurança 
Nacional. Essas leis garantiram ao novo presidente 
poderes praticamente ilimitados, o que levou a 
oposição a denunciar a "institucionalização da 
ditadura". 
 
Costa e Silva e o AI-5 
A completa destruição da vida política pelo governo 
Castelo Branco provocou reações de todo tipo contra o 
regime militar. Costa e Silva, logo no início de seu 
governo, teve de enfrentar uma onda de protestos em 
todo o país. 
Antigos líderes políticos de grande expressão uniram-se 
na Frente Ampla, órgão de oposição extraparlamentar. 
Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek e João Goulart 
foram os seus chefes mais destacados. 
Em fins de 1967, Lacerda fez pronunciamentos 
agressivos contra o regime militar No ano seguinte, os 
estudantes saíram às ruas, nas principais cidades do 
país, protestando contra a ditadura. Os confrontos 
entre a policia e os estudantes se multiplicaram, 
culminando com o assassinato do estudante Édson Luís, 
ainda menor de idade, no Rio de Janeiro. O brutal 
assassinato não intimidou os estudantes, que 
promoveram, no Rio, a célebre Passeata dos Cem Mil, a 
maior demonstração pública de repúdio ao regime 
militar A violência policial, entretanto, crescia na 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
17 
mesma proporção. A invasão das universidades e a 
prisão de estudantes tornaram-se rotineiras. 
Inutilmente, os protestos continuaram a ecoar por todo 
o país. A necessidade de organizar a luta levou os 
estudantes a realizarem, em Ibiúna (São Paulo), no mês 
de outubro de 1968, um congresso para reorganização 
da extinta UNE. Os órgãos de repressão, todavia, 
mostraram sua eficiência ao descobrir e desmantelar o 
congresso, prendendo os seus participantes. 
O clima de agitação que intranquilizava o país levou a 
linha dura ao desespero, como bem revelou a tentativa 
do brigadeiro João Paulo Burnier de transformar o Para-
Sar, uma unidade de salvamento da Aeronáutica, num 
instrumento "terrorista" para eliminar a oposição. 
Nesse ambiente de extrema exaltação, ocorreu o "caso 
Márcio", que funcionou como gota d'água para que o 
governo tomasse medidas enérgicas no sentido de 
silenciar toda a oposição. O fato passou-se do seguinte 
modo: o deputado federal Márcio Moreira Alves, do 
MDB, fez um discurso na Câmara pedindo ao povo que 
não comparecesse às festividades do Dia da 
Independência, em sinal de protesto ao regime militar 
Os militares, sentindo-se ofendidos, pressionaram o 
governo para processar o deputado, mas o direito de 
fazê-lo foi negado pelo Congresso, em 12 de dezembro 
de 1968. No dia seguinte, o ministro da Justiça, Gama e 
Silva - conhecido por suas convicções 
ultraconservadoras - apresentou ao Conselho de 
Segurança Nacional o texto do Ato Institucional no 5, o 
conhecido AI-5, que entregou o país às forças mais 
retrógradas, violentas e obscurantistas* de nossa 
história recente. 
Os colaboradores mais íntimos de Costa e Silva 
declararam, inúmeras vezes, que o presidente se 
mostrou contrariado em ter sido forçado pelas 
circunstâncias a assinar o AI-5. Disseram seus 
partidários, ou simples defensores, que ele era, no 
fundo, uma alma democrática. Verdadeira ou não, essa 
versão não pôde ser confirmada, pois Costa e Silva 
adoeceu gravemente em fins de agosto de 1969 e o 
poder foi assumido por uma Junta Militar das três 
Armas, sob chefia do general Lira Tavares. Pedro Aleixo, 
vice-presidente, foi impedido de assumir, tal a 
desconfiança dos militares em relação aos civis. Esse 
impedimento tornou-se oficial com o AI-16, de 14 de 
outubro de 1969, que estabeleceu para o dia 25 do 
mesmo mês a eleição do novo presidente, cujo 
mandato deveria ir de 30 de outubro de 1969 a 15 de 
março de 1974. 
A fim de preparar a transição, a Junta Militar realizou 
uma reforma constitucional, incorporando ao texto da 
Constituição o AI-5 e os demais atos, no Artigo 182. 
Outras medidas drásticas foram adotadas: o fim das 
imunidades parlamentares e a instituição da prisão 
perpétua e da pena de morte. 
 
O MILAGRE ECONÔMICO E O FECHAMENTO POLÍTICO 
Apesar das medidas tomadas pela Junta Militar, a 
escolha do sucessor de Costa e Silva provocou atritos no 
setor militar. A escolha do general Emílio Garrastazu 
Médici só se viabilizou com a neutralização de outro 
candidato, general Albuquerque Lima, tido como 
fervoroso nacionalista. 
Médici assumiu o poder exatamente no momento em 
que as manifestações públicas da oposição estudantil 
haviam sido contidas pela repressão policial e os 
políticos do MDB silenciados pelo AI-5. Em suma: a 
oposição ao regime militar não era mais permitida em 
nenhum grau,quer radical, quer moderada. 
Esse total fechamento lia vida política para a oposição e 
o bloqueio de toda e qualquer possibilidade de sua 
manifestação geraram, na esquerda radical, um 
gravíssimo erro de avaliação política da situação. A 
inexistência de canais que permitissem fluir, sem 
problemas, as várias correntes de opinião do país, 
induziu alguns setores da esquerda a optarem por um 
caminho extremo: o da luta armada. Para isso 
contribuiu muito certa visão romântica da revolução 
cubana (1959), que cercara o guerrilheiro de uma aura 
mística. Os escritos de Ernesto "Che" Guevara e de um 
jovem marxista francês, Régis Debray, foram 
amplamente difundidos. Surgiram então as primeiras 
organizações de guerrilha urbana: a ALN (Aliança 
Libertadora Nacional), chefiada por Carlos Marighela 
(dissidente do PCB); o MR-8 (Movimento 
Revolucionário 8 de Outubro - dia da morte de Guevara 
na Bolívia); a VAR-Palmares (Vanguarda Armada 
Revolucionária), liderada por Carlos Lamarca, ex-capitão 
do Exército. 
Segundo essa nova liderança, que arrastou consigo 
centenas de jovens, principalmente estudantes, só 
havia um caminho para derrubar a “ditadura militar”: a 
luta armada. 
Em 1969, a primeira ação de importância da guerrilha 
urbana assombrou o país: o sequestro do embaixador 
norte-americano, Charles Elbrick, pela ALN, que, em 
troca da sua vida, exigiu a soltura dos presos políticos 
apresentados numa lista que fizera publicar pelos 
jornais. A agressividade e a ousadia dos grupos 
guerrilheiros tomaram de surpresa os órgãos de 
repressão. Sequestros, assaltos a bancos e até 
"justiçamentos políticos" (execuções) foram a resposta 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
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18 
que os guerrilheiros deram à anulação da vida política 
pelo regime militar. 
Não tardou para que os detentores do poder 
percebessem como atuar contra a guerrilha urbana. Os 
órgãos de repressão foram amparados com enormes 
recursos e passaram a atuar sem restrições. Os presos 
políticos começaram a ser tratados com a mais extrema 
severidade, inibindo-se mesmo os pronunciamentos 
mais moderados. Qualquer oposição ao regime passou 
a ser classificada, invariavelmente, de "comunista" ou 
"terrorista" - e tratada como tal pela policia política. 
A inusitada violência da repressão bastou para pôr fim à 
luta armada contra o regime. Os principais chefes 
começaram a ser caçados e mortos. Carlos Marighela foi 
morto em 1969, em circunstâncias até hoje não muito 
claras. No ano seguinte, seu sucessor, Joaquim Câmara 
Ferreira, o Velho, também foi morto em São Paulo. Em 
setembro de 1971, no sertão baiano, tombou o último 
líder guerrilheiro de expressão nacional, Carlos Lamarca. 
Com o declínio da guerrilha urbana, decaiu também a 
participação política estudantil, que originara o 
contingente guerrilheiro. O decreto-lei 477 (1969) 
enquadrou as universidades, proibindo estudantes, 
professores e funcionários de realizar qualquer 
manifestação política. Em 1970, sem perturbações, 
Médici escolheu os governadores de 21 estados, 
adotando critérios que excluíram os políticos. O poder 
militar e tecnocrático estava consolidado. 
Sem nenhum exagero, é possível afirmar que, no 
governo Médici, fazer oposição era correr sério risco de 
vida. A situação política do país era de extrema 
gravidade, embora não tenha sido percebida pela 
maioria como tal, pois, em grande parte, foi mascarada 
pelo chamado "milagre econômico", cujo principal 
artífice foi o então ministro da Fazenda, Delfim Netto. 
A ilusão de prosperidade encobria a tragédia da 
oposição e conferia grande prestígio aos tecnocratas, 
dos quais Delfim Netto foi talvez o mais expressivo. No 
governo Médici, ele teve um papel de superministro. 
O clima de euforia foi reforçado até pelo futebol - 
paixão nacional -, cuja seleção conquistou o título 
mundial em 1970. Para capitalizar esse êxito a seu favor 
o governo lançou uma campanha publicitária ufanista: 
"Ninguém segura este país". O êxito na luta contra a 
guerrilha contribuiu para outro slogan, revelador da 
profunda intolerância reinante no país: "Brasil, ame-o 
ou deixe-o", que, aliás, fora traduzido do inglês "Love 
me or leave me". 
Repressão e "milagre econômico" foram dois traços 
marcantes do governo Médici, e equivalem a dois níveis 
da estratégia do regime militar: a "doutrina da 
segurança nacional", aliás, importada dos Estados 
Unidos - e o “desenvolvimento a qualquer preço”. 
 
A ABERTURA POLITICA E A REDEMOCRATIZAÇÃO 
Num artigo publicado pela revista Isto É (14/3/79), o 
historiador Bóris Fausto escreveu que "na sucessão de 
governos militares e autoritários posteriores a 1904, o 
período Geisel coincide com o momento de abertura de 
uma crise. O fim do chamado milagre, determinado por 
seus próprios limites internos, pela mudança da 
conjuntura internacional é, secundariamente, pela crise 
do petróleo, provocou uma inflexão". Mas é preciso 
dizer que essa inflexão ocorreu sob controle absoluto 
do presidente Geisel, cujo estilo, no dizer de José 
Honório Rodrigues, foi "autoritário, personalista, duro, 
alemão demais para um povo tão pouco germânico" 
como o brasileiro. Apesar disso, o governo Geisel - ao 
contrário de seu antecessor - não foi marcado pelas 
atitudes ultra-reacionárias, nem pela impiedosa 
repressão policial. Isso não quer dizer, entretanto, que 
para os democratas sinceros ele trouxe menos angústia. 
Ao contrário, sua distância e seu silêncio - raramente 
Geisel falava com a imprensa - , além das frequentes 
medidas arbitrárias de que lançou mão, geraram a 
mesma insegurança. Embora reunisse e exercesse de 
fato um poder que jamais outro presidente antes dele 
teve, suas realizações foram medíocres. O sociólogo 
Michel Debrun disse, com acerto, que "a Administração 
foi medíocre, mas o Poder ficou incontrastado". 
Já na sua posse como quarto general presidente do 
regime militar, falava-se na sua disposição de quebrar a 
rigidez do sistema político - coisa que o próprio 
presidente declarou textualmente em seu discurso de 
posse. Começou-se a falar em projeto de "distensão", o 
que lançou grandes esperanças nos meios políticos. 
Mas seu governo não se definiu tão claramente nessa 
direção como fizeram crer suas primeiras declarações. 
Geisel seguiu um caminho sinuoso e ambíguo: se por 
um lado iniciou a distensão, por outro foi o presidente 
mais autoritário do regime militar. 
Os assessores mais próximos do presidente justificavam 
essa ambiguidade, argumentando que o projeto de 
distensão só teria viabilidade se fossem feitas 
concessões, em momentos adequados, aos “duros”. 
Pode-se acreditar na sinceridade dos seus defensores, 
mas é preciso salientar que os limites da atuação do 
presidente Geisel eram dados também pela crescente 
insatisfação da base social, isto é, dos trabalhadores. É 
preciso notar, além do mais, que o período Geisel se 
iniciou numa conjuntura de crise econômica, e que não 
POLÍCIA MILITAR DO PARÁ - SOLDADO 
HISTORIA 
 
19 
era possível continuar atirando sobre os ombros da 
maioria da nação o custo de um estilo de 
desenvolvimento econômico que enriquecia cada vez 
mais uma minoria e empobrecia cada vez mais a 
maioria. De qualquer modo, diminuíram os excessos da 
repressão, dissipando a longa noite do período Médici. 
Todavia, para aqueles que encararam com otimismo a 
ascensão de Geisel, não tardou muito a desilusão. Logo 
nos primeiros dias de governo foi cassado, por decisão 
presidencial, o mandato do deputado federal baiano 
Francisco Pinto (27/3/74), por causa de um 
pronunciamento considerado ofensivo à ditadura 
chilena presidida pelo general Augusto Pinochet. 
Essa primeira concessão aos "duros" não foi, 
entretanto, suficiente para contê-los. As eleições 
legislativas de 1974, que deram ampla vitória ao MDB, 
mostraram que a oposição começava a crescer de 
forma ameaçadora para o regime militar A suspensão 
parcial da censura à imprensa, no ano seguinte 
(segundo semestre de 1975), inquietou

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