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Restrição de Crescimento Intrauterino · É o bebê com peso abaixo do esperado para a idade gestacional devido à má adaptação placentária (causa principal são as síndromes hipertensivas, em que a placenta não se infiltrou de forma adequada no útero) · Etiologia · Síndromes hipertensivas · Nefropatia, cardiopatia, colagenose, diabete, pneumopatia, hipertireoidismo, hemoglobinopatia · Pós-maturidade · Doença hemolítica perinatal (DHPN) · Antecedente de natimorto · Grávida idosa (> 40 anos) · Hemorragias do 2o e 3o trimestres · Prenhez gemelar · Rotura prematura das membranas · Conceitos: é importante diferenciar o feto pequeno do feto restrito · A restrição de crescimento propriamente dita se reserva às causas por má adaptação placentária, em que a principal causa são as síndromes hipertensivas · RN de baixo peso: < 2.500g, independente da IG · RN PIG: peso ao nascimento < percentil 10 · Fetos pequenos · Simétrico: quando o feto é todo pequeno (cabeça, corpo e membros) · Assimétrico: geralmente é o magrinho, em que a barriga diminui, geralmente por hipóxia, e a cabeça permanece de tamanho normal · Mortalidade perinatal de bebês menores: 10x maior em comparação aos bebês de tamanho normal OBS: se utilizar o peso estimado pela USG para graduar o feto na curva e der abaixo do percentil 10, considera-se um feto pequeno para idade gestacional. · Etiologia: causas de os bebês serem pequenos · Causa constitucional (história familiar): 50-70% · Anomalias cromossômicas e malformações estruturais (alteração genética): 5-10% · Síndromes hipertensivas: 20-30% → realmente o feto com restrição de crescimento, que tem má adaptação placentária · Classificação de Bebês com Restrição de Crescimento Intraútero · Tipo I (Fetal) · Crescimento inadequado precoce, já começa a acontecer no início do 1º trimestre, até 16 semanas · Pode ser devido a anomalias e infecções · Crescimento intrauterino restrito (CIR) simétrico: todo pequeno, porque a alteração é muito precoce · Ex: Síndrome de Edwards (cromossomo 18) · Tipo II (Placentária): patologia primária · Ocorre após 32 semanas, mais tardio · Insuficiência uteroplacentária · CIR assimétrico: bebê magrinho de cabeça de tamanho normal (dá impressão que tem cabeça grande) · Tipo III (Materna): doenças (infecções congênitas tardias, má adaptação placentária, outras) · Ocorre entre 16 e 32 semanas · CIR misto, não consegue se definir se é tipo I ou tipo II · Diagnóstico Clínico · Altura do Fundo de Útero · Menor que percentil 10 · Crescimento < 4 cm/mês a partir da 20ª semana · Diagnóstico Ultrassonográfico · Definição para RCIU precoce e tardio na ausência de anomalias congênitas · RCIU precoce: IG < 32 semanas, na ausência de anomalias congênitas ➤ Critérios maiores: basta 1 para ser considerado RCIU 1. Percentil de peso ou de circunferência abdominal < 3 2. Doppler de artéria umbilical com diástole zero/reversa (fluxo diastólico final ausente) ➤ Critérios menores: precisa ter o 1º critério + algum dos outros 2 1. Percentil de peso ou de circunferência abdominal < 10, combinado com 2. Índice de pulsatilidade da artéria uterina > percentil 95 e/ou 3. Índice de pulsatilidade da artéria umbilical > percentil 95 · RCIU tardia: IG ≥ 32 semanas, na ausência de anomalias congênitas ➤ Critério maior: caso presente, já é considerado RCIU 1. Percentil de peso ou de circunferência abdominal < 3 ➤ Critérios menores: precisa ter pelo menos 2 dos 3 critérios 1. Percentil de peso ou de circunferência abdominal < 10 2. Percentil de peso ou de circunferência abdominal cruzando mais de 2 quartis nos centis de crescimento 3. Relação cerebroplacentária < percentil 5 ou índice de pulsatilidade da artéria umbilical > percentil 95 OBS: feto apenas abaixo de percentil 10 não é RCIU, e sim feto pequeno para IG, com 1 critério menor para RCIU. Contudo, ele precisa ter mais critérios para ter classificação de RCIU, portanto, usar a tabela. · Relação circunferência do fêmur/circunferência abdominal (CF/CA) · Valor normal: 0,20-0,24 · Isso ajuda para saber se o bebê é pequeno, normal ou grande · Exemplos · Se o CF está normal para IG e CA está pequena, a relação será acima de 0,24 e o bebê é assimétrico · Se o CF está normal e o CA está grande, a relação será abaixo de 0,20 e o bebê é GIG · Ao inverso, se o bebê tem tanto CF quanto CA diminuídos (ex: bebê tem 30 semanas e medidas são ambas compatíveis com 25 semanas), a relação dá dentro do intervalo e o bebê é simétrico, além de pequeno · Relação CC/CA ↳ Até 36 semanas: > 1 ↳ 36 semanas: = 1 ↳ Acima de 36 semanas: < 1 · História Natural da Hipóxia Fetal: Etiopatogenia (modelo toxêmico/CIR) · Se nada for feito, o bebê evoluirá dessa forma, culminando com a morte 1. Alteração nos sistemas PG/NO 2. Interação trofoblástica deficiente · Inicialmente, ocorre alguma coisa que altera a oxigenação do bebê (ex: migração trofoblástica deficiente, gerando má adaptação placentária) 3. Insuficiência placentária · Bebê começa a receber menos oxigênio e nutrientes, ficando pequeno 4. Crescimento Intraútero Restrito (CIR) 5. Centralização · Priorização dos órgãos vitais pelo feto · Vasodilatação das artérias cerebrais, cardíacas e adrenais · Outros órgãos terão vasoconstrição (ex: rim, havendo ↓ produção de urina → oligohidrâmnio) · Dominância cardíaca esquerda*, porque o coração esquerdo vai precisar trabalhar mais para conseguir vencer a vasoconstrição dos órgãos não nobres · Com isso, o coração entra em um quadro de insuficiência cardíaca 6. Descentralização · Edema cerebral e colapso cardiovascular, culminando na morte 7. Morte *O bebê normal tem uma dominância cardíaca direita, porque é ele que vai receber o sangue oxigenado vindo da placenta · Vitalidade Fetal · Mobilograma: contagem de movimentos fetais a partir da percepção da mãe · Não existe um valor normal, o que é importante é a queda de movimentos dentro do padrão de cada bebê · Cardiotocografia Convencional · Cardiotocografia computadorizada · Perfil Biofísico Fetal: estuda as variáveis, é um exame de pontuações · Variáveis de curta duração: movimentos respiratórios, movimentos corpóreos, tônus e cardiotocografiaPontuações do Perfil Biofísico Fetal. É preciso observar o bebê por 40 minutos na USG e avaliar essas variáveis. Vale lembrar que a reatividade fetal é apenas mensurada na cardiotocografia, ou seja, precisa fazer USG + CTG. Quanto menor a nota, pior o estado do bebê. · Variáveis de longa duração (crônica): líquido amniótico (vai diminuindo devagar, é considerado uma variável crônica) · Formação Embriológica x Comprometimento Fetal: relação inversa, observou-se que os primeiros parâmetros a se alterar são os que se formaram por último na embriologia · Tônus: 8 semanas · Movimentos corporais: 9 semanas · Movimentos respiratórios: 11 semanas · Centro de reatividade fetal (atuação do SNA): 20 semanas · Observou-se que essa é a ordem cronológica, mas foi sugerido um modelo no qual na presença de hipóxia, as alterações iriam ocorrendo de forma inversa a essa ordem (quem primeiro se alteraria seriam as estruturas formadas por último: centro de reatividade fetal → movimentos respiratórios → movimentos corporais → tônus) · Contudo, provou-se que na realidade as alterações não necessariamente acontecem nessa ordem, portanto, o PBF perdeu muito sua utilidade, principalmente com a utilização do Doppler · Só se usa PBF quando não tem Doppler · A utilização do PBF não tem evidência suficiente que ajude na avaliação do bem-estar em gestante de alto risco · Dopplervelocimetria: padrão-ouro para avaliação da vitalidade fetal · Fisiologia · 1ª onda de migração trofoblástica: 1º trimestre ou por volta de 14 semanas até 16 semanas · A placenta migra a nível endometrial, para que haja maior contato entre a placenta e a mãe · Destruição da camada músculo-elástica das arteríolas espiraladas ao nível endometrial · 2ª onda de migração trofoblástica: 2º trimestre · Destruição da camada músculo-elástica das arteríolas espiraladas ao nível miometrial · Dilatação dos vasos, gerandomaior fluxo sanguíneo para o bebê · Caso essa invasão não ocorra (ex: síndromes hipertensivas), há pouco sangue se direcionando ao bebê · Doppler da Artéria Uterina · Normal: · 1º trimestre: vasos uterinos ainda fechados · Pico sistólico (passa sangue); e diástole com pouca passagem de sangueDoppler de art. uterina de 1º trimestre · Incisura proto-diastólica · Artéria uterina resistente, ainda semelhante ao Doppler de artéria uterina de mulher não-grávida · 2º trimestre: · Passa sangue tanto na sístole quanto na diástole · Quando não ocorre a invasão trofoblástica de forma adequada, o Doppler de 2º trimestre fica parecido com o do 1º trimestre Doppler de art. uterina de 2º trimestre · Doppler da Artéria Umbilical: reflexo da artéria uterina · Normal · 1º trimestre: pico sistólico, mas com diástole zero, não passa sangue · 2º trimestre: vasodilatação de artérias uterinas e umbilicais, diástole fica cheia, passa sangue tanto na sístole quanto na diástole · Se não ocorre a 2ª onda de migração de forma adequada, a artéria umbilical fica inadequada, podendo apresentar diástole zero ou reversa no 2º trimestre · Artéria Cerebral · Normal: vaso que sempre se encontra com alta resistência · 1º trimestre · Alta resistência · 3º trimestre: ligeira queda da resistência · Quando ocorre centralização, há vasodilatação da artéria cerebral (grande queda de resistência) Doppler da Artéria Cerebral no 3º trimestre · Para estudo dopplervelocimétrico, é preciso avaliar os compartimentos materno, placentário e fetal, juntando esses dados com anamnese, exame físico e dados da USG, para determinar diagnóstico e conduta adequados. · Centralização Fetal · Hipoxemia estimula quimiorreceptores, que geram: · Vasodilatação em órgãos nobres (↑ fluxo para cérebro, coração e adrenais) · Vasoconstrição periférica (↓ fluxo para pulmões, rins, intestino e corpo) · Identificação da Centralização no Doppler · Sem centralização: artérias normais Figura 1. Artéria cerebral normal, de alta resistência, presença de pico sistólico, mas com diástole pequena. Figura 2. Artéria umbilical com sístole e diástole cheias, baixa resistência. · Centralização: quando não ocorre onda de migração trofoblástica adequada, há inversão do fluxo. Figura 1. Artéria cerebral com diástole cheia (vasodilatada devido à centralização). Figura 2. Artéria umbilical com diástole baixa devido a alta resistência dos vasos. · Artéria umbilical · Relação umbilical/cerebral média (ACM) · Se numa gestação normal a cerebral está sempre resistente e umbilical sempre com baixa resistência, o valor da umbilical sempre será menor que a cerebral, portanto, essa relação normal vai ser sempre menor que 1 · Relação < 1: normal · Relação > 1: feto centralizado · Índices dopplervelocimétricos > percentil 95 · Art. umbilical > p95 já é considerada como alteração capaz de diagnosticar centralização, não precisa fazer a cerebral · Padrões de centralização: (muito mais graves que os outros parâmetros) · Diástole zero: diástole não passa sangue · Diástole reversa: volta de sangue na diástole · Relação com a placenta · Placenta com fluxo normal → fluxo normal no Doppler (sístole e diástole cheia) · 50% da placenta insuficiente → artéria umbilical > percentil 95 · 90% da placenta insuficiente → diástole zero/reversa Fluxo normal da AU no Doppler · História Natural da Hipóxia Fetal (modelo pré-eclampsia/RCIU) 1. Alteração da PO2 fetal · ↓ IP na ACM, ↑ IP na AU (IP: índice de pulsatilidade) 2. Centralização · Relação AU/ACM começa a ficar maior que 1 · Quando o feto começar a ficar centralizado, requer maior nível de atenção · Não necessariamente precisa fazer alguma intervenção nesse momento · Oligohidrâmnio < 2 cmDiástole zero da AU · Se não fizer nada, vai passar para o próximo estágio 3. Diástole Zero/Reversa: nível crítico, se não fizer nada, ocorrerá descentralização 4. Descentralização 5. Ducto venoso alterado: zero ou reverso · Pré-óbito, significa que o bebê morrerá em breve se nada for feito, por isso é indicação imediata de cesárea 6. Morte · Melhor momento para o parto: avaliar centralização fetal e acidemia grave · Centralização · Bebê > 37 semanas que só está centralizado, pode fazer cesariana · Bebê < 37 semanas que só está centralizado (índice doppler da umbilical > percentil 95), pode ficar acompanhando · Diástole zero/reversa · Diástole reversa: é preciso interromper a gestação se tiver pelo menos 30 semanas · Diástole zero: é preciso interromper a gestação se tiver pelo menos 32 semanas · Quando abaixo de 30-32 semanas, na presença de diástole zero/reversa, pode-se lançar mão da avaliação do ducto venoso para saber se o bebê ainda está bem ou não, se ele pode esperar ou não · Ducto venoso · Se estiver alterado, mesmo abaixo de 30 semanas, precisa interromper a gestação, porque se não, ele vai a óbito intraútero de toda forma, por isso precisa tirar ele para dar uma chance pra ele fora · Se o ducto venoso estiver normal, precisa ficar acompanhando diariamente (paciente internada) · Ducto venoso normal · Onda em M → 1º pico: sístole ventricular (S); 2º pico: diástole ventricular (D); Nadir: contração atrial (a) · Quando contração atrial é zero, reversa ou muito resistente (percentil > 95), o ducto venoso está alterado, significa que o bebê está em insuficiência cardíaca e que precisa interromper a gestação, independente da IG, porque o bebê pode ir a óbito em qualquer momentoPadrão de onda normal do ducto venoso · Conclusões · Em gestações de alto risco, acompanhar com o Doppler gera redução da taxa de mortalidade perinatal, menor taxa de indução do TP e menos cesarianas.
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