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FARMACOLOGIA DOS ANTINEOPLÁSICOS I 1. ASPECTOS GERAIS DO TRATAMENTO DO CÂNCER: QUIMIOTERAPIA A quimioterapia é o método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quimioterapia das doenças microbianas: • Quimioterapia da malária; • Quimioterapia das infecções por protozoários; • Quimioterapia das infecções por helmintos; • Quimioterapia da tuberculose; Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia do câncer (antineoplásica ou quimioterapia antiblástica). Os quimioterápicos causam eventos citotóxicos letais ou apoptose nas células cancerígenas, impedindo a progressão do tumor. Ataque direcionado ao DNA, ou contra um passo metabólico da multiplicação celular, por exemplo, na disponibilidade de pirimidinas e purinas essenciais para a síntese de DNA e RNA. Os fármacos não fazem distinção celular, atacam células normais, por isso possuem uma janela terapêutica curta e com risco de toxicidade. 2. TIPOS E FINALIDADES DA QUIMIOTERAPIA (ESTRATÉGIAS DE TRATAMENTO) • Curativa - quando é usada com o objetivo de se conseguir o controle completo do tumor (sobrevida longa e livre de doença), por meio do protocolo terapêutico antineoplásico; (serve para casos de linfomas e leucemias) • Adjuvante – Prevenção de metástase e recaída do tumor (a quimioterapia adjuvante é adotada quando o câncer é disseminado com micro metástases e não passível de cirurgia, ou netão após cirurgia para evitar micro metástases). Quando se segue à cirurgia curativa, tendo o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes, diminuindo a incidência de metástases à distância; (protocolo cirúrgico e após, com a chance de células residuais, aplicar os antineoplásicos). Se a cura não é alcançável, o objetivo passa a ser o controle da doença (interromper o crescimento e a difusão do câncer) para prolongar a vida e manter sua qualidade. Assim, o indivíduo mantém sua existência “quase normal”, com o câncer sendo tratado como uma doença crônica. (câncer anal, câncer de bexiga, câncer de mama, câncer de esôfago, câncer laríngeo, câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) localmente avançado e sarcoma osteogênico). • Neoadjuvante ou prévia - quando indicada para se obter a redução parcial do tumor, para posterior terapêutica com a cirurgia e/ou radioterapia; • Paliativa - não tem finalidade curativa. Usada com a finalidade de melhorar a qualidade da sobrevida do paciente; facilitar o funcionamento cardíaco, renal, diminuir a dor e etc. Em pacientes com a doença localmente avançada, costumam ser tratados com quimioterápicos associados com a radioterapia para possibilitar a posterior cirurgia; PROBLEMAS ASSOCIADOS À QUIMIOTERAPIA: 3. TOXICIDADE DOS QUIMIOTERÁPICOS - Se dá por afetar estruturas normais com multiplicação celular acelerada, como a medula óssea, os pelos e a mucosa do tubo digestivo; - As células normais apresentam um tempo de recuperação previsível, sendo possível que a quimioterapia seja aplicada repetidamente, desde que observado o intervalo de tempo necessário para a recuperação da medula óssea e da mucosa do tubo digestivo (ciclos periódicos); - A toxicidade é variável para os diversos tecidos e depende da droga utilizada. Normalmente é feito um exame de sangue antes. 3. RESISTÊNCIA AOS QUIMIOTERÁPICOS - Resistência primária ou inerente (sem exposição ao fármaco, mas devido as mutações nos genes celulares desenfreadas); - Resistência adquirida; - Os fármacos se apresentam como uma toxina letal para as células, por isso elas desenvolveram mecanismos de defesa para se protegerem contra as substâncias químicas. - Populações celulares tumorais desenvolvem novas codificações genéticas (mutação) com amplificação ou aumento da expressão de um ou mais genes. Sendo assim, são estimuladas a desenvolverem tipos celulares resistentes ao serem expostas às drogas, utilizando vias metabólicas alternativas, através da síntese de novas enzimas; - Resistência a multifarmacos: ocorre um fenótipo resistente a múltiplos fármacos, associado a uma expressão aumentada de um gene que codifica uma glicoproteína transportadora de superfície celular (glicoproteína P). Essa forma leva ao maior efluxo de fármaco e a redução do acumulo intracelular. - O tratamento é descontinuado, quando a população tumoral é ainda sensível às drogas; é aplicada a intervalos irregulares; doses inadequadas são administradas; "resistência a múltiplas drogas “, está relacionado à diminuição da concentração intracelular do quimioterápico e a presença da glicoproteína 170-P. - IL-17 está relacionada a resistência; MANIFESTAÇÕES APÓS APLICAÇÃO 6. CLASSSES FARMACOLOGICAS - Fármacos que agem diretamente nos ácidos nucleicos • Agentes alquilantes: mostardas nitrogenadas (ciclofosfamida, Ifosfamida), nitrossureias (carmustina, dacarbazina, temozolomida) • Compostos de platina (cisplatina) • Alguns produtos derivados de plantas (etoposido, teniposido) • Antimicrobianos (antraciclinas: Doxo, Epi, Daunorrubicina, Bleomicina, Mitoxantrona) - Fármacos que agem em enzimas: antimetabóticos (MTX, 5-FU, citarabina, gencitabina, fludarabina) - Fármacos que agem em proteínas estruturais (derivados de plantas): vimblastina, vincristina, vinorelbina, paclitaxel, docetaxel; - Inibidores do processo de sinalização: Imatinibe; - Hormonioterapia 7. CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS ANTINEOPLÁSICAS • ciclo-inespecíficos - atuam nas células que estão ou não no ciclo proliferativo; (independente da fase do ciclo celular). • Ciclo-específicos - atuam somente nas células que se encontram em proliferação; HISTÓRICO 1ª GM: 1917 – uso do gás mostarda - substância vesicante - causa queimaduras com formação de bolhas na pele e nas mucosas do trato respiratório, podendo levar à cegueira e morte por asfixia; Estes sintomas não são imediatos e, como trata-se de uma gás incolor, as vítimas começam a sentir os efeitos horas depois da exposição, quando normalmente a lesão já é extensa; Ele é pouco solúvel em água (o que dificulta sua remoção nas vítimas – acumula-se no tecido adiposo), porém, ele reage com a água dos tecidos (hidrólise) em processo que forma ácido clorídrico. 1919: observou-se que os soldados apresentavam poucos glóbulos brancos – hipoplasia medular, porque o gás mostarda causava destruição da medula óssea; 1946: Goodman, Gilman e Philips - mostraram que "mostardas nitrogenadas" reduziam o crescimento de linfoma em camundongos. O avanço deste tipo de pesquisa levou ao primeiro quimioterápico para o câncer – administração EV de mostardas nitrogenadas em pacientes com linfoma. *mostardas nitrogenadas – efeitos sobre tecidos em estado de rápido crescimento. FÁRMACOS QUE AGEM DIRETAMENTE NOS ÁCIDOS NUCLEICOS ALQUILANTES (1) Ciclofosfamida e Ifosfamida, Clorambucila - Bis(cloroetil)aminas; (2) Carmustina (BCNU) – Nitrosureias; ➔ As Nitrosureias são altamente lipossolúveis e tem a capacidade de atravessar a BHE, sendo efetivas em tumores cerebrais. Mecanismo de ação: transferência de seus grupos alquila para vários constituintes celulares. A alquilação do DNA no interior do núcleo provavelmente representa a principal interação que leva à morte celular. O principal local de alquilação dentro do DNA é a posição N7 da guanina; entretanto, outras bases também são alquiladas, ainda que em grau menor. e as células em fase de replicação mostram-se mais suscetíveis a esses fármacos. Por conseguinte, embora os agentes alquilantes não sejam específicos do ciclo celular, as células são mais sensíveis à alquilação nas fases G1 tardia e S do ciclo celular. ➔ A resistência resulta de aumento do reparo do DNA, diminuição da permeabilidade ao fármaco ou reação com tióis (glutationa). FÁRMACOS ALQUILANTES MECANISMO DE AÇÃO APLICAÇÕES CLÍNICASVIA DE ADM/FARMA COCINÉTICA EFEITOS ADVERSOS Ciclofosfamida e Ifosfamida Forma ligações cruzadas com o DNA, resultando em inibição da síntese e da função do DNA Câncer de mama, câncer de ovário, linfoma não Hodgkin, Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), sarcoma de tecidos moles, neuroblastoma, tumor de Wilms, rabdomiossarcom a - VO ou IV - Ifosfamida somente IV Ambos: cistite hemorrágica, fibrose da bexiga. Ciclofosfamida: Toxidade vesical por acroleina do fármaco, depressão moderada na contagem de sangue periférico (Mielossupressão). Náuseas e vômitos. Hidratação adequada bem como injeção IV de mesna (2-mercaptoetano sulfonato sódico, que neutraliza os metabólicos tóxicos, pode minimizar o problema). Clorambucila ________ LLC e linfoma não Hodgkin VO (tomar com alimento) ________ Carmustina e Lomustina alquilação, que inibe a replicação e, eventualmente, a síntese de RNA e proteínas. Câncer cerebral (lomustina só se aplica a este), linfoma Hodgkin e não Hodgkin Carmustina IV e Lomustina VO em jejum Mielossupressão; raramente, doença pulmonar intersticial e nefrite intersticial. De forma aguda náuseas e vômitos. Dacarbazina Precisa ser biotransformado em metabólito ativo, metiltriazenoimidazol carboxamida (MTIC). Esse metabólito é responsável pela atividade alquilante. Ele metila o DNA na posição O6 da guanina e inibe a sua síntese e função. Linfoma de Hodgkin, melanoma, sarcoma de tecidos moles - IV - Vesicante Mielossupressão, toxicidade para o sistema nervoso central com neuropatia, ataxia, letargia e confusão Temozolomida Metila o DNA e inibe sua síntese e função Câncer cerebral, melanoma metastáticos; (glioblastomas e astrocitomas anaplásticos) IV ou oral. Excelente biodisponibili dade VO. Excreção na urina. Náuseas e vômitos, cefaleia e fadiga. Mielossupressão, elevação discreta nas provas de função hepática, fotossensibilidade. CICLOFOSFAMIDA E IFOSFAMIDA - Bis(cloroetil)aminas Esses fármacos são muito relacionados com os agentes mostardas e compartilham a maioria dos mecanismos primários e toxicidades. Eles são citotóxicos somente depois de gerar suas espécies alquilantes, produzidas por hidroxilação pelo CYP450 no fígado. Esse intermediário é hidrolisado, formando os compostos ativos, mostarda fosforamida e acroleína. A reação da mostarda fosforamida com o DNA é considerada a etapa citotóxica. O fármaco original e seus metabólitos são excretados, primariamente, na urina. Efeitos adversos: • A toxicidade singular de ambos os fármacos é a cistite hemorrágica, que pode levar à fibrose da bexiga. A toxicidade vesica l é atribuída à acroleína presente na urina, no caso da ciclofosfamida. • Hidratação adequada, bem como injeção IV de mesna (2-mercaptoetano sulfonato sódico, que neutraliza os metabólitos tóxicos, pode minimizar o problema). • Incidência maior de neurotoxicidade foi observada em pacientes tratados com doses elevadas de ifosfamida, provavelmente devido ao metabólito cloroacetaldeído NITROSOUREIAS CARMUSTINA E LOMUSTINA • Carmustina e lomustina são nitrosoureias intimamente relacionadas. Por atravessarem a BHE, as nitrosoureias são empregadas primariamente no tratamento de tumores cerebrais. Embora elas alquilem o DNA de células em repouso, a citotoxicidade é expressa primariamente nas células que estão se dividindo ativamente. Por isso, as células que estão em repouso podem escapar da morte se ocorrer o reparo do DNA. Devido às suas lipossolubilidades, elas se distribuem amplamente no organismo, mas sua propriedade mais notável é a capacidade de penetração fácil no SNC. DACARBAZINA • A dacarbazina é um fármaco alquilante que precisa ser biotransformado em metabólito ativo, metiltriazenoimidazol carboxamida (MTIC). • Esse metabólito é responsável pela atividade alquilante, formando íons metilcarbono que podem atacar grupos nucleofílicos na molécula de DNA. • Assim, de modo similar a outros alquilantes, a ação citotóxica da dacarbazina é atribuída à capacidade do seu metabólito de metilar o DNA na posição O6 da guanina. • A dacarbazina é usada no tratamento do melanoma e do linfoma de Hodgkin. TEMOZOLOMIDA • A temozolomida é relacionada à dacarbazina, pois ambas precisam ser biotransformadas em metabólito ativo, o MTIC, que provavelmente é o responsável pela metilação do DNA na posição 6 da guanina. Diferentemente da dacarbazina, a temozolomida não requer o sistema CYP450 para a transformação metabólica, mas sofre transformação química no pH fisiológico normal. A temozolomida também tem a propriedade de inibir a enzima de reparo, a O6-guanina-DNAalquiltransferase. • A temozolomida difere da dacarbazina por atravessar a barreira hematencefálica. OUTROS ALQUILANTES • A mecloretamina foi desenvolvida como um vesicante (mostarda nitrogenada) durante a Primeira Guerra Mundial. Sua capacidade de produzir linfocitopenia levou ao uso em cânceres linfáticos. • O melfalano, um derivado fenilalanina da mostarda nitrogenada, é usado no tratamento de mieloma múltiplo. Ele é um alquilante bifuncional que pode ser dado por via oral; apesar disso, a concentração plasmática difere de paciente a paciente devido à variação na absorção intestinal e na biotransformação. • A dosagem do melfalano deve ser ajustada cuidadosamente, com monitoramento da quantidade de plaquetas e leucócitos. • Clorambucila é outro fármaco alquilante bifuncional usado no tratamento da leucemia linfocítica crônica. • O melfalano e a clorambucila causam toxicidade hematológica moderada e distúrbios no TGI. • O bussulfano é outro fármaco de uso oral eficaz contra a leucemia granulocítica crônica. Em pacientes idosos, o bussulfano pode causar fibrose pulmonar (“pulmão bussulfano”). Como outros alquilantes, todos esses fármacos são leucemogênicos. ANALOGOS DA PLATINA/COMPLEXOSDE COORDENAÇÃO DA PLATINA Devido às semelhanças nos seus mecanismos de ação e de resistência, os complexos da platina são discutidos com os agentes alquilantes clássicos, apesar de não produzirem alquilação do DNA por meio da formação de intermediários de íon carbônio, eles se ligam de forma covalente a sítios nucleofilicos no DNA promovendo a formação de complexos de metais covalentes). ➔ base do tratamento dos cânceres de ovário, cabeça e pescoço, bexiga, esôfago, pulmão e cólon; Na atualidade são usados três análogos da platina: (1) Cisplatina (2) Carboplatina (3) Oxaliplatina Mecanismo de ação: Forma ligações cruzadas intra e entre fitas do DNA. Ligação a proteínas nucleares e citoplasmáticas. No plasma, o meio rico em cloretos, a cisplatina permanece como molécula neutra e entra na célula por meio de um transportador ativo de cobre e o degrada para não ser expulsa. No meio intracelular, perde seu cloro no meio pobre em cloretos, pois são deslocados pela água, produzindo uma molécula reativa e positiva. Então, com a carga positiva ela se liga à guanina no DNA, formando ligações cruzadas entre e intrafitas. A lesão citotóxica resultante inibe as polimerases para replicação do DNA e síntese do RNA. Pode ocorrer citotoxicidade em qualquer estágio do ciclo celular, mas as células são mais vulneráveis à ação desses fármacos nas fases G1 e S. FÁRMACO PLATINA ADM/FARMACOCINÉTICA APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Cisplatina IV, IP (intraperitoneal) contra câncer ovariano e IA (intra-arterial) para perfundir outros órgãos. Excreção urinaria Tumores sólidos. Carcinoma pulmonar de células não pequenas (CPCNP), CPCP, câncer esofágico e gástrico, colangiocarcinoma, câncer de cabeça e pescoço e os cânceres geniturinários, particularmente os cânceres testicular, de ovário e de bexiga Nefrotoxicidade(prevenida por tratamento prévio com hidratação e diurese de cloreto pela infusão de 1-2 L de soro fisiológico)., neuropatia sensitiva periférica, ototoxicidade, disfunção nervosa, náuseas e vômitos. FÁRMACOS QUE AGEM EM PROTEÍNAS ESTRUTURAIS – ANTINEOPLÁSICOS DERIVADOS DE PLANTAS O fuso mitótico é parte do citoesqueleto celular, essencial para o movimento de estruturas presentes no citoplasma (organelas) de todas as células eucarióticas. O fuso mitótico consiste em cromatina mais um sistema de microtúbulos compostos por dímeros da proteína tubulina (tubulina alfa e beta). O feixe mitótico é essencial para a partição por igual do DNA nas duas células-filhas que são formadas quando uma célula eucariótica se divide. Antineoplásicos atuam nos microtúbulos, causando: desorganização do processo, afetando o equilíbrio entre as formas polimerizadas e despolimerizadas dos microtúbulos e causando citotoxicidade. Desestabilização do fuso mitótico (interferindo a mitose). Divisão celular comprometida. INIBIDORES DE MICROTUBULOS ALCALOIDES DA VINCA ➔ Vinca rósea, pervinca de Madagascar; Os extratos da pervinca despertaram interesse em virtude de seus efeitos hipoglicemiantes no diabetes. Os alcaloides purificados, incluindo a vimblastina, vincristina e vinorelbina: produzem regressão em neoplasias hematológicas (leucemias e linfomas) e câncer testicular. A vinorelbina, possui atividade importante contra o câncer de pulmão e o câncer de mama. Mecanismo de ação: são ciclo-celular específicos e fase-específicos. Bloqueiam as células em mitose na fase de metáfase pela capacidade de se ligarem especificamente à β tubulina e bloquear a sua polimerização com a α tubulina em microtúbulos. Farmacocinética: Os alcaloides da vinca se concentram e são biotransformados no fígado pela via CYP450 e eliminados na bile e nas fezes. As dosagens precisam ser ajustadas em pacientes com função hepática comprometida ou obstrução biliar. FÁRMACOS ALCALOIDES DA VINCA ADM/FARMACOCINETICA APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Vimblastina + bleomicina + cisplatina IV (Cuidar na adm EV pois extravasamento SC causa irritação e ulceração) Tumores testiculares metastáticos • Leucopenia de 7 a 10 dias após adm. • Distúrbio GI (náusea, vômito, anorexia e diarreia); • Raramente ocorre queda de cabelo e dermatite; Vimblastina + doxorrubicina + bleomicina + dacarbazia (ABVD) _________ doença de Hodgkin, sarcoma Kaposi, neuroblastoma, carcinoma de mama e coriocarcinoma _________ Vincristina + glicocorticoides IV (mais tolerada por crianças do que pelos adultos que podem apresentar problemas neurotóxicos). Normalmente aplicada semanalmente (7 em 7 dias) – períodos menores não mostram melhoras e aumentam a toxicidade Indução da remissão na leucemia infantil (tratamento de escolha) • Neurológica (disfunção motora) – perdas sensoriais iniciais não justificam diminuição da dose; • Constipação grave – usar profilaticamente laxantes; • Alopecia (calvície, ou perda de cabelo) em 20% dos pacientes – é reversível; • Se níveis plasmáticos de bilirrubina forem > 1,5mg/dl (diminuir a dose em 50%); • Pode promover leucopenia. Vincristina + ag. Alquilante (ciclofosfamida) + antraciclina _________ Sarcomas pediátricos (câncer de ossos e partes moles) _________ Vinorelbina + cisplatina IV CPNPP • Granulocitopenia e trombocitopenia moderada; • Menor neurotoxicidade do que os outros alcaloides da vinca; Reações alérgicas e alterações reversíveis e discretas das enzimas hepáticas; • Se níveis plasmáticos de bilirrubina forem > 2,1mg/dL (diminuir a dose em 50%); TAXANOS ➔ Casca do teixo ocidental; ➔ O primeiro composto foi o PACLITAXEL, e sua formulação esteve associada a problemas em virtude de sua pouca solubilidade em meio aquoso. Foi reformulado para uma solução de nanopartículas ligas a albumina para a infusão. ➔ DOCETAXEL: análogo semissintético mais potente que o Paclitaxel. Mecanismo de ação: são inibidores da mitose: ligam-se à β tubulina em sítio diferente dos alcaloides da vinca. Antagonizam o desmonte da β tubulina dos microtúbulos deixando permanecer feixes de microtúbulos e estruturas aberrantes. FÁRMACOS TAXANOS ADM/FARMACOCINÉTICA APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Paclitaxel e Docetaxel • Adm. 1 x por semana ou 1 x a cada 3 semanas. São componentes centrais no tratamento de Ca de ovário, mama, pulmão, GI, geniturinário e cabeça e pescoço metastáticos. • Neutropenia em 8 a 11 dias após a adm.; - Administração de filgrastim (fator estimulador de colônias de granulócitos); • Neuropatia sensorial; • Mucosite; • Hipersensibilidade (prevenidas com tratamento prévio por antagonistas H1 (difenidramina) antagonista H2 (cimetidina) e glicocorticoide (dexametasona) ANÁLOGOS DA CAMPTOTECINA ➔ As camptotecinas são produtos naturais derivados da árvore chinesa Camptotheca acuminata; ➔ A topotecana e o irinotecano são dois análogos das camptotecinas. Apesar de ambos inibirem o mesmo alvo molecular, seu espectro de atividade clínica é muito diferente. Mecanismo de ação: inibem a atividade da topoisomerase I, a enzima-chave e nuclear responsável pela quebra e religação das fitas simples de DNA, permitindo a replicação, reparo e transcrição. A inibição da enzima resulta em lesão do DNA. FÁRMACOS ANÁLOGOS DA CAMPOTECINA ADM/FARMACOCINÉTICA APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Topotecana IV e VO câncer de ovário metastático quando o tratamento primário falhou e no tratamento de câncer das células pulmonares pequenas. • Neutropenia – 81% de incidência • Mucosite; • Diarreia. Irinotecano IV Usado com 5-FU e ácido folínico contra o carcinoma retal ou de colo (CCR) • Diarreia tardia - prevenção com loperamida; • Mielossupressão – neutropenia (47%) • Náuseas, vômitos, fadiga, vasodilatação (rubor cutâneo), mucosite, elevação das transaminases e alopecia. EPIPODOFILOTOXINAS • Podofilotoxina: extraída da planta mandrágora (Podophyllum peltatum) era utilizada como remédio popular pelos índios norte- americanos pelos efeitos eméticos e anti-helmínticos. • Derivados sintéticos: atividade na leucemia pediátrica, CPPC, tumores testiculares, doença de Hodgkin e linfomas de grandes células. • Etoposido e Teniposido. O principal uso clínico do etoposídeo é no tratamento do câncer pulmonar e, em combinação com a bleomicina e a cisplatina, contra o carcinoma testicular. Mecanismo de ação: formam um complexo com a Topoisomerase II e o DNA, impedindo o reparo da quebra do DNA que ocorre após a ligação da Topoisomerase II ao DNA. Inibem a topoisomerase II. Bloqueia as células no fim da fase S para a G2 do ciclo. EPIPODOFILOTOXINAS ADM/FARMACOCINÉTICA APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Etoposido e Teniposido IV e VO CPCNP e CPCP; linfoma não Hodgkin, câncer gástrico hipotensão (toxicidade aguda) e Alopecia, Mielossupressão (toxicidade tardia). • Leucopenia de 10 a 14 dias após adm.; • Náuseas, vômitos, diarreia, estomatite – 15% dos pacientes • Hepatotoxicidade; • Hipoalbuminemia causa maior toxicidade: ligação às PP. FÁRMACOS QUE AGEM DIRETAMENTE NOS ÁCIDOS NUCLEICOS ANTIMICROBIANOS Os antimicrobianos antineoplásicos devem sua ação citotóxica principalmente às suas interações com DNA, levando à desorganização da sua função. Além de se intercalar, a propriedade de inibir as topoisomerases (I e II) e produzir radicais livres também tem participação significativa no efeito citotóxico. Eles são ciclo-celular inespecíficos, mas a bleomicina é exceção. Mecanismo de ação: os radicais livres derivados da doxorrubicina podem causar peroxidação dos lipídeos de membrana, rupturadas fitas de DNA e oxidação direta de bases púricas e pirimídicas, tióis e aminas. ANTRACICLINAS • se ligam às proteínas plasmáticas, bem como a outros componentes tissulares, onde são amplamente distribuídos. Eles não penetram a barreira hematoencefálica nem os testículos. Esses fármacos sofrem extensa biotransformação hepática, e é preciso ajustar a dosagem em pacientes com função hepática insuficiente. A via biliar é a principal rota de eliminação. Ocorre alguma excreção renal, mas em geral não é necessário ajustar a dosagem na disfunção renal. Devido à coloração vermelho-escuro dos antraciclínicos, as veias podem se tornar visíveis ao redor do local de infusão, e a urina também pode corar de vermelho. ➔ O extravasamento é um sério problema, já que pode causar necrose tissular. ➔ A bleomicina é uma mistura de diversos glicopeptídeos queladores de cobre e, como os antimicrobianos antraciclínicos, causa cisão do DNA por um processo oxidativo. A bleomicina é ciclo-celular específica e faz as células se acumularem na fase G2. Mecanismo de ação: O complexo DNA-bleomicina-Fe2+ parece sofrer oxidação à bleomicinaFe3+. Os elétrons liberados reagem com o oxigênio para formar radicais superóxido ou hidroxilas, que, por sua vez, atacam as ligações fosfodiéster do DNA, resultando em quebra das fitas e aberrações cromossomais. Resistência: Embora o mecanismo de resistência não tenha sido elucidado, foram implicados o aumento dos níveis de bleomicina hidrolase (ou desaminase), glutationa-S-transferase e, possivelmente, o aumento do efluxo da bleomicina. A reparação do DNA também pode contribuir. A enzima inativadora de bleomicina (uma hidrolase) é elevada em inúmeros tecidos (fígado e baço), mas é baixa nos pulmões e ausente na pele (responsável pela toxicidade da bleomicina nesses tecidos). A maior parte do fármaco é excretada, inalterada, na urina, e é necessário ajuste da dose em pacientes com insuficiência renal. ANTRACICLINAS MECANISMO DE AÇÃO ADM APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Doxorrubicina (análago hidroxilado da dauno) Ligação de radicais livres de oxigênio ao DNA, causando rupturas de fitas simples e duplas do DNA; inibe a topoisomerase II; intercala-se no DNA IV (Todos esses fármacos precisam ser administrados por via IV, pois são inativados no TGI). - A doxo é usada em associação com outros agentes antineoplásicos (ciclofosfamida, cisplatina e 5-FU); Sarcomas pediátricos e adultos, câncer de mama, endométrio, ovário, testículo, tireoide, estomago, bexiga, fígado e pulmão. Linfomas (Hodgkin e não Hodgkin) e Leucemias (LLA), mieloma múltiplo. A cardiotoxicidade dose-dependente e irreversível, resultante da geração de radicais livres e da peroxidação de lipídeos. Ela é mais comum com a daunorrubicina e com a doxorrubicina do que com a idarrubicina e a epirrubicina. • A adição de trastuzumabe aos protocolos com doxorrubicina ou epirrubicina aumenta a insuficiência cardíaca congestiva. • Há algum sucesso na proteção contra a cardiotoxicidade pela doxorrubicina com o quelante de ferro dexrazona. A doxorrubicina encapsulada em lipossomos é relatada como menos cardiotóxica do que a formulação habitual Daunorrubicina ____ ____ leucemias agudas ____ Idarrubicina (análogo hidroxilado da dauno) ____ ____ leucemias agudas ____ Epirrubicina ____ ____ terapia adjuvante no câncer de mama de estágio inicial com linfonodos positivos, porém também é utilizada no tratamento do câncer de mama metastático e do câncer gastresofágico ____ Mitoxantrona ____ ____ (altas doses) câncer de próstata e a LMA ____ Menos cardiotoxico Bleomicina Ligação de radicais livres de oxigênio ao DNA, causando rupturas de fitas simples e duplas do DNA IV, SC e IM câncer nos testículos e de linfomas de Hodgkin de baixo grau. Câncer de células germinativas, cabeça e pescoço. Reações mucocutâneas e alopecia são comuns. Alterações hipertróficas da pele e hiperpigmentação das mãos são prevalentes. Febre e calafrios, e baixa incidência de reações anafiláticas graves. A toxicidade pulmonar é o efeito adverso mais grave, evoluindo de estertores, tosse e infiltrados até fibrose potencialmente fatal. A fibrose pulmonar “pulmão bleomicina”. • Raras mielossupressões. ANTIMETABÓLITOS Os antimetabólitos são estruturalmente relacionados a compostos normais encontrados no interior da célula. Eles, em geral, interferem na disponibilidade de precursores normais de nucleotídeos de purina ou pirimidina, seja por inibirem sua síntese, seja por competirem com eles na síntese de DNA ou RNA. O efeito citotóxico máximo é específico na fase S e é, portanto, ciclo-celular específico. ANTIFOLATOS ➔ Metotrexato; pemetrexede e pralatrexato; A vitamina fólica (complexo B-B9) tem papel central em uma variedade de reações metabólicas envolvendo a transferência de unidades de um carbono e é essencial para a multiplicação celular. O ácido fólico é obtido de fontes da dieta ou daquele produzido pela flora intestinal. Folato: é a forma natural da vitamina B9, obtido através de diversos alimentos e que protege contra câncer de mama, de próstata, é essencial ao corpo para a rápida divisão celular e é essencial pra adequados desenvolvimentos cerebrais e de nervos. Ácido fólico: está envolvido na síntese e metilação de DNA (metilação é o processo natural que ocorre na citosina, uma das quatro bases que compõem o DNA. Sua deficiência leva à anemia, ao aumento da incidência de doença do tudo neural, aumenta risco de certos tipos de câncer e aumenta a homocisteína – um fator de risco pra doenças cardiovasculares, AVC e outras doenças. Mecanismo de ação: o MTX é estruturalmente relacionado ao ácido fólico e atua como um antagonista dessa vitamina, inibindo a di-hidrofolato redutase (DHFR), enzima que converte o ácido fólico na sua forma de coenzima ativa, o ácido tetra-hidrofólico (FH4). A inibição da DHFR consegue ser revertida somente por um excesso de mil vezes do substrato natural, o di-hidrofolato (FH2), ou pela administração de ácido folínico, que ultrapassa a enzima bloqueada e restabelece o estoque de folato; o ácido folínico é a forma do FH4 portando o grupo N5- formil; • Além disso, doses baixas de MTX como fármaco único são eficazes contra certas doenças inflamatórias, como psoríase grave e artrite reumatoide, bem como a doença de Crohn. Todos os pacientes que recebem MTX exigem monitoração cuidadosa quanto aos possíveis efeitos tóxicos. • O Pemetrexede é um antimetabólito com mecanismo similar ao do MTX. Contudo, além de inibir a DHFR ele também inibe a timidilato sintetase e outras enzimas envolvidas no metabolismo do folato e na síntese de DNA; • O pralatrexato é um antimetabólito novo que também inibe a DHFR; Resistência: As células que não estão proliferando são resistentes ao MTX, provavelmente devido à falta relativa de DHFR, timidilato sintetase e/ou enzima glutamilante; Níveis mais baixos de poliglutamato-MTX foram observados em células resistentes e podem ser decorrentes de menor formação ou aumento da degradação; A resistência das células neoplásicas pode ser causada pela amplificação (produção de cópias adicionais) do gene que codifica a DHFR, resultando no aumento dos níveis dessa enzima e a afinidade da enzima pelo MTX também pode ser diminuída; A resistência também pode decorrer de uma diminuição no influxo de MTX, causada aparentemente por alteração no transporte mediado por carregador responsável pelo bombeamento do fármaco para dentro da célula. Farmacocinética: em doses baixas, o MTX sofre absorção variável no trato GI (TGI). Como o MTX não atravessa a barreira hematoencefálica facilmente, elepode ser administrado por via intratecal para destruir células neoplásicas que prosperam no SNC; • Concentrações elevadas são encontradas no epitélio intestinal, no fígado e nos rins; • O MTX também se distribui para a pele; • Doses altas de MTX sofrem hidroxilação na posição 7, transformando-se em 7- hidroximetotrexato. Esse derivado é muito menos ativo como antimetabólito. Ele é menos hidrossolúvel do que o MTX e pode causar cristalúria. Por isso, é importante manter a urina alcalina e o paciente bem hidratado, para evitar a toxicidade renal. A excreção do MTX e do metabólito 7-OH ocorre primariamente na urina, embora parte do fármaco e seu metabólito apareçam nas fezes devido à excreção êntero-hepática. ANÁLOGOS DA PIRIMIDINA ➔ 6-Mercaptopurina • é o análogo tiol da hipoxantina; azatioprina, um imunossupressor, exerce seu efeito citotóxico após conversão a 6MP; A 6-MP e seu análogo azatioprina são benéficos também no tratamento da doença de Crohn. Mecanismo de ação: Formação de nucleotídeo. Para exercer seu efeito antileucêmico, a 6-MP precisa entrar na célula-alvo e ser convertida ao análogo nucleotídico, o 6-MP-ribose-fosfato (mais conhecido como ácido 6-tioinosínico ou TIMP); A adição da ribose- fosfato é catalisada pela enzima da via de salvação, hipoxantina-guanina fosforribosiltransferase (HGPRT). Inibição da síntese de purina: Inúmeros processos metabólicos envolvendo a biossíntese de purina e as interconversões são afetados pelo análogo do nucleotídeo, o TIMP. Similarmente aos nucleotídeos monofosfatos, o TIMP pode inibir a primeira etapa da biossíntese de novo do anel purina (catalisado pela glutamina fosforribosil pirofosfato amidotransferase); O TIMP também bloqueia a formação de monofosfato de adenosina e de ácido xantinúrico a partir do ácido inosínico. Incorporação em ácidos nucleicos: O TIMP é convertido em monofosfato de tioguanina, que, após fosforilação a di e trifosfatos, pode ser incorporado no RNA; os análogos desoxirribonucleotídeos, que também são formados, são incorporados ao DNA; isso resulta em RNA e DNA não funcionais. Resistência: A resistência a esses fármacos está associada a: 1) incapacidade de biotransformar a 6-MP no nucleotídeo correspondente, devido aos baixos níveis de hipoxantina-guanina fosforribosiltransferase (HGPRT); 2) aumento da desfosforilação; 3) aumento da biotransformação do fármaco a ácido tioúrico (inativo) ou outros metabólitos. Farmacocinética: A absorção oral desses fármacos é errática e incompleta; entrando na circulação, o fármaco é amplamente distribuído pelo organismo, exceto para o líquido cerebrospinal (LCS). A biodisponibilidade da 6-MP pode ser reduzida pela biotransformação de primeira passagem. No fígado, a 6-MP é convertida ao derivado 6-metilmercaptopurina ou ácido; O fármaco e seus metabólitos são excretados pelos rins. OUTROS • Fludarabina • Cladribina • 5-fluoruracila • Capecitabina • Citarabina • Azacitidina • Gencitabina • Azacitidina Fludarabina ➔ A fludarabina é o 5′-fosfato do arabinosídeo 2-fluoroadenina – um análogo nucleotídico da purina; Mecanismo de ação: A fludarabina é um pró-fármaco; o fosfato é removido no plasma para formar o 2-F-araA, que é captado pelas células e novamente fosforilado. Embora o mecanismo citotóxico exato seja incerto, o trifosfato é incorporado ao DNA e ao RNA. Isso diminui suas sínteses na fase S e afeta suas funções; • A resistência está associada: - À diminuição da captação pelas células, à falta da desoxicitidina cinase (fosforila) e à diminuição da afinidade da DNA-polimerase; Cladribina ➔ Outro análogo da purina; Mecanismo de ação; 2-clorodesoxiadenosina ou cladribina, sofre reações similares às da fludarabina e precisa ser convertida em um nucleotídeo para ser citotóxico. Incorpora-se no término 3′ do DNA e, assim, inibe seu alongamento. Ela também afeta a reparação do DNA e é um inibidor potente da ribonucleotídeo redutase. ➔ A resistência pode ser provocada pelos mecanismos análogos aos que afetam a fludarabina, embora não tenha sido observada resistência cruzada; 5-fluoruracila ➔ A 5-fluoruracila (5-FU), um análogo da pirimidina, tem um átomo estável de flúor no lugar de um átomo de hidrogênio na posição 5 do anel do uracilo. O flúor interfere na conversão do ácido desoxiuridílico a ácido timidílico, privando, assim, a célula de timidina, um dos precursores essenciais da síntese de DNA. Mecanismo de ação: A 5-FU não tem atividade antineoplásica. Ela entra na célula por um sistema de transporte mediado por carregador e é convertida ao desoxinucleotídeo correspondente (monofosfato de 5-fluorodesoxiuridina [5-FdUMP]), compete com o monofosfato de desoxiuridina pela timidilato sintetase, inibindo, assim, a sua ação. A síntese de DNA diminui devido à falta de timidina, levando ao crescimento celular desequilibrado e à “morte por falta de timidina” das células em divisão rápida (o ácido folínico é administrado com 5-FU, pois a coenzima folato reduzida é necessária na inibição da timidilato sintetase. Por exemplo, hoje, o regime padrão para o câncer colorretal avançado é irinotecano + 5-FU/ácido folínico.) A 5-FU também é incorporada ao RNA, e níveis baixos foram detectados no DNA. Neste último caso, uma glicosilase excisa a 5-FU, lesando o DNA. A 5-FU produz o efeito anticâncer na fase S do ciclo celular. Resistência: Encontra-se resistência quando as células perdem a capacidade de converter a 5-FU na sua forma ativa (5-FdUMP) ou quando elas alteram ou aumentam os níveis de timidilato sintetase. Farmacocinética: Devido à grave toxicidade ao TGI, a 5-FU é administrada por via IV ou, no caso de câncer de pele, topicamente. O fármaco penetra bem em todos os tecidos, incluindo o SNC. A 5-FU é rapidamente biotransformada no fígado, nos pulmões e nos rins. Eventualmente, ela é convertida a fluoro-β-alanina, que é eliminada na urina. A dose de 5-FU precisa ser ajustada no caso de insuficiência hepática. Níveis elevados de di-hidropirimidina desidrogenase (DPD) podem aumentar a taxa de catabolismo do 5-FU e diminuir sua biodisponibilidade. Os níveis de DPD variam de indivíduo a indivíduo, podendo ter variação de até seis vezes na população geral. Pacientes com deficiência de DPD podem experimentar toxicidade grave, manifestada por pancitopenia, mucosite e diarreia com risco de vida. O conhecimento da atividade da DPD do paciente a ser tratado permite dosar mais apropriadamente a 5-FU. Capecitabina ➔ É um novo carbamato fluoropirimidina oral; • Após absorção, a capecitabina, que por si só não é tóxica, sofre uma série de reações enzimáticas, sendo a última a hidrólise a 5-FU. Essa etapa é catalisada pela timidina fosforilase, uma enzima concentrada primariamente em tumores. Assim, a atividade citotóxica da capecitabina é a mesma da 5-FU e é tumor-específica. A enzima mais importante inibida pela 5-FU (e, assim, pela capecitabina) é a timidilato sintetase; Citarabina Resistência: a resistência para a citarabina pode resultar de um defeito no processo de transporte, uma alteração na atividade das enzimas fosforiladoras (especialmente a desoxicitidina cinase) ou um aumento na reserva do nucleotídeo dCTP natural. O aumento da desaminação da citarabina para uracil-arabinosídeo (ara-U) também pode causar resistência. Farmacocinética: não é eficaz quando administrada por via oral, devido à sua desaminação para ara-U, não citotóxico, pela citidina desaminase na mucosa intestinal e no fígado. Administrada por via IV, ela se distribui por todo o organismo, mas não penetra no SNC em quantidade suficiente. Por isso, ela pode ser injetada intratecalmente. Uma preparação lipossomal, que proporciona liberação lenta no LCS, está disponível. A citarabina sofre desaminação oxidativa extensa no organismo para ara-U – um metabólito farmacologicamente inativo. Citarabina e ara-U são excretados na urina. Azacitidina➔ É um nucleosídeo pirimidina análogo da citidina; Mecanismo de ação: É ativada ao nucleotídeo metabólito trifosfato de azacitidina e incorporada no RNA, inibindo seu processamento e sua função. Ela é ciclo-celular específico na fase S. O mecanismo de resistência não está bem descrito. Gencitabina ➔ É um análogo do nucleosídeo desoxicitidina; Mecanismo de ação: a gencitabina é substrato da desoxicitidina cinase, que fosforila o fármaco a trifosfato de 2′-2′- difluorodesoxicitidina; Resistência: incapacidade de convertê-la em nucleotídeo, por alteração na desoxicitidina cinase. Além disso, a célula tumoral pode produzir níveis elevados de desoxicitidinas endógenas que competem pela cinase, superando, assim, o bloqueio. FÁRMACOS ANTIMETABÓLICOS MECANISMO DE AÇÃO ADM APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Metotrexato (MTX) Pemetrexede Pralatrexato Inibe a DHFR; inibe a TS; inibe a síntese original de nucleotídeos de purina IV, VO, IM e IT LLA, Linfoma de Burkitt em crianças, câncer de mama, bexiga e carcinomas de cabeça e pescoço (MTX) CPNPC (pemetrexede) e Linfoma de células T (pralatrexato). - MTX n/v/d, estomatite, urticaria, alopecia, Mielossupressão, lesão renal, toxicidade neurológica; - O pemetrexede deve ser administrado com ácido fólico e vitamina B12 para diminuir a toxicidade hematológica e GI; - É recomendado também pré- tratar com corticosteroides para prevenir reações cutâneas; - - pralatrexato: mucosite. As dosagens devem ser ajustadas ou suspensas) com base na gravidade. Exige suplementação com ácido fólico e vitamina B12. 6-Mercaptopurina (análogo, azatioprina) Inibe a síntese original de nucleotídeos de purina; incorporação do trifosfato no RNA e no DNA VO Leucemia Linfoblastica Aguda, doença de Crohn Mielossupressão, imunossupressão e hepatotoxicidade Inibe a síntese e o reparo do DNA; inibe a IV (pois as bactérias leucemia linfocítica crônica, da leucemia de Imunossupressor (risco aumentado de contrair doenças), Fludarabina ribonucleotídeo- redutase; incorporação do trifosfato de fludarabina no DNA; indução da apoptose intestinais quebram o açúcar, formando um metabólito muito tóxico, a fluoroadenina) células pilosas e do linfoma não Hodgkin de baixo grau mielossupressão. Os pacientes devem receber profilaxia contra PPC com sulfametoxazol- trimetoprima, pelo menos três vezes por semana, por até um ano após interrupção da terapia com fludarabina. Cladribina Inibe a síntese e o reparo do DNA; inibe a ribonucleotídeo- redutase; incorporação do trifosfato de cladribina no DNA; indução da apoptose IV infusão contínua única. Se distribui pelo LCS. leucemia de célula pilosa, leucemia linfocítica crônica e linfoma não Hodgkin; Mielossupressão, náuseas, vômitos e imunossupressão 5-fluoruracila Inibe a TS; incorporação da FUTP no RNA, resultando em alteração do processamento do RNA; incorporação do FdUTP no DNA, resultando em inibição da síntese e da função do DNA IV (penetra o SNC), , câncer de cabeça e pescoço, câncer hepatocelular. tumores sólidos de crescimento lento (carcinomas colorretal, mamário, ovariano, pancreático e gástrico). Aplicada topicamente, a 5-FU é eficaz também no tratamento de carcinomas de célula basal superficial. Náuseas, mucosite, diarreia, depressão da medula óssea, neurotoxicidade Citarabina Inibe o alongamento da cadeia de DNA, a síntese e o reparo do DNA; inibe a ribonucleotídeoredutase, com formação reduzida de dNTP; incorporação do trifosfato de citarabina no DNA IV e IT leucemia não linfocítica (mielogênica) aguda (AML); LLA, LMC em crise blástica; Náuseas e vômitos, mielossupressão com neutropenia e trombocitopenia, ataxia cerebelar Capecitabina Inibe a TS; incorporação da FUTP no RNA, resultando em alteração do processamento do RNA; incorporação do FdUTP no DNA, resultando em inibição da síntese e da função do DNA VO câncer colorretal e de mama metastático Diarreia, síndrome da mão e pé, mielossupressão, náuseas e vômitos Azacitidina É ativada ao nucleotídeo metabólito trifosfato de azacitidina e incorporada no RNA, inibindo seu processamento e sua função. SC, IV síndromes mielodisplásticas e na AML; Mielossupressão (neutropenia, trombocitopenia), N/V, constipação, hipopotassemia, toxicidade renal Gencitabina Inibe a síntese e o reparo do DNA; inibe a ribonucleotídeo- redutase, com formação reduzida de dNTP; incorporação do trifosfato de gencitabina no DNA, resultando na inibição de sua síntese e função IV câncer de pâncreas e o câncer pulmonar de células não pequenas; Náuseas, vômitos, diarreia, mielossupressão TERAPIA DIRIGIDA PARA ALVOS: INIBIDORES DE PROTEÍNA TIROSINOCINASE O conhecimento das bases moleculares do câncer, permitiram o desenvolvimento de fármacos novos, capazes de bloquear as mutações fundamentais que causam cânceres específicos - Receptores aberrantes de fatores de crescimento; - Desregulação de vias de sinalização intracelulares; - Defeitos no reparo do DNA; - Apoptose e angiogênese tumoral. Os principais instrumentos para inibir esses novos alvos consistem em: (1) Anticorpos monoclonais, que atacam receptores de superfície celular; (2) Antígenos, ou pequenas moléculas sintéticas que penetram nas células e se ligam a enzimas chave. ANTICORPOS MONOCLONAIS Os anticorpos monoclonais matam as células tumorais ao bloquear a função dos receptores de superfície celular e ao recrutar células imunes e de complemento para o complexo antígeno-anticorpo. Eles podem ser preparados para transportar toxinas ou radionuclídeos até as células de interesse, aumentando, assim, seus efeitos citotóxicos. Em geral, são específicos para um único receptor, apresentam meia-vida plasmática prolongada e só exigem administração intermitente. ANTÍGENOS, OU PEQUENAS MOLÉCULAS SINTÉTICAS As pequenas moléculas podem atacar os mesmos alvos e as mesmas vias que os anticorpos monoclonais, mas também podem exercer seus efeitos entrando nas células e inibindo determinadas funções enzimáticas (reações de tirosinocinase). Com frequência, as pequenas moléculas inibem múltiplos sítios enzimáticos, possuem amplo espectro de cinases alvo e tendem a ser substratos das CYPs hepáticas, com meia-vida de 12-24 h, exigindo, administração oral diária. As duas classes de fármacos, quando dirigidas contra a mesma via, podem ter espectros de atividade antitumoral diferentes. Assim, os anticorpos monoclonais contra o receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR) mostram-se efetivos no tratamento dos cânceres de cabeça e pescoço e de cólon, ao passo que as pequenas moléculas, como erlotinibe e gefitinibe, atacam a função de tirosinocinase intracelular do mesmo receptor e possuem um espectro diferente de atividade antitumoral (câncer de pulmão de células não pequenas). INIBIDORES DAS PROTEINAS TIROSINOCINASES As proteinocinases são componentes críticos das vias de transdução de sinais, que regulam o crescimento celular e a adaptação ao meio extracelular. Essas vias de sinalização influenciam a transcrição gênica e/ou a síntese de DNA, bem como os eventos citoplasmáticos. As proteinocinases podem ser classificadas em três categorias diferentes: - As cinases que fosforilam especificamente resíduos de tirosina; - As cinases que fosforilam resíduos de serina e treonina - E aquelas com atividade sobre os três resíduos. As tirosinocinases podem ser ainda subdivididas em proteínas que possuem um domínio de ligação do ligante extracelular (tirosinocinasesreceptoras) e enzimas restritas ao compartimento celular citoplasmático ou nuclear (tirosinocinases não receptoras). Os fatores de crescimento e outros ligantes ligam-se às tirosinacinases receptoras e as ativam em condições fisiológicas. Em um número crescente de neoplasias humanas, as mutações que ativam constitutivamente proteínas de tirosinocinases estão implicadas na transformação maligna; por isso, essas tirosinocinases constituem alvos para a terapia do câncer. INIBIDORES DA BCR-ABL CINASE Os três inibidores da BCR-ABL cinase diferem na sua potência de inibição, nas suas especificidades de ligação e na sua suscetibilidade às mutações de resistência na enzima-alvo. O cromossomo Philadelphia é uma alteração citogenética, que resulta de uma translocação recíproca de material genético entre os genes ABL no cromossomo 9 e o BCR no cromossomo 22, formando o gene quimérico BCR-ABL (uma proteinocinase constitutivamente ativada) e, a seguir, o fenótipo maligno. ➔ Imatinibe: A ingestão de alimento não modifica o perfil farmacocinético do imatinibe. Com doses acima de 300 mg/dia, são obtidos níveis plasmáticos que correspondem a níveis in vitro necessários para matar células que expressam BCR-ABL. Faixa posológica de 400 - 600 mg/dia. T ½ vida 18h e eliminação de 40h. • O médico deve ter cautela na introdução de fármacos capazes de interagir com o imatinibe e a CYP3A4. Uma dose única de cetoconazol, um inibidor da CYP3A4, aumenta a concentração máxima do imatinibe no plasma em 26%. A coadministração de rifampicina, um indutor da CYP3A4, reduz a concentração plasmática do imatinibe em 70%. De forma semelhante, o imatinibe, por ser um substrato competitivo da CYP3A4, inibe o metabolismo da sinvastatina e aumenta a sua concentração plasmática em 3,5 vezes. ➔ Desatinibe (liga-se a ambas as configurações aberta e fechada da BCRABL cinase; ➔ Nilotinibe (maior potência e maior especificidade e supera a resistência causada pelo imatinibe); INIBIDORES DO RECEPTOR DO FATOR DE CRESCIMENTO DA EPIDERME O EGFR pertence à família ErbB de receptores transmembrana de tirosinocinases. O EGFR, também conhecido como ErbB 1 ou HER l. É essencial para o crescimento e a diferenciação das células epiteliais. A ligação de um ligante ao domínio extracelular dos membros da família do EGFR provoca dimerização do receptor e estimula a atividade da proteína tirosinocinase do domínio intracelular, resultando em autofosforilação de vários resíduos Tir no domínio C-terminal. O reconhecimento das fosfotirosinas por outras proteínas resultam na estimulação de vias de sinalização: MAPK, PI3K/Akt e STAT. Duas classes distintas de fármacos tendo como alvo a via do EGFR atuam na terapia de tumores sólidos: • Os inibidores da EGFR tirosinocinase: ligam-se ao domínio da cinase e bloqueiam a função enzimática do EGFR. ➔ Erlotinibe e Gefitinibe • Os anticorpos monoclonais: ligam-se especificamente ao domínio extracelular do EGFR. Eles inibem a sinalização dependente do EGFR pela inibição da ativação e dimerização do receptor dependente de ligante, infrarregulação da expressão do EGFR e indução de citoxicidade mediada por células dependente de anticorpos. ➔ Cetuximabe e Panitumumabe INIBIDORES DA ANGIOGÊNESE As células cancerosas secretam fatores angiogênicos que induzem a formação de novos vasos sanguíneos, assegurando o fluxo de nutrientes para as células tumorais. Os fatores angiogênicos secretados pelos tumores incluem o VEGF (fator de crescimento vascular endotelial), o FGF (fator de crescimento dos fibroblastos), o TGF- (fator transformador de crescimento) e o PDGF (fator de crescimento derivado das plaquetas). ➔ Sunitinibe e Sorafenibe: 4 semanas de tratamento, seguidas de 2 semanas sem tratamento. Metabolizado pela CYP3A4, produzindo um metabólito ativo, cuja meia-vida é de 80-11O h. Farmacocinética não é afetada pela ingestão de alimento. ANTICORPOS MONOCLONAIS Ac monoclonal dirigido contra o domínio extracelular do Fator de Crescimento da Epiderme (EGFR) ➔ Cetuximabe • IgG1 - humano/murino quimérico recombinante, que se liga ao domínio extracelular do EGFR. Usos Terapêuticos: Câncer de cabeça e pescoço: melhora da sobrevida global quando utilizado em combinação com radioterapia para o carcinoma espinocelular (CEC) de cabeça e pescoço local ou regionalmente avançado. Monoterapia para pacientes com CEC de cabeça e pescoço metastático ou recorrente que não responderam à quimioterapia à base de platina. Câncer de cólon metastático: aprovado como único agente para o tratamento do câncer colorretal metastático EGFR positivo. Utilizado em pacientes que não conseguem tolerar a terapia à base de irinotecana, bem como em associação com a irinotecana para pacientes refratários à oxaliplatina, irinotecana e 5-FU. Estudos clínicos demonstraram que 40-50% dos tumores colorretais com mutações no oncogene k-ras são resistentes aos efeitos do cetuximabe. O anticorpo produz uma taxa de resposta de 1% em pacientes com tumores mutantes, em comparação com 12% nos tumores com k-ras de tipo selvagem. INIBIDORES DO HER2/neu Tanto os anticorpos (trastuzumabe) quanto as pequenas moléculas (lapatinibe) exercem efeitos antitumorais notáveis em pacientes com câncer de mama HER2-positivo e se tomaram agentes terapêuticos essenciais em associação com a QTX citotóxica para essa neoplasia maligna agressiva HER2/neu (Human Epidermal growth factor receptor 2), conhecido também como ErbB2 é um oncogene localizado no cromossomo 17, que se expressa em 25% a 30% dos casos de câncer de mama. ➔ Trastuzumabe (herceptin, nome comercial): ac monoclonal humanizado, que se liga ao domínio externo do HER2/neu (ErbB2). - 30% dos cânceres de mama hiperexpressão esse receptor, devido à amplificação gênica no cromossoma 17 - a amplificação do receptor está associada a taxas de resposta mais baixas às terapias hormonais e à maioria dos agentes citotóxicos. Os pacientes portadores de tumores com amplificação de HER2/neu apresentam maiores taxas de recidiva após terapia adjuvante-padrão e menor sobrevida global, em comparação com pacientes portadores de tumores com HER2 não amplificado. O domínio interno da glicoproteína HER2/neu codifica uma tirosinocinase, que ativa sinais distais, aumenta o potencial metastático e inibe a apoptose. O trastuzumabe foi o primeiro anticorpo monoclonal a ser aprovado para tratamento de tumor sólido. Na atualidade, o trastuzumabe está aprovado para tratamento do câncer de mama metastático com hiperexpressão de HER2/neu, em associação com o paclitaxel como tratamento inicial ou como monoterapia após recidiva da quimioterapia. Ele possui ação sinérgica com outros agentes citotóxicos nos cânceres com hiperexpressão de HER2/neu. Ocorre também expressão do HER2/neu em subgrupos de pacientes com tumores gástricos, esofágicos, pulmonares e outros tumores sólidos. Farmacocinética: - Meia-vida média de 5,8 dias após a administração de uma dose de manutenção de 2 mg/kg; - Níveis no estado de equilíbrio dinâmico são obtidos entre 16 e 32 semanas; Toxicidade: O efeito tóxico mais grave do trastuzumabe consiste em insuficiência cardíaca. O antígeno HER2 é altamente expresso no coração em desenvolvimento durante a embriogênese. A insuficiência cardíaca constitui um efeito colateral potencialmente incapacitante ou fatal, a não ser que seja reconhecida precocemente, e o fármaco seja interrompido. Antes de iniciar a terapia devem-se obter um eletrocardiograma basal e medidas da fração de ejeção cardíaca. O risco de cardiotoxicidade é acentuadamente reduzido com associações de taxano-trastuzumabe. INIBIDORES DA ANGIOGÊNESE Mecanismo adicional para explicar a eficácia dos inibidores de angiogênese: capilares que extravasam dentro dos tumores apresentam permeabilidade aumentada e causam um aumento na pressão intersticial do tumor. Essa elevação da pressão inibe o fluxo sanguíneo, diminui a oxigenação eimpede a liberação do fármaco dentro do tumor. Sendo assim, ac dirigidos contra o fator angiogênico principal, o VEGF (fator de crescimento vascular endotelial), diminuem a pressão intersticial dentro dos tumores e revertem as alterações na oxigenação e no fluxo sanguíneo. Aumentam a capacidade dos agentes quimioterápicos de alcançar o tumor. ➔ Bevacizumabe: ac humanizado dirigido contra o VEGF-A; primeira molécula aprovada pelo FDA que tem como alvo específico a angiogênese; • Em associação (bevacizumabe + ...) • CPNPC: associação com carboplatina e paclitaxel; • CCR: associação FOLFOX (5-FU, leucovorina e oxaliplatina) ou FOLFIRI (5-FU, leucovorina e irinotecana); • Mama: associação com docetaxel ou paclitaxel; • No carcinoma de células renais de células claras - um câncer notavelmente resistente aos agentes quimioterápicos tradicionais - tumor altamente vascular - apresenta um alvo particularmente atraente para o bevacizumabe e outros agentes antiangiogênicos. Em 2009, o FDA aprovou o uso do bevacizumabe em associação com interferona-α para o tratamento do carcinoma de células renais metastático Farmacocinética: adm por via EV na forma de infusão durante 30-90 min. • CCR: dose de 5 mg/kg a cada 2 semanas; • CPNPC: dose de 15 mg/kg a cada 3 semanas; • Mama: 10 mg/kg a cada 2 semanas; • O anticorpo possui uma meia-vida plasmática de 4 semanas. Toxicidade: Potencial de lesão vascular e sangramento, dificuldades de cicatrização – adiar cirurgias eletivas em 4 semanas a partir da última dose do fármaco. Tromboembolismo. Hipertensão e proteinúria (assintomática). MODIFICADORES DA RESPOSTA BIOLÓGICA ➔ Rituximabe: ac monoclonal cujo alvo é o antígeno CD20 das células B; O antígeno CD20 é encontrado em células desde o estágio de célula pré-B até a sua diferenciação final em plasmócitos, sendo expressa em 90% das neoplasias de células B. O rituximabe foi aprovado como monoterapia para a recidiva de linfomas, melhora as taxas de resposta quando acrescentado à quimioterapia de combinação para outros. Farmacocinética e dosagem: • T ½ ~ 22 dias. É administrado por infusão intravenosa, como monoterapia ou em combinação com quimioterapia, em uma dose de 375 mg/m2. Como monoterapia, o rituximabe é administrado semanalmente, durante 4 semanas, com dose de manutenção a cada 3-6 meses. Nos esquemas de combinação, o fármaco pode ser administrado a cada 3-4 semanas com quimioterapia, em um total de até oito doses. Durante a sua primeira administração, a velocidade de infusão deve ser aumentada lentamente (50mg/h chegando a 400mg/h) para evitar reações de hipersensibilidade graves. O pré-tratamento com anti-histamínicos, paracetamol e glicocorticoides diminui o risco de reações de hipersensibilidade. O rituximabe pode causar reativação do vírus da hepatite B. INIBIDORES DAS PROTEINAS TIROSINOCINASES (BCR-ABL) MECANISMO DE AÇÃO ADM APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Imatinibe, Desatinibe e Nilotinibe Inibe a Bcr-Abl tirosinas-cinase e outras tirosinas- cinase receptoras, incluindo PDGFR e c-kit. Desatinibe e Nilotinibe, também inibem Src-cinase. VO leucemia mielógena crônica (LMC), tumores do estroma GI, síndrome de hipereosinofilia, leucemia mielomonocítica crônica, dermatofibrossarcoma protuberante. Todos podem causar: distúrbio GI (diarreia, náuseas e vômitos), retenção de líquido (edema dependente e edema periorbitário), hepatotoxicidade. O dasatinibe pode causar derrames pleurais. O nilotinibe pode prolongar o intervalo QT e deve ser utilizado com cautela em pacientes com doençacardíaca subjacente ou arritmias. INIBIDORES DA AGIOGÊNESE Sunitinibe e Sorafenibe Inibe múltiplas RTKs, incluindo raf cinase, VEGF-R1, VEGF-R2, VEGF-R3, PDGFR-a e PDGFR-b, resultando em inibição da angiogênese, invasão e metástase VO (50 mg 1 vez/dia) carcinoma de células renais (RCC), tumores do estroma gastrointestinais (GIST) e câncer pancreático raro. Após falha com o Imatinibe. Fadiga, hipotireoidismo, mielossupressão, neutropenia grave, sangramento, hipertensão, cardiotoxicidade, proteinúria e diarreia. ANTICORPOS MONOCLONAIS Cetuximabe Liga-se ao EGFR e inibe a sinalização distal do EGFR; aumenta a resposta à quimioterapia e à radioterapia. IV (dose de ataque única de 400mg/m2, seguida de doses semanais de 250mg/m2 EV) - Câncer colorretal metastático - Câncer de cabeça e pescoço - Monoterapia para pacientes com CEC de cabeça e pescoço metastático ou recorrente que não responderam à quimioterapia à base de platina. - CPCNP - Exantema acneiforme na maioria dos pacientes; - Prurido, alterações ungueais, cefaleia e diarreia; - Outros efeitos adversos raros, porém graves, consistem em parada cardiopulmonar, doença pulmonar intersticial e hipomagnesemia; - Além disso, os pacientes podem desenvolver reações anafilactoides durante a infusão. INIBIDORES DO HER 2/neu Trastuzumabe inibição do receptor, impedindo, a ativação do receptor cinase e a sinalização distal. Bloqueio dos efeitos angiogênicos da sinalização do HER2. IV - Câncer de mama inicial ou metastaticoHER2- positivo. - Febre, calafrios, náuseas, dispneia e exantemas (indica-se uma pré-medicação com difenidramina e paracetamol). - IC (o risco de cardiotoxicidade é acentuadamente reduzido com associações de taxano-trastuzumabe) INIBIDORES DA ANGIOGÊNESE Bevacizumabe Inibição de VEGF-A (Inibição da angiogênese/ neovascularização) IV CCR, CPNPC e Câncer de mama Lesão celular, sangramento, dificuldades de cicatrização, proteinúria e hipertensão (diminuição na produção endotelial de óxido nítrico. MODIFICADORES DA RESPOSTA BIOLÓGICA Rituximabe O domínio Fab do rituximabe se liga ao antígeno CD20 nos linfócitos B, e seu domínio Fc recruta funções efetoras imunes, induzindo complemento e citotoxicidade mediada por célula anticorpo- dependente das células B IV leucemia linfocítica crônica, linfomas não Hodgkin (LNH) de células B, doenças autoimunes, como doença reumatológica, púrpura trombocitopênica trombótica, anemias hemolíticas autoimunes, doença renal induzida por crioglobulinas e esclerose múltipla. hipotensão, broncoespasmo e angioedema. Calafrios e febre, em geral, acompanham a primeira infusão (especialmente em pacientes com níveis elevados de células neoplásicas circulantes), devido à rápida ativação do complemento, que resulta na liberação do fator de necrose tumoral α e interleucinas. O pré-tratamento com difenidramina, paracetamol e corticosteroides podem diminuir esses problemas. A síndrome de lise tumoral foi registrada dentro de 24 horas da primeira dose de rituximabe. Essa síndrome consiste em hiperpotassemia, hipocalcemia, hiperuricemia, hiperfosfatasemia (um conteúdo anormalmente elevado de fosfatase alcalina no sangue) e insuficiência renal aguda que pode exigir diálise. HORMÔNIOS ESTEROIDES E SEUS ANTAGONISTAS Os tumores sensíveis aos hormônios esteroides podem ser 1) Hormônio-responsivos (o tumor regride pelo tratamento com um hormônio específico); 2) Hormônio-dependentes (o tumor regride com a remoção do estímulo hormonal); A remoção do estímulo hormonal de tumores hormônio-dependentes pode ser feita por cirurgia (no caso de orquiectomia – remoção cirúrgica de um ou ambos os testículos – para pacientes com câncer de próstata avançado) ou por fármacos (câncer de mama, para o qual é usado tratamento com o antiestrogênio tamoxifeno para evitar a estimulação estrogênica das células cancerosas mamárias). Para que o hormônio esteroide influencie a célula,ela precisa ter receptores intracelulares (citosólicos) específicos para esse hormônio. ➔ Prednisona • Corticosteroide anti-inflamatório potente, sintético e com menor atividade mineralocorticoide do que o cortisol. Em dosagens elevadas, o cortisol é linfocitolítico e causa hiperuricemia, devido à destruição dos linfócitos. A prednisona por si só é inativa e precisa ser 11-β-hidroxilada em prednisolona, no fígado. A prednisolona é o fármaco ativo. ➔ Tamoxifeno É um antagonista do estrogênio com alguma atividade estrogênica, sendo classificado como modulador seletivo do receptor de estrogênio (MSRE). • Primeira escolha no tratamento de câncer de mama receptor de estrogênio positivo. Contudo, devido à possível estimulação de lesões pré-malignas, por sua propriedade estrogênica, os pacientes devem ser monitorados cuidadosamente durante o tratamento. Mecanismo de ação: o tamoxifeno é um inibidor competitivo da ligação do estradiol ao RE se liga aos receptores estrogênicos no tecido mamário, mas o complexo é incapaz de se translocar ao núcleo para iniciar a transcrição. Isto é, o complexo falha ao induzir genes responsivos ao estrogênio, e não ocorre síntese de RNA. O resultado é um esgotamento dos receptores de estrogênio (dessensibilização), e os efeitos de promoção do crescimento do hormônio natural e de outros fatores de crescimento são suprimidos. O estrogênio compete com o tamoxifeno. ➔ devido ao perfil de efeitos adversos mais favoráveis, os inibidores da aromatase estão causando grande impacto no tratamento do câncer de mama; HORMÕNIOS ANTAGONISTAS ADM APLICAÇÕES CLÍNICAS EFEITOS ADVERSOS Prednisona VO induzir remissão em pacientes com leucemia linfocítica aguda e no tratamento dos linfomas de Hodgkin e não Hodgkin. Hiperglicemia, infecções, úlceras, pancreatite, alterações de humor, formação de catarata, osteoporose Tamoxifeno VO Primeira escolha para câncer de mama receptor de estrogênio + Fogachos, N, êmese, sangramento vaginal e corrimento (devido à atividade estrogênica do fármaco e a alguns dos seus metabólitos), hipercalcemia, tromboembolismo, potencial de causar câncer endometrial.
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