Fisiologia da Lactação Animal - Fisiologia Veterinária

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● Importância da Lactação 
 ➤ Mesmo após a gestação, o processo 
reprodutivo só se torna efetivo se houver 
viabilidade dos filhotes 
 ➤ Os filhotes de mamíferos são menos precoces, 
sendo inaptos para adquirir o próprio alimento e 
água durante um período de tempo. Sendo assim, 
morreriam por desidratação ou inanição sem a 
lactação. 
 ➤ A produção de leite da mãe garante a 
disponibilidade de alimento para esses recém-
nascidos até eles terem a possibilidade de 
conseguir o próprio alimento. 
 ➤ O leite proveniente de animais de produção 
também é um dos principais produtos de 
demanda humana. 
● Glândula Mamária 
 ➤ Estrutura 
 ☞ Geral: A glândula mamária é uma glândula 
cutânea, com características similares à uma 
glândula sudorípara 
 Alvéolos: São unidades produtoras de leite 
envolvidas por capilares sanguíneos carreadores de 
nutrientes; células mioepiteliais responsáveis pela 
contração; e capilares linfáticos para drenagem. 
 Sistema de Escoamento: Feito por dutos até o 
ponto de saída. Inicia nos dutos lobulares, que 
desembocam em dutos lobares e em seguida em um 
duto principal. 
 Cisternas da Glândula e do Teto: Funcionam como 
local de armazenamento temporário do leite em vacas, 
ovelhas e cabras. 
 
Estruturas de Fechamento: Esfíncter do canal do 
teto, roseta de Furstenberg (secreta substâncias 
bacteriostáticas), pregas cricóides (vacas) 
 
 
 ☞ Sistema de Dutos: Conectam os alvéolos 
mamários até os mamilos ou tetos para escoar o 
leite produzido. 
 Vacas, cabras e ovelhas: Vários dutos principais 
fundidos em 1 duto terminal (orifício) 
 Porcas e Éguas: 2 dutos principais associados às 
aberturas. 
 Gatas e Cadelas: 10 ou mais aberturas no 
mesmo mamilo 
 
 
 ☞ Número e Posição: Estão presentes aos pares 
e são distribuídas nas laterais da linha média, em 
posição e número que atenda adequadamente ao 
número de filhotes da espécie 
Primatas e Elefantes: 1 par, em posição peitoral 
Cabras, éguas e ovelhas: 1 par, em posição 
inguinal 
Vacas: 2 pares, em posição inguinal 
Porcas: 7-9 pares, estendendo-se do tórax ao 
abdômen 
Gatas e Cadelas: 7-10 pares, estendendo-se do 
tórax ao abdômen 
 ☞ Úbere: Glândulas mamárias posicionadas 
proximamente entre si e em posição inguinal, 
formando uma estrutura mais destacada do 
corpo. 
 Composição: Tecido secretor (parênquima) e 
tecido conjuntivo adjacente (estroma). Para 
sustentação: Ligamento suspensório mediano e 
ligamento suspensório lateral. 
 Capacidade Produtiva: Aumenta com a idade até 
um limite 
 Da vaca: 4 glândulas mamárias completamente 
independentes, dando vantagem em caso de infecção. 
Fluxo Sanguíneo: Intenso. A produção de 1 litro 
de leite é necessária circular pelo menos 300-500 litros 
de sangue. O úbere se torna um tecido crítico (sem 
diminuição do fluxo) 
 
 ☞ Suprimento Sanguíneo e Drenagem 
Suprimento Principal: O sangue chega pela 
artéria pudenda externa (artéria mamária), através do 
canal inguinal. 
Drenagem Venosa: Feita pela veia pudenda 
externa (veia mamária), através do anel inguinal, para 
a veia cava posterior 
Drenagem Linfática: Há um intenso fluxo 
linfático, com os linfonodos principais localizados 
próximos ao anel inguinal (mamário ou supramamário) 
 
 ☞ Sistema Nervoso 
Fibras Sensitivas do SN Somático: Captam 
estímulos aplicados sobre a pele que recobre os tetos, 
úbere e regiões proximais. 
Fibras Motoras do SN Simpático: Controlam o 
suprimento sanguíneo (musculatura lisa vascular), bem 
como a musculatura lisa que circunda os dutos e 
esfíncteres dos tetos. 
Inervação Parassimpática: Não há. 
 
 
●Mamogênese● 
Estuda o desenvolvimento da glândula mamária. 
Ocorre como um ciclo completo apenas uma vez. 
 
 ➤ O Desenvolvimento Embrionário: 
Inicialmente se forma um espessamento linear na 
parede abdominal ventral, bilateral à linha média, 
chamada crista mamária. Posteriormente se 
formam os botões mamários, já com aparência 
descontínua. A formação total das estruturas se 
completará na fase pós natal em fêmeas. 
 
 
➤ O Desenvolvimento Pós-Natal: Possui 
intervalos de tempos variáveis, dependendo da 
espécie. 
 ☞ No nascimento: O filhote apresenta dutos 
mamários curtos e confinados. O estroma é 
entremeado de gordura. Nas bezerras estão 
presentes cisternas da teta e glândula. Nos 
machos o funcionamento gonadal no período 
gestacional impediu o desenvolvimento completo 
dos tetos, pois a testosterona fetal impede a 
progressão da mamogênese. 
 ☞ Até três meses: O crescimento aparente da 
glândula é isométrico; contudo, há ramificação de 
dutos em ritmo mais acelerado. 
 ☞ Até nove meses: A glândula cutânea passa a 
crescer mais, em resposta à hormônios sexuais 
femininos que começam a surgir. Depois de 
iniciada a puberdade, a cada episódio de ciclo 
estral, o crescimento será incrementando em 
ritmo alométrico. 
 ☞ Após os nove meses: O crescimento externo 
volta a ser isométrico, mas com desenvolvimento 
dos dutos interiormente até os alvéolos. 
 ☞ Na gestação, terço inicial: Desenvolvimento 
isométrico 
 ☞ Nos últimos dois terços da gestação: Níveis 
elevados dos hormônios causam o 
desenvolvimento mamário máximo. 
 
 
●Lactogênese● 
Conjunto de processos pelos quais as células 
alveolares adquirem a capacidade de produzir 
leite. 
 
➤ Primeiro Estágio: Ocorre aumento de 
atividade enzimática e diferenciação de organelas 
celulares (reticulo endoplasmático rugoso e liso, 
para proteína e gordura). Ocorre uma pequena 
secreção láctea antes do parto. 
➤ Segundo Estágio: Ocorre grande secreção de 
leite pouco antes do parto, prolongando-se por 
vários dias pós-parto. Ocorre queda parcial do 
estrogênio e total da progesterona. 
➤ Colostro: É o produto da lactogênese. Possui 
uma maior concentração de sólidos e coloração 
amarelada por fixação de pigmentos carotenoides 
devido à alta concentração de vitamina A e D. 
Minerais e proteínas (imunoglobulinas) estão 
presentes. 
 
 
➤ Atividade Hormonal 
 ☞ Aumento da prolactina: Pré-parto. Estimula a 
formação da enzima lactose sintetase, necessária 
para a formação da lactose. 
 ☞ Aumento do ACTH: Estimula produção de 
glicocorticoides (cortisol). Os glicocorticoides em 
conjunto com a prolactina, permitem a indução da 
expressão genética de sintetização de caseína. 
 ☞ Aumento do estradiol: Pré-parto, estimula a 
secreção de prolactina 
 ☞ Aumento do GH: Hormônio do crescimento. 
Atua no direcionamento de nutrientes para a 
síntese de leite na glândula. 
 ☞ Aumento das prostaglandinas: Provoca a 
interrupção da progesterona, provocando a lise do 
corpo lúteo. 
 ☞ Interrupção da progesterona: Sem sua queda 
a síntese de caseína e lactose fica impedida. 
 
 
 
●Galactopoiese● 
Produção de leite por longo período, após a 
produção de colostro 
 
➤ Manutenção 
 ☞ Manutenção da ordenha: Estímulo físico que 
leva ao acúmulo de leite e conseguinte 
interrupção de produção. 
 ☞ Condição de saúde: Quadros infecciosos 
podem cortar a produção de leite. 
 ☞ Status nutricional: Deve estar com uma 
alimentação adequada 
 ☞ Status gestacional: Éguas e vacas podem 
estar dando leite e gestante ao mesmo tempo. 
Nesse caso, a produção de leite pode ser afetada. 
➤ Atividade Hormonal 
 ☞ Prolactina: O aumento de sua concentração 
durante a ordenha ocorre por estímulo. 
Monogástricos: observado em todo o período de 
produção. Vacas: após o estabelecimento da 
lactação, os níveis tendem a ser basais. 
 ☞ GH: Realiza a manutenção da lactação em 
vacas. 
 ☞ Hormônio tireoidiano: Realiza a manutenção 
da lactação em vacas. 
 ☞ Insulina: Induz à entrada de glicose no tecido 
mamário, necessária para a síntese de lactose e 
gordura em monogástricos. Em bovinos, a insulina 
não é necessária, já que a glândula mamária tem 
prioridade no metabolismo da glicose. 
 ☞ Corticosteroides: Necessários 
mineralocorticoides e glicocorticoides para 
aumento da taxa metabólica e manter o volume 
líquido. 
 ☞ Hormônio paratireoidiano: Estimulaa 
reabsorção óssea do cálcio e a conversão da 
vitamina D para evitar hipocalcemia. 
➤ Fatores Essenciais 
 ☞ Manutenção da eficiência do reflexo de ejeção 
do leite: Reflexo neuroendócrino, causando 
liberação da ocitocina. 
 ☞ Atividade sintética de células alveolares: As 
células possuem tempo de vida e atividade. 
 ☞ Número suficiente dessas células: 
Dependente do desenvolvimento da fêmea. 
➤ Controle Neural: As células epiteliais 
alveolares não recebem inervação, então o 
sistema nervoso eferente (motor) não afeta 
diretamente a glândula mamária. Estímulos táteis 
desencadeiam secreção de ocitocina. 
 ☞ Estímulo contínuo da amamentação: O ato de 
sucção ou ordenha provoca a liberação de maiores 
quantidade de hormônios hipofisários 
galactopoiéticos (prolactina, tireotrofina e 
adrenocorticotrofina) 
 ☞ Hipotálamo: Regula os hormônios envolvidos 
na lactação além de aumentar a sede e ingestão 
de alimentos. 
 
 
 
➤ Taxa de Secreção: É controlada 
principalmente pela pressão intramamária. Se o 
animal não for ordenhado, a pressão aumenta 
com o acúmulo do leite. O acúmulo de leite causa 
redução na produção instantânea de leite. 
 
 
 
➤ Atividade Sintética das Células: A célula 
alveolar sintetiza e/ou libera os componentes do 
leite: proteínas, gordura, lactose, água, vitaminas 
e minerais. Os nutrientes chegam à glândula 
através da corrente sanguínea. 
 
 ☞ Exocitose: Liberação de componentes da fase 
aquosa do leite. 
 Proteína: Suas moléculas são sintetizadas nos 
ribossomos, são transferidas para o RER, passam para 
o aparelho de Golgi e são armazenadas e excretadas 
por vesículas. 
 Lactose: Sintetizada pela ação da lactose-
sintetase, que catalisa a reação entre glucose e UDP-
galactose. A secreção é de forma semelhante às 
proteínas, por pinocitose reversa. 
 ☞ Transporte através da membrana apical: 
Cruzamento pela membrana lateral vindo do 
sangue e liberados por canais. 
 Minerais, Vitaminas e Água: Secretados por 
mecanismo de difusão 
 ☞ Síntese de lipídio e secreção 
Lipídios: Aparentemente as gotículas de 
gordura são sintetizadas pelo REL e vão aumentando 
de tamanho enquanto migram para a extremidade 
apical da célula. Essas gotas são envolvidas pela 
membrana plasmática e separam-se da célula como 
gotas de gordura. 
 ☞ Transcitose: Proteínas intactas (provenientes 
do sangue) atravessam a célula alveolar, no 
sentido interstício-luz alveolar. 
 Imunoglobulinas: Se liga a um receptor na 
membrana basal; o complexo proteína-receptor sofre 
endocitose e aravessa a célula. Na membrana apical, a 
parte extracelular do receptor ligado a imunoglobulina 
é separada do resto do complexo para que ela seja 
secretada na luz da célula alveolar. 
 ☞ Paracelular: Também imunoglobulinas. Essa 
via é desativada durante a lactação com o 
aparecimento das junções apertadas. 
 
➤ Número de Células Mamárias: A 
mamogênese evolui com a puberdade e só se 
completa na gestação. Com o andamento da 
lactação, ocorrerá morte celular alveolar, até a 
falta de células ativas causar o término da 
lactação. A cada novo período gestacional, haverá 
reposição de novas células alveolares. A 
quantidade de células formando tecido secretor 
evolui durante o período gestacional como um 
aumento exponencial. 
 ☞ Desenvolvimento e Morte do Epitélio Alveolar 
Mamário: O período ideal para a reposição celular 
com células alveolares imaturas é de 60 dias. 
Mesmo havendo alguma produção de leite, o 
animal deve deixar de ser ordenhado 2 meses 
antes do partos. 
 
 
 
➤ Alterações metabólicas 
 
➤ Ruminantes x Monogástricos 
 ☞ Ruminantes: Ocorre a transformação do 
ácido propiônico em glicose. O precursor da 
gordura não é a glicose. Ocorre conversão da 
maior parte do butirato em acetato, já na parede 
do pré-estômago; que são utilizados como 
“primer” para a geração de gordura. A gordura do 
leite é obtida a partir de lipídios da corrente 
sanguínea. 
 ☞ Monogástricos: A glicose é precursora de 
gordura, e seu mecanismo é insulinodependente. 
A gordura provém do mecanismo de acetil Co-A.