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MACROLÍDEOS – MEDICINA - UFCSPA Esse grupo de antibióticos é composto pela eritromicina, descoberta em 1952, e seus derivados sintéticos: claritromicina, azitromicina e fidaxomicina. O mecanismo de ação desses fármacos consiste na ligação reversível à subunidade ribossômica 50S e a subsequente inibição da síntese proteica bacteriana, tendo efeito bactericida. •Mecanismos de resistência bacteriana: há uma resistência cruzada, mediada por plasmídeos ou transpossomas. Ela consiste em alguns comportamentos da bactéria que a deixam resistentes em relação a esses fármacos. Um dos mecanismos é o efluxo da droga por mecanismo de bomba (S. aureus e epidermidis). A bactéria, ainda, pode modificar sua proteína ribossômica 50S por enzimas metilases, fazendo com que esta não seja mais vulnerável a esse antibiótico (S. pneumoniae, H. pylori, complexo M. avium, B. subtilis, M. pneumoniae, Campilobacter. spp, E. coli e S. aureus. A inativação enzimática também ocorre em alguns grupos (S. aureus e enterobacteriaceae). Além disso, mutações cromossômicas podem modificar a proteína 50S de forma aleatória, a tornando resistente. O espectro de ação é resumido na tabela abaixo. -Pneumonia adquirida na comunidade (ambulatorial) → azitromicina ou claritomicina -Pneumonia adquirida na comunidade (hospitalar) → azitromicina ou claritomicina + betalactâmico -Exacerbações de bronquite crônica, faringite estreptocócica, otite média aguda, sinusite bacteriana → azitromicina ou claritomicina -Erisipelas e celulites → alternativa à penicilina. Várias cepas de S. Aureus são resistentes a macrolideos. -Uretrite → azitromicina (1g) -Oftalmopatia e PNM no RN e criança → eritromicina -Linfogranuloma venéreo → azitromicina. -Difteria → eritromicina para erradicar -Pertussis → eritromicina -H. pylori → claritromicina em associação -Micobacterias → claritromicina ou azitromicina + etambutol são 1ª linha para meningite bacteriana aguda; Claritromicina + minociclina para M. leprae -Febre reumática → eritromicina como alternativa à penicilina na profilaxia •Eritromicina: como se trata de uma base fraca, é pouco absorvida por via oral (inativada por suco gástrico). Dessa forma, é oferecida em forma de drágea ou cápsula com cobertura entérica. A presença de alimento, então, retarda a absorção. Alguns ésteres da eritromicina têm maior estabilidade em meio ácido. O lactobionato é a forma do medicamento para uso IV. A distribuição é ampla em todos tecidos com exceção do LCR e cérebro. Cruza placenta e está presente no leite materno. Tem 70-80% de ligação às proteínas plasmáticas (pp), tempo de meia vida de 1,6h e o intervalo entre as doses deve ser de 6 horas. A depuração da droga é hepática com excreção biliar (não precisa ser ajustada em casos de pacientes com insuficiência renal). Abaixo há as preparações da eritromicina e qual a característica de cada uma, em relação à posologia. •Claritromicina: a absorção se dá por VO rápida, sofrendo metabolismo de primeira passagem, que reduz em 55% sua biodisponibilidade. Ela pode ser administrada tanto em jejum quanto junto a alimentos. Liga-se nas pp em até 70% e distribui-se amplamente pelo corpo, exceto em LCR, osso e tecido sinovial. A concentração nos tecidos é de até 20x maior que a concentração sérica. O intervalo de aplicação é de 12 horas e o tempo de meia vida da droga é de 3-7 horas. O metabolismo hepático saturável se dá pela CYP3A4, com eliminação da droga via renal de 40% inalterada. •Azitromicina: A absorção via oral é rápida; o ideal é administrar uma ou duas horas antes da refeição. Liga-se às pp em até 50%, com ampla distribuição (exceção LCR e cérebro). Atinge altas secreções tissulares e intracelulares (até 100x maior que concentração do plasma). Os macrófagos alveolares têm alta afinidade pela droga e a retém em até 800x mais que o plasma. O tempo de meia vida é de até 68 horas, por isso o recomendado da droga é uma dose diária apenas. A metabolização é hepática e a eliminação de dá pelas fezes de forma biliar – ela não interage com cit. P450. Também não precisa de reajuste no caso de pacientes com insuficiência renal. •Atividade inflamatória dos macrolideos: atua no ribossomo bacteriano e então inibe a produção de toxinas pró-inflamatórias e outros fatores de virulência. Além disso, tem atividade anti-inflamatória ao atuar em células de defesa (neutrófilos e linfócitos T). Na DPOC a azitromicina pode atuar desencadeando, também, a liberação de moléculas anti-inflamatórias através do microbioma (reduz número e duração das exacerbações da doença). Já na fibrose cística, os macrolideos melhoram a função pulmonar e reduzem as exacerbações, especialmente em casos de infecção por Pseudomonas aeruginosa. •Reações adversas: arritmias cardíacas é um efeito adverso comum aos macrolideos. Evitar o uso do medicamento em caso de síndrome do QT longo, hipocalemia, hipomagnesemia, uso de antiarrítmicos classes Ia (ex. procainamida) e III (amiodarona), e bradicardia. -Eritromicina: cólicas abdominais, náusea, vômitos, flatulência e diarreia (efeito motilina) – independem da via de administração. Reações alérgicas: rash cutâneo, febre e eosinofilia. No uso IV pode ocorrer perda auditiva transitória. *Estolato de eritromicina: hepatite colestática por reação de hipersensibilidade. Sintomas iniciam 10- 20 dias após o início do tratamento (é reversível). •Interação medicamentosa: eritromicina e claritromicina são inibidores da CYP 3A4, por isso pode acontecer uma potencialização dos efeitos em casos de uso concomitante a carbamazepina, corticosteroides, ciclosporina, digoxina, alcaloides do ergot, teofilina, triazolam, valproato de sódio e varfarin. Colocamos abaixo, apenas à guisa de curiosidade, um desenho básico que ilustra quais os tipos de antibióticos existentes e a que nível cada um desempenha sua função.
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