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1 Neurologia – Victória David Semiologia Neurologia Anamnese e Exame Físico Anamnese História neurológica 1. Identificação Grau de escolaridade Mão preferencial 2. Queixa principal (palavras do paciente) 3. História da doença atual - HDA Data de início dos sintomas Modo de instalação da doença: súbita (traumatismos, distúrbios vasculares) ou lenta (processo degenerativo, neoplásico) Evolução cronológica dos sintomas: quando e como surgiu ou desapareceu o sintoma. OBS: Evitar induzir! 4. Modo de Instalação Minutos: vascular Horas: hematomas, meningites Dias: encefalites, abcesso Semanas: tumores, hematoma subdural Meses: degenerativas 5. História médica pregressa Doenças anteriores Doenças crônicas Medicações em uso Cirurgias previas (gástrica e deficiência de B12) História de TCE Pré natal, parto, DNPM 6. História familiar Estado de saúde dos integrantes do núcleo familiar Doenças frequentes Pacientes adotados Consanguinidade 7. História social Estado civil Natureza do trabalho Residência atual e anterior Viagens previas Hábitos pessoas (etilista, tabagista, vegetariano) 8. Revisão dos sistemas Queixa importante não citada pelo paciente pode ser encontrada 9. Perguntar sobre sintomas Convulsões ou perda de consciência Cefaleia Tontura, vertigens Perda de visão Diplopia Dificuldade de audição Zumbido Dificuldade na fala ou deglutição Fraqueza Dificuldade de locomover Movimentos anormais Dormência, formigamento Tremor 2 Neurologia – Victória David Semiologia Problemas na marcha, equilíbrio e coordenação Dificuldade no controle dos esfíncteres ou na função sexual Dificuldade de pensamento ou memória Problemas para dormir ou sonolência excessiva Sintomas depressivos Exame Físico Inspeção geral ▪ Face (ptose, estrabismo, cicatrizes, madarose, dentes, assimetrias, máculas) ▪ Postura ▪ Higiene aparente adequada ▪ Estado de humor aparente – triste, eufórico, distraído ou atento, receptivo, faz ou não contato visual, aperta a mão com firmeza (observar se as palmas estão úmidas) Tipos de fácies ▪ Fácie em machadinha – distrofia miotônica de Steinert: diparesia facial, ptose palpebral ▪ Fácie mixedematosa: Rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca, espessada, com aumento dos sulcos. Edema periorbital, com supercílios escassos e cabelos secos e sem brilho. Fisionomia de desânimo e apatia. Está presente principalmente no hipotireoidismo. ▪ Fácie leonina: Pele espessada, sendo sede de grande número de lepromas de tamanhos variados, em maior número na fronte. Os supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga. Os lábios tornam-se mais grossos e proeminentes. Há deformidade da bochecha e do mento pelo aparecimento de nódulos. Barba escassa ou inexistente. Aspecto de cara de leão. Típico de paciente acometidos do Mal de Hansen (Hanseníase). 3 Neurologia – Victória David Semiologia ▪ Fácie acromegálica: Saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento da mandíbula. Aumento do nariz, lábios e orelhas. Visto na acromegalia, consequente à hiperfunção hipofisária do adulto. ▪ Fácie miastênica: caracterizada por ptose palpebral bilateral, que obriga o paciente a franzir a testa e levantar a cabeça. Ocorre na miastenia gravis e outras miopatias. Fácie parkinsoniana: cabeça inclinada para frente e imóvel, olhar fixo, supercílios elevados, fronte enrugada e pele oleosa. Motricidade A avaliação da motricidade é dividida em: exames da força muscular, do tônus, da coordenação, dos movimentos involuntários anormais e do trofismo muscular. Voluntária 1. Espontânea 2. Coordenação 3. Força muscular: A avaliação da força se dá pela análise da capacidade do paciente movimentar voluntariamente o sistema ósteo-articular por meio de seus músculos. O exame da força visa avaliar principalmente a contração muscular voluntária, ou ativa, e não a contração reflexa. Escala medical research council (mrc) Roteiro para exame contra resistência: Segmento cefálico: Flexão, extensão, flexão lateral e rotação do pescoço Segmento braquial: abdução e adução do ombro, flexão e extensão do antebraço, flexão e extensão do punho, preensão palmar e abdução dos dedos 5 Força muscular normal 4 Movimento com capacidade de vencer uma resistência 3 Movimento capaz de vencer a força da gravidade mas não a resistência 2 Não vence a gravidade 1 Fraca contração muscular sem deslocamento do segmento 0 Ausência de movimento do tronco e dos membros 4 Neurologia – Victória David Semiologia Segmento crural: flexão e extensão da coxa, da perna, do pé e do hálux Testes 1. Manobra de Mingazzinni para MMSS: paciente de olhos fechados estende os braços para frente e os mantêm por cerca de 30 segundos. O membro parético, devido à fraqueza proximal, derreará aos poucos. Na mesma posição, mas com as palmas voltadas para cima, observe o sinal da pronação no segmento parético (sinal de Barré) 2. Manobra de Raimiste MMSS – decúbito dorsal, braços apoiados e fletidos em 90°, palmas voltadas uma para a outra sem se encostarem. Manter-se assim por cerca de 30 segundos. Devido fraqueza de predomínio distal, do lado parético ocorrerá gradual derreamento; primeiro dos dedos, seguido pela mão e antebraço. 3. Manobra de Mingazzinni para MMII: em decúbito dorsal, olhos fechados e com as pernas em posição posição ginecológica. Manter-se assim por cerca de 30 segundos. Ocorrerá derreamento gradual da perna parética. 4. Prova de Barré MMII: em decúbito ventral com as pernas flexionadas a 45°, manter-se assim por cerca de 30 segundos. Ocorrerá derreamento da perna parética. 5. Prova da queda do membro inferior em abdução: paciente em decúbito dorsal, sustentamos suas pernas fletidas sobre as coxas, estando estas em ângulo reto com tronco, mantendo-se seus joelhos unidos e com apoio plantar bilateral sobre o leito. Após soltarmos os joelhos, em caso de déficit motor, um dos membros cai em abdução, 5 Neurologia – Victória David Semiologia podendo ser de maneira progressiva ou imediata, na dependência do grau de fraqueza. Déficit motor sutil: promove mínima redução da força muscular, não aparente ao próprio paciente, familiares ou pessoas do convívio próximo, mas que se manifesta com um leve grau de dificuldade nas atividades de rotina Sinais ▪ Sinal da pronação: paciente de pé ou sentado, com os olhos fechados e braços estendidos para frente com as palmas voltadas para cima. Observe se consegue manter a posição por pelo menos 30 segundos. O teste é positivo quando houver pronação da mão, podendo haver concomitante flexão do cotovelo e abaixamento do membro no lado afetado. Pode haver concomitante desvio pronador de graus variáveis. Sinal da pronação positivo à esquerda ▪ Sinal do quinto dedo: paciente, de olhos fechados estende os braços e dedospara frente com palmas voltadas para baixo. O sinal é positivo quando o quinto dedo abduzir, separando-se dos demais. Sinal do quinto dedo à direita ▪ Sinal do rolamento dos dedos: deve rolar os dedos indicadores, um sobre o outro, estando ambos estendidos lado a lado, em frente do tronco, distantes de 5 cm um do outro com cada ponta dirigida para a articulação metacarpofalangeana oposta. Os demais dedos permanecem fletidos assim como os cotovelos que se mantêm fixos ao lado do corpo. O teste é positivo quando ocorre assimetria dos movimentos rotatórios e um dos lados, orbita o lado par ético ▪ Sinal do rolamento do quinto dedo: posição adotada e a resposta esperada são semelhantes as do SRD, exceto que agora é o quinto dedo o estendido e o que deve girar (primeiro num sentido, e depois no outro), em torno do seu homólogo, mantendo-se os demais dedos fletidos. Facilita ao paciente o ato de girar apenas o quinto dedo, se fixar os indicadores e polegares de ambas as mãos uns contra os outros 6 Neurologia – Victória David Semiologia Tônus muscular Estado de tensão permanente dos músculos esqueléticos mesmo em completo repouso e relaxamento, fenômeno essencialmente reflexo e variável, cuja missão fundamental é o ajuste das posturas locais e da atividade geral. 1. Inspeção: avaliar postura e posição dos membros 2. Palpação: consistência muscular, elasticidade passiva e turgor Lesões centrais: tônus aumentado (hipertonia) Lesões periféricas: tônus diminuído (hipotonia) 3. Mobilização passiva OBS.: Hipertonia: lesão piramidal 1. Espasticidade 2. Eletiva: Extensores dos MMII Flexores dos MMSS 3. Elástica: estende e volta para a posição OBS.: Hipertonia: lesão extrapiramidal (sinal da roda denteada) 1. Rigidez Não é eletiva Plástica Motricidade automática 1. Normais: Mímica, balançar dos braços durante a marcha, gesticulação expressiva motricidade do tronco e dos membros 2. Anormais: ▪ Acinesia: pobreza de movimentos e lentidão para iniciar e executar atos motores voluntários e automáticos, na ausência de paralisia. ▪ Bradicinesia: lentidão na execução de movimentos ▪ Coréias: movimentos sem propósitos, rápidos e breves, irregulares e assimétricos associados à hipotonia ▪ Distonias: movimentos involuntários decorrentes de contrações prolongadas e repetitivas de músculos antagonistas) ▪ Tremores (repouso e de ação) ▪ Mioclonias: abalos envolvendo um ou mais músculos, arrítmicos e semelhantes à choque elétrico ▪ Hemibalismo: semelhante à coréia, porém mais duradouro, mais proximais e explosivos Atetose: movimentos lentos, contínuos, ondulantes acompanhados de hipertonia Equilíbrio estático ▪ Propriocepção ▪ Visão ▪ Função vestibular 7 Neurologia – Victória David Semiologia Obs: duas funções preservadas o equilíbrio se mantem. Sinal de romberg Importante para avaliar função proprioceptiva 1. Se queda imediata para qualquer lado, sugere fisfunção cordonal posterior 2. Quando consistentemente positivo para um dos lados e após breve latência, sugere disfunção vestibular homolateral 3. Dificuldade para juntar os pes e esta dificuldade não aumenta se fechar os olhos, sugerindo lesão cerebelar Single leg stance – estática sobre um pé só Importante para avaliar se o indivíduo tem capacidade de subir escadas pisando em degraus individualmente ou caminhar com segurança no escuro Indivíduos saudáveis até 69 anos são capazes de se manter na posição por pelo menos 5 segundos. Equilibrio dinâmico Avaliação da marcha Disbasia: distúrbio da marcha 1. Marcha normal: olhar pra frente e se volta para baixo por situações eventuais, ritmo é regular, os MMSS tem um balançar alternado e oposto aos pés para otimizar o equilíbrio. 2. Marcha hemiplégica ou ceifante ou foice Típica da síndrome piramidal, resulta da hipertonia espástica e paresia/plegia do membro afetado. Rigidez da musculatura extensora e braço fletido 3. Marcha bipiramidal ou em tesoura Nas paraparesias espásticas (infecções por HTLV) e na diplegia de little, nas mielopatias secundária à espondilose cervical. Grande envolvimento dos músculos adutores da coxa, por isso a marcha em tesoura. 4. Marcha atáxica sensitiva ou talonante: doenças do cordão posterior como a vitaminose B12 e tabes dorsalis. Neuropatias periféricas com envolvimento de fibras mielínicas grossas Base alargada, membros superiores também afastados, levanta exageradamente os pés e golpeia fortemente o chão 5. Marcha atáxica motora ou ebriosa (cerebelar) Doenças cerebelares Perda da coordenação motora, dificuldade para posicionar cada passo. Andar em ziguezague. Lesões cerebelares unilaterias tendencia desvio para lado comprometido Sinal do compasso – andar em torno de uma cadeira 6. Marcha vestibular Teste de Babinsk – weil: solicite ao paciente para andar 5 a 8 passos alternadamente para frente e para trás. Ao ir para frente desviará para o lado acometido e ao voltar desviará para o lado são. Após alguns ciclos o examinando desenhará uma estrela no chão. Sinal do compasso. 8 Neurologia – Victória David Semiologia 7. Marcha parkinsoniana Flexão do tronco, passos curtos e lentos, sem balançar os braços Congelamento da marcha 8. Marcha miopática ou anserina Envolvimento da cintura pélvica. O déficit de força dos músculos do quadril não impedem que o quadril desvie para o lado do membro que avança. 9. Marcha escarvante Comprometimento dos músculos tibiais anteriores. Levanta exageradamente a perna e a coxa. Quando o pé toca o chão ocorre primeiro com as pontas. 10. Marcha apráxica Perda da habilidade em usar os membros inferiores para a marcha sem que exista alteração da sensibilidade ou força. Casos de lesão extensa em lobo frontal 11. Marcha anserina (do pato): fraqueza de musculatura pélvica. Hiperlordose com base alargada Testes Teste de 6 metros Velocidade preferencial e máxima Marcha tandem: caminhar 10 passos pé ante pé. Alteração: mais de dois passos laterais enquanto executa a ação. Teste de Fukuda Paciente com olhos fechados e braços estendidos. Pedir para o paciente marchar sem sair do lugar. Contar até 50. Positivo se desviar em 45° para o lado comprometido ou adiantar-se por mais de 1 metro. Coordenação Taxia – coordenação Ataxia – perda da acurácia do movimento Execução: Ação coordenada de músculos agonistas, antagonista, sinergistas e fixadores. Cerebelo é responsável pela sinergia e coordenação. Pode ser afetada por lesões dos nervos periféricos sensitivos, das colunas posteriores da medula, vias ascendentes proprioceptivas no tronco cerebral e dos lobos parietais. Testes de coordenação: provas da função cerebelar, que envolvem os membros superiores e inferiores assim como o tronco. As principais manifestações da disfunção cerebelar referem-se às alterações dos movimentos ativos, e do tono muscular 1. Prova dedo-nariz Hipermetria (paciente cerebelar) não se acentua ao fechar os olhos. Se conseguir: propriocepção e cerebelo estão normais Se conseguir com olhos abertos: problema proprioceptivo Se não conseguir de olhos abertos: problema cerebelar Dismetria (lesão cordonal posterior) acentua ao suprimir o controle visual. Sinal do esgrimista Gesto acompanhado 9 Neurologia – Victória David Semiologia 2. Prova calcanhar joelho: paciente em decúbito; encostar calcanhar até joelho contralateral 3. Prova da pronação dos membros superiores Membros estendidos em frente a ele e se solicita que prone as mãos. A pronação é exagerada no lado da síndrome cerebelar. 4. Prova dos traços de linhas horizontais Traçar uma linha vertical em um papel branco. Pedir para o paciente risque linhas horizontais da esquerda para a direita e que terminem exatamente na linha vertical. 5. Manobra do rebote: Solicita-se ao paciente que gire a cabeça para o lado oposto e realize com toda força possível, e contra a resistência do examinador, a flexão do antebraço sobre o braço. Em determinado momento solta-se o antebraço subitamente. Num indivíduo normal, entraria em ação imediatamente a contração antagonista do tríceps para frear o deslocamento da mão que rapidamente se dirige para golpear o ombro. Porém, nos pacientes cerebelares, esta contração pronta não aparece e sua mão choca-se de encontro ao ombro. 6. Prova da descida e parada dos braços: paciente que eleve os braços até a posição vertical e então que os abaixe até a horizontal. No lado da síndrome cerebelar o braço desce mais 7. Prova da preensão: Ao tentar pegar algum objeto, um copo por exemplo, promove abertura excessiva com afastamento dos dedos. 8. Prova da diadocinesia: movimentos alternados e rápidos a) eudiadococinesia: normal b) disdiadococinesia: alterado c) adiadococinesia: não consegue realizar Obs.: No paciente cerebelar o discurso arrastado lembra muito o discurso de ébrio. Discurso silabado ou escandido. Escrita tende a ser macrográfica Reflexos Supridos pelos nervos cranianos Dos membros superiores Do tronco Das extremidades inferiores. Paresia facial central direita Exteroceptivos ou superficiais 1. Cutaneoplantar Flexão dos dedos 10 Neurologia – Victória David Semiologia Sinal de babinski: via piramidal ou corticoespinal 2. Cutaneoabdominais Periferia até linha média Contração unilateral Desvio da cicatriz umbilical Se não houver o reflexo: lesão do arcorreflexo ou via piramidal (paciente obeso pode não apresentar a sensibilidade) Profundos: Manifestações fásicas do reflexo miotático de tração. 1. Tricipital 2. Bicipital 3. Supinador 4. Patelar 5. Aquileu 11 Neurologia – Victória David Semiologia Reflexos motores Sensibilidade 1. Objetiva a) Geral: Profunda: vibratória, pressão, cinético postural, dolorosa hálux pra cima ou pra baixo após mexer; diapasão; estereognosia, grafestesia Superficial: tátil, térmica, dolorosa avaliar com o toque a diferença de dermátomos, frascos com diferenças de temperaturas e alfinetes Sinal de Romberg: disfunção cerebelar. Tem maior sensibilidade para lesões da via de propriocepção consciente. Positivo: quando o paciente tende a cair quando fecha os olhos. Aproximar os pés sensibiliza ainda mais o teste. Está presente na tabes dorsalis, complicação da neurossifilis que acomete o funículo posterior da medula b) Especial: olfação, visão, gustação, audição 2. Subjetiva O que o paciente traz de queixa Nível de consciência Escala de coma de Glasgow + escore de reatividade da pupila Pontuação na escala de Glasgow – Pontuação da avaliação pupilar Mini Exame do estado mental – MEEM Avaliação do estado mental que analisa especificamente os elementos clínicos que se correlacionam com as enfermidades neurológicas. 1. Orientação no tempo e espaço: paciente deve ser indagado de questões rápidas e respostas obvias, como a data, dia, semana, etc. 2. Retenção de dados: o médico diz ao paciente o nome de três objetos comuns (relógio, óculos e livro), para que ele repita, logo após, valendo 1 ponto para cada objeto lembrado. 3. Atenção e cálculo: solicita-se ao paciente diminuir 7 de 100, por cinco vezes subsequentes. Caso o paciente não compreenda o teste, pede-se que soletre a palavra mundo na ordem inversa. 4. Memória: pede-se ao paciente que repita o nome dos objetos nomeados no teste de retenção. 0 Arreflexia - Hiporreflexia + Normorreflexia ++ Reflexo vivo +++ hiperreflexia 12 Neurologia – Victória David Semiologia 5. Linguagem: pede-se ao paciente para dar os nomes de dois objetos apresentados a ele; solicita-se ao paciente que repita uma frase ou um conjunto de palavras; prova dos três comandos (pede-se que o paciente obedeça a ordem: pegue o papel com a mão direita, dobre no meio e coloque-o sobre a mesa); apresentar ao paciente um papel em que está escrito “feche os olhos” e ele deve ler só pra si e executar o que está escrito; pede- se ao paciente que escreva uma frase de sua própria iniciativa Teste dos nervos cranianos (NC) Nervo olfatório (I par) Avaliado apenas depois de trauma na cabeça ou quando houver suspeita de lesões na fossa anterior (meningioma) ou se pacientes relatarem odor ou paladar anormal. Pede-se ao paciente para identificar odores (sabonete, café, cravos) colocados junto às narinas enquanto a outra narina é ocluída. Álcool, amônia e outros irritantes, submetidos aos nociceptores do V nervo craniano (trigêmeo), são usados apenas quando houver suspeita de simulação. Nervo óptico (II par) Acuidade visual é testada utilizando um quadro de Snellen para visão a distância ou um quadro manual para visão de perto; cada olho é avaliado individualmente, com o outro olho coberto. A percepção de cores é avaliada utilizando placas pseudoisocromáticas de Ishihara ou Hardy-Rand-Ritter que têm números ou figuras dentro de um campo de pontos especificamente coloridos. Os campos visuais são avaliados por confrontação direta nos 4 quadrantes visuais. As respostas pupilares diretas e consensuais são avaliadas. Nervos oculomotor (III par), troclear (IV par) e abducente (VI par) Os olhos são observados quanto a simetria de movimento, posição do globo ocular, assimetria ou queda das pálpebras (ptose) e espasmos https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-neuroftalmol%C3%B3gicas-e-de-nervos-cranianos/vis%C3%A3o-geral-das-doen%C3%A7as-neuroftalmol%C3%B3gicas-e-de-nervos-cranianos#v1042404_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/doen%C3%A7as-neuroftalmol%C3%B3gicas-e-de-nervos-cranianos/vis%C3%A3o-geral-das-doen%C3%A7as-neuroftalmol%C3%B3gicas-e-de-nervos-cranianos#v1042404_pt 13 Neurologia – Victória David Semiologia ou tremulações dos globos ou das pálpebras. Os movimentos extraoculares controlados por esses nervos são testados pedindo-se ao paciente para acompanhar um alvo em movimento (p. ex., dedo do examinador, sinal luminoso) nos 4 quadrantes (inclusive através da linha mediana) e em direção à ponta do nariz; esse teste pode detectar nistagmo e paralisia de músculos oculares. O nistagmo de amplitude tênue breve do olhar na extremidade lateral é normal. Anisocoria ou diferenças nos tamanhos pupilares devemser observadas em um quarto com luz fraca. O reflexo pupilar à luz é testado para simetria e rapidez. Nervo trigêmeo (V par) Para avaliação das 3 divisões sensoriais (oftálmica, maxilar e mandibular) do 5º nervo (trigêmeo), o examinador usa um clipe para testar a sensibilidade facial e passa uma mecha de algodão na parte inferior ou lateral da córnea para avaliar o reflexo corneano. Quando há perda de sensibilidade facial, deve-se examinar o ângulo da mandíbula; a preservação dessa área (inervada pela raiz espinal C2) sugere um déficit trigeminal. Um piscar fraco, decorrente de fraqueza facial (p. ex., paralisia do VII nervo craniano), deve ser distinguido de um reflexo corneano diminuído ou ausente, comum em indivíduos que usam lentes de contato. Um paciente com fraqueza facial normalmente sente a mecha de algodão em ambos os lados, até mesmo com o piscar diminuído. A função motora do trigêmeo é testada palpando-se o músculo masseter, enquanto o paciente cerra firmemente os dentes, e pede-se para que abra a boca contra resistência. Quando o músculo pterigoideo está fraco, a mandíbula desvia-se para o lado desse músculo. 14 Neurologia – Victória David Semiologia Nervo facial (VII par) Verifica-se a fraqueza hemifacial. Com frequência, a assimetria de movimentos faciais é mais evidente durante a conversação espontânea, em especial quando o paciente sorri ou, se estiver mentalmente confuso, fizer caretas perante um estímulo nocivo; no lado debilitado, o sulco nasolabial aprofunda-se e a rima das pálpebras amplia-se. Se o paciente apresentar apenas fraqueza facial inferior (o enrugamento da fronte e o fechamento das pálpebras são preservados), a fraqueza do VII nervo é central e não periférica. A sensibilidade gustativa nos dois terços anteriores da língua pode ser testada com soluções doces, azedas, salgadas e amargas colocadas em ambos os lados da língua. Hiperacusia, indicando fraqueza do músculo estapédio, pode ser detectada posicionando-se um diapasão em vibração próximo à orelha. Nervo vestíbulo-coclear (VIII par) Audição: testada primeiro em cada ouvido sussurrando algo e ocluindo o ouvido oposto. Qualquer perda suspeita devem levar imediatamente a testes audiológicos para confirmar os resultados e ajudar a diferenciar perda auditiva condutiva de perda neurossensorial. Os testes de Weber e Rinne podem ser realizados no leito para tentar diferenciar os dois. Avaliar a função vestibular: testando o nistagmo. A presença e características (direção, duração, gatilhos) do nistagmo vestibular ajuda a identificar distúrbios vestibulares e, às vezes, diferenciar vertigem central de periférica. O nistagmo vestibular tem 2 componentes: Um componente lento causado pela entrada vestibular Um componente rápido corretivo que provoca o movimento no sentido oposto (chamado batimento) A direção do nistagmo é definida pela direção do componente rápido, pois é mais fácil de ver. O nistagmo pode ser rotatório, vertical ou horizontal e pode https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/perda-auditiva/perda-auditiva#v944331_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/perda-auditiva/perda-auditiva#v944331_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/perda-auditiva/perda-auditiva#v944304_pt https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/dist%C3%BArbios-do-ouvido,-nariz-e-garganta/abordagem-ao-paciente-com-doen%C3%A7a-otol%C3%B3gica/avalia%C3%A7%C3%A3o-das-doen%C3%A7as-otol%C3%B3gicas#v942669_pt 15 Neurologia – Victória David Semiologia ocorrer espontaneamente, com o olhar, ou com o movimento da cabeça. Ao tentar diferenciar causas centrais de periféricas da vertigem, as seguintes diretrizes são confiáveis e devem ser consideradas no início: Não existem causas centrais da perda auditiva unilateral porque a entrada sensorial periférica dos 2 ouvidos é combinado quase que instantaneamente à medida que os nervos periféricos entram na ponte. Não existem causas periféricas de sinais do SNC. Se um sinal do SNC (ataxia cerebelar) aparece ao mesmo tempo que a vertigem, é praticamente certo que a localização é central. Nervo glossofaríngeo (IX par) e vago (X par) O IX nervo craniano (glossofaríngeo) e o X nervo craniano X (vago) em geral são avaliados em conjunto. Observa-se se há elevação simétrica do palato quando o paciente diz "ah". Se um lado é parético, a úvula é levantada e separada do lado parético. A parte posterior de cada lado da faringe pode ser tocada com um abaixador de língua para checar o reflexo faríngeo (de ânsia), e a assimetria do reflexo faríngeo é observada; a ausência bilateral do reflexo faríngeo é comum em pessoas saudáveis e pode não ser importante. Em um paciente entubado, não responsivo, a sucção no tubo endotraqueal deflagra tosse. Quando há rouquidão, inspecionam- se as pregas vocais. A rouquidão isolada (com reflexo faríngeo e elevação do palato normais) deve motivar a busca por lesões (p. ex., 16 Neurologia – Victória David Semiologia linfoma mediastinal, aneurisma de aorta) que comprimam o nervo laríngeo recorrente. Nervo acessório (X1 par) Testa-se os músculos que inerva: No caso do esternocleidomastoideo, pede-se ao paciente para girar a cabeça contra a resistência imposta pela mão do examinador, enquanto este palpa o músculo ativo (oposto ao lado da rotação). Para a parte superior do trapézio, pede-se ao paciente para levantar os ombros contra a resistência imposta pelo examinador. Nervo hipoglosso (XII par) Pede-se ao paciente para estender a língua e verifica se há atrofia, fasciculações e fraqueza (ocorre desvio para o lado da lesão). Principais síndromes neurológicas HIPERTENSÃO INTRACRANIANA Caracterizada pelo aumento da pressão dentro do crânio (pressão intracraniana). A pressão normal é de 10 a 20mmHg Causas: tumores (incluindo abscesso), meningite, hemorragia (cerebral ou subaracnóidea), traumatismo, edema cerebral, intoxicações exógenas, hipertensão arterial maligna e benigma. SÍNDROME DO I NEURÔNIO MOTOR OU SÍNDROME PIRAMIDAL Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da interrupção, anatômica ou funcional, da via corticoespinhal Sintomas deficitários ou negativos: plegia ou paresia, atrofia muscular, diminuição ou abolição dos reflexos cutâneo abdominais Sintomas de liberação ou positivos: sincinesias, sinal de Babinski, exagero do reflexo de automatismo ou de defesa, hiperreflexia profunda. SÍNDROME DO II NEURÔNIO MOTOR Os impulsos motores que partem do centro não chegam à periferia. Assim, todos os atos motores são abolidos Paresia ou paralisia, hipotonia, arreflexia, fasciculações, atrofia da musculatura comprometida Causas principais: poliomielite anterior aguda, esclerose lateral amiotrófica, amiotrofia mielopática infantil, siringomielia, etc. 17 Neurologia – Victória David Semiologia SÍNDROME HEMIPLÉGICA Aparece quando ocorre lesão da via piramidal, desde o córtex até a medula Perda da motricidade de uma metade do corpo Causas: acidentes vasculares cerebrais, tumores, traumatismos, infecções edoenças desmielinizantes SÍNDROME CEREBELAR Alterações de coordenação e do tônus muscular Sintomas próprios da lesão do verme e dos hemisférios cerebelares Alterações dependentes das lesões hemisféricas refletem nos membros e são sempre do MESMO LADO. Decorrentes das lesões do verme localizam-se predominante no TRONCO. Alterações dos movimentos ativos(ataxia): dismetria, disdiadococinesia, tremor, assinergia, disartria, disgrafia, distúrbios dos movimentos oculares, disbasia Alterações do tônus(hipotonia): diminuição da consistência das massas musculares, aumento da passividade, reflexos patelar e tricipital pendulares Sinal de Romberg é negativo porque as manifestações clínicas não se modificam significativamente quando se elimina o controle visual Causas: tumores, infecções, distúrbios vasculares, doença desmielinizante, etc. SÍNDROME RADICULOCORDONAL POSTERIOR Conjunto de manifestações decorrentes de lesão do cordão ou funículo posterior da medula e das raízes que o constituem, que são condutoras da sensibilidade proprioceptiva Disbasia, aumento da base de sustentação, prova de romberg positiva, hipotonia, abolição dos reflexos profundos, etc Causas: sífilis nervosa (tabes), doença de Friedreich (ataxia espinocerebelar) e a degeneração combinada da medula (mielose funicular) SÍNDROME DE BROWN-SÉQUARD OU HEMISSECÇÃO TRANSVERSA LATERAL DA MEDULA 1. Do lado da lesão: Síndrome piramidal: paralisia Síndrome cordonal posterior: evidenciada pela abolição da sensibilidade vibratória e cinético- postural 2. Do lado oposto da lesão: Síndrome sensitiva: caracterizada pela abolição da sensibilidade dolorosa e térmica OBS: a altura da lesão medular determina o nível da anestesia e da participação de um dos dois membros paralisados. Causas: traumatismos, neoplasias, infecções SÍNDROME MENÍNGEA Meninges e raízes nervosas podem ser acometidas por processo irritativos, causado por infecções(meningite), hemorragia (meníngea ou subaracnóidea) que se exterioriza por uma síndrome clinica comum 18 Neurologia – Victória David Semiologia Instalação: súbito Características semiológicas: HIC, síndrome radicular e síndrome infecciosa Teste de Kerning: trazer perna fletida até o peito Teste de Laségue: esticar perna e tentar levantar até sentir dor Positivo patológico: se não levantar >30° Prova de Brudzinski: fazer flexão do pescoço. Se houver irritação da raiz nervosa o paciente fará flexão das pernas, pois não consegue tocar o queixo no peito enquanto a perna está esticada SÍNDROME DE COMPRESSÃO MEDULAR Série de manifestações medulares e radiculares que surgem de modo agudo ou gradativo, na dependência de compressão súbita ou lenta exercida por processo expansivo intrarraquidiano ou intramedular Distúrbios da sensibilidade: alterações subjetivas (dor do tipo radicular irradiando-se em forma de cinta e piora com movimentos súbitos toracoabdominais) e objetivas (leve à total perda de sensibilidade) Distúrbios da motricidade: paresia inicial grau de paralisia completa dos membros Distúrbios dos reflexos sinal de Babinski Distúrbios do tônus: aumento do tônus nos membros atingidos Outros distúrbios: de acordo com o período evolutivo, é necessária micção e incontinência retovesical, precedida ou não por retenção. Distúrbios acompanhados por: impotência, incapacidade de ejaculação, escaras tróficas ou de decúbito NEUROPATIAS PERIFÉRICAS Comprometimento de um nervo isolado de dois ou mais nervos em regiões diferentes ou vários nervos simultaneamente e de forma simétrica Lesão de fibras nervosas: alterações da sensibilidade térmica e dolorosa Lesão de fibras mielinizadas: déficits proprioceptivos ou motores
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