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Apostila Direito Penal Militar

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DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL MILITAR 
 
A Doutrina divide os crimes militares em duas categorias: os crimes propriamente militares e os 
crimes impropriamente militares. Os crimes impropriamente militares obedecem a uma lógica 
um pouco diferente, que veremos logo adiante. 
A legislação falha ao não tratar dessas duas categorias de crimes, apesar de a própria Constituição 
mencionar os crimes propriamente militares, usando inclusive esta nomenclatura. 
De acordo com a doutrina clássica, os crimes propriamente militares são aqueles que somente 
podem ser praticados por militares, enquanto os impropriamente militares podem ser praticados 
também por civis. 
Há ainda muita discussão a respeito do crime de insubmissão, que é cometido por aquele que se 
ausenta no momento de sua incorporação às forças armadas, ou seja, ele ainda não é militar, é 
considerado civil, já que ainda não incorporou, logo, não há possiblidade de existir crime 
propriamente militar, já que este, somente pode ser cometido por militar. 
 
Por essa razão, há outra doutrina, capitaneada por Jorge Alberto Romeiro, que defende como crime 
propriamente militar aquele em que a ação penal somente pode ser proposta contra militar. O 
insubmisso apenas responderá a ação penal depois que se apresentar ou for capturado, e for 
incorporado às forças armadas. 
 
Há também a doutrina topográfica, muito utilizada por aqueles que não têm muita familiaridade com 
o Direito Penal Militar. De acordo com essa doutrina, são crimes propriamente militares aqueles 
tipificados apenas no Código Penal Militar, sem correspondente na lei penal comum. Dessa forma, 
os crimes propriamente militares seriam a deserção, o abandono de posto, a insubmissão, etc. 
Por último, há a doutrina tricotômica, que está muito na moda hoje. Estes teóricos dizem que 
existem os crimes propriamente militares (praticados apenas por militares), os tipicamente militares 
(previstos apenas no Código Penal Militar) e os impropriamente militares (previstos tanto no Código 
Penal Militar quanto no Código Penal). 
Art. 9º Consideram-se crimes militares, em tempo de paz: 
I - os crimes de que trata este Código, quando definidos de modo diverso na lei penal comum, 
ou nela não previstos, qualquer que seja o agente, salvo disposição especial; 
 
 
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II – os crimes previstos neste Código e os previstos na legislação penal, quando 
praticados: 
a) por militar em situação de atividade ou assemelhado, contra militar na mesma 
situação ou assemelhado; 
b) por militar em situação de atividade ou assemelhado, em lugar sujeito à 
administração militar, contra militar da reserva, ou reformado, ou assemelhado, ou civil; 
c) por militar em serviço ou atuando em razão da função, em comissão de natureza 
militar, ou em formatura, ainda que fora do lugar sujeito à administração militar contra militar 
da reserva, ou reformado, ou civil; 
d) por militar durante o período de manobras ou exercício, contra militar da reserva, ou 
reformado, ou assemelhado, ou civil; 
e) por militar em situação de atividade, ou assemelhado, contra o patrimônio sob a 
administração militar, ou a ordem administrativa militar; 
 f) revogada. 
 
 
 
 
 
 
 
 INFORMATIVO 626 – STF 
 
Quando os militares desconhecem a situação de 
militar do outro, não há crime militar. É importante 
que você saiba que a jurisprudência do STM é no 
sentido inverso, ampliando a competência da Justiça 
Militar. 
 
 
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§ 1o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares 
contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri. 
§ 2o Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares 
das Forças Armadas contra civil, serão da competência da Justiça Militar da União, se 
praticados no contexto: 
I – do cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República 
ou pelo Ministro de Estado da Defesa; 
II – de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo 
que não beligerante; ou 
III – de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem 
ou de atribuição subsidiária, realizadas em conformidade com o disposto no art. 142 da 
Constituição Federal e na forma dos seguintes diplomas legais: 
a) Lei no 7.565, de 19 de dezembro de 1986 - Código Brasileiro de Aeronáutica; 
b) Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; 
c) Decreto-Lei no 1.002, de 21 de outubro de 1969 - Código de Processo Penal Militar; 
e 
d) Lei no 4.737, de 15 de julho de 1965 - Código Eleitoral. 
 
Art. 10. Consideram-se crimes militares, em tempo de guerra: 
I - os especialmente previstos neste Código para o tempo de guerra; 
II - os crimes militares previstos para o tempo de paz; 
III - os crimes previstos neste Código, embora também o sejam com igual definição na 
lei penal comum ou especial, quando praticados, qualquer que seja o agente: 
a) em território nacional, ou estrangeiro, militarmente ocupado; 
b) em qualquer lugar, se comprometem ou podem comprometer a preparação, a 
eficiência ou as operações militares ou, de qualquer outra forma, atentam contra a segurança 
externa do País ou podem expô-la a perigo; 
IV - os crimes definidos na lei penal comum ou especial, embora não previstos neste 
Código, quando praticados em zona de efetivas operações militares ou em território 
estrangeiro, militarmente ocupado. 
 
 COMPLEMENTAÇÃO DE APLICAÇÃO PENAL MILITAR 
Art. 11. Os militares estrangeiros, quando em comissão ou estágio nas forças armadas, 
ficam sujeitos à lei penal militar brasileira, ressalvado o disposto em tratados ou convenções 
internacionais. 
 
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Este é o tão conhecido intercâmbio entre organizações militares de países aliados, pode parecer 
estranho à primeira vista, mas é bem comum. Quando os militares estrangeiros estiverem fazendo 
esses cursos no Brasil, aplicar-se-á a eles a lei penal militar brasileira. 
Art. 12. O militar da reserva ou reformado, empregado na administração militar, equipara-
se ao militar em situação de atividade, para o efeito da aplicação da lei penal militar. 
O militar da reserva ou reformado, de certa forma, pode ser equiparado ao civil. Isso fic9iff[ou 
evidente quando estudamos o art. 9° e vimos a competência da Justiça Militar em razão da pessoa. 
Os militares da reserva ou reformados somente se equiparam aos militares da ativa quando 
continuam trabalhando para a administração militar, nos termos do art. 3°, §1°, a, III do Estatuto 
dos Militares (Lei n° 6.880/1980). 
Lei n° 6.880/1980, §1°, a, III - os componentes da reserva das Forças Armadas quando 
convocados, reincluídos, designados ou mobilizados. 
O art. 12 não se aplica aos militares da reserva e reformados que estejam executando tarefa certa 
por tempo certo, conforme previsto no art. 3°, §1°, b, III do Estatuto dos Militares. Estes, portanto, 
não são equiparados a militares. 
Art. 13. O militar da reserva, ou reformado, conserva as responsabilidades e prerrogativas 
do posto ou graduação, para o efeito da aplicação da lei penal militar, quando pratica ou 
contra ele é praticado crime militar. 
O militar da reserva ou reformado só pratica crime militar nas hipóteses do art. 9°, III, e não nas 
situações previstas no inciso II. 
Art. 14. O defeito do ato de incorporação não exclui a aplicação da lei penal militar, salvo 
se alegado ou conhecido antes da prática do crime. 
Art. 15. O tempo de guerra, para os efeitos da aplicação da lei penal militar, começa com a 
declaração ou o reconhecimento do estado de guerra, ou com o decreto de mobilização se 
nele estiver compreendido aquele reconhecimento; e termina quando ordenada a cessação 
das hostilidades. 
O art. 15 é estudado em conjunto com o art. 84 da Constituição Federal, que trata dos detalhesacerca da autorização legislativa para a declaração de guerra. 
Art. 16. No cômputo dos prazos inclui-se o dia do começo. Contam-se os dias, os meses e 
os anos pelo calendário comum. 
Atenção! Não confunda a contagem do prazo penal com a técnica aplicada aos prazos 
processuais. Nestes exclui-se o dia do início, mas no prazo penal o dia do início está incluído. 
Quando ao cômputo dos meses e anos, deve-se utilizar o calendário comum. 
Art. 17. As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei penal militar 
especial, se esta não dispõe de modo diverso. Para os efeitos penais, salário mínimo é o 
maior mensal vigente no país, ao tempo da sentença. 
 
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A parte final do dispositivo é completamente inaplicável, uma vez que não existe mais pena de 
multa no Direito Penal Militar. 
Art. 18. Ficam sujeitos às disposições deste Código os crimes praticados em prejuízo de país 
em guerra contra país inimigo do Brasil: 
I - se o crime é praticado por brasileiro; 
II - se o crime é praticado no território nacional, ou em território estrangeiro, militarmente 
ocupado por força brasileira, qualquer que seja o agente. 
Este artigo também é inaplicável, uma vez que o CPM adota a territorialidade temperada e a 
extraterritorialidade incondicionada. 
 Art. 19. Este Código não compreende as infrações dos regulamentos disciplinares. 
Infração disciplinar não é conduta penal, mas sim ilícito administrativo. Um Exemplo disso é o 
código disciplinar de alguns estados que trazem as figuras de algumas transgressões. É 
interessante também que você saiba que no Direito Penal Militar também não há contravenções 
penais. 
Art. 20. Aos crimes praticados em tempo de guerra, salvo disposição especial, aplicam-se 
as penas cominadas para o tempo de paz, com o aumento de um terço. 
Art. 21. Considera-se assemelhado o servidor, efetivo ou não, dos Ministérios da Marinha, 
do Exército ou da Aeronáutica, submetido a preceito de disciplina militar, em virtude de lei ou 
regulamento. 
Você não precisa mais se preocupar com a figura do assemelhado, pois não existe mais, porém o 
nosso CPM é antigo, logo, você verá algumas citações sobre esta figura. 
Art. 22. É considerada militar, para efeito da aplicação deste Código, qualquer pessoa que, 
em tempo de paz ou de guerra, seja incorporada às forças armadas, para nelas servir em 
posto, graduação, ou sujeição à disciplina militar. 
Art. 23. Equipara-se ao comandante, para o efeito da aplicação da lei penal militar, toda 
autoridade com função de direção. 
Art. 24. O militar que, em virtude da função, exerce autoridade sobre outro de igual posto ou 
graduação, considera-se superior, para efeito da aplicação da lei penal militar. 
Art. 25. Diz-se crime praticado em presença do inimigo, quando o fato ocorre em zona de 
efetivas operações militares, ou na iminência ou em situação de hostilidade. 
Art. 26. Quando a lei penal militar se refere a "brasileiro" ou "nacional", compreende as 
pessoas enumeradas como brasileiros na Constituição do Brasil. 
Parágrafo único. Para os efeitos da lei penal militar, são considerados estrangeiros os 
apátridas e os brasileiros que perderam a nacionalidade. 
 
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Art. 27. Quando este Código se refere a funcionários, compreende, para efeito da sua 
aplicação, os juízes, os representantes do Ministério Público, os funcionários e auxiliares da 
Justiça Militar. 
Art. 28. Os crimes contra a segurança externa do país ou contra as instituições militares, 
definidos neste Código, excluem os da mesma natureza definidos em outras leis. 
 
 
 DO CRIME 
 
Art. 29. O resultado de que depende a existência do crime somente é imputável a quem lhe 
deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria 
ocorrido. 
§ 1º A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, 
por si só, produziu o resultado. Os fatos anteriores, imputam-se, entretanto, a quem os 
praticou. 
§ 2º A omissão é relevante como causa quando o omitente devia e podia agir para evitar o 
resultado. O dever de agir incumbe a quem tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância; a quem, de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; e a 
quem, com seu comportamento anterior, criou o risco de sua superveniência. 
 
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE 
 
• teoria da equivalência dos antecedentes (teoria da conditio sine qua non) 
causa será todo fato humano sem o qual o resultado não teria ocorrido. Se formos analisar, é como 
se o CPM tivesse adotado esta teoria, por força da parte final do caput do art. 29. 
Porém existe algo preocupante em relação a esta teoria, pois a forma como é feito os estudos impõe 
que você vá retirando do fato possíveis causas e verifique se o crime ainda ocorreria, e aí a 
identificação de causas nunca acabar, nunca chega ao fim. 
A teoria da imputação objetiva se contrapõe à equivalência dos antecedentes, dizendo que 
apenas haverá a relação de causalidade quando o sujeito tiver agido de forma a assumir o risco de 
produzir o resultado. 
De acordo com a teoria da causalidade adequada, causa é o antecedente mais adequado, ou 
mais eficaz, para a produção do resultado. Não basta qualquer conduta sem a qual o resultado não 
teria ocorrido. A causa é o antecedente mais provável. 
 
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Concausa é a convergência de uma determinada conduta a uma causa inicial, contribuindo para a 
consecução do resultado. Essas causas podem ser dependentes, absolutamente independentes 
ou relativamente independentes da conduta do agente. 
As causas dependentes estão previstas no caput do art. 29: uma pessoa amarrou a vítima, e outra 
disparou a arma de fogo. Todos os agentes responderão pela mesma conduta, pois as causas são 
dependentes. Sem as duas não teria ocorrido o crime. 
Dizemos que uma causa é absolutamente independente de outra quando ela não se origina da 
conduta do agente. É caso da pessoa que ingere veneno e posteriormente é alvejada por disparo 
de arma de fogo, vindo a falecer em razão do envenenamento. Estas causas podem ser 
preexistentes, concomitantes ou supervenientes, e rompem o nexo causal. O agente, portanto, 
apenas responderá pelo resultado ao qual de causa. 
Nas causas relativamente independentes, a que mais nos interessa é a superveniente. No caso 
da superveniência, para saber se o agente responderá pelo resultado, é necessário saber se a 
causa relativamente independente é suficiente para produzir, por si só, o resultado. 
Imagine, por exemplo, que uma pessoa é alvejada por disparo de arma de fogo e é socorrida em 
ambulância. No trajeto até o hospital, o veículo bate num muro, levando a vítima a óbito. Neste 
caso, estamos diante de uma causa relativamente independente da conduta do agente. 
De acordo com o §1º, diante de uma causa relativamente independente o agente apenas 
responderá pela conduta adotada até a superveniência. No nosso exemplo o agente responderia 
por tentativa de homicídio. Esta é uma manifestação da teoria da causalidade adequada. 
Se a causa relativamente independente não produziu por si só o resultado, será aplicável a teoria 
da equivalência dos antecedentes causais, de acordo com o caput do art. 29. 
 
Art. 30. Diz-se o crime: 
CRIME CONSUMADO 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
TENTATIVA 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à 
vontade do agente. 
PENA DE TENTATIVA 
Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime, diminuída de um 
a dois terços, podendo o juiz, no caso de excepcional gravidade, aplicar a pena do crime 
consumado. 
As regras quanto ao crime consumado e à tentativa são as mesmas do CP. Quero chamar sua 
atenção para o parágrafo único, que trata da pena aplicável em caso de crimetentado. 
 
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A redução da pena em razão da sua não consumação deve ser, em regra, operada em função da 
extensão do iter criminis, ou seja, do caminho percorrido pelo agente entre o início da execução e 
a consumação. Esta é a teoria objetiva. 
Se a pessoa estava apenas iniciando a sua conduta, o juiz pode aplicar a diminuição no seu grau 
máximo, mas se a pessoa já estava “quase terminando”, a pena não deve ser tão diminuída assim. 
Há também no parágrafo único uma manifestação da teoria subjetiva, pois o juiz pode, 
considerando a gravidade da conduta, aplicar à tentativa a pena do crime consumado. Jorge César 
de Assis entende que essa regra perdeu totalmente sua eficácia, não sendo mais aplicável hoje, 
apesar de o dispositivo nunca ter sido declarado inconstitucional e nem revogado. 
 
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ 
Art. 31. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o 
resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. 
A desistência voluntária ocorre quando o agente desiste de prosseguir com a execução. Aquele 
que impede que o resultado seja produzido pratica o arrependimento eficaz. 
Cuidado para não confundir estes dois institutos com a tentativa, que ocorre quando o agente não 
consegue atingir o resultado por circunstâncias alheias à sua vontade. 
Na parte geral do CPM não existe a figura do arrependimento posterior. Na parte especial há 
alguns dispositivos que preveem o arrependimento posterior de forma específica, a exemplo do 
crime de furto (art. 240 do CPM). 
 
bagatela não se aplica no Direito Penal Militar. 
CRIME IMPOSSÍVEL 
Art. 32. Quando, por ineficácia absoluta do meio empregado ou por absoluta impropriedade 
do objeto, é impossível consumar-se o crime, nenhuma pena é aplicável. 
A ineficácia absoluta do meio ocorre, por exemplo, quando uma pessoa tenta cometer homicídio 
utilizando arma de brinquedo, ou “simulacro”. A absoluta impropriedade do objeto ocorre quando 
uma pessoa utiliza arma de fogo para atirar em alguém que já está morto, por exemplo. 
 
existência da modalidade culposa. 
NENHUMA PENA SEM CULPABILIDADE 
Art. 34. Pelos resultados que agravam especialmente as penas só responde o agente quando 
os houver causado, pelo menos, culposamente. 
 
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ERRO DE DIREITO 
Art. 35. A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, 
salvo em se tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por 
ignorância ou erro de interpretação da lei, se escusáveis. 
ERRO DE FATO 
Art. 36. É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, 
a inexistência de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que 
tornaria a ação legítima. 
ERRO CULPOSO 
§1º Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente, se o fato é punível como crime 
culposo. 
ERRO PROVOCADO 
§2º Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, 
conforme o caso. 
ERRO SOBRE A PESSOA 
Art. 37. Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de execução, ou outro 
acidente, atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime 
contra aquela que realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e 
qualidades da vítima, mas as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão 
do crime, e agravação ou atenuação da pena. 
ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO 
§1º Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado 
pelo agente, responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo. 
DUPLICIDADE DO RESULTADO 
§2º Se, no caso do artigo, é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do parágrafo 
anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79. 
ESTADO DE NECESSIDADE, COM EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE 
Art. 39. Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a 
quem está ligado por estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e 
atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda 
quando superior ao direito protegido, desde que não lhe era razoavelmente exigível 
conduta diversa. 
EXCESSO CULPOSO 
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente 
os limites da necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa. 
EXCESSO ESCUSÁVEL 
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou 
perturbação de ânimo, em face da situação. 
 
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ATENUAÇÃO DA PENA 
Art. 41. Nos casos do art. 38, letras a e b , se era possível resistir à coação, ou se a ordem 
não era manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o 
sacrifício do direito ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode 
atenuar a pena. 
As hipóteses do art. 38 são exatamente a coação e a obediência hierárquica. O art. 39 trata do 
estado de defesa exculpante. 
Art. 42. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento do dever legal; 
IV - em exercício regular de direito. 
Parágrafo único. Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou 
praça de guerra, na iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por 
meios violentos, a executar serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, 
ou evitar o desânimo, o terror, a desordem, a rendição, a revolta ou o saque. 
LEGÍTIMA DEFESA 
Art. 44. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios 
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
EXCESSO CULPOSO 
Art. 45. O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente 
os limites da necessidade, responde pelo fato, se êste é punível, a título de culpa. 
EXCESSO ESCUSÁVEL 
Parágrafo único. Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou 
perturbação de ânimo, em face da situação 
EXCESSO DOLOSO 
Art. 46. O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso. 
ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME 
Art. 47. Deixam de ser elementos constitutivos do crime: 
I - a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do agente; 
II - a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de quarto, 
ou a de sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa a agressão. 
CULPABILIDADE 
• Doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; 
• Culposo, quando o agente, deixando de empregar a cautela, atenção, ou diligência ordinária, 
ou especial, a que estava obrigado em face das circunstâncias, não prevê o resultado que 
 
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podia prever ou, prevendo-o, supõe levianamente que não se realizaria ou que poderia evitá-
lo. 
 
EXCEPCIONALIDADE DO CRIME CULPOSO: 
 
BIZU MONSTRUOSO → Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato 
previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente. 
Pelos resultados que agravam especialmente as penas só responde o agente quando os houver 
causado, pelo menos, culposamente. 
 
 
ERROS 
 
ERRO DE DIREITO: 
A pena pode ser atenuada ou substituída por outra menos grave quando o agente, salvo em se 
tratando de crime que atente contra o dever militar, supõe lícito o fato, por ignorância ou erro de 
interpretação da lei, se escusáveis. 
 
ERRO DE FATO: 
É isento de pena quem, ao praticar o crime, supõe, por erro plenamente escusável, a inexistência 
de circunstância de fato que o constitui ou a existência de situação de fato que tornaria a ação 
legítima. 
 
ERRO CULPOSO: 
Se o erro deriva de culpa, a este título responde o agente,se o fato é punível como crime culposo. 
 
ERRO PROVOCADO: 
Se o erro é provocado por terceiro, responderá este pelo crime, a título de dolo ou culpa, conforme 
o caso. 
 
ERRO SOBRE A PESSOA: 
Quando o agente, por erro de percepção ou no uso dos meios de execução, ou outro acidente, 
atinge uma pessoa em vez de outra, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela que 
 
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realmente pretendia atingir. Devem ter-se em conta não as condições e qualidades da vítima, mas 
as da outra pessoa, para configuração, qualificação ou exclusão do crime, e agravação ou 
atenuação da pena. 
 
ERRO QUANTO AO BEM JURÍDICO: 
Se, por erro ou outro acidente na execução, é atingido bem jurídico diverso do visado pelo agente, 
responde este por culpa, se o fato é previsto como crime culposo. 
 
Duplicidade do resultado se, no caso acima é também atingida a pessoa visada, ou, no caso do 
parágrafo anterior, ocorre ainda o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 79. 
 
Não é culpado quem comete o crime: 
➔ Coação irresistível: Sob coação irresistível ou que lhe suprima a faculdade de agir segundo 
a própria vontade; 
➔ Obediência hierárquica: Em estrita obediência a ordem direta de superior hierárquico, em 
matéria de serviços. 
 
BIZU MONSTRUOSO → Responde pelo crime o autor da coação ou da ordem. 
 
Se a ordem do superior tem por objeto a prática de ato manifestamente criminoso, ou há excesso 
nos atos ou na forma da execução, é punível também o inferior. 
 
ESTADO DE NECESSIDADE, COM EXCLUDENTE DE CULPABILIDADE 
 
Não é igualmente culpado quem, para proteger direito próprio ou de pessoa a quem está ligado por 
estreitas relações de parentesco ou afeição, contra perigo certo e atual, que não provocou, nem 
podia de outro modo evitar, sacrifica direito alheio, ainda quando superior ao direito protegido, 
desde que não lhe era razoavelmente exigível conduta diversa. 
COAÇÃO FÍSICA OU MATERIAL: 
Nos crimes em que há violação do dever militar, o agente não pode invocar coação irresistível senão 
quando física ou material. 
ATENUAÇÃO DE PENA: 
Nos casos do art. 38, letras a e b, se era possível resistir à coação, ou se a ordem não era 
manifestamente ilegal; ou, no caso do art. 39, se era razoavelmente exigível o sacrifício do direito 
ameaçado, o juiz, tendo em vista as condições pessoais do réu, pode atenuar a pena. 
 
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EXCLUSÃO DE CRIME 
Não há crime quando o agente pratica o fato: 
1) em estado de necessidade; 
2) em legítima defesa; 
3) em estrito cumprimento do dever legal; 
4) em exercício regular de direito. 
Não há igualmente crime quando o comandante de navio, aeronave ou praça de guerra, na 
iminência de perigo ou grave calamidade, compele os subalternos, por meios violentos, a executar 
serviços e manobras urgentes, para salvar a unidade ou vidas, ou evitar o desânimo, o terror, a 
desordem, a rendição, a revolta ou o saque. 
ESTADO DE NECESSIDADE, COMO EXCLUDENTE DO CRIME 
Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, 
de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal 
causado, por sua natureza e importância, é consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente 
não era legalmente obrigado a arrostar o perigo. 
LEGÍTIMA DEFESA 
Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele 
injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
 
EXCESSO CULPOSO 
O agente que, em qualquer dos casos de exclusão de crime, excede culposamente os limites da 
necessidade, responde pelo fato, se este é punível, a título de culpa. 
EXCESSO ESCUSÁVEL 
Não é punível o excesso quando resulta de escusável surpresa ou perturbação de ânimo, em face 
da situação. 
EXCESSO DOLOSO 
O juiz pode atenuar a pena ainda quando punível o fato por excesso doloso. 
ELEMENTOS NÃO CONSTITUTIVOS DO CRIME 
Deixam de ser elementos constitutivos do crime: 
1) a qualidade de superior ou a de inferior, quando não conhecida do agente; 
2) a qualidade de superior ou a de inferior, a de oficial de dia, de serviço ou de quarto, ou a de 
sentinela, vigia, ou plantão, quando a ação é praticada em repulsa a agressão. 
 
 
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 DA IMPUTABILIDADE PENAL MILITAR 
 
INIMPUTÁVEIS 
Art. 48. Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade 
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, 
em virtude de doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA 
Parágrafo único. Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui 
consideravelmente a capacidade de entendimento da ilicitude do fato ou a de 
autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas a pena pode ser atenuada, sem 
prejuízo do disposto no art. 113. 
ESTADO DE NECESSIDADE NO CPM 
Teoria Diferenciadora (alemã) 
Exculpante (art. 39) Justificante (art. 42, I e 43) 
Exclui a culpabilidade Exclui o crime 
Direito próprio ou de pessoa ligada por 
laços de parentesco ou afeição 
Direito próprio ou alheio 
Contra perigo certo e atual que não 
provocou nem poderia evitar 
Idêntico! 
Direito alheio igual ou superior ao direito 
defendido 
Direito alheio é inferior ao direito 
defendido 
 
18 
 
EMBRIAGUEZ 
Art. 49. Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de 
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de 
entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente por embriaguez 
proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, 
a plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo 
com esse entendimento. 
MENORES 
Art. 50. O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis 
anos, revela suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e 
determinar-se de acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída 
de um terço até a metade. 
Podemos ver que este dispositivo não foi inteiramente recepcionado pela Constituição 
Federal de 1988. A regra geral é de que o menor de dezoito anos seja inimputável, mas o CPM 
abria a possibilidade de o menor entre dezesseis e dezoito anos poderia ser considerado imputável 
em razão de perícia médica. 
Esta era mais uma manifestação do critério biopsicológico, e a regra era de que haveria 
diminuição de pena se houvesse suficiente desenvolvimento psíquico. 
EQUIPARAÇÃO A MAIORES 
Art. 51. Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa 
idade: a) os militares; 
b) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados 
temporariamente desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento; 
c) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina 
militares, que já tenham completado dezessete anos. 
Este dispositivo também não foi recepcionado pela Constituição. Não há regra constitucional 
que estabeleça a maioridade para os convocados e nem para os alunos das escolas militares. 
Apenas uma observação acerca dos estabelecimentos de ensino. As forças armadas mantêm 
diversas escolas, entre elas os famosos colégios militares. Há, entretanto, escolas que tem a função 
específica de preparar jovens para a carreira militar, a exemplo da Escola Preparatória de Cadetes 
do Exército (ESPCex), Ecola Preparatória de Cadetes do Ar (EPCar), e o Colégio Naval. 
Art. 52. Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de 
dezesseis inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativasou disciplinares 
determinadas em legislação especial. 
 
APROFUNDAMENTO 
 
19 
 
Não é imputável quem, no momento da ação ou da omissão, não possui a capacidade de entender 
o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento, em virtude de 
doença mental, de desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
 
REDUÇÃO FACULTATIVA DA PENA: 
Se a doença ou a deficiência mental não suprime, mas diminui consideravelmente a capacidade de 
entendimento da ilicitude do fato ou a de autodeterminação, não fica excluída a imputabilidade, mas 
a pena pode ser atenuada, sem prejuízo do disposto no art. 113. 
 
EMBRIAGUEZ: 
Não é igualmente imputável o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso fortuito 
ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter 
criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
A embriaguez voluntária (não acidental) não isenta o agente de responsabilidade sobre a conduta, 
pois ele fez a opção de embriagar-se. Na realidade, em alguns casos a embriaguez voluntária é até 
elementar do tipo, como no caso da “lei seca” por exemplo. 
É possível também que haja a embriaguez patológica, decorrente do alcoolismo, que é tratada 
pela Doutrina como doença, e por isso pode conduzir o agente à inimputabilidade, nos termos do 
art. 48 do CPM e do art. 159 do CPPM. 
Já a embriaguez habitual é tratada pelo Direito Penal comum como uma contravenção penal, e 
não um crime. O CPM, por outro lado, tipifica a conduta de o militar apresentar-se para o serviço 
embriagado (art. 202). 
A embriaguez preordenada é a situação em que o agente decide embriagar-se para “tomar 
coragem” de cometer o crime. Nesta situação a embriaguez se torna um agravante. 
A espécie do art. 49 é a embriaguez acidental, ou seja, é resultado de caso fortuito ou força maior. 
Não é necessário, para a sua prova, diferenciar essas duas situações. O importante é que você 
saiba que este tipo de embriaguez pode levar o agente à inimputabilidade, se impedir que o agente 
tenha o discernimento necessário para compreender sua própria conduta. 
Um bom exemplo é o de um militar que, tendo sido ferido em serviço, na fala de medicamentos 
adequados é anestesiado por meio da ingestão de grandes quantidades de bebida alcoólica. 
O parágrafo único traz mais uma situação de semi-imputabilidade, a ser aplicável quando o 
agente, por força de embriaguez acidental, não estava em sua plena capacidade mas tinha alguma 
compreensão do fato. Interessante que aqui não se aplica a regra do art. 73, pois o próprio parágrafo 
único determina os limites de redução. 
 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MENORES: 
O menor de dezoito anos é inimputável, salvo se, já tendo completado dezesseis anos, revela 
suficiente desenvolvimento psíquico para entender o caráter ilícito do fato e determinar- se de 
acordo com este entendimento. Neste caso, a pena aplicável é diminuída de um terço até a metade. 
 
EQUIPARAÇÃO A MAIORES: 
Equiparam-se aos maiores de dezoito anos, ainda que não tenham atingido essa idade: 
1) os militares; 
2) os convocados, os que se apresentam à incorporação e os que, dispensados temporariamente 
desta, deixam de se apresentar, decorrido o prazo de licenciamento; 
3) os alunos de colégios ou outros estabelecimentos de ensino, sob direção e disciplina militares, 
que já tenham completado dezessete anos. 
 
DICA: Os menores de dezesseis anos, bem como os menores de dezoito e maiores de dezesseis 
inimputáveis, ficam sujeitos às medidas educativas, curativas ou disciplinares determinadas em 
legislação especial. 
 
 
BIZU MONSTRUOSO 
A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente 
por embriaguez proveniente de caso fortuito ou força 
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a 
plena capacidade de entender o caráter criminoso do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
 
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 CONCURSO DE AGENTES 
 
 
 
CONDIÇÕES OU CIRCUNSTÂNCIAS PESSOAIS 
§ 1º A punibilidade de qualquer dos concorrentes é independente da dos outros, 
determinando-se segundo a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, outrossim, as 
condições ou circunstâncias de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 
AGRAVAÇÃO DE PENA 
§ 2° A pena é agravada em relação ao agente que: 
I - promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
II - coage outrem à execução material do crime; 
III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não 
punível em virtude de condição ou qualidade pessoal; 
IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 
ATENUAÇÃO DA PENA 
§3º A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos 
importância. 
CABEÇAS 
§4º Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, 
provocam, instigam ou excitam a ação. 
§5º Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados 
cabeças, assim como os inferiores que exercem função de oficial. 
TEORIA PLURALISTA Haverá tantos crimes quantos forem os agentes. 
TEORIA DUALISTA Há dois crimes: um cometido pelos coautores, e 
outro cometido pelos partícipes 
TEORIA MONISTA 
(UNITÁRIA) 
Há apenas um crime, por mais que dele participem 
várias pessoas. 
COAUTORIA 
Art. 53. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este 
cominadas. 
 
22 
 
Esta regra é campeã de prova! Ela é própria do CPM, que relaciona os cabeças com os crimes de 
concurso de pessoas necessário, ou seja, aqueles que não podem ser praticados por apenas 
uma pessoa, a exemplo do crime de motim. 
Os cabeças são aqueles que coordenam, promovem, organizam a ação. Os cabeças em geral são 
pessoas que têm algum poder de decisão, e por essa razão, quando estamos diante de um crime 
perpetrado por oficiais e praças, os oficiais serão considerados os cabeças. 
CASOS DE INIMPUNIBILIDADE 
Art. 54. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, 
não são puníveis se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
Este é o princípio da acessoriedade da participação. A participação em crime só pode ser 
punida se a autoria também for punida. Lembre-se de que, para que haja punição pela tentativa, é 
necessário que o agente pratique a conduta, mas não atinja a finalidade pretendida por razões 
alheias à sua vontade. 
 
COAUTORIA 
Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRAVAÇÃO DE PENA: 
A pena é agravada em relação ao agente que: 
• promove ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes; 
• coage outrem à execução material do crime; 
• instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade, ou não punível em 
virtude de condição ou qualidade pessoal; 
• executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa. 
 
ATENUAÇÃO DE PENA: 
A pena é atenuada com relação ao agente, cuja participação no crime é de somenos importância. 
BIZU MONSTRUOSO 
A punibilidade de qualquer dos concorrentes é 
independente da dos outros, determinando-se segundo 
a sua própria culpabilidade. Não se comunicam, 
outrossim, as condições ou circunstâncias de caráter 
pessoal, salvo quando elementares do crime. 
 
23 
 
CABEÇAS 
Na prática de crime de autoria coletiva necessária, reputam-se cabeças os que dirigem, provocam, 
instigam ou excitam a ação. 
Quando o crime é cometido por inferiores e um ou mais oficiais, são estes considerados cabeças, 
assim como os inferiores que exercem função de oficial. 
CASOS DE IMPUNIBILIDADE: 
O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição em contrário, não são puníveisse o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 
 
 DAS PENAS 
 
O Código Penal Militar divide as penas em principais e acessórias. As principais são aquelas 
cominadas a determinado crime, e as acessórias são aquelas que eventualmente podem ser 
cumuladas. 
Art. 55. As penas principais são: 
a) morte; 
b) reclusão; 
c) detenção; 
d) prisão; 
e) impedimento; 
f) suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função; 
g) reforma. 
A primeira e mais importante das penas previstas pelo CPM é a pena de morte. O art. 5°, XLVII, a, 
determina que não haverá pena de morte, salvo em caso de guerra declarada. O art. 84, XIX, da 
Constituição, apenas permite a declaração de guerra para fins de defesa contra agressão 
estrangeira. 
O CPM, portanto, comina a pena de morte para alguns crimes praticados em tempo de guerra. A 
deserção, por exemplo, assume durante a guerra enormes proporções, e o criminoso pode ser 
condenado à pena de morte. 
 
24 
 
No Direito Penal Militar não há distinção significativa entre as penas de reclusão e detenção. 
Podemos dizer, contudo, que há uma pequena diferença formal: a reclusão tem um período mínimo 
de 1 ano e um máximo de 30 anos, enquanto a detenção tem um mínimo de 30 dias e um máximo 
de 10 anos. 
A pena de prisão é aquela em que, se o criminoso for oficial, permanece em estabelecimento militar; 
e, se praça, em estabelecimento penal militar. 
O impedimento é a pena prevista para o crime de insubmissão. O criminoso permanece restrito à 
organização militar (menagem), participando normalmente das instruções militares (art. 63). A 
Doutrina diz que esta pena tem “nítido caráter ressocializador e educativo”. 
A suspensão do exercício do posto é aplicável ao oficial que pratica comércio (art. 204). 
A Doutrina entende que a previsão da pena de reforma não foi recepcionada pela Constituição, pois 
esta não permite penas de caráter perpétuo. 
PENA DE MORTE 
Art. 56. A pena de morte é executada por fuzilamento. 
Os detalhes acerca da execução da pena de morte estão no art. 707 e seguintes do Código de 
Processo Penal Militar. Há vários detalhes, incluindo a vestimenta dos condenados, o apoio 
espiritual, etc. 
COMUNICAÇÃO 
Art. 57. A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em 
julgado, ao Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias 
após a comunicação. 
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser 
imediatamente executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares. 
A regra geral é de que, uma vez transitada em julgado a condenação à pena de morte, o Presidente 
da República deve ser imediatamente comunicado. A execução apenas pode ocorrer sete dias após 
a comunicação. 
Este período é concedido ao Presidente para decidir acerca da concessão de indulto ou da 
comutação da pena, nos termos da Constituição (art. 21, XII). 
Há exceção, entretanto, quando a condenação ocorrer em zona de operações de guerra. Neste 
caso, a pena pode ser executada de imediato, se a ordem e a disciplina militares assim o exigirem. 
 
25 
 
PENA DE ATÉ DOIS ANOS IMPOSTA A MILITAR 
Art. 59 - A pena de reclusão ou de detenção até 2 (dois) anos, aplicada a militar, é convertida 
em pena de prisão e cumprida, quando não cabível a suspensão condicional: (Redação dada 
pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) 
I - pelo oficial, em recinto de estabelecimento militar; 
II - pela praça, em estabelecimento penal militar, onde ficará separada de presos que 
estejam cumprindo pena disciplinar ou pena privativa de liberdade por tempo superior a dois 
anos. 
SEPARAÇÃO DE PRAÇAS ESPECIAIS E GRADUADAS 
Parágrafo único. Para efeito de separação, no cumprimento da pena de prisão, atender-se-á, 
também, à condição das praças especiais e à das graduadas, ou não; e, dentre as graduadas, 
à das que tenham graduação especial. 
Quando for aplicada pena de reclusão ou detenção de até 2 anos, pode haver suspensão 
condicional da pena (sursis). Apenas quando não for possível esta alternativa a pena pode ser 
convertida em prisão. 
Caso o condenado seja oficial, ele ficará recluso ao estabelecimento militar, mas lá poderá circular 
livremente. Se o condenado for praça, permanecerá em estabelecimento penal militar, mas ficará 
separada de presos que estejam cumprindo penalidade disciplinar ou pena privativa de liberdade 
superior a 2 anos. 
Quanto à separação das praças, esta determinação segue o princípio da hierarquia. As praças 
graduadas são o soldado, o cabo, o sargento e o subtenente. As praças especiais são os cadetes 
(alunos das academias militares) e os aspirantes-a-oficial (recém-formados que ainda não são 
tenentes). 
PENA SUPERIOR A DOIS ANOS, IMPOSTA A MILITAR 
Art. 61 - A pena privativa da liberdade por mais de 2 (dois) anos, aplicada a militar, é cumprida 
em penitenciária militar e, na falta dessa, em estabelecimento prisional civil, ficando o recluso 
ou detento sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e 
concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) 
Neste caso não é possível comutar a pena por prisão. Apenas alguns estados têm penitenciárias 
militares, e por isso é muito comum que o militar condenado cumpra a pena em estabelecimento 
civil. Neste caso o cumprimento da pena é regulado pela Lei de Execução Penal. 
 
26 
 
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE IMPOSTA A CIVIL 
Art. 62 - O civil cumpre a pena aplicada pela Justiça Militar, em estabelecimento prisional civil, 
ficando ele sujeito ao regime conforme a legislação penal comum, de cujos benefícios e 
concessões, também, poderá gozar. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) 
CUMPRIMENTO EM PENITENCIÁRIA MILITAR 
Parágrafo único - Por crime militar praticado em tempo de guerra poderá o civil ficar sujeito a 
cumprir a pena, no todo ou em parte em penitenciária militar, se, em benefício da segurança 
nacional, assim o determinar a sentença. (Redação dada pela Lei nº 6.544, de 30.6.1978) 
O civil condenado por crime militar cumpre a pena em estabelecimento civil, e a ele se aplica a Lei 
de Execução Penal. Caso o civil, entretanto, pratique crime militar em tempo de guerra, poderá 
cumprir sua pena em penitenciária militar, mas neste caso a sentença precisa ser específica. 
 
 
 
 
 
 
 
 PENA DE SUSPENSÃO DO EXERCÍCIO DO POSTO, GRADUAÇÃO, CARGO OU 
FUNÇÃO 
Art. 64. A pena de suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função consiste na 
agregação, no afastamento, no licenciamento ou na disponibilidade do condenado, pelo 
tempo fixado na sentença, sem prejuízo do seu comparecimento regular à sede do serviço. 
Não será contado como tempo de serviço, para qualquer efeito, o do cumprimento da pena. 
CASO DE RESERVA, REFORMA OU APOSENTADORIA 
Parágrafo único. Se o condenado, quando proferida a sentença, já estiver na reserva, ou 
reformado ou aposentado, a pena prevista neste artigo será convertida em pena de detenção, 
de três meses a um ano. 
 
 
SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL 
Art. 66. O condenado a que sobrevenha doença mental deve ser recolhido a manicômio 
judiciário ou, na falta deste, a outro estabelecimento adequado, onde lhe seja assegurada 
custódia e tratamento. 
o militar condenado a pena superior a 2 anos deve cumpri-la em 
penitenciária militar. Se não for possível, deve cumpri-la em 
estabelecimento civil, ficando sujeito à legislação comum quanto 
ao cumprimento da pena. O civil em regra cumpre pena em 
estabelecimento prisional civil, sujeitando-se ao regime comum 
quanto ao cumprimento da pena. Todavia, poderá cumpri-la em 
penitenciária militar, caso pratique crime em tempo de guerra, e 
desde que a sentença assim o determine. 
 
27 
 
O condenado que sofra de doença mental superveniente deve serrecolhido a manicômio judiciário 
ou outro estabelecimento adequado. O CPPM prevê, neste caso, a transferência do condenado do 
estabelecimento prisional para hospital psiquiátrico. 
TEMPO COMPUTÁVEL 
Art. 67. Computam-se na pena privativa de liberdade o tempo de prisão provisória, no Brasil 
ou no estrangeiro, e o de internação em hospital ou manicômio, bem como o excesso de 
tempo, reconhecido em decisão judicial irrecorrível, no cumprimento da pena, por outro crime, 
desde que a decisão seja posterior ao crime de que se trata. 
Este é o dispositivo que autoriza a detração penal. O período em que o criminoso esteve em prisão 
provisória ou internado deve ser considerado para fins de cumprimento da pena definitiva. 
Também pode ser contado o tempo de pena que o condenado cumpriu em excesso, quando passou 
mais tempo preso do que o devido. Obviamente esta hipótese somente é aplicável quando a 
decisão que reconhecer o excesso de tempo seja posterior ao novo crime, pois se assim não fosse 
o condenado ficaria com “crédito” perante a Justiça Militar, e isso não é possível. 
 
 
 
 
 
 
 
 DA APLICAÇÃO DAS PENAS 
 
FIXAÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE 
Art. 69. Para fixação da pena privativa de liberdade, o juiz aprecia a gravidade do crime 
praticado e a personalidade do réu, devendo ter em conta a intensidade do dolo ou grau da 
culpa, a maior ou menor extensão do dano ou perigo de dano, os meios empregados, o modo 
de execução, os motivos determinantes, as circunstâncias de tempo e lugar, os antecedentes 
do réu e sua atitude de insensibilidade, indiferença ou arrependimento após o crime. 
DETERMINAÇÃO DA PENA 
§ 1º Se são cominadas penas alternativas, o juiz deve determinar qual delas é aplicável. 
 
28 
 
LIMITES LEGAIS DA PENA 
§ 2º Salvo o disposto no art. 76, é fixada dentro dos limites legais a quantidade da pena aplicável. 
No Direito Penal comum, a questão da aplicação da pena está praticamente pacificada, 
sustentando-se a aplicação por um critério trifásico, com base nos arts. 59 e 68 do CP. 
O Código Penal Militar, porém, não apresenta dispositivos claros para adoção do critério trifásico, 
mas o STF já adotou a visão de que esse mesmo critério deve ser adotado na aplicação da pena 
para o crime militar (HC 92.116/RJ, julgado pela primeira vez em 25/9/2007). 
Na fixação da pena base, o Juiz deve enumerar fundamentadamente as circunstâncias previstas 
no art. 69 do CPM, que normalmente são chamadas de circunstâncias judiciais. 
No Código Penal comum, a culpabilidade substitui a intensidade do dolo e o grau de culpa, já que 
as teorias mais modernas consideram os dois elementos em conjunto. 
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES 
Art. 70. São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não integrantes ou 
qualificativas do crime: 
I - a reincidência; 
II - ter o agente cometido o crime: a) por motivo fútil ou 
torpe; 
b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime; 
c) depois de embriagar-se, salvo se a embriaguez decorre de caso fortuito, engano ou 
força maior; 
à traição, de emboscada, com surpresa, ou mediante outro recurso insidioso que dificultou ou 
tornou impossível a defesa da vítima; 
d) com o emprego de veneno, asfixia, tortura, fogo, explosivo, ou qualquer outro meio 
dissimulado ou cruel, ou de que podia resultar perigo comum; 
e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge; 
f)com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão; 
h) contra criança, velho ou enfermo; 
i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade; 
j) em ocasião de incêndio, naufrágio, encalhe, alagamento, inundação, ou qualquer 
calamidade pública, ou de desgraça particular do ofendido; l) estando de serviço; 
m) com emprego de arma, material ou instrumento de serviço, para esse fim 
procurado; 
 
29 
 
n) em auditório da Justiça Militar ou local onde tenha sede a sua administração; o) 
em país estrangeiro. 
 
 
Parágrafo único. As circunstâncias das letras c , salvo no caso de embriaguez preordenada, 
l , m e o , só agravam o crime quando praticado por militar. 
[...] CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES 
Art. 72. São circunstâncias que sempre atenuam a pena: 
I - ser o agente menor de vinte e um ou maior de setenta anos; 
II - ser meritório seu comportamento anterior; III - ter o agente: 
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral; 
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-
lhe ou minorar-lhe as conseqüencias, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano; 
c) cometido o crime sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da 
vítima; 
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime, ignorada ou 
imputada a outrem; 
e) sofrido tratamento com rigor não permitido em lei. Não atendimento de atenuantes 
Parágrafo único. Nos crimes em que a pena máxima cominada é de morte, ao juiz é facultado 
atender, ou não, às circunstâncias atenuantes enumeradas no artigo. 
As circunstâncias agravantes são condições genéricas que, se verificadas no caso julgado, 
agravarão a pena a ser aplicada, desde que não constituam elemento integrante ou 
qualificador do próprio tipo penal. 
 SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 
 
Art. 84 - A execução da pena privativa da liberdade, não superior a 2 (dois) anos, pode ser 
suspensa, por 2 (dois) anos a 6 (seis) anos, desde que: 
I - o sentenciado não haja sofrido no País ou no estrangeiro, condenação irrecorrível 
por outro crime a pena privativa da liberdade, salvo o disposto no 1º do art. 71; 
II - os seus antecedentes e personalidade, os motivos e as circunstâncias do crime, bem 
como sua conduta posterior, autorizem a presunção de que não tornará a delinqüir. 
 
30 
 
Art. 86. A suspensão é revogada se, no curso do prazo, o beneficiário: 
I - é condenado, por sentença irrecorrível, na Justiça Militar ou na comum, em razão de crime, 
ou de contravenção reveladora de má índole ou a que tenha sido imposta pena privativa de 
liberdade; 
II- não efetua, sem motivo justificado, a reparação do dano; 
III - sendo militar, é punido por infração disciplinar considerada grave. 
Art. 88. A suspensão condicional da pena não se 
aplica: 
I - ao condenado por crime cometido em tempo de 
guerra; II - em tempo de paz: 
a) por crime contra a segurança nacional, de aliciação e incitamento, de violência contra 
superior, oficial de dia, de serviço ou de quarto, sentinela, vigia ou plantão, de desrespeito 
a superior, de insubordinação, ou de deserção; 
b) pelos crimes previstos nos arts. 160, 161, 162, 235, 291 e seu parágrafo único, ns. I a 
IV. 
 LIVRAMENTO CONDICIONAL 
Art. 89. O condenado a pena de reclusão ou de detenção por tempo igual ou superior a dois anos 
pode ser liberado condicionalmente, desde que: 
I - tenha cumprido: 
a) metade da pena, se primário; 
b) dois terços, se reincidente; 
II - tenha reparado, salvo impossibilidade de fazê-lo, o dano causado pelo crime; 
III - sua boa conduta durante a execução da pena, sua adaptação ao trabalho e às circunstâncias 
atinentes a sua personalidade, ao meio social e à sua vida pregressa permitem supor que não 
voltará a delinqüir. 
 
Art. 93. Revoga-se o livramento, se o liberado vem a ser condenado, em sentença irrecorrível, a 
penal privativa de liberdade: 
I - por infração penal cometida durante a vigência do benefício; 
II - por infração penal anterior, salvo se, tendo de ser unificadas as penas, não fica prejudicado o 
requisito do art. 89, nº I, letra a 
 DAS PENAS ACESSÓRIAS 
 
31 
 
 
Art. 98. São penas acessórias: 
I - a perda deposto e patente; 
II - a indignidade para o oficialato; 
III - a incompatibilidade com o oficialato; 
IV - a exclusão das forças armadas; 
V - a perda da função pública, ainda que eletiva; 
VI - a inabilitação para o exercício de função pública; 
VII - a suspensão do pátrio poder, tutela ou curatela; 
VIII - a suspensão dos direitos políticos. 
PERDA DE POSTO E PATENTE 
Art. 99. A perda de posto e patente resulta da condenação a pena privativa de liberdade por 
tempo superior a dois anos, e importa a perda das condecorações. 
A condenação que resulta na perda do posto e da patente só pode decorrer de decisão de Tribunal 
Militar ou Civil, nos termos do art. 142, §3º, VI, da Constituição. Além disso, o dispositivo 
constitucional é claro no sentido de que a perda do posto e patente não é autônoma, decorrendo 
da declaração de indignidade ou incompatibilidade para o oficialato. 
Para fins de interpretação deste dispositivo, “tribunal” deve ser entendido como órgão judiciário de 
segunda instância ou de instância superior. A decisão da perda do posto e patente não pode ser 
de juiz de primeiro grau, pois apenas tribunais podem decidir pela indignidade ou incompatibilidade 
para o oficialato. 
INDIGNIDADE PARA O OFICIALATO 
Art. 100. Fica sujeito à declaração de indignidade para o oficialato o militar condenado, 
qualquer que seja a pena, nos crimes de traição, espionagem ou cobardia, ou em qualquer 
dos definidos nos arts. 161, 235, 240, 242, 243, 244, 245, 251, 252, 303, 304, 311 e 312. 
Esta pena acessória decorre dos crimes de desrespeito a símbolo nacional, pederastia ou outro ato 
libidinoso, furto simples, roubo simples, extorsão simples, extorsão mediante sequestro, 
chantagem, estelionato, abuso de pessoa, peculato, peculato mediante aproveitamento de erro de 
outrem, falsificação de documento, falsidade ideológica. 
Como observação, chamo sua atenção também para o advento da Lei Complementar nº 135, de 4 
de junho de 2010, conhecida como Lei Ficha Limpa. Esta lei trouxe tornou inelegível pelo período 
de oito anos aquele que for declarado indigno do oficialato ou com ele incompatível. 
 
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INCOMPATIBILIDADE COM O OFICIALATO 
Art. 101. Fica sujeito à declaração de incompatibilidade com o oficialato o militar condenado 
nos crimes dos arts. 141 e 142. 
 
EXCLUSÃO DAS FORÇAS ARMADAS 
Art. 102. A condenação da praça a pena privativa de liberdade, por tempo superior a dois 
anos, importa sua exclusão das forças armadas. 
 
PERDA DA FUNÇÃO PÚBLICA 
Art. 103. Incorre na perda da função pública o assemelhado ou o civil: 
I - condenado a pena privativa de liberdade por crime cometido com abuso de poder ou 
violação de dever inerente à função pública; 
II - condenado, por outro crime, a pena privativa de liberdade por mais de dois anos. 
Parágrafo único. O disposto no artigo aplica-se ao militar da reserva, ou reformado, se estiver 
no exercício de função pública de qualquer natureza. 
Esta pena acessória, nos termos do caput do art. 103, é aplicável apenas ao civil que cometeu 
crime militar, já que a figura do assemelhando não mais existe em nosso ordenamento. 
O parágrafo único, por outro lado, permite que a perda da função seja aplicada também ao militar 
da reserva ou reformado que esteja exercendo função pública de qualquer natureza. 
INABILITAÇÃO PARA O EXERCÍCIO DE FUNÇÃO PÚBLICA 
Art. 104. Incorre na inabilitação para o exercício de função pública, pelo prazo de dois até 
vinte anos, o condenado a reclusão por mais de quatro anos, em virtude de crime praticado 
com abuso de poder ou violação do dever militar ou inerente à função pública. 
TERMO INICIAL 
Parágrafo único. O prazo da inabilitação para o exercício de função pública começa ao termo 
da execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança imposta em 
substituição, ou da data em que se extingue a referida pena. 
SUSPENSÃO DO PÁTRIO PODER, TUTELA OU CURATELA 
Art. 105. O condenado a pena privativa de liberdade por mais de dois anos, seja qual for o 
crime praticado, fica suspenso do exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, enquanto dura 
a execução da pena, ou da medida de segurança imposta em substituição (art. 113). 
SUSPENSÃO PROVISÓRIA 
Parágrafo único. Durante o processo pode o juiz decretar a suspensão provisória do exercício 
do pátrio poder, tutela ou curatela. 
 
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SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS 
Art. 106. Durante a execução da pena privativa de liberdade ou da medida de segurança 
imposta em substituição, ou enquanto perdura a inabilitação para função pública, o 
condenado não pode votar, nem ser votado. 
IMPOSIÇÃO DE PENA ACESSÓRIA 
Art. 107. Salvo os casos dos arts. 99, 103, nº II, e 106, a imposição da pena acessória deve 
constar expressamente da sentença. 
 
 
 
 
 DOS EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
 
OBRIGAÇÃO DE REPARAR O DANO 
Art. 109. São efeitos da condenação: 
I - tornar certa a obrigação de reparar o dano resultante do crime; 
PERDA EM FAVOR DA FAZENDA NACIONAL 
II - a perda, em favor da Fazenda Nacional, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro de 
boa-fé: 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, 
uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito auferido pelo 
agente com a sua prática. 
Estes são efeitos secundários ou extrapenais da condenação. Os efeitos principais, obviamente, 
correspondem à imposição da pena cominada para o crime. 
Os efeitos secundários previstos no art. 109 são de natureza civil. Há ainda outros efeitos, de 
natureza penal, indicados pela Doutrina e previstos em outros artigos, a exemplo da indução à 
reincidência, dilação do prazo da prescrição da pretensão executória, lançamento do nome do 
condenado no rol dos culpados, etc. 
A perda de bens em favor da Fazenda Nacional corresponde a medida de confisco. 
 MEDIDAS DE SEGURANÇA 
 
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Art. 110. As medidas de segurança são pessoais ou patrimoniais. As da primeira espécie 
subdividem-se em detentivas e não detentivas. As detentivas são a internação em manicômio 
judiciário e a internação em estabelecimento psiquiátrico anexo ao manicômio judiciário ou 
ao estabelecimento penal, ou em seção especial de um ou de outro. As não detentivas são a 
cassação de licença para direção de veículos motorizados, o exílio local e a proibição de 
freqüentar determinados lugares. As patrimoniais são a interdição de estabelecimento ou 
sede de sociedade ou associação, e o confisco. 
Art. 111. As medidas de segurança somente podem ser impostas: 
I - aos civis; 
II - aos militares ou assemelhados, condenados a pena privativa de liberdade por tempo 
superior a dois anos, ou aos que de outro modo hajam perdido função, posto e patente, ou 
hajam sido excluídos das forças armadas; 
III - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 48; 
IV - aos militares ou assemelhados, no caso do art. 115, com aplicação dos seus §§ 1º, 
2º e 3º. 
As medidas de segurança pessoais não detentivas são a cassação de licença para direção de 
veículos automotores por pelo menos 1 ano (quando o crime for cometido na direção ou relacionado 
à direção de veículos), o exílio local por pelo menos 1 ano (determinação para que o agente se 
mude da localidade, município ou comarca onde ocorreu o crime), e a proibição de frequentar 
determinados lugares por pelo menos 1 ano. 
As medidas de segurança patrimoniais, por sua vez, são a interdição de estabelecimento ou sede 
de sociedade ou associação por pelo menos 15 dias e no máximo 6 meses (quando o 
estabelecimento serve como meio para a prática do crime), e o confisco dos instrumentos ou 
produtos do crime. 
De acordo com Jorge Romeiro, o art. 276 do Código de Processo Penal Militar mencionaainda a 
suspensão provisória do pátrio poder (hoje poder familiar), tutela ou curatela como medidas de 
segurança provisória a serem processadas no juízo civil. 
 AÇÃO PENAL 
PROPOSITURA DA AÇÃO PENAL 
Art. 121. A ação penal somente pode ser promovida por denúncia do Ministério Público da 
Justiça 
Militar. 
Somente o Ministério Público, portanto, pode apresentar a denúncia, nome dado à peça inicial da 
ação penal, que contém a acusação feita ao suspeito de ter praticado crime militar. 
 
35 
 
DEPENDÊNCIA DE REQUISIÇÃO 
Art. 122. Nos crimes previstos nos arts. 136 a 141, a ação penal, quando o agente for militar 
ou assemelhado, depende da requisição do Ministério Militar a que aquele estiver 
subordinado; no caso do art. 141, quando o agente for civil e não houver coautor militar, a 
requisição será do Ministério da Justiça. 
 
 
 
MODALIDADES DE AÇÃO PENAL MILITAR 
PÚBLICA INCONDICIONADA. O MP pode propor livremente a ação 
penal, denunciando o réu, se achar que 
há justa causa da infração pena. 
PÚBLICA CONDICIONADA A 
REQUISIÇÃO 
DO COMANDO MILITAR A QUE 
PERTENCE O AGENTE OU DO 
MINISTRO DA JUSTIÇA. 
O MP somente pode oferecer a denúncia 
se houver REQUISIÇÃO desses órgãos. 
 
 EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE 
CAUSAS EXTINTIVAS 
Art. 123. Extingue-se a punibilidade: 
I - pela morte do agente; 
II - pela anistia ou indulto; 
III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição; 
V- pela reabilitação; 
VI - pelo ressarcimento do dano, no peculato culposo (art. 303, § 4º). 
A morte do agente extingue qualquer possibilidade de imposição de efeitos penais da 
sentença condenatória. Entretanto, os efeitos extrapenais não desaparecem, sendo inclusive 
possível que os efeitos de caráter civil, a exemplo da obrigação de reparar o dano causado, 
alcancem o patrimônio transferido aos herdeiros do falecido. 
A anistia é ato do Congresso Nacional que perdoa determinados delitos. É interessante saber que 
ela não se dirige a indivíduos, mas sim a todos que cometeram determinado delito. 
 
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O indulto é um ato de clemência do Poder Público. Pode ser concedido pelo Presidente da 
República, normalmente por meio de decreto. Esta atribuição, contudo, pode ser delegada ao 
Procurador-Geral da República, ao Advogado-Geral da União, ou a Ministro de Estado. O indulto 
também tem caráter coletivo: geralmente o decreto estabelece certas condições que, quando 
cumpridas, qualificam o condenado para ter extinta sua punibilidade. 
A reabilitação criminal é um instituto jurídico por meio do qual o condenado pode ter restituído seu 
status quo ante, ou seja, sua situação antes da condenação. Os antecedentes criminais e as 
anotações negativas são, portanto, são retirados de sua ficha. A reabilitação pode ser requerida 
após o transcurso de determinado prazo desde o cumprimento da pena. 
 
ESPÉCIES DE PRESCRIÇÃO 
Art. 124. A prescrição refere-se à ação penal ou à execução da pena. 
PRESCRIÇÃO DA AÇÃO PENAL 
Art. 125. A prescrição da ação penal, salvo o disposto no § 1º deste artigo, regula-se pelo 
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: 
I - em trinta anos, se a pena é de morte; 
II - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
III - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito e não excede a doze; 
IV - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro e não excede a oito; 
V- em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois e não excede a quatro; 
VI - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não 
excede a dois; VII - em dois anos, se o máximo da pena é inferior a um ano. 
A AÇÃO PENAL PRESCREVE EM... SE A PENA MÁXIMA COMINADA FOR 
DE... 
30 ANOS Morte; 
20 ANOS MAIS DE 12 anos; 
16 ANOS 
Mais de 8 anos e até 
12 anos exatos; 
12 ANOS 
Mais de 4 anos e até 
8 anos exatos; 
 
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REABILITAÇÃO 
Art. 134. A reabilitação alcança quaisquer penas impostas por sentença definitiva. 
O principal objetivo da reabilitação é permitir que o ex-condenado seja reinserido na sociedade, 
poupandolhe das eventuais dificuldades desse retorno e preconceito que pode ser gerado caso as 
informações acerca de sua vida pregressa sejam de conhecimento geral. 
A declarada de reabilitação importa em cancelamento dos antecedentes criminais. Apenas poderão 
ter acesso a esses registros a autoridade policial ou judiciária ou o representante do Ministério 
Público, para instrução de processo penal que venha a ser instaurado contra o reabilitado. 
A medida pode ser requerida quando decorrerem 5 anos desde a extinção da pena ou medida de 
segurança, ou ainda desde a data em que se concluir o prazo de suspensão condicional da pena 
ou de livramento condicional. 
 
Para que possa requerer a reabilitação, o condenado precisa cumprir os seguintes requisitos: 
a) Ter tido domicílio no país no prazo referido; 
b) Ter dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de bom 
comportamento público e privado; 
8 ANOS 
Mais de 2 anos e até 
4 anos exatos; 
4 ANOS 
De 1 até 2 anos exatos; 
2 ANOS MENOS DE 1 ano exato. 
 
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c) Ter ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstrado absoluta 
impossibilidade de fazê-lo até o dia do pedido, ou exibido documento que 
comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. 
Se a reabilitação for negada, apenas será possível requerê-la novamente após o período de dois 
anos.
 
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