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TICS Semana 14 Luiza de Souza Nunes Quais os sintomas mais comuns dos pacientes portadores de fibromialgia? O quadro clínico da fibromialgia costuma ser polimorfo, exigindo anamnese cuidadosa e exame físico detalhado. O sintoma presente em todos os pacientes é a dor difusa e crônica, envolvendo o esqueleto axial e periférico. Em geral, os pacientes têm dificuldade para localizar a dor, muitas vezes apontando sítios periarticulares, sem especificar se a origem é muscular, óssea ou articular. O caráter da dor é bastante variável, podendo ser queimação, pontada, peso, "tipo cansaço" ou como uma contusão. E comum a referência de agravamento pelo frio, umidade, mudança climática, tensão emocional ou por esforço físico. Sintomas centrais que acompanham o quadro doloroso são o sono não reparador e a fadiga, presentes na grande maioria dos pacientes. Têm sido relatados diversos tipos de distúrbios de sono, resultando ausência de restauração de energia e consequente cansaço, que aparece logo pela manhã. A fadiga pode ser bastante significativa, com sensação de exaustão fácil e dificuldade para realização de tarefas laborais ou domésticas. Sensações parestésicas habitualmente se fazem presentes. Outro sintoma geralmente presente é a sensação de inchaço, particularmente nas mãos, antebraços e trapézios, que não é observada pelo examinador e não está relacionada a qualquer processo inflamatório. Além dessas manifestações musculoesqueléticas, muitos se queixam de sintomas não relacionados ao aparelho locomotor. Entre esta variedade de queixas, destaca-se cefaléia, tontura, zumbido, dor torácica atípica, palpitação, dor abdominal, constipação, diarréia, dispepsia, tensão pré-menstrual, urgência miccional, dificuldade de concentração e falta de memória Qual a melhor forma de abordar esta patologia? Para o melhor desfecho no controle dos sintomas da fibromialgia, o tratamento proposto deve ser individualizado e geralmente tem melhores resultados quando abordado por equipe multidisciplinar, abordando questões farmacológicas e não farmacológicas. Sabendo da cronicidade da fibromialgia, é importante a conversa sincera com o paciente sobre a evolução e o prognóstico da sua doença e a possibilidade de controle dos sintomas. Investigar sobre o uso e abuso de benzodiazepínicos e analgésicos, além de reconhecer a presença de transtornos de humor, somatizações e ansiedade com intuito de diferenciá-los dos casos de fibromialgia. A fibromialgia permanece ainda voltada às manifestações clínicas, com medidas farmacológicas e não farmacológicas. • Tratamento não farmacológico: Deve ser proposto às pessoas com fibromialgia um tratamento multidisciplinar que agregue atividade física regular, educação em saúde e psicoterapia. A atividade física deve ter ênfase em exercícios aeróbios de baixa a média intensidade, que atinjam até 75% da frequência cardíaca (FC) esperada para a idade. A atividade física deve ser mantida de forma regular, com início gradual, até que seja atingido o limite preconizado. O início gradual tem papel importante para evitar o abandono do tratamento relacionado a dores e à fadiga que atividades físicas podem desencadear, quando são iniciadas de forma abrupta ou em situações de sobrecarga. Recomenda-se que a frequência não seja menor do que três vezes por semana. É importante orientar TICS Semana 14 Luiza de Souza Nunes quanto à necessidade da manutenção da atividade física em longo prazo, embora as evidências apontem que a melhora dos sintomas – dor, fadiga, humor deprimido – e o condicionamento físico são percebidos em poucas semanas. Deve-se orientar a pessoa com fibromialgia a participar de grupos de educação em saúde, discutir sobre a doença no consultório e ler sobre o tema, de forma que ela possa obter conhecimento e entendimento sobre a sua patologia. Tal entendimento leva o sujeito a um papel conjunto e colaborativo nas decisões sobre a condução dos processos terapêuticos no seu tratamento. As evidências apontam ainda para a necessidade de o tratamento não farmacológico englobar principalmente abordagens psicoterápicas com ênfase em terapias cognitivo-comportamentais. • Tratamento farmacológico As opções terapêuticas disponíveis para o tratamento da fibromialgia incluem antidepressivos tricíclicos, ciclobenzaprina, inibidores seletivos da recaptação da serotonina e da norepinefrina (ISRSN) e anticonvulsivantes gabapentinoides. A escolha da proposta farmacológica deve ser feita com base na experiência clínica do profissional, na preferência do paciente e no perfil dos sintomas apresentados. Fatores que são levados em consideração incluem o tipo de sintoma principal associado ao quadro clínico – fadiga, distúrbios do sono e depressão –, a tolerância individual à medicação proposta, a presença de efeitos adversos e o custo total do tratamento. Referências: • Provenza JR, Pollak DF, Martinez JE, Paiva ES, Helfenstein M, Heymann R. Fibromialgia. Rev. Bras. Reumatol. 2004; 44( 6 ): 443-449. • Gusso & Lopes, Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática (2 vols., Porto Alegre: Artmed, 2012).
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