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Art. 121 e ss

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DIREITO PENAL II 
1. HOMICÍDIO
- É a eliminação da vida extra-uterina praticada por outrem
 Aborto: eliminação da vida intra-uterina
1.1. CARACTERÍSTICAS
a) Objetividade jurídica: tutela-se o bem jurídico vida humana, cuja proteção é um imperativo jurídico de ordem constitucional (art. 5º caput, CF)
b) Sujeito ativo: qq pessoa (crime comum) 
são excluídos os que atentam contra a própria vida, uma vez que a tentativa de suicídio não é fato punível
a mãe que mata o filho, durante ou logo após o parte, sob a influência do estado puerperal, pratica infanticídio (art. 123) e não homicídio (o infanticídio nada mais é do que um homicídio privilegiado especial)
c) Sujeito passivo: qq pessoa, enquanto com vida, sem distinção de idade, sexo, raça ou condição social.
 Para que ocorra homicídio, não é necessário que se trate de vida viável: existirá homicídio ainda que se comprove não ter havido possibilidade de sobrevivência do neonato, bastando a prova de que ele nasceu vivo.
 Se a ação tendente a matar alguém atinge um cadáver, não há que se falar em homicídio consumado ou tentado, mas em crime impossível
1.2. TIPO OBJETIVO (examinar as elementares objetivas do crime):
- A conduta típica é matar alguém, ou seja:
matar: eliminar, tirar a vida
alguém: uma pessoa humana
(matar animal é crime ambiental)
 Sempre que faltar uma das elementares, não estará tipificado o crime (poderá constituir outro, ou não estar configurado crime nenhum)
- O homicídio pode ser praticado por:
a) Ação (comissão)
b) Omissão 
- Mãe que não alimenta o filho de tenra idade, médico que não ministra antídoto ao envenenado, etc Nesses casos, faz-se mister a existência do dever jurídico do agente de impedir o resultado morte, isto é, deve haver o enquadramento nos casos arrolados no art. 13 § 2° a, b, c se não houver enquadramento, o agente não responderá por homicídio, mas sim por omissão de socorro (art. 135, CP), que é genérico, alcançando todas as pessoas (dever jurídico de solidariedade).
- A omissão pode ser dolosa ou culposa, depende de cada caso.
	não quer salvar por negligência, se distrai e a pessoa morre		
1.3. TIPO SUBJETIVO
- O dolo do homicídio é a vontade consciente de eliminar uma vida humana, ou seja, de matar (animus necandi ou occidendi), não se exigindo nenhum fim especial.
- A finalidade ou motivo determinante do crime pode, eventualmente, constituir uma qualificadora (motivo fútil ou torpe, etc) ou uma causa de diminuição de pena (relevante valor moral ou social, etc.).
- Admite-se perfeitamente homicídio com dolo eventual (assume-se conscientemente o risco do resultado): roleta-russa, rachas, agente em estado de embriaguez que dirige veículo, agente que pratica o coito ou doa o sangue quando sabe ou suspeita ser portador do vírus da AIDS (neste caso, enquanto não ocorra a morte da vítima, ao agente pode ser imputada a prática do crime de lesão corporal grave - art. 129, § 2º, II -, já que é inadmissível a tentativa de homicídio com tal espécie de dolo entretanto, nada impede que o agente deseje a morte da vítima em decorrência da contaminação, revelando-se então a tentativa de homicídio).
 Se uma pessoa embriagada que, mesmo prevendo o perigo, propõe-se a conduzir um veículo, vem a atropelar e matar um pedestre, responderá por dolo eventual. Mas se, por ex, restar comprovado que já é a 3ª morte por atropelamento por dirigir alcoolizado, será dolo direto.
Obs> 
- Dolo - direto
 - eventual: a pessoa não quer o resultado diretamente, mas prevê e rejeita
- Culpa: ausência de previsão do que seria previsível
1.4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
- Consumação: o homicídio é um crime material e se consuma com a morte da vítima (= quando ocorre, concomitantemente, a morte cerebral + parada circulatória e respiratória em caráter definitivo)
- A prova do homicídio é fornecida pelo laudo de exame de corpo de delito (necroscópico). Quando não é possível o exame direto (o corpo da vítima não é encontrado ou desaparece), permite-se a constituição do corpo de delito indireto por testemunhas, por e, não o suprindo a simples confissão do agente (arts. 158 e 167, CPP).
- Tentativa: quando, iniciada a execução com o ataque ao bem jurídico vida, não se verifica a ocorrência morte por circunstâncias alheias à vontade do agente Como não se pode penetrar no for íntimo do agente, a demonstração de que houve a vontade de matar e não apenas a de ferir deve ser deduzida indiretamente de conjecturas ou circunstâncias exteriores (a arma utilizada, a sede das lesões, etc).
- Desistência Voluntária: só é possível quando já se iniciou a execução.
- diferença com a tentativa: na tentativa, o agente quer matar mas por circunstâncias alheias à sua vontade, não consegue / na desistência voluntária, o agente a princípio quer matar mas, uma vez iniciada a execução, desiste de completá-la
- ex> o agente efetua apenas um disparo quando ainda dispõe de munição na arma O agente responde apenas por eventuais lesões corporais e não por tentativa de homicídio
- Arrependimento eficaz: ocorre quando o agente, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza (art. 15, CP) isto é, já se esgotaram os atos executórios (mas ainda não se consumou) e, só então, é que o agente se arrepende. 
- Ex> Agente ministra veneno na comida de sua vítima e somente quando esta terminou sua refeição é que o agente se arrepende, levando-a ao hospital. Para sua configuração, é preciso que o arrependimento seja eficaz. 
- Efeitos: o agente só responde pelos atos já praticados (art. 15, CP) – deveria constar no dispositivo que fica excluída a tipicidade do crime que o agente pretendia realizar – Ex> agente quer matar um desafeto e atira, atingindo-o de raspão Ao dar o 2º tiro, atinge-o fatalmente mas, vendo a vítima agonizando, arrepende-se e leva-a para o hospital a vítima sobrevive responderá por lesão corporal (se tivesse morrido, o arrependimento não teria sido eficaz e o agente responderia por homicídio)
Obs> Iter criminis (caminho do crime):
1) Cogitação
2) Atos preparatórios: não se punem os atos preparatórios MAS sempre em relação ao crime que se quer executar. Ex: O porte de arma pode ser um ato preparatório para o homicídio mas é ato executório para o crime de porte ilegal de arma
3) Atos executórios
4) Consumação
Tentativa		 	durante os atos executórios
Desistência voluntária		
Arrependimento eficaz	atos executórios completos 	
- Tentativa de homicídio x Delito de lesões corporais: a diferença é dada apenas pelo elemento subjetivo, ou seja, pela existência ou não do animus necandi, embora possa ser deduzido por circunstâncias objetivas (violência dos golpes, profundidade das lesões, etc) Mas revelar a intenção de matar não é o mesmo que estar tentando matar – Só se pode falar em crime tentado quando há um efetivo ataque ao bem jurídico sob tutela penal. Só então se evidencia a violação da lei penal. Não basta a intenção inequívoca: é preciso que se apresente uma situação de hostilidade imediata ou direta ao bem jurídico (Hungria)
- Tentativa branca ou incruenta: quando o agente dispara contra a vítima mas não a atinge Tratando-se de conatus, a gravidade ou não das lesões são irrelevantes para a caracterização do fato, não sendo pertinentes as disposições referentes ao crime de lesão corporal (art. 129 e parágs.)
1.5. HOMICÍDIO PRIVILEGIADO> art. 121 § 1°
- Trata-se de causa especial de diminuição da pena, em virtude de circunstâncias especiais que se ajuntam ao fato típico fundamental
- Redução da pena de 1/6 a 1/3
a) Relevante valor social
- Os motivos que dizem respeito aos interesses ou fins da vida coletiva revelam menor desajuste e diminuta periculosidade Diz-se que sugerem eles a existência de uma paixão social merecedora da benevolência da lei.
- Ex> Morte causada por patriotismo ao traidor da pátria, a eliminação de um perigoso bandido para que se assegure a tranqüilidade da comunidade.
b) Relevante valor moral
- Diz respeito aos valores individuais, particulares,do agente, entre eles os sentimentos de piedade e compaixão
- E> O autor do homicídio praticado com o intuito de livrar um doente, irremediavelmente perdido, dos sofrimentos que o atormentam (eutanásia)goza de privilégio de atenuação de pena
c) Sob violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima
- Emoção: exacerbação momentânea dos sentimentos
 Ex> Marido surpreende a mulher em flagrante adultério, eliminando-a e ao amante em evidente exaltação emocional
- O chamado homicídio emocional tem como requisitos:
Existência de uma emoção absorvente: deve a emoção ser violenta, intensa, absorvente, atuando o homicida em verdadeiro choque emocional
- Existindo apenas a influência da emoção (menos grave), ocorre somente a atenuante genérica prevista no art. 65, III, c, CP – ex> ser xingado no trânsito após uma colisão 
Provocação injusta por parte da vítima: injusta provocação é aquela antijurídica ou sem motivo razoável // a potencialidade provocadora deve ser apreciada com critério relativo, tendo em vista as qualidades pessoais de quem se pretende provocado, as relações anteriores entre ambos, a educação, as circunstâncias do lugar, do tempo, etc.
- Não confundir injusta provocação com injusta agressão: se o homicídio advir desta última, restará configurada a legítima defesa 
Reação imediata: não se configura o privilégio quando se verifica um hiato entre a provocação e o crime 
- Ex: Marido flagra a esposa traindo-o, sai para beber no bar, volta e mata a esposa e o amante não é homicídio privilegiado, é apenas uma atenuante genérica (no texto do art. 65, III, c “sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima” não consta o “logo após” tal como existe no art. 121 § 1º, por isso, mesmo existindo um lapso de tempo entre a provocação e o crime, pode ser aplicado)
- Mas persiste a causa de diminuição de pena, quando o fato já está tanto distanciado no tempo, mas só foi levado ao conhecimento do agente momentos antes do crime, como também no caso de provocação erroneamente suposta, desde que o erro seja escusável.
- Fala-se em homicídio passional para conceituar-se o crime praticado por amor, mas a paixão somente informa um homicídio privilegiado quando este for praticado por relevante valor social ou moral ou sob a influência de violenta emoção Porquanto não se constitua em uma violenta emoção ou uma insanidade mental do agente, o homicídio passional não merece nenhuma contemplação – A morte por ciúme e a vingança pelo abandono da pessoa amada não constituem homicídio privilegiado.
 Sob a influência do conceito bastante difundido de que quem não defende seu amor, sobre o qual tem genuínos direitos de propriedade, perde a honra e merece a reprovação social, tem-se decidido pela existência de legítima defesa da honra nos casos em que o marido mata a esposa adúltera, mas essa posição vem cedendo à orientação de que não há, no caso, a excludente da antijuridicidade. 
- Obs> Há que se ressaltar que, se um homem, acompanhado de seu amigo, flagra sua esposa traindo-o, e ambos, em concurso de pessoas, matam os amantes, o crime de homicídio será privilegiado para o marido traído mas não para seu amigo, visto que “ser casado” é uma circunstância subjetiva que não se comunica (art. 30, CP).
 Elementar> é a circunstância que consta no caput
 Circunstância> não está no caput; pode ser:
- objetiva: refere-se à materialidade do crime (momento, lugar, modo de execução, etc) e às qualidades da vítima
- subjetiva: refere-se somente ao sujeito ativo (reincidência, motivos do crime, características do agente, etc). 
1.6. HOMICÍDIO QUALIFICADO art. 121 § 2°
- São casos em que os motivos determinantes ou os meios/recursos empregados demonstram maior periculosidade do agente e menores possibilidades de defesa da vítima, tornando o fato + grave que o homicídio simples.
I) Motivo torpe (vil, repugnante, abjeto)
- Demonstra que o agente se acha + abaixo na escala dos desvalores éticos e denota maior depravação espiritual do agente
- Estão incluídos aqui a paga e a promessa de recompensa (= são enumerativos, exemplificativos do qualificador motivo torpe), mesmo que não tenha havido o pagamento responde tanto o mandante como o assassino – não obstante a ocorrência de paga seja circunstância de caráter pessoal, comunica-se ao mandante, por ser elementar do crime, bem como a qq outro co-autor
- Ex> Homicídio para receber herança; para satisfazer desejos sexuais
- Nem sempre a vingança qualifica o delito, pois é necessário que ela esteja eivada de torpeza, seja repulsiva a qq sentido ético.
II) Motivo fútil (sem importância, insignificante, leviano)
- Há uma inteira desproporção entre o motivo e a extrema reação homicida
- Não se deve confundir o motivo fútil com o motivo injusto, pois, em muitos casos, um motivo que traz em si a aparência de frívolo projeta-se como relativamente suficiente, exonerando a qualificadora da futilidade (RJTJESP 22/446, 73/310)
- Ex> Homicídio após discussão banal e habitual entre marido e mulher, no rompimento do namoro.
III) Cometido mediante meio insidioso, cruel ou de que possa resultar perigo comum 
- São qualificadoras relacionadas com o meio de execução do crime A conduta do agente denota maior periculosidade, dificulta a defesa da vítima ou põe em risco a incolumidade pública
- Insidioso: às ocultas, dissimulado
- Cruel: causa sofrimento excessivo à vítima
- Perigo comum: coloca em perigo vida e patrimônio de 3º
- Veneno> só configurará qualificadora se se enquadrar em um dos meios supra:
será considerado meio insidioso se tiver sido colocado às ocultas
será meio cruel quando for violento – ex> obrigar a vítima a ingerir um veneno cáustico mediante emprego de violência
mas: o filho que, mediante o uso de veneno, leva o pai a uma morte indolor, em razão deste ser um doente terminal e encontrar-se em sofrimento, responderá por homicídio privilegiado.
- Fogo> pode ser meio cruel e, eventualmente, causador de perigo comum (incêndio)
 Qualifica-se o homicídio pelo uso de qq meio que possa causar perigo comum (fogo, explosivo, provocação de desabamento ou inundação, etc) Nesse caso, ocorrerá concurso formal do homicídio qualificado e do crime de perigo comum. Na inexistência de dolo com relação ao homicídio, ocorrerá a forma qualificada do crime de perigo comum (art. 258).
- Asfixia> pode ser:
- tóxica: mediante viciamento do meio ambiente
- mecânica (esganadura, estrangulamento, afogamento, enforcamento, sufocação, etc)
- Tortura> meio cruel – a CF, em seu art. 5°, XLII, considerou inafiançáveis e insuscetíveis de graça, anistia, indulto, fiança e liberdade provisória a tortura e outros crimes que especifica. Não inclui, entretanto, os crimes em que ela é mera qualificadora, como no homicídio, ou circunstância agravante, e não crime autônomo.
 Lei 9.455/97 (Lei dos crimes de tortura) – em seu art. 1º § 3º estabelece a pena conforme o resultado (lesão corporal de natureza grave ou gravíssima ou morte) advindo da tortura Indaga-se: o agente responderá por homicídio qualificado ou por tortura com resultado morte? Dependerá da intenção do agente:
- se o objetivo era matar, mas antes torturar: homicídio qualificado pela tortura – ex> Tim Lopes desde o início os agentes já planejavam sua morte (reclusão de 12 a 30 anos) Aplica o CP
- se o objetivo é apenas torturar (dolo de torturar – por ex, para obtenção de informação), mas da tortura advém o resultado morte (crime preterdoloso): o agente responderá por tortura qualificado pelo resultado morte (reclusão de 8 a16 anos) Aplica a Lei
IV) Mediante recurso que dificulte/impossibilite a defesa do ofendido 
- São circunstâncias que levam à prática do crime com maior segurança para o agente, que se vale da boa-fé ou desprevenção da vítima, revelando a covardia do autor.
- Traição:
- material: vítima de costas, dormindo
- moral: em razão da confiança depositada pela vítima no agente
- Emboscada: é a espera, por parte do agente, da passagem ou chegada da vítima descuidada, para feri-la de improviso(tocaia)
- Dissimulação: é o emprego de recurso que permite que o agente oculte as suas reais intenções. Ex> Disfarce, falsa blitz
V) Para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime
- Aqui há, no mínimo, 2 crimes conexos (relacionados) o agente responde por concurso material (homicídio +outro crime)
- Para assegurar a execução de outro crime> ex: matar um segurança para poder seqüestrar um empresário (responde por homicídio + extorsão mediante seqüestro); matar um homem para estuprar sua mulher (homicídio + estupro)
- Para ocultar outro crime> ex: matar o funcionário do cemitério para violar sepultura (art. 210), homicídio contra o perito que vai apurar a apropriação indébita do agente
- Para assegurar a impunidade do agente> ex: homicídio da testemunha que pode identificar o agente como autor de um roubo 
 Diferença com a ocultação do crime: a ocultação só se aplica para os crimes que NÃO deixam vestígios ex: agente mata o porteiro que o testemunhou arranhando o carro do síndico (crime de dano) – todos vão ver o carro arranhado, por isso, o homicídio contra o porteiro não visou à ocultação do crime, mas sim a impunidade
- Para garantir vantagem de outro crime> a vantagem pode ser:
- econômica: quadrilha assalta um banco e, quando na divisão do dinheiro, um dos assaltantes mata seus comparsas a fim de ficar com tudo 
- moral: Pedro mata João, que descobrira sua falsa identidade, para continuar se passando por Ricardo, que seqüestrara, a fim de, por ele, receber um título honorífico. 
 O outro crime pode ter sido praticado por outra pessoa
OBS1> É possível que uma pessoa responda por homicídio que seja, ao mesmo tempo, privilegiado e qualificado?
	Depende. O art. 121 § 1° faz uma valoração favorável da conduta do agente, através dos motivos do crime (motivo = subjetivo).
	Os incisos I e II do art. 121 § 2° trazem qualificadoras em relação ao motivo do crime. Por tb se tratar de motivos, não é possível conjugar os motivos do art. 121 § 2° com os do § 1° (há um antagonismo) Assim, essa combinação é impossível: ou os motivos são favoráveis ou são desfavoráveis.
	Já em relação aos incisos III e IV do art. 121 do § 2°, a combinação é possível pois as qualificadoras aqui são objetivas (dizem respeito à maneira de execução do crime) Privilegiado em razão dos motivos + qualificado em razão do meio de execução
	Obs> O inciso V não tem nada a ver pois trata de conexão de crimes.
OBS2> Lei 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos) Não cabe fiança, GAI, progressão de regime e liberdade provisória (mas admite livramento condicional).
OBS3> Todo homicídio qualificado é um crime hediondo. O homicídio simples (art. 121) só será crime hediondo se resultar da ação de grupo de extermínio, ainda que praticado por uma só pessoa.
1.7. HOMICÍDIO CULPOSO> Art. 121 § 3°
- Culpa: é a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz um resultado antijurídico não querido, mas previsível ou excepcionalmente previsto, de tal modo que podia, com a devida atenção, ser evitado 
- Natureza jurídica da culpa: culpa é um elemento normativo do tipo
> OBS
- Tipo penal incriminador é toda norma que define um crime e a respectiva sanção
- Os elementos constitutivos do tipo penal incriminador são:
1) Elementos objetivos (ou descritivos): tratam da materialidade do crime / compõem-se do verbo (narrativa da conduta proibida) + tudo o que se referir à materialidade (tempo, lugar, modo de execução, etc)
2) Elemento subjetivo: refere-se ao dolo 
- Todo crime doloso tem, pelo menos, um elemento subjetivo implícito: é o querer, a vontade) - Alguns crimes dolosos, além do dolo implícito, têm também a finalidade (“com o intuito de...”) como elemento subjetivo explícito.
- Ex> Art. 121 só tem o elemento subjetivo implícito // Arts. 155 e 158 têm os 2 elementos subjetivos
 Se não houver a finalidade que vem expressa no dispositivo, não há crime
3) Elemento normativo do tipo: apenas alguns poucos crimes têm este elemento, que exige um juízo de valor prévio para sua aferição.
- Ex> Mulher honesta, injustamente, ato obsceno, indevidamente são expressões que exigem uma avaliação 
- A CULPA é um elemento normativo do tipo, pois há que se fazer um juízo de valor no caso concreto
	
Portanto, para avaliar se a conduta do agente foi CULPOSA, há que se fazer um JUÍZO DE PREVISIBILIDADE OBJETIVA, isto é, valorar a conduta do agente:
Isso é feito comparando-se a sua conduta com a de um homem hipotético de prudência normal: se o homem médio, de prudência normal, do tipo comum de sensibilidade ético-social, podia prever o advento de um fato, no caso concreto, esse fato era previsível “qq um teria agido do mesmo modo?” Se, uma vez levada a efeito essa substituição hipotética, for constatado que:
1) há previsibilidade objetiva do resultado (previsibilidade +): configura-se a culpa.
2) não há previsibilidade (previsibilidade) “sim, qq um teria agido do mesmo modo” é sinal de que o fato havia escapado ao âmbito de previsibilidade do agente, porque dele não se exigia nada além da capacidade normal dos homens. 
- Ex> Motorista, dirigindo seu veículo em velocidade excessiva próximo a uma escola, no horário de saída dos alunos, atropela um dos estudantes, causando-lhe a morte 
- Ex> Pessoa, em visita a uma cidade, aluga um carro Está conduzindo o veículo na velocidade recomendada e, em razão de um defeito no freio, ao consegue para no sinal e vem a atropelar e matar um pedestre O juízo de previsibilidade objetiva é - pois não divergiu do homem médio, que não teria feito a revisão de um carro que acabou de alugar.
> ESPÉCIES DE CULPA: A diferença está na previsão do resultado
a) Culpa Inconsciente
- Quando o agente deixa de prever o resultado, embora ele tenha sido previsível
- Direito penal da negligência (gênero)> modalidades de condutas que levam à falta de observância ao dever de cuidado:
a.1) Imprudência
- É a conduta positiva, a ação (fez o que não deveria ter feito), o excesso, a conduta precipitada ou afoita É a prática de um ato perigoso sem os cuidados que o caso requer (fazer algo contrariando a cautela e o bom senso)
- Ex> Excesso de velocidade, desrespeito ao sinal vermelho 
a.2) Negligência
- É a conduta negativa, é a omissão (falta), displicência, relaxamento. 
- É um deixar de fazer aquilo que a diligência normal impunha (não fazer aquilo que a cautela e o bom senso determinam)
- Ex> Não observar a rua ao dirigir, não consertar os freios do carro, não guardar a arma ao alcance das crianças
Obs1> Segundo o prof°, um mesmo fato, dependendo de certos detalhes, pode configurar imperícia ou negligência. Ex>
a) Colocou a arma ao alcance das crianças imprudência
 Deixou de guardar a arma negligência 
b) Estava dirigindo com os 4 pneus carecas imprudência
 Viajou, deixando de trocar os pneus carecas negligência
Obs2> Muitas vezes é difícil identificar com precisão o que pode ser considerado imprudência ou negligência. Em muitos casos, essas 2 modalidades de culpa se interligam e, juntas, são consideradas como as causadoras do resultado lesivo. 
 Ex> Motorista não efetua o reparo dos freios de seu carro e, mesmo assim, com ele transita por uma rua do centro da cidade. Em determinado momento, necessita diminuir a velocidade do carro e os freios falham; em virtude disso, atropela e mata alguns pedestres Nesse exemplo temos que: a 1ª conduta (não trocar os freios) foi negligente e a 2ª (ter colocado o carro em movimento, mesmo sabendo que não poderia contar com os freios do seu veículo), imprudente Como se percebe, há, no exemplo, um misto de conduta negligente e imprudente
a.3) Imperícia
- É a inaptidão teórica e/ou prática, momentânea ou não, do agente para o exercício de arte ou profissão 
- Diz-se que está ligada, basicamente, à atividade profissional do agente Por isso, um profissional só poderá ser condenado por imperícia no exercício da profissão
- Ex> Médico que esquece da tesoura dentro do abdômen do paciente durante a cirurgia Com isso, não se quer dizer que esse profissionalseja imperito, mas sim que, nesse caso concreto, atuou com imperícia.
 Na visão do prof° Antonio José M. Gabriel, este é um exemplo de negligência
- Mas, por ex> Médico, que faz parte de um famoso grupo internacional de pesquisa, resolve aplicar em seu paciente, uma técnica cirúrgica revolucionária, que ainda está em fase de testes e que não foi autorizada para ser feita em seres humanos Responde por imprudência (seria imperícia se fosse o erro grosseiro, que se afasta do procedimento padrão)
- Decisão do TACrim-SP: “age com patente imperícia o motorista que, ante situação comum no tráfego urbano, atrapalha-se e perde o domínio da direção e velocidade do veículo, dando causa a evento danoso”.
b) Culpa Consciente
- É aquela em que o agente, embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente, que este resultado não irá ocorrer O resultado, embora previsto, não é assumido / aceito pelo agente que, confiando em si mesmo, nas suas habilidades pessoais, acredita sinceramente na sua não-ocorrência.
OBS> 
	Culpa consciente
	Dolo eventual
	Dolo direto
	- O agente prevê o resultado mas rejeita, posto que acredita que pode evitá-lo (“acredita sinceramente que o crime não acontecerá”, “o agente rejeitava o resultado”)
- É o único caso de culpa em que o agente prevê o resultado
	- O agente prevê o resultado e, embora não o queira diretamente, assume o risco de vir a produzi-lo (aceita / tolera). Se o resultado vier a ocorrer, pouco importa.
(art. 18, I, 2ª parte: “assumiu o risco de produzir o resultado”)
	- É a vontade diretamente relacionada à realização das elementares objetivas O agente pratica sua conduta, prevendo e desejando o resultado. 
	- Ex: X joga uma pedra em Y com o intuito de machuca-lo mas Y morre. X responderá por homicídio culposo pois não previra o resultado “matar”.
	- Ex> “Pega” de carro, roleta-russa
	- Ex: Quero matar meu desafeto e atiro contra ele Minha conduta foi direta e finalisticamente dirigida a causar a morte do meu inimigo
> CULPA CONSCIENTE X DOLO EVENTUAL:
- A diferença é tênue, está na mente da pessoa. O juiz julgará e decidirá se se trata de dolo eventual ou culpa consciente conforme o depoimento do réu, os elementos da perícia, etc.
- Em ambos os casos, o agente prevê o resultado mas no 1°, o agente ignora-o, qq que seja ele, enquanto no 2°, o agente acredita, tem plena certeza de que o resultado não ocorrerá.
- Ex> A lei pune o auto-aborto na mulher. O médico é punido com o consentimento da gestante (responde pelo art. 125) ou sem (art. 126). A mulher, se consentiu, é punida pelo art. 124 
- Se uma mulher grávida pretende esquiar e, embora, advertida sobre os riscos de acidente e de um possível aborto, insiste em sua intenção Ela prevê o resultado (sabe que pode ocorrer) – esse é o ponto em comum entre dolo eventual e culpa consciente. A diferença é:
- dolo eventual> a gestante pensa “dane-se, se acontecer, aconteceu, eu quero esquiar” Se ela cair e abortar, ela responderá por aborto na modalidade de auto-aborto
- culpa consciente> a gestante pensa “não vai acontecer nenhum acidente pois sou competente e não vou cair” Se ela cair e abortar, será um aborto culposo, que não é punido por não haver tipicidade penal.
OBS2> 
1) Compensação de culpas
- O DP não admite a compensação da culpa do agente com a culpa do réu (em matéria civil, em regra, é possível) O fato da vítima ter agido com imprudência / negligência não ilide a responsabilidade criminal do agente que tb agiu com culpa Assim, a culpa da vítima não exclui a do agente, a não ser, é claro, que ela tenha por si só provocado o resultado – culpa exclusiva da vítima
- Ex> Dirijo imprudentemente a 150 km quando uma pessoa, que pretende se suicidar, joga-se para cima do meu carro Culpa concorrente (houve parcela de culpa da vítima) 
2) Concorrência de culpas
- Ocorre quando + de um agente age com culpa para a produção do resultado.
- Ex> Semáforo quebrado em um perigoso cruzamento 2 motoristas, imprudentemente, deixando de diminuir a velocidade, vêm a colidir, causando a morte de um pedestre O DP admite a concorrência de culpa: cada agente responderá pelo crime
3) Há participação nos crimes culposos?
- 99,9% da doutrina entende que não existe participação nos crimes culposos (Rogério Grecco não concorda)
- Ex> Motorista, incitado pelo carona, imprime alta velocidade em seu veículo e, então, vem a atropelar e matar uma pessoa (imprudência) Os 2 responderão por homicídio culposo (quanto a isso, não há controvérsia):
- O motorista responderá como autor
- A controvérsia gira em torno da responsabilidade do carona: responde como co-autor ou como partícipe? Segundo o entendimento majoritário, o carona responderá como co-autor
4) Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/97)
- O CTB criou a única hipótese em que o homicídio culposo e a lesão corporal culposa provocados na direção de veículo automotor não serão regidos pelo art. 121 § 3°, CP, mas sim pelo CTB, arts. 302 e 303 
 Nesses delitos, a culpa, em regra, consubstancia-se numa infração às normas regulamentares do trânsito, mas essa transgressão, por si só, não é suficiente para a caracterização do crime culposo Necessário se torna a prova de que houve, no caso concreto, a culpa do agente (imprimir velocidade inadequada às condições do local e demais circunstâncias pertinentes ao trânsito, transitar alcoolizado, na contramão, etc)
- Uma pessoa embriagada, que conduz veículo automotor e vem a atropelar e matar um pedestre, poderá responder por dolo eventual ou por culpa consciente, dependerá das circunstâncias. Por ex:
- se restar provado que o motorista acreditava sinceramente que estava em condições de conduzir seu veículo, embora tivesse previsto o resultado (culpa consciente), ele poderá ser absolvido 
- se for comprovado que essa não é a 1ª vez que ele ocasiona a morte de inocente por atropelamento em razão de dirigir alcoolizado, poderá responder por dolo eventual.
1.8. HOMICÍDIO CULPOSO QUALIFICADO> Art. 121 § 4° (Aumento de pena)
- São 4 hipóteses de aumento de pena (pena aumentada de 1/3) Na prática, apenas 1 tem aplicação 
a) Se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício
- Refere-se à norma de natureza técnica o agente conhece a regra técnica mas não a observou
Ex> O médico não esteriliza os instrumentos que vai utilizar na cirurgia 
- Não confundir com imperícia (= pressupõe inabilidade teórica e/ou prática do profissional)
- Não tem aplicação prática porque seria um bis in idem: a inobservância seria o argumento usado para descrever a culpa (homicídio culposo por negligência) e depois, na 3ª fase, seria usado novamente, como causa de aumento da pena, o que é vedado pelo principio do no bis in idem ("ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato aplicado no DPenal material: ninguém pode sofrer 2 penas pelo mesmo crime)
b) Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima (*!) - Tem aplicação prática
- Não confundir com a omissão de socorro (art. 135):
- se a pessoa respondável pelo homicídio culposo não é a mesma que omitiu o socorro O agente responde apenas pelo art. 121 § 3°
- se a pessoa que deixa de prestar atendimento à vítima lesionada NÃO é o autor do crime responde pelo art. 135, CP 
- o art. 121 § 4° só se aplica à pessoa que, culposamente, ensejou à morte de outrem e, além disso, deixou de prestar socorro à vítima 
- Ex> Operário cai da construção em razão dos precários equipamentos de segurança, e se fere O engenheiro de segurança se nega a levar a vítima em seu carro e, em conseqüência disso, ela vem a morrer Esse engenheiro de segurança responderia apenas por homicídio culposo por ter deixado de oferecer o material de segurança adequado mas, por ter se negado a prestar socorro, responderá pelo homicídio culposo com a qualificadora do § 4°
 O engenheiro só teria respondido por omissão de socorro se não fosse a mesma pessoa responsável pelo acidente.
c) Se o agente não procura diminuir as conseqüências do seu ato
- Ofato “não diminuir as conseqüências do seu ato” é um bis in idem do fato “deixar de prestar socorro” da alínea b.
d) Se o agente foge para evitar prisão em flagrante. 
- Esta qualificadora não tem aplicabilidade na prática Quem foge, deixa de prestar socorro (b) e não poderia responder por ter fugido da prisão em flagrante (d) e nem por não ter diminuído as conseqüências do seu ato (c), pois seria um bis in idem.
- Atenção> O CTB dispõe:
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e integral socorro àquela.
 Assim, o motorista que atropela um pedestre e deixa de prestar socorro, vindo a vítima a falecer, responde pelo art. 121 §§ 3° e 4°, não podendo ser preso em flagrante.
> Art. 121 § 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
- Na verdade, é “deverá” pois é um direito subjetivo público do réu
- É uma das hipóteses de perdão judicial (= CEP)
- Conseqüências de natureza: física ou moral 
2. INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO A SUICÍDIO
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça:
2.1. CARACTERÍSTICAS
a) Objetividade jurídica: tutela-se a vida humana
b) Sujeito ativo: qq pessoa, excluindo-se, evidentemente, aquele que se suicida ou tenta matar-se
c) Sujeito passivo: qq pessoa
A doutrina majoritária entende que se o sujeito passivo é um menor de 14 anos ou um inimputável, não ocorrerá o delito em estudo, mas sim homicídio, em razão da capacidade de resistência nula da vítima.
- Para a configuração do crime, é indispensável que a vítima seja determinada, específica, isto é, a conduta deve ter como destinatário uma ou várias pessoas certas, não ocorrendo o ilícito quando se trata de induções ou instigações de caráter geral e indeterminado.
Assim, não há crime quando, por ex, um autor de obra literária leva leitores ao suicídio.
2.2. ELEMENTOS DO TIPO
- Este é um crime anômalo, pois a definição do preceito primário continua no secundário Os resultados morte ou lesão corporal de natureza grave estão contidos no preceito secundário
1) Induzir, instigar ou prestar auxílio ao suicídio
(I) Participação moral:
a) Induzimento ou determinação: é criar na mente da vítima o propósito suicida, quando esta ainda não tinha 
b) Instigação: é reforçar, estimular a idéia preexistente de suicídio
 Em ambos os casos, é necessário que o meio seja capaz de influir moralmente a vítima
(II) Participação material (cumplicidade): auxílio material (por ex, emprestar uma arma) 
 Mirabete afirma que a participação pode ser não só material mas também moral (por ex, auxílio sobre o modo de empregar os meios para matar-se, criar as condições de viabilidade do suicídio, etc)
- O agente só responderá pelo crime do art. 122 se tinha o dolo, o propósito de ver a vítima se suicidar. Se é uma brincadeira, não responde.
2) A vítima tem que atentar contra a própria vida
- Para que se fale em suicídio, é necessário o elemento intencional da vítima de pôr termo à vida.
Ex> O agente entrega a outrem um revólver, dizendo-o descarregado, quando ocorre o contrário, e convence a vítima a puxar o gatilho após apontar a arma contra a própria cabeça Há homicídio e não induzimento a suicídio, pois o ofendido não pretendia matar-se.
- Tentativa de suicídio: a vítima tenta se matar mas não consegue O 3° que instigou, estimulou/ prestou auxílio responde pela tentativa? Não. Este crime não admite tentativa (*!)
- Há homicídio se a vítima se suicida por coação do agente; se o contrangimento for resisitível, haverá induzimento ao suicídio.
3) Morte ou lesão corporal grave
- Se a vítima não sofrer lesões ou sofrer lesões leves, o fato será atípico
> OMISSÃO: Pode ser praticado por omissão? Sim, se se enquadrar em uma das hipóteses do art. 13 § 2° a, b, c.
Ex> Carcerário que não impede que o preso se suicide (tinha dever jurídico de agir); Enfermeira que não impede que o enfermo se mate
> Distinção:
 Se o agente impelir a vítima à prática do ato com fraude (por ex, afirma falsamente que a arma está descarregada, o que faz com que o ofendido aponte-a para a própria cabeça e dispare o projétil): há homicídio e não o crime do art. 122, pois aqui a vítima não tinha a vontade de se matar. 
 Assim: Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio a título de omissão x Homicídio por omissão (neste caso, não existe o suicídio)
2.3. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA (art. 122 § único)
I - se o crime é praticado por motivo egoístico
- Ex> Induzir suicídio da tia rica, pretendendo herdar seus bens Pena duplicada
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qq causa, a capacidade de resistência.
- Trata-se do maior de 14 anos e menor de 18 anos (interpretação sistemática com o art. 224 a) Se esse menor se mata, o agente responde pelo art. 122 § único II.
 Relembrar que, se a vítima é menor de 14 anos, comete-se crime de homicídio 
- Se o menor tinha completado 14 anos no dia do suicídio? Nesse dia, ele ainda não é considerado maior de 14 anos por interpretação sistemática com o art. 224, a (que diz “vítima não é maior de 14 anos”) Para ser maior de 14 anos, tem que ter 14 anos + 1 dia.
- “Diminuída, por qq causa, a resistência” (art. 26 § único): semi-imputável, bêbado, etc O agente responde pelo art. 122 § único, II
 Relembrar que, para o inimputável, será homicídio (art. 121)
> Situações:
a) Aquele que tenta suicidar-se, não consegue e, imprudentemente, vem a matar 3° Responde por homicídio culposo (e se o 3° não tiver morrido, responderá por lesão corporal culposa)
b) Roleta-russa entre 2 pessoas: 
- para o que morre: não punido (art. 107, I: extinção da punibilidade pela morte do agente)
- para o que sobrevive: responde pelo art. 122 (por instigação recíproca) Se o que morreu tinha 13 anos, o sobrevivente responderá por homicídio
c) Pacto de morte entre X e Y, que se prendem em uma sala hermeticamente fechada, pretendendo se matar - Situações:
1) X abre uma torneira para saída de gás venenoso, mas só Y vem a morrer, pois que um 3° subitamente entrou na sala e fechou a torneira X, que abriu a torneira (realizou o ato executório), responderá por homicídio
2) se X, que abriu a torneira, tivesse morrido Y responderia pelo art. 122
3) se o 3° tivesse aberto a torneira e, com isso, X tivesse morrido e Y tivesse ficado com lesões leves:
- 3° responderia por homicídio consumado e tentativa de homicídio em concurso formal (art. 14, II, art. 70 2ª parte e art. 121).
- X: não seria punido (art. 107, I)
- Y: responderia pelo art. 122
4) Se o 3° tivesse aberto a torneira e, com isso, X tivesse ficado com lesões graves e Y, com lesões leves:
- 3° responderia por dupla tentativa de homicídio em concurso formal (art. 14, II c/c art. 121, art. 70, 2ª parte)
- X: não responde por nada
- Y: responde por instigação 
3. INFANTICÍDIO (art. 123)
- É o crime de homicídio privilegiado Seria uma 4ª hipótese mas existem aqui circunstâncias especiais
- O critério é fisio-psicológico: não interessa os motivos que levaram a mãe a cometer o crime Só interessa que ela tenha feito:
sob influência do estado puerperal
durante ou logo após o parto
3.1. CARACTERÍSTICAS
a) Bem jurídico: vida do neonato
b) Sujeito ativo: só a mãe (é crime próprio), já que o dispositivo se refere ao “próprio filho” e ao “estado puerperal”
 Obs> Os crimes de mão própria NÃO admitem co-autoria (ex> crime de falso testemunho)
 O que ocorre no concurso de pessoas? 
- Ex> Mãe auxiliada pelo pai Mãe comete crime de infanticídio Como fica o pai? Cometeu homicídio ou infanticídio?
1) Falou em concurso de pessoas e comunicação de circunstâncias lembrar do art. 30 
2) As circunstâncias (1) ser mãe + (2) estar sob influência do estado puerperal são subjetivas (tudo o que se referir ao SA ou aos motivos do crime = é circunstância subjetiva) mas como estão nocaput do artigo deixam de ser meras circunstâncias para se tornarem ELEMENTARES.
3) Conclusão: Por força do art. 30 (Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime), tanto o autor como o 3° respondem por crime de infanticídio.
c) Sujeito passivo: o filho nascente ou recém-nascido
3.2. TIPO OBJETIVO> Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após
a) “Matar”: tirar a vida
b) “Estado puerperal”: alterações de natureza física e psíquica que comprometem o entendimento (diminuem a capacidade de entendimento)
c) “Influência”: o simples fato da mulher estar passando pelo estado puerperal não justifica o infanticídio. É preciso que, além de estar atravessando esse estado, a mulher sofra influência dele (*!) O ônus da prova é do MP, que tem que provar que a mulher não sofreu influência do estado puerperal
Obs> Já caiu na prova: A mulher que atravessa o estado puerperal só pode cometer crime de infanticídio Errado!
d) “Logo após”: Há dúvidas sobre quando acaba o estado puerperal Embora esteja em aberto o termo final do estado puerperal, certo é que, quanto + longe do período do parto, + forte será a necessidade de inversão do ônus da prova: a mulher é que terá que provar que estava sob influência do estado puerperal quando cometeu o crime.
 “Durante o parto”: há controvérsias sobre quando começa o parto (a partir das contrações uterinas ou do rompimento da bolsa uterina) O que se deve ter em mente é que, antes do parto, o crime que se comete é o do aborto. Então:
Aborto (do período da nidação até o início do parto) Infanticídio (durante o parto até o término do estado puerperal) Homicídio
Atenção (*!)
> Não confundir estado puerperal (= desnormalização psíquica) com psicose puerperal, que: 
- é uma doença mental que ocorre em mulheres propensas (c/ carga genética latente) a desenvolvê-la. Juntando a propensão + alterações psicossomáticas advindas da gravidez é que algumas mulheres desenvolvem os sintomas dessa psicose. 
- As mulheres portadoras dessa psicose poderão matar seu filho sem se encontrar sob a influência do estado puerperal e, nesse caso, NÃO terão praticado o infanticídio Nesse caso, responderão por homicídio e sua culpabilidade poderá ser excluída total ou parcialmente.
					 Inimputável Semi-inimputável			 	 Aplica-se medida de segurança		 Aplica-se medida de segurança
 ou pena privativa de liberdade 
 reduzida	
3.3. TIPO SUBJETIVO
- Exige o dolo
- Não existe forma culposa de infanticídio: se mãe, por culpa, causar a morte do filho, responderá por homicídio culposo, ainda que tenha praticado o fato sob influência do estado puerperal.
4. ABORTO (art. 124)
- Interrupção voluntária e criminosa do processo de gravidez, levando à morte do feto.
 Só constituirá crime se for voluntário
- Aborto Involuntário (por isso, ambos não constituem crime):
Espontâneo: decorrente, por ex, de uma doença
Acidental: decorrente de um processo traumático (por ex, queda)
- Há 2 sistemas jurídicos distintos adotados pelos países:
Aborto é crime: Brasil
Aborto é opção da mulher: alguns estados dos EUA
4.1. TIPOS DE ABORTO
a) Social: a mulher provoca o aborto por razões de ordem social
b) Aborto honoris causa:a mulher visa preservar a honra
c) Aborto eugênico (anencefalia): provocado em razão do feto apresentar falta de cérebro
4.2. CARACTERÍSTICAS
a) Bem jurídico protegido: vida humana
 No caso do art. 124: vida humana intra-uteria
 No caso do ar. 125 e 126: vida humana intra-uterina + integridade física da mãe (dupla subjetividade passiva)
b) Sujeito Ativo
- Regra: há um só crime para todos (autores, co e partícipes) Trata-se da Teoria Monista prevista no art. 29 (“Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade”).
- Exceções: No caso do aborto, ocorre uma quebra da identidade de infrações para os agentes A gestante responde pelo art. 124 e o 3° que participa recebe pena + grave que a mãe (pode responder pelo 125, 126 e 127)
c) Sujeito passivo: o feto ou a gestante (quando o aborto é praticado sem seu consentimento)
4.3. TIPO OBJETIVO> Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque (art. 124)
a) Provocar (dar causa, originar)
- Há 3 maneiras de provocar:
mecanicamente: curetagem, punção
por meios químicos: substâncias à base de mercúrio e fósforo
por meios psíquicos: fazer terror psicológico com uma grávida com o intuito de fazê-la passar mal
b) Aborto
- Até quando pode-se provocar o aborto?
- Início: com a nidação (implantação do ovo no útero materno)
- Até o início do trabalho de parto
> AÇÃO E OMISSÃO
- O aborto pode ser praticado mediante omissão:
- da gestante: por ex, a mulher não toma os medicamentos que deveria ou não repousava sabendo que deveria
- do 3°: responde por aborto o médico, a parteira ou enfermeiro que, dolosamente, não toma medidas para evitar o aborto espontâneo ou acidental, uma vez que eles têm o dever jurídico de impedir esse resultado.
Ex> Médico, amigo do namorado da gestante, dolosamente omite o tratamento correto porque queria auxiliar o amigo, que não queria ter o bebê Responde pelo art. 13 § 2°, b c/c art. 125 
4.4. TIPO SUBJETIVO
> Dolo e Culpa
- Só existe o aborto na forma DOLOSA: é necessário que o agente queira o resultado ou assuma o risco de produzi-lo. 
 Assim, se o médico, por inobservâncias das técnicas corretas de tratamento, vier a causar aborto na mulher, não responderá por aborto culposo, posto que este não tem previsão legal: 
- Quanto ao feto: o fato é atípico
- Quanto à mãe: poderá o médico responder por lesões corporais culposas, se for o caso.
> Dolo eventual e Culpa consciente 
- Ex> A gestante, apesar de proibida pelo médico de realizar atividades físicas, continua a se exercitar e vem a ocorrer o aborto Ela previu o resultado mas:
1) se pouco se importou com a ocorrência do aborto: será dolo eventual responde pelo art. 124
2) se se considerou capaz de manter a gravidez: culpa consciente portanto, o fato será ATÍPICO, pois que não existe previsão da modalidade culposa no crime de aborto
Obs> Não há possibilidade da ocorrência de culpa inconsciente no aborto pois na culpa inconsciente não há antevisão do resultado e o aborto só se configura quando há a previsão, já que ele tem que ser sempre voluntário
4.5. MODALIDADES DE ABORTO
1) Art. 124 Auto-aborto (1ª parte) e Aborto consentido (2ª parte) 
- O disposto neste artigo refere-se à gestante É crime próprio
- Há 2 hipóteses de cometimento:
a gestante provoca aborto em si mesma (auto-aborto)
a gestante consente que 3° provoque nela o aborto (aborto consentido)
2) Art. 125 Aborto provocado por 3°> Provocar aborto, sem o consentimento da gestante 
- O não consentimento da gestante pode se exteriorizar de 3 formas:
mediante violência física
mediante grave ameaça
mediante fraude (ex> dar substância abortiva para a gestante, sem que ela saiba)
3) Art. 126 Aborto consensual> Provocar aborto com o consentimento da gestante
- Primeiramente, é preciso indagar se o consentimento da gestante é válido porque se não for, o 3° responderá pelo art. 125.
- Art. 126 § único> trata dos casos de invalidade do consentimento da gestante: (*!)
Se a gestante não é maior de 14 anos
Se é alienada ou débil mental: refere-se à inimputabilidade do art. 26, caput
- E se a gestante for semi-imputável (art. 26 § único)? O consentimento será tido como válido pois o art. 126 § único só equipara o consentimento ao consentimento inválido para a gestante inimputável.
Se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
	Em todos este casos, aplica-se a pena do art. 125 
Atenção (*!) Como fica o concurso de agentes nos casos de auto-aborto e aborto consentido?
 Há de se determinar a posição do partícipe pela verificação de sua atividade:
Se o partícipe, de alguma maneira, intervém na conduta da gestante (instiga, induz ou presta auxílio) é partícipe do crime delae, portanto, responderá como partícipe do delito do art. 124;
Se o partícipe, de qq modo, concorrer no fato do 3° provocador do aborto, responderá como partícipe do crime do art. 126, CP.
- Ex> Rapaz convence sua namorada a fazer um aborto e leva-a para uma clínica O médico e a enfermeira praticam o aborto Classifique a conduta de cada um deles: 
Grávida: responde pelo art. 124, 2ª parte (“consentir...”)
Médico: art. 126
Namorado: instigou a gestante a decidir pelo aborto (é partícipe do crime dela) Portanto, ele responderá pelo art. 124 c/c art. 29, CP.
Responderia da mesma forma se tivesse instruído a namorada a tomar o remédio abortivo, fornecido a ela um material para curetagem, etc.
Enfermeira: quem, de alguma maneira, instiga, induz ou presta auxílio ao 3° que pratica o aborto é partícipe do crime por ele praticado Portanto, responde pelo art. 29 c/c art. 126.
4.6. ABORTO QUALIFICADO> Art. 127 (*!)
	Forma Qualificada
	FETO
	GESTANTE
	PENA APLICÁVEL AO 3° PROVOCADOR DO ABORTO
	
	Em conseqüência do aborto
 Refere-se ao aborto consumado
	Lesão corporal grave
	1/3 
	
	
	Morte
	2x (duplica)
	
	Em conseqüência dos meios empregados
 Refere-se ao aborto tentado
	Lesão corporal grave
	1/3 
	
	
	Morte
	2x (duplica)
> Namorado convenceu sua namorada a fazer um aborto em uma clínica ilegal O médico e sua enfermeira praticam o aborto Em conseqüência do aborto, a gestante morreu. Classifique a conduta de cada um deles: 
Gestante: responderia pelo art. 124 mas, como veio a falecer, art. 107, I, CP.
Médico: art. 126 c/c art. 127
 Se o problema descrevesse “em razão dos meios empregados, a gestante morreu”, o médico responderia pelo art. 126 c/c art. 127 c/c art. 14, II (tentativa de aborto).
Enfermeira: art. 126 c/c art. 127 c/c art. 29
Namorado: art. 124 c/c art. 29 
- Responderá a título de culpa pela morte da namorada (art. 121 § 3°)
- Não responde pelo art. 127, eis que este só se aplica para quem responde pelo art. 125 e 126 
> Crime preterdoloso: dolo no antecedente (aborto) e culpa no conseqüente (morte da gestante)
> Se não tivesse ocorrido a morte da gestante mas apenas lesão corporal grave, a mulher responderia pelo art. 124 e seu namorado, pelo art. 129 § 6° c/c art. 124 c/c art. 29.
Obs> Eventual ocorrência de LC de natureza leva no aborto criminoso não acarreta aumento de pena por estar ela absorvida por esse crime
> E se um rapaz, durante uma discussão com sua namorada grávida, vem a dar 2 tiros em sua barriga?
 Responderá pelo art. 121 c/c art. 125 c/c art. 70, 2ª parte (concurso formal impróprio de crimes os crimes são dolosos e resultam de desígnios autônomos - as penas são somadas)
Obs> Sempre que se imputar a alguém 2 ou + crimes, será um concurso:
formal: uma só conduta, 2 crimes 
material
continuado
4.7. ABORTO NECESSÁRIO (ART. 128): HIPÓTESES DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE 
- Art. 128, I e II: São 2 situações em que só ao médico é permitido interromper a gravidez voluntariamente > Natureza jurídica do aborto nessas hipóteses: é causa excludente de ilicitude
Obs> 
1) O art. 23, CP não prevê o aborto porque está na Parte Geral do CP. Ao longo da Parte Especial, no entanto, há outras causas excludentes de ilicitude, como as previstas pelo art. 128.
2) Sempre que estiver escrito “não se pune”, significa que há uma causa excludente de antijuridicidade
I - ABORTO NECESSÁRIO (ou Terapêutico)
- 2 bens jurídicos em conflito: vida da gestante x vida do feto
- Esse perigo pode ser:
- atual (está ocorrendo)		 O médico está autorizado a realizar o aborto em qq 
- iminente (prestes a ocorrer)	 dos 3 tipos de perigo
- futuro (+ distante)
 Assim, se houver um câncer uterino, mesmo que o perigo seja futuro, há autorização legal para o aborto.
- O médico precisa do consentimento de alguém?
 Não. Não precisa da autorização do juiz, mas é prudente que se tenha o consentimento da gestante. Mas se esta não estiver em condições de dá-lo, o médico pode interromper a gravidez.
Atenção (*!) 
 Gestante em risco iminente de vida. Um 3°, que não é médico, interrompeu a gravidez para tentar salvar a vida da mãe. Ele cometeu crime? Há 3 entendimentos possíveis:
1) Cometeu porque não é médico
2) Não cometeu porque houve um estado de necessidade, que também é causa excludente de ilicitude
3) Entendimento majoritário: O estado de necessidade, conforme se depreende da leitura do art. 24, aplica-se somente ao perigo atual, embora Damásio defenda que se aplique também ao iminente (ele argumenta que não se deve esperar que o perigo iminente vire atual). Conclusão: A conduta do 3° não configura estado de necessidade, haja vista o perigo não ter sido atual. Ele responderá pelo crime de aborto, uma vez que só o médico poderá interromper a gravidez diante de perigo, seja ele futuro, iminente ou atual. 
II - ABORTO NO CASO DE GRAVIDEZ RESULTANTE DE ESTUPRO (tb chamado de aborto sentimental, ou ético ou humanitário)
- Conflito entre bens fundamentais: vida do feto x dignidade da mulher (por isso é que nenhum direito, nem mesmo o da vida, é absoluto) Necessidade de ponderação entre os direitos fundamentais em confronto.
- Ao contrário do que ocorre no art. 128, I, aqui é imprescindível o consentimento da mulher / representante legal (mas não precisa da autorização judicial)
- Para que o médico pratique o aborto não há necessidade de existência de sentença condenatória contra o autor do estupro O que se exige é apenas o mínimo de provas de que o estupro realmente ocorreu (o boletim de ocorrência, atestados, declarações, etc).
Atenção (*!)
 Uma mulher ficou grávida, não em razão de estupro, mas sim por atentado violento ao pudor. Poderia o médico interromper a gravidez? Sim. Em que pese o art. 128, II só prever o estupro e haver, ainda, a ausência de previsão expressa para a permissão do aborto no caso de gravidez resultante de atentado violento ao pudor, por analogia, o médico está autorizado a praticar o aborto decorrente de atentado violento ao pudor.
 Há uma diferença entre: 
 Estupro (art. 213)		 	 Atentado violento ao pudor (art. 214)
-Exige penetração vaginal 	 - Exige coito anal, sexo oral – casos em que a mulher pode 
 engravidar (a medicina considera a possibilidade de gravidez 
 resultante de coito interfemural)
 No caso do art. 128, II, é permitido à gestante, em caso de estupro, realizar o aborto Entende-se que o mesmo motivo que levou o legislador a permitir o aborto quando a gravidez é resultante de estupro, aplica-se quando a gravidez se dever ao fato de ter sido a mulher vítima de atentado violento ao pudor Existe outra norma muito parecida com aquela, devemos, portanto, nos socorrer da analogia in bonam partem para que possamos tratar situações iguais, ou pelo menos muito parecidas, de forma = , não permitindo que a falha do legislador nos leve a situações absurdas e desiguais. 
 
> Estupro e Atentado violento ao pudor:
são crimes sexuais
envolvem a lascívia do agente
praticados mediante violência
 Desta forma, se se tem uma excludente de culpabilidade para a mulher que engravidou em razão de estupro, é razoável estender também para o atentado violento ao pudor 
 Aqui, usou-se a analogia in bonam partem, a partir do art. 128, II, em razão desta ser uma norma penal não incriminadora permissiva 
Norma - Incriminadora: define crime e comina sanção 
Penal - Não incriminadora - explicativa (art. 327) 
			 - permissiva: torna lícita a conduta ou exclui a culpabilidade 
					 (ex> legítima defesa, art. 128)
- Analogia: consiste em aplicar a uma hipótese não regulamentada por lei, disposição relativa a um caso semelhante Aqui, o fato não é regido por qq norma e, por isso, aplica-se uma outra de alcance similar. 
- A lei tem lacunas, o Direito não. Para suprir essas lacunas, esgotados os meios interpretativos, cumpre ao aplicador supri-las, uma vez que o Juiz não pode se eximir de sentenciar sob o pretexto de omissão na norma.
- É terminantemente proibido, em virtude do princípioda legalidade, o recuso à analogia quando esta for prejudicial ao agente. 
5. LESÕES CORPORAIS (art. 129)
5.1. CARACTERÍSTICAS
a) Bem jurídico: integridade corporal + integridade psíquica equilíbrio psicossomático
- A lei não pune a autolesão pelas mesmas razões de política criminal referidas na justificativa para a não incriminação da tentativa de suicídio.
- Poderá, em alguma circunstância especial, a auto-lesão configurar alguma infração penal? (*!)
 Não, porque não se configuraria, nesse caso, a elementar “outrem”. Poderia configurar, no entanto, o crime previsto no art. 171 § 2°, V (delito de fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro). Além disso, o art. 184 do CP Militar prevê que é crime a criação ou simulação de incapacidade física para furtar-se à incorporação militar.
b) Sujeito Ativo: sendo crime comum, qq pessoa pode praticá-lo
c) Sujeito Passivo: excetuando-se o agente, qq pessoa humana viva, após o início do parto. 
5.2. TIPO OBJETIVO
a) Ofender
- Lesar, ferir
- Ofender a integridade corporal: dano físico (ex> fratura, equimose)
- Ofender à saúde: como causar um dano exclusivamente à saúde? Através de um dano psíquico ou fisiológico (insônia, vômitos). Ex> Causar terror psicológico com o dolo de causar mal à saúde, de modo a desequilibrar mentalmente a vítima.
> Omissão
- O crime será praticado por omissão quando o sujeito tem o dever jurídico de impedir o resultado 
 Falou em omissão, lembrar do art. 13 § 2° a, b, c 
 Natureza jurídica da omissão: é normativa pois é a lei que determina os casos de omissão
- Ex> Médico, conivente com o marido da paciente, pratica nela terapêutica diversa da recomendada art. 13 § 2°, b pois dolosamente o médico contratado ignorou o tratamento correto (o médico deu causa ao resultado).
5.3. TIPO SUBJETIVO
- Admite a modalidade dolosa e a culposa
5.4. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
- Consumação: Quando se consuma? Quando ocorre a lesão
- Tentativa: admite tentativa (*!)
 Ex> Homem se separou de sua mulher. Esta começou a ter um relacionamento com outro homem. Enciumado, o ex-marido pretende jogar ácido no rosto de sua mulher. Fica à espreita, próximo ao seu local de trabalho. Quando ela passa, ele joga o ácido mas não acerta. Que crime o ex-marido praticou? 
- Se tivesse acertado: responderia por lesão corporal gravíssima (deformidade permanente) – art. 129 § 2°, IV
- Não acertou, porém jogou com o dolo de lesioná-la gravemente, não se consumando por circunstâncias alheiras à vontade do agente Tentativa de lesão corporal gravíssima - Art. 129 § 2°, IV c/c art. 14, II
5.5. TIPOS DE LESÃO CORPORAL
1) Lesão corporal simples ou leve: Art. 129 caput 
2) Lesão corporal de natureza grave: Art. 129 § 1°
- Art. 129 §§ 1° e 2°: prevêem resultados hipotéticos que podem ocorrer com a vítima quando a LC é dolosa LC qualificada pelo resultado provocado na vítima
 A qualificadora + grave engloba a menos grave Assim, se o agente causa lesões corporais de natureza leve mas também grave, responderá apenas por LC de natureza grave
3) Lesão corporal de natureza gravíssima: Art. 129 § 2°
- Esta classificação foi feita pelo entendimento majoritário, haja vista que no CP não vem expresso dessa forma
- Se há um crime de LC, analisa-se em ordem decrescente: verifica-se primeiramente se tem previsão no art. 129 § 2°, depois no § 1° e, não havendo enquadramento em nenhum deles, então a LC é de natureza leve. 
2) Art. 129 § 1°
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias 
- Não confundir com ocupações profissionais pois aquele é + amplo
- Ex> Criança de 8 anos que deixa de ir à escola ou aposentado que não pode mais ir ao seu jogo de cartas na praça que, em razão da agressão, ficam impossibilitados de exercer suas ocupações habituais por + de 30 dias Configuração da qualificadora
- 30 dias: a contar da data da agressão
- Costuma ocorrer que, na perícia inicial, logo após a lesão corporal, o perito já diga que o período de afastamento das ocupações habituais será maior que 30 dias Nesse caso, é prudente que o advogado do réu peça uma nova perícia após o 30° dia a fim de se confirmar a incidência desta qualificadora. Se se provar que o afastamento não será maior que esse período, diz-se que a qualificadora “cai”.
II - Perigo de Vida
- Consta no prontuário médico mas costuma-se exigir um diagnóstico
- Não se confunde com a tentativa de homicídio
III - Debilidade permanente de membro, sentido ou função
- Debilidade: é a redução da capacidade funcional (não funciona 100%)
- Há de ser uma debilidade permanente ( de perpétuo), duradoura Com isso, quer-se dizer que não é possível dizer se, um dia, haverá retorno da integralidade da capacidade funcional.
- Membros: superiores e inferiores
- Sentido: os 5
- Função: refere-se à atividade vital do organismo. Função circulatória, digestiva, etc.
- Ex> Pancada na região dos rins que acarreta debilidade permanente da função renal Incide esta qualificadora
- Ex> X atira em Y na região do tórax, que ficou entre a vida e a morte Não incidirá esta qualificadora pois se X atirou na região do tórax, sua intenção era de matar Só incidirá a qualificadora se o dolo era de lesionar (o perigo de vida tem que existir a título de preterdolo)
IV - Aceleração de parto
- Isto é, a intenção do agente era de lesionar mas, em razão da agressão, houve o parto prematuro
- É imprescindível que o agente saiba que a vítima estava grávida (tem que ter entrado na esfera de conhecimento do agente) É o mesmo que ocorre no peculato: o agente em conluio com o funcionário público só responderá por peculato se sabia que seu comparsa era func. público.
 Se não souber que a vítima estava grávida, o agente não terá sua conduta agravada por esta qualificadora
- Mas: se X dá um tapa no rosto da grávida de 8 meses e uma joelhada na sua barriga 
- tapa: LC leve
- joelhada na barriga (ataque direto ao feto): Tentativa de aborto
 Crime formal impróprio: penas somadas
3) Art. 129 § 2°
I - Incapacidade permanente para o trabalho
		 semelhante c/ 129 § 1° I 
- Há uma previsão de que a vítima não vai se restabelecer
- Ex> Pianista famoso sofre agressão, em função da qual não pôde nunca + voltar a tocar piano Mas o pianista voltou a trabalhar como professor de piano Incide esta qualificadora?
 Entendimento majoritário: não, pois se a vítima for capaz de exercer qq atividade profissional lícita que permita o seu sustento e o de sua família, não houve incapacidade permanente para o trabalho.
 Para Álvaro Marinho, deve haver uma correlação entre as atividades que se exercia e a que se passou a exercer (deve haver uma vinculação entre uma função e outra). Por ex, se o pianista virou um vigia, deveria incidir a qualificadora.
II - Enfermidade incurável
- Ex> Em função da LC, a vítima contrai o vírus da AIDS
- Importante: Não confundir com os crimes de perigo de contágio venéreo (arts. 130 a 132) Nestes, basta o fato do agente ter exposto alguém a esse perigo, pouco importando se a vítima chegou a contrair a doença ou não Mas, se o agente queria transmitir a doença e conseguiu, passa-se a aplicar o crime de lesão corporal com esta qualificadora. 
III - Perda ou inutilização de membro, sentido ou função
- Aqui, há um comprometimento total da capacidade funcional do membro/sentido/função 
(no art. 129 § 1°, III a função continua sendo realizada, embora a capacidade esteja diminuída)
- Perda: amputação (ex: amputar um braço)
- Inutilização: membro/sentido/função (ex: ficar com um braço que não tem nenhuma função)
IV - Deformidade permanente
- Conceito majoritário: é o dano estético, duradouro, significante, visível a olho nu, irreparável e que cause impressão vexatória.
 Guilherme Nutti discorda: acha que não existe neste dispositivo o requisito visível e impressão vexatória. Acha que basta que seja significante e duradouro. O prof° concorda.
V - Aborto
- É a título de preterdolo (dolo no antecedente tem que ser só de lesionar a gestante e o aborto no conseqüente a título de culpa)
 Assim, se a conduta mostrarque o agente queria não só causar LC à mãe mas também causar o aborto, nessa hipótese, NÃO será LC qualificada pelo aborto, será aborto consumado em concurso formal com LC. (*!)
5.6. LC SEGUIDA DE MORTE> ART. 129 § 3°
- O art. 129 § 3° descreve o homicídio preterdoloso (ou preterintencional): resultado morte, mas as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo
- Há, aqui, o preterdolo: dolo no antecedente (quanto à lesão) + culpa no conseqüente (quanto ao resultado morte diante do art. 19, CP, é indispensável a previsibilidade do resultado, ou seja, a culpa com relação ao resultado morte
- Ex> Lesão corporal seguida de morte no caso de empurrão e queda da vítima que sofre fratura de crânio e morte.
Atenção (*!)
1) X quer causar LC em Y Este vem a cair no chão, bater a cabeça e morrer X responderá por LC seguida de morte (dolo no antecedente era de lesionar mas há culpa no conseqüente no resultado morte = preterdolo) LC qualificada (art. 129 § 3°)
2) Em uma praia de água cristalina, areia totalmente límpida, A discute com B e dá-lhe um tapa. B escorrega e bate a cabeça na areia onde, escondido, havia um objeto cortante Classifique a sua conduta 
 À 1ª vista, poderia parecer que A responderia por LC seguida de morte, já que tinha apenas o dolo de lesionar, não de matar No entanto, A só responderia se o resultado fosse previsível, o que não era o caso pois A e B estavam em uma praia totalmente límpida O resultado não era previsível (embora possível), portanto, A não responde pelo resultado qualificador, apenas pelo art. 129.
OBS> 
1) Crimes qualificados pelo resultado
- Quando, para o tipo básico do crime a lei prevê, em parágrafo, pena + severa em razão de ocorrer resultado + grave do que aquele previsto no tipo fundamental (regra geral, o dispositivo é constituído da expressão se resulta). 
- É de se notar, todavia, que o resultado acrescido ao tipo simples pode ocorrer por dolo, culpa ou mero nexo causal. Ex> Dolo de lesionar alguém querendo que ele fique pelo menos 30 dias afastado das suas ocupações habituais dolo no antecedente + dolo no conseqüente
- Outro exemplo:
Se advir o resultado LC de natureza grave a partir de um crime de extorsão mediante seqüestro (art. 159), pode-se figurar as seguintes hipóteses:
o agente quis o resultado (o seqüestrador cortou a orelha da vítima) ou assumiu o risco de produzi-lo (aceitou-o quando praticou a violência, causando a mutilação) há dolo quanto ao resultado
o agente podia prever o resultado não querido e não previsto (golpeou a vítima, que caiu sobre cacos de garrafa espalhados pelo chão) ocorreu o crime preterdoloso, já que o evento está fora do dolo
não houve dolo nem culpa do agente, presente o simples nexo causal (ferimento superficial que se infeccionou quando a vítima tentava escapar do cárcere privado)
- O art. 19, CP, que se aplica somente aos crimes qualificados pelo resultado, dispõe: “Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente” Quer dizer que o agente somente responderá pelo crime qualificado pelo resultado quando atuar ao menos com culpa em sentido estrito com relação ao evento acrescido ao tipo fundamental.
2) LC x Homicídio culposo:
- Na LC, o antecedente é um delito doloso
- No homicídio culposo, a conduta é culposa, sendo que o resultado morte não foi querido pelo agente 
3) NÃO pode haver tentativa de LC seguida de morte e sim homicídio tentado se o agente desejar a morte da vítima isso porque, constituindo-se o crime preterdoloso, do dolo no antecedente e culpa no conseqüente, e inexistindo tentativa na modalidade culposa, é óbvio que, igualmente, não poder-se-ia falar em tentativa de dolo preterintencional.
4) LC tentada (crime) x Vias de fato (contravenção)
 É equivocado o entendimento que considera que as vias de fato sejam a tentativa de LC, pq as vias de fato são um comportamento agressivo contra uma pessoa, porém, sem que haja a intenção de causar-lhe a LC (são os empurrões, as sacudidas).
5.7. LC DOLOSA PRIVILEGIADA: Art. 129 § 4°
- São as mesmas 3 situações do homicídio privilegiado (motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima) Diminui 1/6 a 1/3
> Art. 129 § 5°
- Se as LC forem LEVES, o juiz poderá substituir a pena de detenção pela de multa No entanto, essa substituição não se aplica para qq LC leve A LC deve ser leve e: 
I - ser LC qualificada 
- Portanto, tratando-se de LC qualificada, o juiz poderá não só diminuir a pena em uma das hipóteses de LC privilegiada (§ 4°), como também poderá, se a LC tiver sido leve, substituir por pena de multa
II - as lesões devem ser recíprocas.
Ex> A e B brigam, de forma que ambos agridem e são agredidos mutuamente Trata-se de crime de condutas contrapostas: ambos são sujeitos ativo e passivo do crime No momento da propositura da ação penal, haverá dúvida em relação ao causador da briga. Nesse caso, prevalece o in dubio pro societate (in dubio pro reo aplica-se somente ao proferir a sentença), quer dizer, na dúvida, a ação deverá ser proposta em face dos 2 envolvidos Se, no decorrer do processo, da nova colheita do depoimento testemunhal apurar-se que foi B quem iniciou as agressões, concluir-se-á que A estava em legítima defesa Nesse caso, A será absolvido (o fato típico não era antijurídico) e B responderá por LC Mas o juiz poderá substituir a pena de prisão por multa, uma vez que as lesões foram recíprocas DESDE QUE as lesões provocadas na vítima (A) tenham sido leves.
5.8. LC CULPOSA: Art. 129 § 6°
- Semelhante ao homicídio culposo, com a diferença de que neste, a vítima morreu.
- Assim, se da imprudência, negligência ou imperícia do agente derivou não a morte, mas LC na vítima, o agente é punido com pena de detenção de 2 meses a 1 ano.
- Ex> Operário de construção cai da obra e machuca-se gravemente O engenheiro de segurança responde pela sua negligência 
Atenção (*!)
- No homicídio culposo, aplica-se o art. 121 § 3° e na LC culposa, o art. 129 § 6°, MENOS se o homicídio / LC culposo tiverem sido praticados na direção de veículo automotor pois, nessa hipótese, será aplicada a pena prevista no CTB (Código de Trânsito Brasileiro), arts. 302 e 303, respectivamente. 
- Obs> Houve um erro do legislador quando na elaboração do CTB posto que este só faz previsão do homicídio / LC culposos praticados na direção de veículo automotor (o CTB não prevê a modalidade dolosa) Assim, ter-se-ia que:
- homicídio / LC culposos: aplicação do CTB
- homicídio / LC dolosos: aplicação do CP
	A incongruência que ocorre é que a pena cominada pelo CTB para a modalidade culposa é + grave que a dolosa prevista para o CP. Então, para um motorista que culposamente causou a morte de um pedestre, seria + conveniente alegar sua intenção de matar a vítima (dolo), a fim de obter pena + branda Mas, na prática, resolve-se com o princípio da proporcionalidade: diante de homicídio/LC culposo, deve-se aplicar a pena prevista pelo CP.
Cuidado (*!)
- Ex> Em uma fábrica, um operário, ao manipular um frasco de ácido, por falta de cuidado, vem a derrubar o conteúdo no rosto de seu colega, causando-lhe LC de natureza gravíssima: deformidade permanente. Tipifique sua conduta.
	Trata-se de LC culposa de natureza gravíssima. Há de se frisar que as hipóteses previstas no art. 129 § 2° são aplicáveis apenas para a LC DOLOSA cujo resultado é de natureza gravíssima. Neste caso, aplica-se a pena para a LC culposa (art. 129 § 6°).
	A gravidade das lesões na LC culposa NÃO altera a classificação legal da conduta (a tipificação é a mesma: LC culposa, independentemente do resultado), servindo apenas como circunstância a ser observada pelo juiz na 1ª fase da fixação da pena (art. 59: .. conseqüências do crime) Vai alterar a pena-base, elevando a pena mínima cominada.
5.9. CAUSAS DE AUMENTO DE PENA PARA A LC CULPOSA: Art. 129 § 7°
- Aplica-se o aumento previsto no art. 129 § 7° se presentes qq dascausas previstas no art. 121 § 4°:
a) se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício
b) se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima
c) se o agente não procura diminuir as conseqüências do seu ato
d) se o agente foge para evitar prisão em flagrante
- Ex> Operário cai da obra, ferindo-se gravemente Apesar de ser o culpado pelo acidente, o engenheiro de segurança nega-se a prestar-lhe socorro Responderá pelo art. 129 § 6° + aumento previsto no art. 129 § 7°
5.10. PERDÃO JUDICIAL> Art. 129 § 8°
- Perdão judicial: é CEP, concedida ao réu condenado quando “as conseqüências (psíquicas ou físicas) da infração atingirem-lhe de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”
- Só concedido na modalidade CULPOSA de homicídio ou LC
- A sentença é declaratória da extinção da punibilidade
5.11. CONCURSO
- As LC´s praticadas para a consecução de outro crime são por este absorvidas quando se tratar de crime complexo (arts. 157, 158, 219, etc), a não ser que haja disposição expressa em contrário (art. 163 § único, 227 § 2°, 228§ 2°, etc).
- A LC grave torna alguns crimes qualificados pelo resultado (arts. 157 § 3°, 158 § 2°, 159 § 2°, 223, etc)
6. RIXA (art. 137)
- Mínimo de 3 participantes: 1 contendor + 2 que brigam
- Briga generalizada de todos contra todos em que não há grupo definido (crime de condutas contrapostas)
 Se houver grupo definido, será LC (mesmo que sejam 500 contra 500, se houver grupo definido, será LC)
- A rixa tem previsão em separado no CP por não se saber quem deu início a ela
- Tentativa: Não admite porque se consuma no momento em que se inicia
6.1. CARACTERÍSTICAS
a) Bem jurídico: incolumidade da pessoa e, por via indireta, a ordem pública e a disciplina da convivência civil
b) Sujeito ativo:
- É um crime plurissubjetivo (de concurso necessário), só existindo se houver pluralidade de participantes
- É possível a participação da rixa como:
- autor: realiza a conduta proibida
- partícipe: moral (instiga / induz o 3° a praticar o crime)
	 material (fornece o material para o crime)
c) Sujeito passivo: as vítimas são os próprios rixentos ou, ainda, o 3° que é diretamente atingido ou tem sua vida / saúde posta em risco.
6.2. TIPO OBJETIVO: Participar da rixa, ou seja, praticar violência física contra outras pessoas
6.3. TIPO SUBJETIVO
- Deve haver o dolo (vontade de participar da rixa)
- Não existe rixa culposa: assim, aquele que, por sua imprudência, negligência ou imperícia, dá causa à rixa, não responde por esta se dela não participa dolosamente
6.4. RIXA QUALIFICADA> Art. 137 § único
> Se ninguém se (1) machuca ou (2) sofre LC leve: todos os que participaram respondem pelo art. 137 caput.
> Se alguém morre ou ocorre LC grave / gravíssima: 
a) Se não se apurou quem foi o causador: todos respondem pelo art. 137 § único, com exceção daquele que sofreu a LC (responde por rixa simples)
b) Se se apurou quem foi o causador:
b.1) Se houve morte:
- a vítima: responderia por rixa simples mas, por ter morrido, aplica-se o art. 107, I
- todos os d+: art. 137 § único
- o causador da morte: homicídio doloso (porque, no mínimo, houve dolo eventual) + rixa simples (não a rixa qualificada, senão seria um bis in idem)
b.2) Se houve LC grave/gravíssima:
- a vítima: art. 137 caput (não pode pelo § 1° porque não se pune auto-lesão)
- os d+: art. 137 § único
- o causador da LC: responde pelo art. 129 § 1° ou 2° (conf. resultado grave ou gravíssimo) + rixa simples (concurso material)
c) Se o que morreu / sofreu LC era um 3°:
- o 3° vítima: não responde
- o que causou: homicídio/LC doloso + rixa simples
- os d+: art. 137 § único
7. CRIMES CONTRA A HONRA
- Conjunto de atributos físicos, morais e intelectuais de uma pessoa
- Honra = direito fundamental: art. 5°, X, CF – Pode ser:
Honra subjetiva é o conceito que o indivíduo possui de si próprio, abrangendo seus atributos físicos, intelectuais, morais, etc. Está intimamente relacionada à idéia de auto-estima de uma pessoa (o que as pessoas pensam a seu respeito)
Honra objetiva é aquela que, embora diga respeito aos mesmos atributos e dotes, refere-se ao conceito que o indivíduo goza no meio social. Em outras palavras, a sua reputação (o que a pessoa pensa de si mesma)
7.1. IMUNIDADE PARLAMENTAR
- Art. 53, CF: prevê a imunidade penal e civil de deputados federais e senadores
- Estende-se a todos os crimes de opinião (crimes da palavra), não respondendo os parlamentares por delitos contra a honra, de incitação ao crime, de apologia ao crime ou criminoso, etc.
- O período coberto pela imunidade inicia-se com a diplomação do deputado / senador (desde a posse) e se encerra com o término do mandato (seja pelo decurso do tempo, seja pela cassação). Mesmo após o término ou perda do mandato, o parlamentar não poderá ser processado pelo fato constitutivo de crime de opinião praticado por ele durante o período de imunidade.
- É uma prerrogativa funcional, e não um privilégio (portanto, não atenta o princ. da legalidade)
- Sendo inerente ao mandato, a imunidade parlamentar é irrenunciável
- Os Tribunais Superiores têm entendido que a imunidade só alcança o parlamentar no exercício de suas funções legislativas. Exige-se um nexo com a atividade parlamentar e a ofensa.
- E se o assessor de um parlamentar apóia a ofensa dita por este em um comício? O assessor responde porque a imunidade não se comunica.
- As imunidades do deputados federais são automaticamente deferidas aos deputados estaduais (art. 27 § 1°) A imunidade deles os protege em qq local do território nacional
- Vereadores: imunidade restrita (art.29, VIII) ao (1) exercício do mandato e à (2) circunscrição do Município Vereador de Campos faz ofensa pelo rádio: discutido, mas o prof° entende que ele responde
7.2. CALÚNIA (art. 138)
- “Imputar a alguém falsamente fato preciso que seja definido como crime” Atribui-se a uma pessoa a prática de um crime, sabendo que ela não cometeu
 Se a imputação não é falsa, mas verdadeira, NÃO há calúnia: inexiste tal delito por ausência de adequação típica (faltaria a elementar “imputar falsamente”)
7.2.1. CARACTERÍSTICAS
a) Bem jurídico: honra objetiva do SP (sujeito passivo)
b) Sujeito ativo (SA): a calúnia é crime comum, podendo ser praticada por qq pessoa.
> Os doentes mentais e menores podem ser SA de calúnia? Depende da corrente que se adotar:
1) Concepção bipartida> Crime é o fato típico e antijurídico – a culpabilidade não integra o conceito de crime, sendo apenas um pressuposto para aplicação da pena
- Para esta corrente: o inimputável comete crime, só não recebe a pena. 
2) Concepção tripartida (é a aceita)> Crime = culpabilidade + tipicidade + ilicitude. 
- Para esta corrente: o inimputável não comete crime, portanto, não pode ser SA de calúnia 
- Ex: A criança de 10 anos não pratica crime por faltar um dos elementos integrantes do conceito de crime / O louco que pratica um homicídio não pratica crime e, portanto, a ele não será aplicada pena por falta de pressuposto (aplicar-se-á medida de segurança).
- Obs> Tecnicamente, o menor não pratica crime mas na prática sim, tanto é que ele responde por ato infracional (responde na Vara de Infância e Juventude, submete-se à liberdade assistida, etc)
c) Sujeito passivo: o homem Quanto à calúnia contra os mortos, o morto não é o SP do crime (não é + titular de direitos, não tem personalidade jurídica, não tem + o atributo honra), mas sim seus familiares (têm interesse na preservação da boa fama do morto, que por sua vez se reflete na honra deles)
(*!) Importante
1) Pessoa Jurídica pode ser vítima de crimes contra a honra?
- Antes da CF 88, o assunto era pacífico: a PJ (pessoa jurídica) é ente fictício que atua por meio de seus representantes legais. Portanto, a PJ não poderia ser vítima de crimes contra a honra.
- No entanto, a CF88 previu a possibilidade da PJ ser sujeito ativo de crimes ambientais (arts. 3°, 21 e 24, Lei 9.605/98) independentemente da pessoa física. Obviamente que somente algumas penas poderiam ser a ela aplicadas

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