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Bioquímica da Saliva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
BIOQUÍMICA
Eduarda Vale - Odontologia 2020.2
SALIVA
A saliva é uma secreção aquosa transparente secretada pelas glândulas salivares
diretamente na cavidade bucal. A saliva total é composta pela secreção das
diferentes glândulas, juntamente com restos alimentares, microrganismos e
células descamadas do epitélio oral.
É um dos sistemas de defesa mais potentes do organismo, sendo essencial para a
preservação da saúde oral, regulando a integridade dos tecidos moles e duros da cavidade
oral.
A saliva é produzida na sua maior parte (90%) pelas glândulas salivares maiores (parótidas,
submandibulares e sublinguais) e uma pequena parte pelas glândulas salivares menores
dispersas pela mucosa bucal.
COMPOSIÇÃO:
A saliva é formada por 99,5% de água, 0,3% de proteínas variadas e 0,2% de substâncias
inorgânicas e substâncias vestigiais.
COMPONENTES ORGÂNICOS:
proteínas salivares, carboidratos, hormônios esteróides, uréia, aminoácidos, amônia, etc.
● proteínas enzimáticas: Amilase, Lactoperoxidase, Lisozima.
● proteínas ricas em prolina: Mucinas
● proteínas aromáticas: Gustina (crescimento e maturação dos corpúsculos
gustativos), Estaterina, Hiastina, Lactoferrina, Albumina.
COMPONENTES INORGÂNICOS:
Cálcio, Flúor, Sódio, Potássio, Bicarbonato, Fosfato, Cloro, Magnésio, etc.
MUCINAS:
As mucinas são glicoproteínas. As mucinas contribuem para a viscosidade da saliva devido
a seu alto teor de carboidrato que retêm muita água, resistindo à desidratação e sendo
efetivas na lubrificação e manutenção da superfície mucosa úmida, controlam a
permeabilidade da superfície mucosa, limita a penetração de agentes irritantes e tóxicos,
bem como protege as membranas das células mucosas da ação de proteases produzidas
por bactérias da placa bacteriana e ainda controla a colonização da cavidade oral por
bactérias e vírus.
Quando as glicoproteínas salivares estão adsorvidas nas superfícies sólidas, elas podem
promover a adesão de bactérias. Contrariamente quando livres na saliva, podem prevenir a
colonização bacteriana aglutinando as bactérias na saliva. Esse tipo de agregação pode
facilitar a remoção da bactéria oral quando a saliva é engolida. Os Streptococcus e outras
espécies orais podem empregar as mucinas como fonte de carbono e energia. Isto é
possível graças à glicosidases que degradam os oligossacarídeos das mucinas em
unidades menores que podem ser transportadas para dentro das células bacterianas.
ALFA AMILASES:
É uma das enzimas salivares mais importantes, contribuindo com 40-50% do total de
proteínas salivares produzidas pelas glândulas. Ela participa na função digestiva, atua na
limpeza dos restos alimentares (carboidratos), modula a adesão de bactérias (papel
importante na colonização e metabolismo de estreptococos) levando a formação de placa
dental e cáries.
ESTATERINA:
É uma pequena fosfoproteína ácida encontrada na saliva, secretada pelas glândulas
sublingual e submandibular. A função da estaterina é a inibição da precipitação dos sais de
fosfato de cálcio, da solução supersaturada da saliva bucal e de glândulas salivares. Após
sua adsorção na hidroxiapatita, a estaterina pode promover a aderência de algumas
bactérias orais.
PROTEÍNAS RICAS EM PROLINA (PRP):
Em solução essas proteínas mantém a saliva em estado supersaturado com relação ao
fosfato de cálcio. Elas são componentes da película adquirida e podem ser importantes na
adesão dos microrganismos ao dente.
LACTOFERRINA (RF):
A lactoferrina é uma glicoproteína ligadora de ferro. Considerada uma proteína
multifuncional com atividade bacteriostática (inibe o crec.), bactericida, fungicida, antiviral,
antiparasitária, anti inflamatória e imunomoduladora. A atividade bacteriostática da LF é
atribuída a sua capacidade de ligar e sequestrar o Fe+ do meio ambiente, privando dessa
forma os patógenos deste nutriente essencial. a LF apresenta atividade antifúngica e é
capaz de inibir a replicação de vários vírus, como por exemplo o vírus da hepatite C,
também tem função antioxidante – ao remover o Fe livre, a LF previne a redução do O2
para formar espécies reativas.
LISOZIMA:
É uma proteína catiônica pequena presente em todos os principais fluidos biológicos. Esta
enzima age nas paredes celulares bacterianas causando lise e morte celular. A lisozima é
ativa contra bactérias gram positivas e também é capaz de eliminar alguns fungos orais.
IMUNOGLOBULINAS:
Pertencem à classe das proteínas plasmáticas que exibem propriedades imunológicas. Na
saliva e outras secreções a classe predominante são as imunoglobulinas secretórias (IgA),
impedindo a absorção de uma vasta quantidade de antígenos e prevenindo uma sobrecarga
ao sistema imune.
HISTATINAS:
Elas estão implicadas na formação da película adquirida; apresentam propriedades
fungistáticas e fungicidas e também bactericidas e inibem a precipitação de Ca3(PO4)2. Na
saliva, histatinas são os fatores antifúngicos mais importantes.
CISTATINAS:
Cistatinas atuam principalmente como inibidores de cisteíno-proteases. Considerada como
tendo ação protetora contra proteólise indesejada por proteases bacterianas e leucócitos
lisados. Pode inibir proteases em tecidos periodontais. A cistatina salivar pode ligar-se à
hidroxiapatita, contribuindo para a formação da película adquirida. Por outro lado, a cistatina
pode inibir o crescimento do cristal de hidroxiapatita.
PEROXIDASE SALIVAR:
O sistema de peroxidases salivar humano compreende 2 enzimas: a peroxidase salivar (SP)
e a mieloperoxidase (MP), além dos íons tiocianato (SCN-) e peróxido de hidrogênio
(H2O2). A peroxidase salivar catalisa a redução do H2O2 a H2O com a oxidação
concomitante do tiocianato, através da seguinte reação:
H2O2 + SCN- → H2O + OSCN-
O sistema peroxidase salivar têm duas funções biológicas principais:
ATIVIDADE ANTIMICROBIANA:
O hipotiocianato (OSCN-) é capaz de oxidar tióis, o que confere atividade bactericida ao
sistema salivar peroxidase-H2O2-SCN-. Adicionalmente, o OSCN- potencializa o efeito
antimicrobiano da lisozima e lactoferrina.
PROTEÇÃO CONTRA TOXICIDADE DO PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO:
Diversos organismos orais produzem H2O2 que indiretamente pode ser tóxico ao tecido do
hospedeiro e pode levar a ulceração da mucosa.
O hipotiocianato (OSCN-), o qual é bastante tóxico à célula bacteriana, principalmente das
espécies Streptococcus, pois inibe a enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, levando
a um bloqueio na glicólise bacteriana e prevenindo o acúmulo de lisina e ácido glutâmico
essenciais ao seu crescimento.
ANIDRASE CARBÔNICA:
A anidrase carbônica é uma metaloenzima que contém um Zn ligado ao sítio catalítico. Esta
enzima catalisa a seguinte reação:
CO2 + H2O → H2CO3 ↔ H+ + HCO3-
Esta enzima é importante para o poder de neutralização, pelo bicarbonato do fluido onde
está presente.
DEFENSINAS:
As defensinas são peptídeos, relativamente ricos em arginina, capazes de formar três
pontes dissulfeto, intramoleculares. Nos humanos, já foram identificadas seis α-defensinas e
três β-defensinas. As três β-defensinas (hBD-1, hBD-2 e hBD‑3) são expressas no epitélio
oral, nas glândulas salivares ou nos queratinócitos bucais e têm atividade antimicrobiana de
amplo-espectro - matam os microrganismos pela formação de microporos em suas
membranas. A α-defensina (HNP-1), a hBD-1 e a hBD-2 são encontradas na saliva humana.
COMPONENTES INORGÂNICOS:
Os principais componentes inorgânicos da saliva são: sódio, potássio , cloreto, cálcio,
fosfato e bicarbonato.
SÓDIO E POTÁSSIO:
Suas concentrações variam com o fluxo salivar. As concentrações de Na e K na saliva
sofrem alterações em algumas doenças. Por exemplo, em portadores de paralisia cerebral
há um ↑ K+ e ↓ Na+, na síndrome de Down a concentração de K+ é menor do que o
controle e a de Na+ é maior.
CLORETO:
Varia em relação a taxa de fluxo e possui taxa inferior a plasmática.
CÁLCIO E FOSFATO:
A saliva é uma solução supersaturada de cálcio e fosfato que à medida que o pH diminui
alcançando o pH crítico(pH 5,5) ela se torna subsaturada e o esmalteperde mineral,
quando o pH é restabelecido a saliva volta a ser supersaturada propiciando a formação de
hidroxiatatita.
BICARBONATO:
Baixa concentração na saliva não estimulada. Varia segundo o fluxo salivar e pode exceder
a taxa plasmática. Defesa contra ácidos produzidos por bactérias . Eleva o pH da saliva até
8.
TIOCIANATO:
Antibacteriano (oxidado a hipotiocianato OSCN- pelo oxigênio ativo produzido a partir do
peróxido bacteriano pela lactoperoxidase).
IODETO:
Varia de 100 a 200 vezes quando comparado às do plasma, mas seu mecanismo de
transporte não depende do hormônio TSH (hormônio tireoestimulante) da hipófise, como
ocorre na glândula tireóide.
BROMETO:
Possui concentração maior que no plasma e varia em relação a taxa de fluxo.
FLÚOR:
Na saliva o F se encontra principalmente na forma iônica, e muito pouco ligada a
macromoléculas, e dependendo do pH da saliva pode precipitar-se com cálcio e fosfato. É
importante nos tratamentos de prevenção às cáries. Possui concentrações baixas e sobre
seu mecanismo de eliminação, acredita-se que seja igual ao do cloreto.
TIPOS DE SALIVA:
As glândulas salivares produzem e secretam diferentes conteúdos, as secreções podem ser
serosa, mucosa ou mista.
SEROSA:
Atua preponderantemente na mastigação dos alimentos. Parótidas são constituídas quase
exclusivamente por células serosas e produzem uma secreção aquosa, diluída e rica em
enzimas e anticorpos.
MUCOSA:
É uma saliva rica em mucinas. Atua na gustação e deglutição, está envolvida com a
lubrificação e proteção da cavidade bucal. As glândulas sublinguais são constituídas
principalmente de células acinares mucosas.
MISTA:
Tem ação importante tanto na mastigação dos alimentos como na deglutição. As glândulas
submandibulares são mistas. As glândulas menores são mistas, exceto pelas glândulas
palatinas, que são estritamente mucosas, e as glândulas linguais de von Ebner, que são
estritamente serosas.
GLÂNDULAS SALIVARES MENORES:
● Acessórias labiais: estão na mucosa labial e secretam saliva mucosserosa.
● Acessórias Jugais: estão na mucosa jugal (mucosa das bochechas ) e secretam
saliva mucosserosa.
● Acessórias sublinguais: secretam saliva mucosserosa pelos ductos de Rivinus;
localizam-se no assoalho bucal na região sublingual e são chamados também de
acessórias bucais.
● Acessórias palatinas: secretam saliva apenas mucosa e se localizam na metade
posterior do palato duro.
● Acessórias do palato mole e úvula: secretam saliva mucosa.
● Acessórias glossopalatinas: secretam saliva mucosa.
● Acessórias do coxim retromolar: secretam saliva mucosa e estão na mucosa
retromolar.
● Acessórias linguais:
○ Glândulas de Blandin Nuhn: secretam saliva seromucosa e estão na porção
anterior da língua.
○ Glândulas de Ebner: secretam saliva apenas serosa e estão associadas às
papilas calciformes.
○ Glândulas da raiz da língua: secretam saliva apenas mucosa.
FORMAÇÃO DA SALIVA:
inicia-se nas células acinares e sofre posterior modificação nos ductos. Os ácinos
constituem a parte inicial da glândula, e distribuem-se formando cachos.
● Ácinos: secreção primária semelhante ao plasma.
● Ductos – ocorre modificação da saliva à medida que flui através dos ductos para a
cavidade oral.
○ (reabsorção de Na+ e Cl- e secreção de K+ e HCO3-) deixando a saliva
hipotônica e menos ácida.
O tempo de contato dos eletrólitos nos ductos modifica a composição salivar. Assim,
quando o fluxo salivar é alto, ocorre menor tempo de contato dos eletrólitos nos ductos.
Com a baixa velocidade de fluxo existe tempo suficiente para a remoção de quase todo o
Na+ o que significa que a saliva sem estimulação tem baixa concentração de Na+ quando
chega na boca.
PRODUÇÃO DE SALIVA:
Sua produção varia durante o dia, seguindo o ritmo circadiano. O fluxo de saliva é maior
durante a tarde do que de manhã ou à noite, sendo que o atinge o seu pico máximo às seis
horas da tarde e o seu pico mínimo pelas seis horas da manhã. A temperatura é também
um fator que influencia o fluxo salivar.
ESTÍMULOS PARA A SECREÇÃO:
REFLEXOS NÃO CONDICIONADOS:
São aqueles que estimulam a salivação sem que haja o aprendizado (estímulos térmicos,
mecânicos, químicos e biológicos.
REFLEXOS CONDICIONADOS:
As respostas salivares precisam de treino repetitivo, sendo que a origem do estímulo não
está na boca, mas em outro órgão sensorial, sobretudo na olfação e na visão. Por
exemplo,”ficar de água na boca”
CONTROLE DA SECREÇÃO:
As terminações nervosas simpática e parassimpática liberam neurotransmissores
acetilcolina, norepinefrina, substância P e polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP) que
ligam-se a receptores específicos na membrana basolateral da célula acinar e por meio da
geração de um 2º mensageiro ativam os processos da secreção salivar.
● Norepinefrina que age em receptores β-adrenérgicos aumenta os níveis
intracelulares de AMP cíclico (cAMP). Efetores que aumentam o cAMP originam
uma secreção primária que é rica em amilase.
● Norepinefrina agindo em receptores alfa adrenérgicos, acetilcolina e substância P
aumentam o Ca2+ intracelular. Substâncias que aumentam o Ca intracelular
produzem um maior volume de secreção nas células acinares.
A estimulação, tanto simpática como parassimpática, causa contração das células
mioepiteliais que circundam os ácinos. Essa contração ajuda a lançar o conteúdo acinar nos
canais e, dessa forma, aumentar o fluxo salivar.
FATORES QUE AFETAM FLUXO/COMPOSIÇÃO:
Na prática clínica a medição do fluxo salivar é chamada sialometria.
O fluxo salivar e consequentemente a composição da saliva pode ser influenciado pelo tipo
de glândula da qual a saliva é secretada, grau de hidratação (Quando o conteúdo de água
do organismo é reduzido para 8% o fluxo salivar se reduz quase que totalmente), estado
nutricional, hora da coleta, natureza e duração do estímulo, estado emocional e sexo. O
fluxo salivar não estimulado pode se alterar de acordo com a posição corpórea - Em pé >
sentado > deitado.
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DA SALIVA:
ASPECTO: opalescente, às vezes límpido e incolor.
VOLUME DIÁRIO: 0,5 – 1,0 L no homem adulto
pH: (variável com o fluxo): 6,2 – 7,2
VISCOSIDADE: elevada, devido a presença de mucinas
● Obs: Quanto mais viscosa a saliva, maior a chance de formação de cárie, pois a
mucina facilita a formação de placa bacteriana.
SECREÇÃO: 80-90% da produção diária ocorre por estímulos durante a alimentação
(paladar, olfato e forças mastigatórias), baixa secreção: sono.
MULTIFUNCIONALIDADE: A maioria dos componentes salivares apresentam um caráter
multifuncional, podendo um componente desempenhar várias funções (ex mucinas
desempenham papel na lubrificação e interagem com as bactérias; estaterinas podem
funcionar na lubrificação, na mineralização e em interações com bactérias).
ANTI FUNCIONALIDADE: a molécula pode agir de forma favorável ou contrária ao
hospedeiro. Por exemplo, a α-amilase exerce importante papel na digestão de restos de
alimentos aderidos aos espaços interdentais, colaborando assim em sua solubilização e
limpeza, mas pode também garantir o fornecimento de alimento às bactérias da placa e
promover a cárie.
FUNÇÕES DA SALIVA:
A saliva é responsável pela proteção da cavidade oral, epitélio gastrointestinal e orofaringe;
umidifica os tecidos; participa da digestão dos alimentos e na sua transformação em bolo
alimentar e controla a quantidade de água no organismo pelo mecanismo da sede.
FATORES ESPECÍFICOS E INESPECÍFICOS DE DEFESA:
A cavidade bucal é a porta principal de entrada de patógenos para o corpo humano. No
entanto, devido a um complexo mecanismo de defesa, os inúmeros agentes infecciosos que
colonizam ou penetram a cavidade bucal não ocasionam patologias. A função de proteção é
desempenhada por componentes celulares e moleculares. As proteínas constituem a
primeira linha de defesa do organismo, e as imunoglobulinas potencializam esse
mecanismo protetor
AÇÃO TAMPONANTE:
As variações do pH desestabilizam as condições do meio bucal, e o ideal é que o pH seja
mantido entre 6,8 e 7,0. Quando o pH éinferior a 5,5 (pH crítico) ocorre desmineralização
do esmalte dentário e um pH alcalino favorece a precipitação de minerais (formação de
cálculo). A saliva dispõe de mecanismos capazes de manter o seu pH constante, em torno
de 6,9, sempre que houver adição de ácido ou de base. Chamamos a isso capacidade
tampão da saliva (CTS). O principal componente da saliva responsável por esta capacidade
tamponante é o bicarbonato ((HCO3/H2CO3) e contribuem secundariamente os fosfatos
(HPO4 / H2PO4), e mucinato/mucina.
A capacidade tamponante da saliva é um importante fator de resistência à cárie dental, e o
reduzido fluxo salivar, que geralmente está associado a uma baixa capacidade tamponante,
causa infecções da mucosa oral e periodontites. A neutralização dos ácidos pela saliva na
realidade não é uma ação tamponante. Embora seja verdade que o bicarbonato possa atuar
como tampão, este não é o caso em um sistema aberto como a boca, o bicarbonato atua
principalmente neutralizando o ácido.
H+ + HCO3- ↔ H2CO3 ↔ H2O + ↑CO2 (anidrase carbônica)
A saliva estimulada contém mais bicarbonato do que a saliva secretada sem estimulação,
isto é conveniente porque é durante a alimentação, quando o fluxo de saliva é aumentado
que os ácidos da placa são produzidos em maior quantidade. Isso assegura a presença de
concentrações adequadas de bicarbonato para eliminar o ácido formado.
ANTI FUNCIONALIDADE DA SALIVA:
AMILASES:
Em solução, facilita a remoção de viridans streptococci. Adsorvida na superfície dos dentes,
pode promover a adesão de bactérias e promover a digestão do amido levando a produção
de ácidos pelos microrganismos.
ESTATERINA E PRP:
Na superfície do esmalte, desempenham um papel chave na mineralização por inibir a
formação de sais de fosfato de cálcio. Quando adsorvidas na superfície do esmalte, elas
promovem a adesão de microrganismos cariogênicos.
AÇÃO PROTETORA DA SALIVA NOS DENTES:
Atua diretamente na regulação da microbiota – a capacidade antimicrobiana é importante
para controlar o crescimento bacteriano e consequentemente seu metabolismo acidogênico,
Dilui e remove substâncias da cavidade oral - com a deglutição bactérias e substâncias
nocivas são eliminadas da boca, Capacidade tamponante, O esmalte se encontra em um
estado constante de mineralização e desmineralização em condições fisiológicas.
FUNÇÕES NO TRATO DIGESTÓRIO SUPERIOR:
Paladar, Limpeza mecânica de alimentos e bactérias, Lubrificação das superfícies orais,
Proteção dos dentes e mucosa oro-esofageal, Facilitação da fala, mastigação e deglutição,
Digestão inicial de amido, Limpeza esofagiana e tamponamento do ácido gástrico após
refluxos normais.
IMPORTÂNCIA SISTÊMICA DA SALIVA:
A saliva atua na manutenção do pH do trato gastrintestinal superior Além disso, possui
fatores de defesa como anticorpos, citocinas e fatores de crescimento que estão associados
aos mecanismos de defesa e cicatrização de processos inflamatórios e infecciosos não
restritos à boca, mas também à orofaringe, ao esôfago e ao estômago.
SALIVA X ESÔFAGO:
A saliva, que normalmente é rica em bicarbonato, neutraliza o ácido residual que entra em
contato com o esôfago. A pouca salivação pode causar esofagite devido à não
neutralização dos ácidos estomacais.
SALIVA X ESTÔMAGO:
As proteínas salivares são importantes para o equilíbrio da microflora bucal. Na presença de
alterações dos padrões salivares alguns microrganismos se proliferam de forma exacerbada
e geram infecções. Alterações dos padrões salivares tornam o indivíduo mais suscetível,
por exemplo, à infecção pelo Helicobacter pylori – bactéria responsável pela infecção
gástrica que provoca úlcera e câncer.
PRINCIPAIS PROBLEMAS DA SALIVA:
CONTAMINAÇÃO DO PREPARO CAVITÁRIO: no ato da restauração dentária deve-se ter
muito cuidado com o isolamento do dente a ser restaurado, para evitar que a saliva
contamine o preparo cavitário ou, ainda, que ela conduza microrganismos patogênicos de
meio bucal para o interior dos tecidos, por via intrapulpar.
ALTERAÇÃO QUÍMICA DE MATERIAIS RESTAURADORES: a saliva, também , ao se
misturar com os materiais restauradores, pode-lhes causar alterações de cor, dar-lhes um
tempo de vida menor, tornando-os menos consistentes , mais suscetíveis, portanto, a
fraturas e ao processo de corrosão, etc.
ALTERAÇÃO NA COMPOSIÇÃO: isto pode levar à alteração do odor da saliva, resultando
em halitose ou, ainda, causar deficiência na gustação, resultando em hipogeusia. A saliva
pode ter sua composição química alterada nos seguintes casos, principalmente: nos
fumantes; nos pacientes em regime de emagrecimento; nos pacientes que fazem uso de
certos medicamentos, como os anorexígenos, e em enfermidades diversas, tais como na
insuficiência supra-renal e outras.
ALTERAÇÃO DA VISCOSIDADE: As alterações na viscosidade salivar também podem
resultar em doenças obstrutivas das glândulas salivares, conhecidas por sialolitíases.
ALTERAÇÃO NO FLUXO SALIVAR: as alterações no fluxo salivar também podem causar
halitose.
● Hipossalivação: ocorre quando o fluxo salivar é reduzido. É causada por:
medicamentos como a atropina ; anorexígenos; radioterapia da cabeça e pescoço,
etc.
● Sialorréia: ocorre quando a saliva é produzida em grande quantidade. Isto ocorre por
medicamentos sialogogos ,como a pilocarpina ; na intoxicação mercurial ; nos
distúrbios gástricos (azia); na erupção dentária; no estresse psicogênico, e nos
pacientes com deglutição atípica.
HALITOSE: alterações tanto na composição química da saliva como na sua viscosidade ou
ainda, no fluxo salivar podem produzir mudanças no seu odor, resultando em halitose.
FONTE DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS: a saliva pode ser uma fonte de transmissão de
doenças infecto-contagiosas as mais diversas, desde um simples resfriado, passando por
doenças estigmatizantes como a tuberculose até outras doenças mais complicadas e
perigosas, como a hepatite B. O beijo pode veicular uma série de doenças infecciosas. A
lista inclui: mononucleose “doença do beijo”, sarampo, catapora, faringite, etc.
Benefícios do beijo – quando um casal se beija, troca 80 milhões de bactérias em apenas
10 segundos – reforça o sistema imunológico (depende da frequência).
CAUSAS DA DISFUNÇÃO DAS GLÂNDULAS SALIVARES:
Medicamentos, quimioterapia, radioterapia da cabeça e pescoço, e determinadas doenças
sistêmicas podem comprometer o funcionamento das glândulas salivares e
consequentemente a produção de saliva, influenciando tanto na quantidade de saliva
produzida quanto na qualidade desse fluido.
CAUSAS DA HIPOSSALIVAÇÃO:
Desidratação pela pouca ingestão de água ou perda de líquidos, alterações emocionais,
radioterapia, dieta alimentar, uso de medicamentos, uso de drogas, obstrução das vias
aéreas superiores.
CAUSAS DA HIPERSALIVAÇÃO:
Causas fisiológicas (lactantes), causas patológicas - dor oral, pulpites, periodontites,
espasmos, câncer, introdução de corpos estranhos no esôfago, hepatite viral, intoxicação
por mercúrio, iodo ou chumbo e endógenas, etc.
CONSEQUÊNCIAS DA HIPERSALIVAÇÃO:
descamação dos lábios, queilite angular e dermatite, mudança no paladar, fadiga.
BIOMARCADORES SALIVARES:
O diagnóstico molecular na cavidade oral por meio da saliva mostra ser um método simples,
não invasivo e muito promissor para o diagnóstico e monitoramento de inúmeras patologias.

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