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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO BIOQUÍMICA Eduarda Vale - Odontologia 2020.2 SALIVA A saliva é uma secreção aquosa transparente secretada pelas glândulas salivares diretamente na cavidade bucal. A saliva total é composta pela secreção das diferentes glândulas, juntamente com restos alimentares, microrganismos e células descamadas do epitélio oral. É um dos sistemas de defesa mais potentes do organismo, sendo essencial para a preservação da saúde oral, regulando a integridade dos tecidos moles e duros da cavidade oral. A saliva é produzida na sua maior parte (90%) pelas glândulas salivares maiores (parótidas, submandibulares e sublinguais) e uma pequena parte pelas glândulas salivares menores dispersas pela mucosa bucal. COMPOSIÇÃO: A saliva é formada por 99,5% de água, 0,3% de proteínas variadas e 0,2% de substâncias inorgânicas e substâncias vestigiais. COMPONENTES ORGÂNICOS: proteínas salivares, carboidratos, hormônios esteróides, uréia, aminoácidos, amônia, etc. ● proteínas enzimáticas: Amilase, Lactoperoxidase, Lisozima. ● proteínas ricas em prolina: Mucinas ● proteínas aromáticas: Gustina (crescimento e maturação dos corpúsculos gustativos), Estaterina, Hiastina, Lactoferrina, Albumina. COMPONENTES INORGÂNICOS: Cálcio, Flúor, Sódio, Potássio, Bicarbonato, Fosfato, Cloro, Magnésio, etc. MUCINAS: As mucinas são glicoproteínas. As mucinas contribuem para a viscosidade da saliva devido a seu alto teor de carboidrato que retêm muita água, resistindo à desidratação e sendo efetivas na lubrificação e manutenção da superfície mucosa úmida, controlam a permeabilidade da superfície mucosa, limita a penetração de agentes irritantes e tóxicos, bem como protege as membranas das células mucosas da ação de proteases produzidas por bactérias da placa bacteriana e ainda controla a colonização da cavidade oral por bactérias e vírus. Quando as glicoproteínas salivares estão adsorvidas nas superfícies sólidas, elas podem promover a adesão de bactérias. Contrariamente quando livres na saliva, podem prevenir a colonização bacteriana aglutinando as bactérias na saliva. Esse tipo de agregação pode facilitar a remoção da bactéria oral quando a saliva é engolida. Os Streptococcus e outras espécies orais podem empregar as mucinas como fonte de carbono e energia. Isto é possível graças à glicosidases que degradam os oligossacarídeos das mucinas em unidades menores que podem ser transportadas para dentro das células bacterianas. ALFA AMILASES: É uma das enzimas salivares mais importantes, contribuindo com 40-50% do total de proteínas salivares produzidas pelas glândulas. Ela participa na função digestiva, atua na limpeza dos restos alimentares (carboidratos), modula a adesão de bactérias (papel importante na colonização e metabolismo de estreptococos) levando a formação de placa dental e cáries. ESTATERINA: É uma pequena fosfoproteína ácida encontrada na saliva, secretada pelas glândulas sublingual e submandibular. A função da estaterina é a inibição da precipitação dos sais de fosfato de cálcio, da solução supersaturada da saliva bucal e de glândulas salivares. Após sua adsorção na hidroxiapatita, a estaterina pode promover a aderência de algumas bactérias orais. PROTEÍNAS RICAS EM PROLINA (PRP): Em solução essas proteínas mantém a saliva em estado supersaturado com relação ao fosfato de cálcio. Elas são componentes da película adquirida e podem ser importantes na adesão dos microrganismos ao dente. LACTOFERRINA (RF): A lactoferrina é uma glicoproteína ligadora de ferro. Considerada uma proteína multifuncional com atividade bacteriostática (inibe o crec.), bactericida, fungicida, antiviral, antiparasitária, anti inflamatória e imunomoduladora. A atividade bacteriostática da LF é atribuída a sua capacidade de ligar e sequestrar o Fe+ do meio ambiente, privando dessa forma os patógenos deste nutriente essencial. a LF apresenta atividade antifúngica e é capaz de inibir a replicação de vários vírus, como por exemplo o vírus da hepatite C, também tem função antioxidante – ao remover o Fe livre, a LF previne a redução do O2 para formar espécies reativas. LISOZIMA: É uma proteína catiônica pequena presente em todos os principais fluidos biológicos. Esta enzima age nas paredes celulares bacterianas causando lise e morte celular. A lisozima é ativa contra bactérias gram positivas e também é capaz de eliminar alguns fungos orais. IMUNOGLOBULINAS: Pertencem à classe das proteínas plasmáticas que exibem propriedades imunológicas. Na saliva e outras secreções a classe predominante são as imunoglobulinas secretórias (IgA), impedindo a absorção de uma vasta quantidade de antígenos e prevenindo uma sobrecarga ao sistema imune. HISTATINAS: Elas estão implicadas na formação da película adquirida; apresentam propriedades fungistáticas e fungicidas e também bactericidas e inibem a precipitação de Ca3(PO4)2. Na saliva, histatinas são os fatores antifúngicos mais importantes. CISTATINAS: Cistatinas atuam principalmente como inibidores de cisteíno-proteases. Considerada como tendo ação protetora contra proteólise indesejada por proteases bacterianas e leucócitos lisados. Pode inibir proteases em tecidos periodontais. A cistatina salivar pode ligar-se à hidroxiapatita, contribuindo para a formação da película adquirida. Por outro lado, a cistatina pode inibir o crescimento do cristal de hidroxiapatita. PEROXIDASE SALIVAR: O sistema de peroxidases salivar humano compreende 2 enzimas: a peroxidase salivar (SP) e a mieloperoxidase (MP), além dos íons tiocianato (SCN-) e peróxido de hidrogênio (H2O2). A peroxidase salivar catalisa a redução do H2O2 a H2O com a oxidação concomitante do tiocianato, através da seguinte reação: H2O2 + SCN- → H2O + OSCN- O sistema peroxidase salivar têm duas funções biológicas principais: ATIVIDADE ANTIMICROBIANA: O hipotiocianato (OSCN-) é capaz de oxidar tióis, o que confere atividade bactericida ao sistema salivar peroxidase-H2O2-SCN-. Adicionalmente, o OSCN- potencializa o efeito antimicrobiano da lisozima e lactoferrina. PROTEÇÃO CONTRA TOXICIDADE DO PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO: Diversos organismos orais produzem H2O2 que indiretamente pode ser tóxico ao tecido do hospedeiro e pode levar a ulceração da mucosa. O hipotiocianato (OSCN-), o qual é bastante tóxico à célula bacteriana, principalmente das espécies Streptococcus, pois inibe a enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase, levando a um bloqueio na glicólise bacteriana e prevenindo o acúmulo de lisina e ácido glutâmico essenciais ao seu crescimento. ANIDRASE CARBÔNICA: A anidrase carbônica é uma metaloenzima que contém um Zn ligado ao sítio catalítico. Esta enzima catalisa a seguinte reação: CO2 + H2O → H2CO3 ↔ H+ + HCO3- Esta enzima é importante para o poder de neutralização, pelo bicarbonato do fluido onde está presente. DEFENSINAS: As defensinas são peptídeos, relativamente ricos em arginina, capazes de formar três pontes dissulfeto, intramoleculares. Nos humanos, já foram identificadas seis α-defensinas e três β-defensinas. As três β-defensinas (hBD-1, hBD-2 e hBD‑3) são expressas no epitélio oral, nas glândulas salivares ou nos queratinócitos bucais e têm atividade antimicrobiana de amplo-espectro - matam os microrganismos pela formação de microporos em suas membranas. A α-defensina (HNP-1), a hBD-1 e a hBD-2 são encontradas na saliva humana. COMPONENTES INORGÂNICOS: Os principais componentes inorgânicos da saliva são: sódio, potássio , cloreto, cálcio, fosfato e bicarbonato. SÓDIO E POTÁSSIO: Suas concentrações variam com o fluxo salivar. As concentrações de Na e K na saliva sofrem alterações em algumas doenças. Por exemplo, em portadores de paralisia cerebral há um ↑ K+ e ↓ Na+, na síndrome de Down a concentração de K+ é menor do que o controle e a de Na+ é maior. CLORETO: Varia em relação a taxa de fluxo e possui taxa inferior a plasmática. CÁLCIO E FOSFATO: A saliva é uma solução supersaturada de cálcio e fosfato que à medida que o pH diminui alcançando o pH crítico(pH 5,5) ela se torna subsaturada e o esmalteperde mineral, quando o pH é restabelecido a saliva volta a ser supersaturada propiciando a formação de hidroxiatatita. BICARBONATO: Baixa concentração na saliva não estimulada. Varia segundo o fluxo salivar e pode exceder a taxa plasmática. Defesa contra ácidos produzidos por bactérias . Eleva o pH da saliva até 8. TIOCIANATO: Antibacteriano (oxidado a hipotiocianato OSCN- pelo oxigênio ativo produzido a partir do peróxido bacteriano pela lactoperoxidase). IODETO: Varia de 100 a 200 vezes quando comparado às do plasma, mas seu mecanismo de transporte não depende do hormônio TSH (hormônio tireoestimulante) da hipófise, como ocorre na glândula tireóide. BROMETO: Possui concentração maior que no plasma e varia em relação a taxa de fluxo. FLÚOR: Na saliva o F se encontra principalmente na forma iônica, e muito pouco ligada a macromoléculas, e dependendo do pH da saliva pode precipitar-se com cálcio e fosfato. É importante nos tratamentos de prevenção às cáries. Possui concentrações baixas e sobre seu mecanismo de eliminação, acredita-se que seja igual ao do cloreto. TIPOS DE SALIVA: As glândulas salivares produzem e secretam diferentes conteúdos, as secreções podem ser serosa, mucosa ou mista. SEROSA: Atua preponderantemente na mastigação dos alimentos. Parótidas são constituídas quase exclusivamente por células serosas e produzem uma secreção aquosa, diluída e rica em enzimas e anticorpos. MUCOSA: É uma saliva rica em mucinas. Atua na gustação e deglutição, está envolvida com a lubrificação e proteção da cavidade bucal. As glândulas sublinguais são constituídas principalmente de células acinares mucosas. MISTA: Tem ação importante tanto na mastigação dos alimentos como na deglutição. As glândulas submandibulares são mistas. As glândulas menores são mistas, exceto pelas glândulas palatinas, que são estritamente mucosas, e as glândulas linguais de von Ebner, que são estritamente serosas. GLÂNDULAS SALIVARES MENORES: ● Acessórias labiais: estão na mucosa labial e secretam saliva mucosserosa. ● Acessórias Jugais: estão na mucosa jugal (mucosa das bochechas ) e secretam saliva mucosserosa. ● Acessórias sublinguais: secretam saliva mucosserosa pelos ductos de Rivinus; localizam-se no assoalho bucal na região sublingual e são chamados também de acessórias bucais. ● Acessórias palatinas: secretam saliva apenas mucosa e se localizam na metade posterior do palato duro. ● Acessórias do palato mole e úvula: secretam saliva mucosa. ● Acessórias glossopalatinas: secretam saliva mucosa. ● Acessórias do coxim retromolar: secretam saliva mucosa e estão na mucosa retromolar. ● Acessórias linguais: ○ Glândulas de Blandin Nuhn: secretam saliva seromucosa e estão na porção anterior da língua. ○ Glândulas de Ebner: secretam saliva apenas serosa e estão associadas às papilas calciformes. ○ Glândulas da raiz da língua: secretam saliva apenas mucosa. FORMAÇÃO DA SALIVA: inicia-se nas células acinares e sofre posterior modificação nos ductos. Os ácinos constituem a parte inicial da glândula, e distribuem-se formando cachos. ● Ácinos: secreção primária semelhante ao plasma. ● Ductos – ocorre modificação da saliva à medida que flui através dos ductos para a cavidade oral. ○ (reabsorção de Na+ e Cl- e secreção de K+ e HCO3-) deixando a saliva hipotônica e menos ácida. O tempo de contato dos eletrólitos nos ductos modifica a composição salivar. Assim, quando o fluxo salivar é alto, ocorre menor tempo de contato dos eletrólitos nos ductos. Com a baixa velocidade de fluxo existe tempo suficiente para a remoção de quase todo o Na+ o que significa que a saliva sem estimulação tem baixa concentração de Na+ quando chega na boca. PRODUÇÃO DE SALIVA: Sua produção varia durante o dia, seguindo o ritmo circadiano. O fluxo de saliva é maior durante a tarde do que de manhã ou à noite, sendo que o atinge o seu pico máximo às seis horas da tarde e o seu pico mínimo pelas seis horas da manhã. A temperatura é também um fator que influencia o fluxo salivar. ESTÍMULOS PARA A SECREÇÃO: REFLEXOS NÃO CONDICIONADOS: São aqueles que estimulam a salivação sem que haja o aprendizado (estímulos térmicos, mecânicos, químicos e biológicos. REFLEXOS CONDICIONADOS: As respostas salivares precisam de treino repetitivo, sendo que a origem do estímulo não está na boca, mas em outro órgão sensorial, sobretudo na olfação e na visão. Por exemplo,”ficar de água na boca” CONTROLE DA SECREÇÃO: As terminações nervosas simpática e parassimpática liberam neurotransmissores acetilcolina, norepinefrina, substância P e polipeptídeo intestinal vasoativo (VIP) que ligam-se a receptores específicos na membrana basolateral da célula acinar e por meio da geração de um 2º mensageiro ativam os processos da secreção salivar. ● Norepinefrina que age em receptores β-adrenérgicos aumenta os níveis intracelulares de AMP cíclico (cAMP). Efetores que aumentam o cAMP originam uma secreção primária que é rica em amilase. ● Norepinefrina agindo em receptores alfa adrenérgicos, acetilcolina e substância P aumentam o Ca2+ intracelular. Substâncias que aumentam o Ca intracelular produzem um maior volume de secreção nas células acinares. A estimulação, tanto simpática como parassimpática, causa contração das células mioepiteliais que circundam os ácinos. Essa contração ajuda a lançar o conteúdo acinar nos canais e, dessa forma, aumentar o fluxo salivar. FATORES QUE AFETAM FLUXO/COMPOSIÇÃO: Na prática clínica a medição do fluxo salivar é chamada sialometria. O fluxo salivar e consequentemente a composição da saliva pode ser influenciado pelo tipo de glândula da qual a saliva é secretada, grau de hidratação (Quando o conteúdo de água do organismo é reduzido para 8% o fluxo salivar se reduz quase que totalmente), estado nutricional, hora da coleta, natureza e duração do estímulo, estado emocional e sexo. O fluxo salivar não estimulado pode se alterar de acordo com a posição corpórea - Em pé > sentado > deitado. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DA SALIVA: ASPECTO: opalescente, às vezes límpido e incolor. VOLUME DIÁRIO: 0,5 – 1,0 L no homem adulto pH: (variável com o fluxo): 6,2 – 7,2 VISCOSIDADE: elevada, devido a presença de mucinas ● Obs: Quanto mais viscosa a saliva, maior a chance de formação de cárie, pois a mucina facilita a formação de placa bacteriana. SECREÇÃO: 80-90% da produção diária ocorre por estímulos durante a alimentação (paladar, olfato e forças mastigatórias), baixa secreção: sono. MULTIFUNCIONALIDADE: A maioria dos componentes salivares apresentam um caráter multifuncional, podendo um componente desempenhar várias funções (ex mucinas desempenham papel na lubrificação e interagem com as bactérias; estaterinas podem funcionar na lubrificação, na mineralização e em interações com bactérias). ANTI FUNCIONALIDADE: a molécula pode agir de forma favorável ou contrária ao hospedeiro. Por exemplo, a α-amilase exerce importante papel na digestão de restos de alimentos aderidos aos espaços interdentais, colaborando assim em sua solubilização e limpeza, mas pode também garantir o fornecimento de alimento às bactérias da placa e promover a cárie. FUNÇÕES DA SALIVA: A saliva é responsável pela proteção da cavidade oral, epitélio gastrointestinal e orofaringe; umidifica os tecidos; participa da digestão dos alimentos e na sua transformação em bolo alimentar e controla a quantidade de água no organismo pelo mecanismo da sede. FATORES ESPECÍFICOS E INESPECÍFICOS DE DEFESA: A cavidade bucal é a porta principal de entrada de patógenos para o corpo humano. No entanto, devido a um complexo mecanismo de defesa, os inúmeros agentes infecciosos que colonizam ou penetram a cavidade bucal não ocasionam patologias. A função de proteção é desempenhada por componentes celulares e moleculares. As proteínas constituem a primeira linha de defesa do organismo, e as imunoglobulinas potencializam esse mecanismo protetor AÇÃO TAMPONANTE: As variações do pH desestabilizam as condições do meio bucal, e o ideal é que o pH seja mantido entre 6,8 e 7,0. Quando o pH éinferior a 5,5 (pH crítico) ocorre desmineralização do esmalte dentário e um pH alcalino favorece a precipitação de minerais (formação de cálculo). A saliva dispõe de mecanismos capazes de manter o seu pH constante, em torno de 6,9, sempre que houver adição de ácido ou de base. Chamamos a isso capacidade tampão da saliva (CTS). O principal componente da saliva responsável por esta capacidade tamponante é o bicarbonato ((HCO3/H2CO3) e contribuem secundariamente os fosfatos (HPO4 / H2PO4), e mucinato/mucina. A capacidade tamponante da saliva é um importante fator de resistência à cárie dental, e o reduzido fluxo salivar, que geralmente está associado a uma baixa capacidade tamponante, causa infecções da mucosa oral e periodontites. A neutralização dos ácidos pela saliva na realidade não é uma ação tamponante. Embora seja verdade que o bicarbonato possa atuar como tampão, este não é o caso em um sistema aberto como a boca, o bicarbonato atua principalmente neutralizando o ácido. H+ + HCO3- ↔ H2CO3 ↔ H2O + ↑CO2 (anidrase carbônica) A saliva estimulada contém mais bicarbonato do que a saliva secretada sem estimulação, isto é conveniente porque é durante a alimentação, quando o fluxo de saliva é aumentado que os ácidos da placa são produzidos em maior quantidade. Isso assegura a presença de concentrações adequadas de bicarbonato para eliminar o ácido formado. ANTI FUNCIONALIDADE DA SALIVA: AMILASES: Em solução, facilita a remoção de viridans streptococci. Adsorvida na superfície dos dentes, pode promover a adesão de bactérias e promover a digestão do amido levando a produção de ácidos pelos microrganismos. ESTATERINA E PRP: Na superfície do esmalte, desempenham um papel chave na mineralização por inibir a formação de sais de fosfato de cálcio. Quando adsorvidas na superfície do esmalte, elas promovem a adesão de microrganismos cariogênicos. AÇÃO PROTETORA DA SALIVA NOS DENTES: Atua diretamente na regulação da microbiota – a capacidade antimicrobiana é importante para controlar o crescimento bacteriano e consequentemente seu metabolismo acidogênico, Dilui e remove substâncias da cavidade oral - com a deglutição bactérias e substâncias nocivas são eliminadas da boca, Capacidade tamponante, O esmalte se encontra em um estado constante de mineralização e desmineralização em condições fisiológicas. FUNÇÕES NO TRATO DIGESTÓRIO SUPERIOR: Paladar, Limpeza mecânica de alimentos e bactérias, Lubrificação das superfícies orais, Proteção dos dentes e mucosa oro-esofageal, Facilitação da fala, mastigação e deglutição, Digestão inicial de amido, Limpeza esofagiana e tamponamento do ácido gástrico após refluxos normais. IMPORTÂNCIA SISTÊMICA DA SALIVA: A saliva atua na manutenção do pH do trato gastrintestinal superior Além disso, possui fatores de defesa como anticorpos, citocinas e fatores de crescimento que estão associados aos mecanismos de defesa e cicatrização de processos inflamatórios e infecciosos não restritos à boca, mas também à orofaringe, ao esôfago e ao estômago. SALIVA X ESÔFAGO: A saliva, que normalmente é rica em bicarbonato, neutraliza o ácido residual que entra em contato com o esôfago. A pouca salivação pode causar esofagite devido à não neutralização dos ácidos estomacais. SALIVA X ESTÔMAGO: As proteínas salivares são importantes para o equilíbrio da microflora bucal. Na presença de alterações dos padrões salivares alguns microrganismos se proliferam de forma exacerbada e geram infecções. Alterações dos padrões salivares tornam o indivíduo mais suscetível, por exemplo, à infecção pelo Helicobacter pylori – bactéria responsável pela infecção gástrica que provoca úlcera e câncer. PRINCIPAIS PROBLEMAS DA SALIVA: CONTAMINAÇÃO DO PREPARO CAVITÁRIO: no ato da restauração dentária deve-se ter muito cuidado com o isolamento do dente a ser restaurado, para evitar que a saliva contamine o preparo cavitário ou, ainda, que ela conduza microrganismos patogênicos de meio bucal para o interior dos tecidos, por via intrapulpar. ALTERAÇÃO QUÍMICA DE MATERIAIS RESTAURADORES: a saliva, também , ao se misturar com os materiais restauradores, pode-lhes causar alterações de cor, dar-lhes um tempo de vida menor, tornando-os menos consistentes , mais suscetíveis, portanto, a fraturas e ao processo de corrosão, etc. ALTERAÇÃO NA COMPOSIÇÃO: isto pode levar à alteração do odor da saliva, resultando em halitose ou, ainda, causar deficiência na gustação, resultando em hipogeusia. A saliva pode ter sua composição química alterada nos seguintes casos, principalmente: nos fumantes; nos pacientes em regime de emagrecimento; nos pacientes que fazem uso de certos medicamentos, como os anorexígenos, e em enfermidades diversas, tais como na insuficiência supra-renal e outras. ALTERAÇÃO DA VISCOSIDADE: As alterações na viscosidade salivar também podem resultar em doenças obstrutivas das glândulas salivares, conhecidas por sialolitíases. ALTERAÇÃO NO FLUXO SALIVAR: as alterações no fluxo salivar também podem causar halitose. ● Hipossalivação: ocorre quando o fluxo salivar é reduzido. É causada por: medicamentos como a atropina ; anorexígenos; radioterapia da cabeça e pescoço, etc. ● Sialorréia: ocorre quando a saliva é produzida em grande quantidade. Isto ocorre por medicamentos sialogogos ,como a pilocarpina ; na intoxicação mercurial ; nos distúrbios gástricos (azia); na erupção dentária; no estresse psicogênico, e nos pacientes com deglutição atípica. HALITOSE: alterações tanto na composição química da saliva como na sua viscosidade ou ainda, no fluxo salivar podem produzir mudanças no seu odor, resultando em halitose. FONTE DE TRANSMISSÃO DE DOENÇAS: a saliva pode ser uma fonte de transmissão de doenças infecto-contagiosas as mais diversas, desde um simples resfriado, passando por doenças estigmatizantes como a tuberculose até outras doenças mais complicadas e perigosas, como a hepatite B. O beijo pode veicular uma série de doenças infecciosas. A lista inclui: mononucleose “doença do beijo”, sarampo, catapora, faringite, etc. Benefícios do beijo – quando um casal se beija, troca 80 milhões de bactérias em apenas 10 segundos – reforça o sistema imunológico (depende da frequência). CAUSAS DA DISFUNÇÃO DAS GLÂNDULAS SALIVARES: Medicamentos, quimioterapia, radioterapia da cabeça e pescoço, e determinadas doenças sistêmicas podem comprometer o funcionamento das glândulas salivares e consequentemente a produção de saliva, influenciando tanto na quantidade de saliva produzida quanto na qualidade desse fluido. CAUSAS DA HIPOSSALIVAÇÃO: Desidratação pela pouca ingestão de água ou perda de líquidos, alterações emocionais, radioterapia, dieta alimentar, uso de medicamentos, uso de drogas, obstrução das vias aéreas superiores. CAUSAS DA HIPERSALIVAÇÃO: Causas fisiológicas (lactantes), causas patológicas - dor oral, pulpites, periodontites, espasmos, câncer, introdução de corpos estranhos no esôfago, hepatite viral, intoxicação por mercúrio, iodo ou chumbo e endógenas, etc. CONSEQUÊNCIAS DA HIPERSALIVAÇÃO: descamação dos lábios, queilite angular e dermatite, mudança no paladar, fadiga. BIOMARCADORES SALIVARES: O diagnóstico molecular na cavidade oral por meio da saliva mostra ser um método simples, não invasivo e muito promissor para o diagnóstico e monitoramento de inúmeras patologias.
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